Alterações climáticas e defesa do ambiente
(Publicado no DIABO nº 2208 de 26-04-2019, pág 16)
Vi há dias uma imagem de crianças arregimentadas em quantidade por algum grupo de falsos filósofos, pretendendo talvez obter um ambiente mais limpo e saudável, e a exigirem ao Governo uma luta activa contra as alterações climáticas, como se estas dependessem da poluição ambiental ou da limpeza das ruas e do termo do uso do carvão e do petróleo nos meios de transporte e nas indústrias. Se estivessem atentos nas escolas e tivessem bons professores, sabiam que, muito antes da revolução industrial, houve climas muito diferentes dos actuais devido a evoluções naturais do planeta e do ambiente cósmico em que este se move. Para não nos prendermos com o caso da arca de Noé e da extinção de muitas espécies, quero referir um caso que me surpreendeu há menos de 30 anos. Quando me encontrava em Loures a criar o Serviço Municipal de Protecção Civil, fiz uma caminhada à serra entre Bucelas e a Via Longa e, já no cimo, vi conchas de ostras no chão; e quando começava a pensar que devia ter havido ali um piquenique com muita gente, tomei consciência de que a área com tais materiais era demasiado extensa, era toda a serra, sinal de que há muitos séculos aquele terreno esteve submerso.
Como a Natureza é viva e sempre a movimentar-se, tão lentamente que não nos apercebemos, só com muita atenção compreenderemos os fenómenos naturais, para os quais nada influiu a acção do ser humano. Por exemplo, ao olharmos para um mapa ou um globo terrestre, vemos que o oceano Atlântico se localiza numa fenda que cortou o continente africano e separou dele a América do Sul. A costa do Brasil tem um contorno que mostra bem ter-se deslocado da costa africana onde agora é o Golfo da Guiné. E já há sinais de que o mesmo Continente irá ter uma nova fenda no Vale do Rift na área onde se encontra o Lago Niassa e parte do vale do rio Nilo.
O sistema climático terrestre resulta de desequilíbrios energéticos, factores climáticos e, na história geológica do planeta, vários factores já induziram significativas mudanças de clima, como as várias transições entre Eras do Gelo e Interglaciares ocorridas no Quaternário. As suas causas só podem ter sido naturais, porque o homem primitivo não tinha capacidade nem ferramentas que o tornassem perigoso para o Planeta.
Actualmente, com a ciência mais evoluída do que noutras eras, já se fazem previsões ou se alinham receios de alterações climáticas devidas a causas exteriores ao globo terrestre, por exemplo de origens solares, que vão desde a variação da energia solar que chega à Terra e podem consistir na variação da própria órbita terrestre. E quanto a esta, já se fala que o eixo da Terra está a inclinar-se e há quem preveja que ele ficará perpendicular à trajectória dos raios solares; e, se isto se concretizar, deixará de haver as quatro estações do ano. Ficará apenas uma, sem alteração.
Todas estas possibilidades de alteração do clima serão naturais e não podem ser evitadas pela acção humana. Mas a manifestação das crianças, depois de bem orientada e explicada, nas escolas, é muito válida para tornar o ambiente mais saudável para termos uma vida mais agradável: a higiene corporal e do ambiente que nos cerca, os cuidados com a alimentação, a eliminação de materiais nocivos como o dióxido de carbono e muitos produtos químicos, produtores de fumos tóxicos e geradores de poeiras, o tratamento de águas residuais, etc, etc.. Trump, ao retirar o seu país do acordo de Paris, não foi tão inconsciente como dele foi dito: mostrou que estava bem informado sobre o facto de o clima não depender da acção humana. ■
quinta-feira, 25 de abril de 2019
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E DEFESA DO AMBIENTE
Publicada por A. João Soares à(s) 16:33 0 comentários
sexta-feira, 19 de abril de 2019
NATALIDADE, TRABALHO E IMIGRAÇÃO
Natalidade, trabalho e imigração
DIABO nº 2207 de 19-04-2019, pág 16
A par da teoria do género, das instituições intituladas autoridade, observatório, polícia, da república familiar, acentuou-se agora a apologia do controlo da natalidade ou, pelo contrário, do seu aumento. Como em tudo o mais, cada um destes factores sociais, deve ser bem ponderado, com profunda análise das suas implicações definindo vantagens e inconvenientes, face ao resultado desejado.
