sexta-feira, 25 de junho de 2021

A DECISÃO POLÍTICA DEVE SER PERFEITA

(Public em DIABO nº 2321 de 25-06-2021. pág 16. Por António João Soares)

 Uma decisão que vai alterar a vida de várias pessoas deve ser bem fundamentada e ir ao encontro de quem vai ter de a cumprir.

Em 27 de Setembro de 2016, apresentei aqui um texto sobre “a preparação da decisão”, menos de um mês depois mostrei o grave inconveniente de “promessas e decisões anunciadas precocemente”. Pouco mais de um ano após, alertei para que “a vontade de mudar exige prudência”.

Por ser esse o meu pensamento baseado em estudos e experiência, tenho ficado muito chocado quando sei de decisões tornadas públicas em meios legais, logo a seguir comentadas e criticadas por diversos sectores da população, devido a deficiências por vezes graves e, algum tempo depois, anuladas ou substituídas por outras, mas também, carentes de prudência e boa ponderação do assunto que devia ter sido apoiado por pessoas com adequado conhecimento do conteúdo e seus factores condicionantes e alguma experiência do mesmo, capazes de conhecer as características da situação e dos efeitos desejados pela mudança pretendida.

Quando um tema tem grande incidência na população em geral ou de determinado sector económico ou geográfico, não deve ser sujeito a decisão ou legislação limitada a uma ou duas pessoas do Governo, que não podem avaliar os pormenores ajustados à realidade, que vão condicionar sem a terem contactado e, dificilmente, poderão prever o resultado desejado. Geralmente uma decisão é a escolha de entre várias modalidades possíveis, daquela que apresenta mais vantagens e menos inconvenientes para o fim pretendido, dentro das realidades existentes. É vantajosa a opinião e a ajuda de técnicos e de pessoas experientes e conhecedoras dos pormenores da situação.

 A principal função dos governantes consiste em defender os interesses colectivos das pessoas, melhorando a sua qualidade de vida, e não o de terem o prazer de tomar mais uma decisão como se fossem uma criança a mostrar mais uma habilidade com um novo brinquedo.

Há dias li uma entrevista do jovem político Manuel Tibo, autarca de Terras de Bouro, Gerês, que se refere à sua terra como sendo muito ignorada pelo poder central, havendo muitas questões que em Lisboa são mal analisadas, originando erros de avaliação que não têm permitido as melhoras aplicações dos recursos para o aproveitamento da maior fonte económica local, que é o turismo. Refere, por exemplo, a instalação do teleférico entre a Vila do Gerês e o miradouro da Pedra Bela, que não exige alterações da flora existente, antes evita estradas a serpentear pela floresta e pessoas apeadas a atravessar a poeira das viaturas.

Há duas casas florestais desocupadas para servirem os terminais, com condições de as pessoas trabalharem e terem casas de banho, e espaço para terem os carros durante o trabalho no funcionamento do teleférico. Este só terá vantagens para o rendimento do parque.

O turismo tem atractivos e convém ser melhorado com as verbas que lhe forem concedidas, que devem ser gastas em planos bem elaborados, com a concretização coordenada e fiscalizada, sem permitir demoras inconvenientes.

O parque florestal deve conter uma rede de retransmissores que permitam os contactos para socorrer pessoas desorientadas ou acidentadas e o seu planeamento deve ser feito com base no conhecimento adequado das condições geográficas da área, por forma a não ser nem demasiado custoso nem insuficiente.

A necessidade da ponderação na preparação das decisões notou-se na confusão do caso de Mira, e noutros como no da reforma da estrutura de chefias das Forças Armadas, inventada por um “sábio”, sem capacidade para analisar o espírito militar nos aspectos de disciplina, responsabilidade e dedicação ao dever de defender a Pátria. O chefe ou comandante de um sector militar é o responsável por tudo o que a sua unidade faz ou deixa de fazer. Não pode responder, como muitos políticos, “não sei”, “não conheço”… ■


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sexta-feira, 18 de junho de 2021

RELIGIÃO, CULTURA E VIDA SOCIAL

(Public em DIABO nº 2320 de 18-06- 2021 pág 16 Por António João Soares)

 A religião tem tido a função de bengala para nos ajudar a suportar e vencer as dificuldades da vida, com esperança de felicidade terrena e de, no final, obter o prémio da santidade.

