Os portugueses da actual «elite» parecem sofrer do complexo de delinquência ou clandestinidade. Não é por acaso que Eduardo Oliveira Silva intitula o seu artigo «BES/GES um caso cada vez mais opaco», pois assim se mostra na penumbra a complexidade das negociatas mais ou menos fraudulentas, algumas praticadas em rede na escuridão das vésperas da implosão do caso. Por outro lado os esbirros do poder, perante a clandestinidade e a delinquência dos inimigos da sociedade usam de intrusão na privacidade dos perigosos malfeitores e praticam «fugas de informação» para amedrontar os maus e, ao mesmo tempo, para incitar os amigos a explorarem as possibilidades de negociatas enquanto é possível, como foi o caso que a oposição quer esclarecer de que é exemplo a pergunta «Como soube Marques Mendes o que ia ser dito 24 horas antes?»
Nesta luta dos polícias contra os ladrões aqueles criam habilidades, de cujo preço não se fala, para controlar cada respiração dos potencialmente maus, como os controlos por via electrónica dos transportes de mercadorias, de que as Finanças não referem os benefícios para as pessoas, que é suposto defenderem e protegerem, mas sim o grau de obediência dos supostos praticantes de economia paralela, declarando que «Novo regime dos documentos de transporte supera previsões». Não interessa o benefício mas o êxito da invenção habilidosa. O que ressalta é a submissão de cada gesto com vista à extorsão do máximo de numerário, como se vê nos exageros já denunciados pelos serviços que controlam e penalizam o estacionamento em lugares públicos que, por definição, são de todos nós. Sensatamente o «Provedor de Jiustiça quer acabar com» a fúria obstinada de multar.
O que parece contar mais é a vaidade de o «bom» poder atirar à cara do «mau» eu «quero, posso e mando» e tu tens que rastejar a meus pés, seguindo o meu capricho. Isto será democracia ou ditadura? Talvez seja a segunda hipótese onde se enquadra bem o complexo da clandestinidade, da delinquência e das habilidades de espia e de denúncia e perseguição. Será que não conseguimos sair completamente do regime anterior? Ou será que estamos a regressar a nova modalidade de ditadura, agora mais sofisticada e cruel, com o apoio das modernas tecnologias?
Hoje, 14 de Agosto, aniversário da batalha de Aljubarrota, não devemos deixar de pensar em NUNO ÁLVARES PEREIRA, um dos maiores vultos da nossa história. Antes morrer livre do que em paz sujeito. Mais vale arriscar a vida de forma generosa, dedicada a causas nobres em benefício dos outros, do que viver amarrado por correntes de corruptos egoístas, ambiciosos por riqueza material e vaidades efémeras, que são capazes das acções mais vis para chegar ao cume da notoriedade.
Não podemos deixar de reparar no conflito intestinal, demasiado ruidoso, pela conquista da cadeira do poder dentro de um partido em que acontece que um dos contendores acha que é dono absoluto de uma ideia banal por si proferida e que sente o direito de criticar o outro por também dizer que defende ideia semelhante. Chegámos a isto. Mas, se não houver uma paragem, uma reflexão honesta e uma restauração de valores éticos, de cidadania, podemos correr o risco de ir além do «ponto de não retorno» e ficará em sério perigo o FUTURO DOS NOSSOS NETOS.
A João Soares. 14-08-2014
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“Aprender a gostar de Saber”
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