Solto as palavras a polvilharem de melancolia a espuma dos
dias.
Acreditei na utopia implícita do teu olhar, que me dizia pertencer.
Mas depois enrolo um cigarro de ausência.
Do meu peito esventrado, jorram vontades náufragas deixadas num
cais longínquo.
Jaz na curva do tempo, as realizações que imergiram num
oceano de reticências.
Na retina mortiça do meu olhar, restam-me dias órfãos e lamacentos
cheios de vazio.
Fio condutor de esperança corroído pela indiferença.
Não quero o fim!
Urge a necessidade suprema de rebuscar forças para
reescrever todos os capítulos de uma história inacabada.
Vejo-me ao espelho do tempo, e faço o mea culpa, de
covardemente adiar o inadiável.
Circuncisei as minhas vontades que acabaram por se diluírem
em promessas inócuas.
Mas porquê esta mordaça à vontade de me reerguer, de poder
gritar:
Eu, quero ser eu!
Ó raiva, que me trespassa um peito dilacerado!
Caia a cortina sobre este primeiro ato.
A peça ade ter o epílogo que eu escolher.
DIOGO_MAR