Em Abril de 1974, o País estaria farto de um regime forte e autoritário e da guerra (que nos fizeram…).
Contudo, a sociedade portuguesa estava a ficar paulatinamente mais rica. Pediria talvez menos Estado e, consequentemente, mais liberdade.
Não obstante, olhando para as estatísticas desse tempo, quem nos dera que o Banco de Portugal agora lavrasse um relatório deste teor:
1. 10% de crescimento económico ao ano;
2. 500.000 accionistas na bolsa;
3. poder de compra 100% superior ao ano de 1960 quando, infelizmente, começou a guerra que tantos recursos consumiu: humanos e materiais.
4. Forte investimento estrangeiro;
5. 60% do poder de compra existente na Europa além-pirinéus.
Em Novembro de 75, devido aos desvarios de esquerda que se conhecem e já fazem parte da História, a sociedade estava mais pobre: 20% de desemprego, com a queda da produção industrial, ruína das empresas, inflação, fuga dos capitais internacionais e êxodo de muita gente empreendedora, que a não há hoje…hoje o que predomina é o capital especulativo, que não o produtivo...Ah! E não esqueçamos a vinda de meio milhão de refugiados da nossa África…
Valeu a pena o golpe?
Também eu me entusiasmei, perante a perspectiva de “grandes liberdades”: Mas, de que serve poder gritar bem alto a nossa discordância, nos dias de hoje, se o Poder faz aquilo que muito bem entende? Faz aquilo que Marcello Caetano nunca faria: o desmantelamento do Estado para entregar os restos às hienas sequiosas do capital mercenário.
Lembro aqui Salgueiro Maia, que tantas vezes é oportunistamente evocado, e creio bem que se ele ainda hoje fosse vivo voltaria, uma vez mais, a pegar em armas, atendendo ao "estado a que isto chegou !"
A impaciência, a visão marxista da sociedade daqueles que estiveram por detrás do golpe, bem como as forças obscuras que hoje comandam verdadeiramente os destinos de todos nós, impediram uma transição pacífica de regime, tal como aconteceu na Espanha, hoje uma verdadeira potência.
Marcello Caetano teria sido o homem que elevaria Portugal a um outro patamar de desenvolvimento, num quadro constitucional diferente.
Não quiseram!
Também rejeitaram o projecto de António de Spínola, o qual teria evitado as convulsões que se deram na sociedade portuguesa, teria preservado a saúde da economia, e teria evitado o morticínio das populações, negras e brancas, em África, e a debandada destas para a Metrópole, em condições dramáticas.
Aqueles que falavam de democracia há 34 anos, usaram essa palavra para verdadeiramente preconizarem (no sentido em que Marcello Caetano já alertava no ano de 1973) “a passagem para a tal democracia que o Manifesto do Partido Comunista já em 1848 considerava a primeira etapa da revolução operária, pela constituição do proletariado em classe dominante no Estado”
E viu-se o que foi essa “ democracia” em toda a Europa de Leste!
Não fosse a actuação de homens como António de Spínola, que lutaram para obstar a que um projecto totalitário se desenvolvesse após 1974, e aqui estaríamos como a Cuba da Europa! Como aliás, desejou Otelo Saraiva de Carvalho…
Hoje, estamos reduzidos a uma estreita faixa, ao longo do Atlântico.
Para o interior do País, tudo estará deserto e morto a curto prazo.
Portugal já foi uma grande Nação. Hoje, agonizamos.
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