quarta-feira, 1 de agosto de 2012

GORE VIDAL



Morreu ontem em Hollywood, com 86 anos, o escritor Gore Vidal, uma das mais notáveis figuras da literatura americana e universal da segunda metade do século XX.

A sua obra, vasta e profunda, dispensa os comentários da praxe e uma parte dos seus livros encontra-se traduzida em português. Crítico acerbo dos seus compatriotas e da sociedade norte-americana em geral, odiando a classe política do seu país, nomeadamente os apoiantes do Partido Republicano, viveu durante 53 anos, a maior parte dos quais na sua villa da costa italiana de Amalfi, com o seu companheiro Howard Austen, tendo regressado aos Estados Unidos em 2003 quando foi diagnosticado a Howard um cancro no cérebro, de que viria a morrer pouco depois.

Sustentou em jornais e revistas que tanto o ataque japonês a Pearl Harbor como o ataque a Nova Iorque e Washington eram do conhecimento prévio dos presidentes Roosevelt e Bush e foi um apoiante da causa palestiniana. Homossexual assumido, detestava contudo a classificação de gay, como aliás a de straight, e considerava que todos os indivíduos são bissexuais. No seu livro de memórias Palimpsest, uma obra ímpar, afirmou que aos 25 anos já tivera relações sexuais com mais de 1000 homens (e mulheres) diferentes.

Tentou iniciar-se na politica, mas sem sucesso, devido às suas opções afectivas, mas foi, nos anos 50, conselheiro e amigo de Eleanor Roosevelt, viúva do presidente, que era lésbica e que muito o admirava.

A notícia da sua vida e obra pode ler-se em "The New York Times", com algum detalhe. Mas obras como o romance histórico Julian, as citadas memórias Palimpsest ou The City and the Pillar (1948), que então provocou escândalo na hipócrita e falsamente moralista sociedade norte-americana, constituem marcos indeléveis da literatura do nosso tempo.

Também ligado ao teatro e ao cinema (foi igualmente dramaturgo), Gore Vidal foi o argumentista do filme Suddenly Last Summer, sobre a peça de teatro do seu amigo Tennessee Williams e colaborou no argumento de Ben-Hur.

Com a sua morte, desaparece uma das últimas grandes figuras da escrita americana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tinha mau feitio mas era um grande escritor, um homem de coragem e de firmes convicções políticas. A pouco e pouco se vão indo os melhores e o que resta pouco presta.