Os amigos que navegam pelo Dois Rios já devem ter percebido um quase nada de escritos de minha autoria. Um dia venço o bloqueio e, quem sabe, abro as minhas comportas e deixo as palavras fluirem. Por enquanto deixo aqui uns versos que fiz no auge de uma intensa angústia pela espera do resultado de um exame que, graças Deus, saiu tudo bem.
Pede como puderes e souberes
Pede com o olhar ou com
um mero pensar.
Pede com as palavras silenciadas
com os acordes das músicas entoadas
ou nos teus ditos de poetizar.
Pede do jeito que quiseres
com os dedos entrelaçados
ou os joelhos dobrados
sob um ipê desflorado.
Pede no tragar de uma cerveja
a cada baforar de uma incerteza
ou nos aromas de uma tarde de vinho
servido na taça de uma chuva cristalina.
Pede pelo desatar dos meus nós
pela existência de uma estrela guia
que te aponte a evidência
do meu continuar.
Pede em todos os sinônimos
que couberem nas tuas súplicas
em todas as crenças e convicções
de que fores capaz
mas pede por mim.
Há de haver por entre céus mares e rios
alguém que acolherá o teu pedir.
24/10/2008
Imagem: Christian Schmidt/zefa/Corbis