Já na antiguidade se procurava suprir a ignorância de muitos fenómenos da natureza, criando deuses para diversos fenómenos desconhecidos, como a regularidade do nascer e pôr-do-sol, a Lua, a chuva, o vento, etc..

Mas o tempo foi passando, a mente humana começou a perceber esses fenómenos, através do desenvolvimento das diversas ciências, o fenómeno religioso evoluiu e desapareceram as primitivas religiões politeístas, sendo substituídas pelas monoteístas.

Porém, a humanidade não cristalizou e a ciência continua a evoluir, alargando a percepção do homem sobre o ambiente que o cerca. Não quer dizer que tenha de haver alterações profundas na espiritualidade das pessoas. Mas esta relação com o espiritual necessita de se tornar mais adequada às realidades actuais.

Por exemplo, tenho conhecido pessoas com elevada fé que se dedicam ao conhecimento pormenorizado dos conceitos bíblicos e da história de factos da antiguidade cristã, mas não se preocupam com os comportamentos das pessoas perante as realidades presentes.

Há muita gente que participa em actividades religiosas, em que recita maquinalmente orações sem ter a completa percepção do que significam as palavras e as frases que disseram. Há dias perguntei a um desses crentes quais são as três lições constantes da segunda parte da oração “Pai Nosso”. Ficou atrapalhado com a inesperada pergunta e estive a explicar-lhe. “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” é uma lição de simplicidade, não avareza, não ambição, viver com o indispensável, sem vaidade, sem prosápias nem arrogância. “Perdoai-me as ofensas assim como perdoei a quem me tem ofendido” pode ser aplicado com o respeito pelos outros, a amizade, a compreensão, a tolerância, a solidariedade, etc. Com esta lição e “amai os outros como a vós mesmos”, deixaria de haver violências, terrorismo, guerras. “Não nos deixai cair em tentação e livrai-nos do mal”, é um bom princípio para termos a preocupação de evitar situações de risco, evitar vícios, droga, corrupção, raiva, vingança, etc..

 Quando recentemente, em Espanha, foi publicada a legalização da Eutanásia, o bispo espanhol de Alcalá de Heneres, Juan Antonio Reig Pla, publicou uma carta pastoral em que acusava o Governo de ter tornado a Espanha num “campo de extermínio”, porque deixou de respeitar a vida humana e, como as leis têm sempre excepções toleradas ou mesmo propositadas, as vidas dos cidadãos que não interessam ao Governo correm risco de, ao mínimo pretexto, serem paradas. Como idêntica lei esteve, mais uma vez, em discussão entre os nossos políticos, esperei que houvesse uma voz sonante da Igreja a dizer algo semelhante.

E como alguém que muito prezo afirmou, que todos os crentes têm o dever de evangelização, sugiro que, em vez de querermos mostrar erudição com citações de filósofos da antiguidade, se chame a atenção para as melhores lições sagradas aplicáveis a casos concretos da actualidade social. Ensinem-se as citadas lições do Pai Nosso e as dos mandamentos e, quando se fizer a citação de um caso histórico, defenda-se a sua aplicação à realidade actual. Assim se contribuirá para maior felicidade e qualidade de vida dos nossos concidadãos.

Insistindo nesse esforço de evangelização, talvez se consiga iniciar o apaziguamento do espírito odioso de alguns governantes e se evitem algumas guerras.

Mas receio que os sacerdotes estejam sem ânimo para seguir estas sugestões e aparecem notícias preocupantes da dessacralização de igrejas e templos religiosos, que são transformados em moradias, hotéis, bares, livrarias, lojas, etc., em várias cidades do mundo, principalmente na Europa, como em França, na Holanda, Itália, Inglaterra e Irlanda.