Em Portugal tem sido referido o factor “força de trabalho muito fraca” devido à baixa natalidade e ao envelhecimento da população, tendo atrás de nós, na Europa, a Alemanha, com população mais envelhecida. Mas a força de trabalho na nossa economia poderá ser bem acrescida se forem libertados os deputados que temos a mais e aumentam os gastos públicos sem notável compensação e se forem dispensados muitos dos ocupantes dos gabinetes do Governo e de instituições públicas, como assessores, adjuntos, técnicos especialistas, secretárias pessoais, técnicos administrativos, etc. os quais em empresas privadas bem geridas poderão dar melhor contributo para o desenvolvimento do País.
Mas o governo parece mais esperançado no aumento da natalidade e, enquanto ela não se traduzir em aumento na força de trabalho, se recorra à imigração, mas esta exige um controlo muito apurado das qualidades e competências e dos apoios às condições de vida. Há por aí estrangeiros, principalmente romenos a receber subsídio por cada elemento da família o que permite bom recheio de casa, mas de que não resulta actividade económica rentável para o fisco. Além de que os adolescentes, inactivos, como “a ociosidade é mãe de todos os vícios”, se entregam a actividades ilegais, por vezes em grupos dos quais até alguns têm sido exportados para actuar no estrangeiro integrados em movimentos bem conhecidos.
Para evitar o descaminho da juventude excessiva, a “África (e a Ásia) vão começar a ‘falar seriamente’ sobre planeamento familiar”. E isto é indispensável para os países poderem desenvolver-se, “porque os recursos são insuficientes para gerir ‘o tsunami de juventude’”.
É imperioso que as sociedades encarem este problema de forma bem ponderada, porque envolve implicações de natureza religiosa, aspectos sociais de tradições e mentalidades que desaconselham decisões apressadas e insustentáveis. Estes problemas devem analisados e debatidos, ponderadamente, para fazer face aos milhões de pessoas que chegam ao mercado de trabalho e não conseguem emprego.
Para tratamento dos idosos, como é de tradição, se as famílias tiverem recursos para providenciar educação de dois filhos e eles forem bem-sucedidos na vida, poderão assumir eficazmente essa função, não sendo necessária maior quantidade de filhos. Mas ter meia dúzia de filhos, não tendo recursos para lhes garantir educação, aumenta o risco de não obterem trabalho, ficarem a viver na dependência da família ou de “alguém” e serem aliciados por organizações terroristas, algumas muito citadas nos jornais.
Será aconselhável que a UE e a União Africana preparem aliança bem estruturada que permita receber e controlar «migrações legais e seguras». Por outro lado, convém aconselhar indústrias e outras actividades para se instalarem em África para a desenvolver e dar trabalho a africanos. Quanto aos que venham para a Europa convém que o façam de forma legal, tragam meios de sobrevivência e possam contribuir para melhorar as economias dos países de acolhimento.
Voltando à falta de força de trabalho nacional, e não querendo simplificar a máquina administrativa, reduzindo fortemente os seus efectivos, e querendo recorrer a trabalhadores africanos, é recomendável que se tenham em consideração os cuidados no parágrafo anterior, em ambiente de reciprocidade de respeito pelas pessoas quanto a raça, religião e tradições pessoais, devendo, no entanto, as normas sociais dominantes ser as da tradição local. ■
Publicada por A. João Soares à(s) 08:01 1 comentários
Etiquetas: Imigração, natalidade, trabalho
sexta-feira, 12 de abril de 2019
SECA SEM SOLUÇÕES?
Seca sem soluções?
Diabo nº 2206 de 12-04-2019, pág 16, por António João Soares
Na parte final do Outono de 2017, foi sentida um grave seca que os especialistas consideraram das piores dos últimos 100 anos em Portugal e uma das mais intensas e prolongadas. A situação mais grave viveu-se no distrito de Viseu, onde a escassez de água na barragem de Fagilde, abastecedora da cidade capital do distrito, obrigou a uma mega-operação de transporte de água a partir da barragem de Aguieira, por sucessivas colunas de autotanques, a fim de manter os depósitos em condições de fornecerem a água suficiente à população.
Perante a situação de Viseu, e as previsões climáticas pessimistas, abordei o problema num artigo n’O DIABO de 19-12-2017 sugerindo a solução da dessalinização da água do mar, começando já a preparar as respectivas instalações, a fim de não sermos apanhados de surpresa. Existindo instalações adequadas, podem ser abastecidas áreas até à fronteira Leste, pois a sua distância ao mar não constitui obstáculo difícil, dado que a grande Lisboa consome água vinda da barragem de Castelo de Bode, a uma distância superior à maior distância entre o mar e a fronteira com Espanha. E nestas coisas vitais para a população, vale mais prevenir do que remediar.
