Houve homens e mulheres do meu País, que sonharam dar outro futuro aos seus filhos.
Cansados de ditadura, mordaça e garrote as palavras e aos pensamentos, saíram para a rua, e imbuídos de um nobre espírito de raça e abnegação, fizeram do dia 25 de Abril de 1974, um marco incontornável na história deste nosso Portugal.
Batizaram-no, por revolução dos cravos.
Eram as contas que tinham de ser acertadas, com os cães raivosos e inquisitórios de longos anos de sofrimento, imposto covardemente a um povo indefeso.
Era um virar de página de um livro repleto de sonhos, até ali adiados, mas que estavam a um passo de ganharem corpo.
Nunca a palavra liberdade tinha tido tanto significado para um povo, jogado na sargeta do ultraje, pelos carrascos dos fascistas.
A ditadura, era implacável para com aqueles que ousavam erguer a sua voz.
Perseguidos, Presos, torturados e mortos, pela PIDE-DGS, a polícia do regime, era o preço a pagar por explicitar o descontentamento contra os vampiros, que agiam sob a capa do regime ditatorial.
Portugal era um País pobre, cinzento, amargurado, subdesenvolvido e sem futuro.
A guilhotina era feroz e cruel, haviam bufos infiltrados com o lápis azul por toda a parte, eram as fontes de informação do regime.
Cravos vermelhos sangue, em memória dos que sucumbiram.
Cravos vermelhos, de determinação e vitória.
Cravos vermelhos, que simbolizam o desabrochar de um novo País a florir de esperança.
Cravos vermelhos, a parir o brilho e o sorriso nos rostos sofridos e castigados até então.
Nasceu assim uma nova alvorada, para um povo faminto pela conquista da sua identidade.
Portugal, ergueu-se das cinzas, houve a necessidade de ter engenho e arte, para reconstruir um País próspero e com desafios difíceis para vencer.
Volvidos 44 anos, não podemos reduzir esta data a uma simples efeméride, devemos sim honrar todos aqueles que de forma direta e indireta, fizeram o 25 de Abril, desde os capitães de Abril, até aos que no anonimato deram o peito as balas e desafiaram a ditadura.
Eles hoje, são os nossos avós, os nossos Pais, que nos ofereceram a melhor e valiosa prenda que algum País pode ter. A liberdade de expressão e pensamento, herança que as gerações seguintes não têm sabido dar o devido e reconhecido valor a tal conquista.
Dói-me a alma ao constatar a falta de respeito de um País pelos monumentos vivos que tudo deram e fizeram, pelo nosso Portugal, e agora veem-se jogados ao esquecimento, com reformas miseráveis, a morrerem de abandono! Estes não são os ideais de Abril!
Passados 44 anos, constato ainda graves e injustas clivagens sociais, a par de uma perigosa corrupção que mina a democracia, e deixa o povo inseguro e desconfiado.
Não são estes os valores exaltados pelo 25 de Abril de 1974.
Lamento profundamente, que algumas pessoas, tivessem confundido democracia, com anarquia e oportunismo.
Urge a necessidade de enraizar nos mais jovens o verdadeiro significado do 25 de Abril, para que dessa forma deem o verdadeiro sentido aos valores que devem nortear um povo.
Elevem bem alto, a bandeira do caráter, ética, moral e altruísmo.
Jamais uma sociedade justa se constrói sem as elementares regras inalienáveis dos direitos, mas também dos deveres.
Temos vindo infelizmente a assistir ao proliferar de uma panóplia de sistemas éticos e morais, que tem contribuído para um afastamento da nossa civilização de uma tradição que precisa ser recuperada, sob pena de assistirmos a submersão de princípios, valores e instituições cruciais para que a dignidade da pessoa Humana seja resguardada e prevaleça.
Se o sistema moral está podre, isto acaba por contaminar todo o tecido social e da aso ao desencadear de um autêntico vale-tudo nos campos da política e da economia, e por efeito dominó infeta toda a sociedade.
A magia do 25 de Abril de 1974, remete-nos a uma introspeção, que nos enriquece, e nos faz ter e sentir mais pátria no peito.
VINTE CINCO DE ABRIL SEMPRE
DIOGO_MAR