O mundo está em mudança, mas esta não está a ser seguida pelos estados islamitas que continuam cristalizados nas suas regras de imposição ao mundo das suas tradições. ■


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sexta-feira, 11 de junho de 2021

O RESPEITO E A AMIZADE SÃO VALORES ESSENCIAIS

(Public em DIABO nº 2319 de 11-06-2021 pág 16. Por António João Soares)

  O respeito pelas pessoas é um valor que deve ser muito valorizado após a experiência concedida pela actual pandemia. A solidariedade na defesa da vida e da saúde das pessoas deve ser praticada continuamente por toda a gente, em qualquer actividade, desde a mais insignificante até à dos mais altos poderes do Estado.

A amizade constitui maior riqueza do que um grande prémio da lotaria e, se ela for praticada na generalidade, a vida da humanidade melhora imenso e acabarão raivas, ódios e guerras destruidoras que prejudicarão todas as partes envolvidas. Todos os problemas, mesmo os mais difíceis, conseguem ser resolvidos pelo diálogo e a participação de intermediários especialistas no assunto, sem ser necessário o emprego de meios desgastantes que saem caros às partes em conflito em vidas humanas  e em destruição de valores patrimoniais.

Nas actividades para fazer face à pandemia houve um empenho muito generalizado, em que ficaram patentes muitas qualidades pessoais e de instituições de bem-fazer, em que era visível a finalidade de desenvolver a solidariedade e o socorro a pessoas que tiveram a saúde afectada e a vida em perigo.

Fiquei muito sensibilizado com a posição do Presidente francês Emmanuel Macron que, na sua primeira visita à África do Sul, encorajou este país a reforçar a produção de vacinas contra o Covid-19 e prometeu contribuir para aumentar o investimento no combate à pandemia. Essa posição amiga assenta no facto de um sistema de saúde robusto ser um objectivo que conduz à obtenção de resultados eficientes para o desenvolvimento de um futuro mais promissor. Segundo Macron, a França pretende ajudar a reforçar a capacidade deste país africano, não apenas a enfrentar esta crise, mas também todas as outras doenças e questões de saúde, em coordenação com a Organização Mundial de Saúde.

E como a amizade e a solidariedade não são uma actividade unipessoal, Macron disse ainda que a França e a África do Sul concluíram várias iniciativas com duas grandes empresas farmacêuticas, juntamente com a Alemanha, os Estados Unidos da América, o Banco Mundial e a União Europeia, a fim de reforçar a capacidade actual e transferir, sem demora, tecnologias concretas das vacinas actuais, para as produzir e colocar no mercado local. Com isto conseguirá enfrentar a crise a curto prazo e constituirá também solução para necessidades de médio e longo prazo, dando evolução às capacidades técnicas da indústria farmacêutica.

 Salientou que este pontapé de saída será aproveitado para entusiasmar o sector privado e todos os parceiros na África do Sul, para investir na formação e transferência de conhecimento na área do desenvolvimento da indústria farmacêutica em África. Será um passo para que este continente suba para um nível semelhante aos mais desenvolvidos

Além do tema das vacinas houve também conversações sobre saúde, ensino (transferência de competências), comércio e segurança regional. A África poderá vir a ser utilizada por grandes empresas mundiais como origem de produtos que servirão consumidores de vários continentes.

Por cá, o respeito e a dedicação aos outros ficaram bem patentes durante a pandemia no comportamento dos militares que acorreram em apoio de idosos, abandonados em suas casas durante a fase mais aguda. Deram-lhes todo o apoio que estava ao seu alcance e, com isso, conseguiram que muitos escapassem à sina que os esperava. Essa eficiência militar foi também notória no lar de idosos militares CASRUNA (Centro de Apoio Social de Runa) onde não houve falecimentos mas apenas curtas interrupções do serviço por parte de alguns serventes, que não foram devidamente cumpridores das regras de prevenção de contágios nos seus movimentos entre o CAS e as suas residências. Mas foram devidamente tratados e a sua ausência do serviço foi relativamente curta. A prevenção foi resultado dos cuidados pessoais no cumprimento das regras bem divulgadas. ■


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domingo, 6 de junho de 2021

CONTROLAR A ENTRADA DE IMIGRANTES

(Public em DIABO nº 2318 de 04-06-2021, pág 16, por António João Soares)

Os imigrantes são necessários, na medida conveniente, para suprir a falta de trabalhadores pouco especializados em actividades agrícolas ou outras pouco exigentes em competência. Mas, se não houver um controlo adequado na sua recepção, podemos arriscar o país a ser colonizado por poderes estrangeiros que podem estar a usar migrantes para isso.