Essa sugestão foi apresentada há mais de um ano mas, actualmente, estamos a enfrentar nova seca preocupante, com previsões de vir a ser repetida de forma mais grave, durante as próximas décadas. Mas os nossos doutos governantes parece que não deram um passo para uma solução do problema e, apesar da gravidade da situação e das ameaças de se tornar trágica, o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, em entrevista ao jornal Sol de 31-03-2019, ao ser-lhe perguntado “o que é que o Ministério do Ambiente tem feito nesta matéria”, respondeu: “Só há uma solução a curto prazo: poupar água. E só há uma solução a longo prazo, insisto. Mesmo nos anos em que chove, temos de continuar a poupar água. Portugal está num ‘hotspot’ das alterações climáticas, que é a bacia mediterrânica - que é uma região onde é mais a quantidade de água que consumimos do que aquela que chove. E, portanto, é mesmo preciso poupar água”.
O senhor ministro parece não encarar a falta de água como aconteceu em Viseu, e pode acontecer mais ou menos por todo o país. Só podemos poupar aquilo de que dispomos e, se não tivermos água, não temos que poupar. E aquilo que se recusou a encarar tem que ser ponderado: o armazenamento da pouca chuva que possa cair. Não apenas se devem construir mais barragens em série nos rios de maior caudal, como se deve aumentar a capacidade das existentes, alargando o seu fundo, em vez de se manterem confinadas ao leito inicial do rio entre duas barreiras em V.
E, como se prevê que o nosso clima passe a ser parecido com o do Norte de África, convém não ter total esperança nas barragens, por falta de chuva suficiente, e iniciar o estudo da dessalinização em moldes adequados às nossas condições geográficas. Pode ir buscar o exemplo de Cabo Verde. Com o mar aqui tão perto, não é lógico que um governo deixe morrer o povo com falta de água e se limite a aconselhar a sua poupança.
E a poupança de água começa na utilização de boas canalizações para distribuição sem perdas, e no controlo do consumo, principalmente pelos grandes consumidores, como autarquias, etc. O sr. Ministro referiu o aproveitamento das águas residuais dos esgotos tratados nas ETARs, mas isso só pode ser possível quando houver água pois, sem ela, nem os esgotos funcionam.
Enfim, o Governo tem que estudar bem o problema, para não insistir na insensatez do Sr. Ministro. ■
Publicada por A. João Soares à(s) 07:42 0 comentários
Etiquetas: dessalinização, seca
sexta-feira, 5 de abril de 2019
BREXIT. UM IMBRÓGLIO
Brexit: as causas de um imbróglio
Transcrição de artigo publicado no semanário O DIABO nº 2205 de 05-04-2019, pág 8, por Lino Oliveira
O Brexit tornou-se um imbróglio difícil de resolver salvando a face de todas as partes envolvidas. A incerteza e as suas consequências são a grande preocupação do momento. Talvez depois se possa olhar para as CAUSAS. E a causa próxima terá sido a decisão eleitoralista precipitada de prometer a realização do referendo (democracia directa exige muito mais “manipulação”). Tratou-se de um caso óbvio de não seguir as ‘boas práticas da tomada de decisão’ de que o Sr. Coronel A. J. Soares aqui tanto procura lembrar, matéria que pelos vistos se ensina na ‘tropa’ e não nas universidades de Verão dos partidos políticos.
O resultado do referendo não era assim tão imprevisível se considerarmos que a Inglaterra é uma potência marítima (como nós), que sempre olhou para o Continente com desconfiança e vice-versa, que não gosta de ver os seus assuntos tratados por terceiros e que teve dificuldade em entrar para este ‘clube Europeu’ (como nós). O resultado teria sido mais expressivo, estou convicto, se a ilha não tivesse vindo a ser invadida progressivamente por não ilhéus (imigrantes e não só). E o Reino Unido não é assim tão unido se olharmos para a Escócia e a Irlanda do Norte. A sua participação terá sido significativa (mais de 70%), mas a exigência de uma maioria simples para decisão desta importância, parece curta. Não o será se considerarmos que o referendo era apenas consultivo e não vinculativo, o que terá surpreendido muitos comentadores e votantes. Afinal, trata-se de uma democracia parlamentar pura e o poder está no parlamento. Mas numa sociedade evoluída como esta não será fácil contrariar o voto popular.