Em França existem demasiados problemas sociais. Por exemplo, nas escolas, os professores sentem dificuldades com temas vulgares porque os alunos os acusam em voz alta de racismo, fascismo e outros termos presentemente divulgados e evitam abordar temas actuais, como as agressões mútuas entre Israel e os palestinianos. Deixam de ser ouvidos e nem sequer têm oportunidade de dar explicações sobre o assunto.

Também a Bélgica já está em perigo, havendo jornalistas que se interrogam se esse país será o primeiro estado islâmico da Europa. O jornal “Le Figaro” já afirma que “a capital europeia (Bruxelas) será muçulmana dentro de 20 anos”, havendo um “programa confusamente simples: substituir todos os códigos civis e jornais pela lei da Sharia”. Em eleições autárquicas há partidos islâmicos que ganham preocupantes quantidades de votos. E há bairros em cidades importantes em que a polícia tem dificuldade de acesso ou nem se arrisca a tentar entrar.

Os poderes que, discretamente, apoiam os movimentos de “refugiados ou fugitivos” através do Mediterrâneo e/ou do Norte de África, pagando aos traficantes que os conduzem a pontos menos defendidos das fronteiras de países europeus mais próximos do Norte de África, não são amigos da Europa e procuram criar estas condições de confusão para depois tentar colher resultados favoráveis à sua própria estratégia de conquista.

A recente invasão de Ceuta é um caso muito claro deste fenómeno e o próprio Marrocos teve consciência disso e aceitou um acordo para colaborar muito eficazmente na devolução dos migrantes à sua origem. Compreendeu que a eficiência de uma fronteira constitui responsabilidade dos estados vizinhos. A Espanha, sem ajuda, teria dificuldade em devolver cerca de sete mil pessoas que já se encontravam em Ceuta. Mas Marrocos colocou junto à fronteira efectivos militares e policiais que foram eficientes. Curiosamente, na noite do quinto dia de perigo, houve três pontos fronteiriços que em momentos diferentes foram abordados por centenas de migrantes, mas as forças marroquinas impediram- -lhes a passagem. Estes transgressores, apesar de tudo parecer ter entrado em normalidade, eram perseverantes e queriam levar avante a sua intenção, mesmo estando em fase avançada a devolução da quase totalidade dos alvos do acordo entre os dois estados.

Essas pessoas, depois de entrarem e se anicharem o melhor possível em áreas com alguma segurança, exigiriam apoios de vária espécie e poderiam vir a ser elementos de luta aproveitados por colonizadores islâmicos e, entretanto, contariam com a protecção de amigos ou de ingénuos caridosos que atacariam habitantes locais, como sendo os maus e desumanos sem caridade nem humanidade.

Devemos recordar a acção dos nossos navegadores, durante os descobrimentos, com a diferença de que eles iam dilatar a fé religiosa católica e hoje há menos receio de usar a força e para isso dispõem de muitos apoios, mesmo entre extremistas locais inocentes e ingénuos. Vejamos o que se passa entre Israel e os palestinianos e as versões nos órgãos de comunicação locais, havendo muitos europeus que esquecem que Israel tem agido em sua defesa contra ataques que sofreu e acusam-no de violência contra os que lhe atacaram o território, as pessoas e os haveres, ignorando que violência gera violência e que esta tem o dom de obter dissuasão, contenção e desmotivação.

O melhor resultado será obtido evitando misturas e que sejamos incomodados por pessoas estranhas, com tradições, hábitos e religiões diferentes de que não querem separar-se e que nos querem impor a todo o custo, sem o mínimo respeito pelo ambiente que encontram.

Não trazem o objectivo de respeitar mutuamente os direitos humanos, nem procurar ambientar-se para serem felizes, sem lesar os seus aceitantes. ■


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