O Reino Unido aderiu ao mercado único de uma Europa de Nações Soberanas do Tratado de Roma e não à deriva federalista, montada nas costas das populações, como resultado de posteriores tratados, uma vez falhada a imposição de uma Constituição Europeia. Foi ficando a cada Tratado graças a concessões especiais negadas a outros países. Esta é a verdadeira causa do Brexit e dos populismos que têm proliferado. Não querer ver isto e em consequência ‹corrigir o tiro›, se é que ainda é possível, pode trazer graves consequências à Europa. ■
LINO OLIVEIRA
Publicada por A. João Soares à(s) 20:23 0 comentários
Etiquetas: autoridade, brexit, disciplina, incompetência, indecisão
CORRUPÇÃO ATÉ QUANDO ?
Corrupção até quando?
(Publicado no DIABO nº 2205 de 05-04-2019, pág 16)
A corrupção tem sido considerada um atentado à desejada moralidade, honestidade e respeito pelo
dinheiro dos contribuintes, mas o seu combate não tem sido exercido com
determinação e sentido de Estado. Já, em tempos, o PGR Pinto Monteiro respondeu
aos jornalistas, após um evento a que assistiu na região do Bussaco, que a
acção judicial contra actos de corrupção era muito difícil porque estes
decorriam entre duas pessoas sem testemunhos nem provas. Mais tarde começaram a
aparecer apelos a que as pessoas que soubessem de algo do género o
denunciassem.
Mas tem sido notório que, como é crime que está demasiado generalizado, os denunciantes, em vez de acarinhados
e terem possibilidade de ver o bom resultado da sua acção patriótica, acabam por ser arguidos por difamação, etc. Nesta data há duas pessoas a contas com a justiça, uma eurodeputada e um ‘hacker’.
Quanto ao ‘hacker’, houve quem o considerasse merecedor de um prémio, à semelhança de dois ‘hackers’ que visaram interesses de americanos. Um que gostava de informática e se dedicava a ela em profundidade tinha entrado nos segredos do Pentágono. Logo que foi detectado, a solução que foi adoptada pelos altos responsáveis da Instituição, depois de reconhecerem a sua competência em assuntos informáticos, consistiu em o contratar para trabalhar nela e o resultado foi a realização de alterações no funcionamento da informática utilizada, por forma a ser mais segura e impermeável a infiltrações nefastas.
O ‘hacker’ português de quem agora se fala bem poderia ser convidado a trabalhar na PJ ou na PGR, onde poderia dar importante ajuda no combate à corrupção em conformidade com a ideia exposta por Pinto Monteiro, mas sem necessidade de denunciantes duvidosos.
Um outro ‘hacker’ português “recompensado” precisava de dinheiro para adquirir novas aplicações para os seus estudos das possibilidades da informática, ousou utilizar a conta de uma entidade americana que, numa curta passagem por Lisboa, fez algumas compras com o cartão de crédito. Esse senhor detectou que na sua conta bancária apareceram algumas pequenas despesas que o intrigaram. Acabou por, através de investigações dos serviços adequados, saber quem foi o pequeno delinquente e, ao saber das suas capacidades e da sua carência de dinheiro, o convidou para um emprego e lhe pagou uma formação académica à sua escolha. O lesado pagou-lhe a ida para a América e conseguiu assim um colaborador que lhe garantiu segurança e eficiente colaboração em todos sectores ligados à informática.
Quanto ao caso atrás referido da eurodeputada, achei interessante o artigo publicado em 25-03-2019, em ‘Notícias ao Minuto’, “Gomes da Silva questiona tratamentos a Ana Gomes e Manuela Moura Guedes”, em que se refere que a Direcção do Benfica levantou processo judicial à eurodeputada Ana Gomes e a segunda disse na SIC que a atitude da primeira não prejudicaria Luís Filipe Vieira “porque é intocável”, num tom que sugeria boas ligações dele com gente do poder também inserida nos mesmo vícios.
À semelhança do aproveitamento pelos americanos nos dois casos citados, Ana Gomes devia ser apoiada e chamada a explicar o seu ponto de vista e, depois, feitas as averiguações convenientes para se “lutar contra a corrupção”, como tantas vezes elementos do Governo têm prometido fazer. Ou será que há muitos “intocáveis”, com “rabos de palha” ou “telhados de vidro” que impedem que se toque nos cúmplices e coniventes?
Recorrendo a estes espíritos observadores ou a outras pessoas competentes, honestas e dedicadas ao interesse nacional, há que agir sem demora na erradicação desta moléstia altamente lesiva dos portugueses, com energia semelhante à usada noutros países, onde têm sido aplicadas penas altamente pesadas. O povo português agradecerá. ■
António João Soares
29-03-2019
Publicada por A. João Soares à(s) 07:32 0 comentários