segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fragmentos de Delta de Vênus 2

Se ele, feito um animal igualmente primitivo, surgisse na outra extremidade desse deserto, encarando-a com a mesma tensão energética nos cabelos, na pele e nos olhos, se surgisse com o mesmo corpo selvagem, pisando fortemente e procurando um único pretexto para dar o bote, enlaçar-se furiosamente, sentir o calor e a força de seu oponente, então eles poderiam rolar juntos pelo chão e as mordidas poderiam tornar-se de outra espécie, e a luta se transformaria num abraço, e os puxões de cabelo fariam com que suas bocas, seus dentes e suas línguas se unissem. E, devido à fúria, seus órgãos genitais se roçariam mutuamente, soltando faíscas, e os dois corpos sentiriam a necessidade de penetrar um no outro para pôr um fim nessa formidável tensão”. Delta de
Vênus de Anaïs Nin, traduzido por Luciana Mastrorosa

domingo, 15 de agosto de 2010

masturbar, punheta, siririca

Tenho um fetiche especial... do qual até agora pouco falei, ou nunca falei...


Adoro ver uma mulher masturbar-se...

Tocar-se até se contorcer toda, ver os seus espasmos de prazer latentes no rosto, a face rubra, começa a transfiguração do corpo e é revelada uma nova personalidade... quente e perversa.



Gosto de descobrir os seus segredos através do rosto...



Nunca toco no corpo, sou apenas um espectador a assistir à sinfonia de sons, movimentos e gemidos até ao fim....



Gosto de aprender qual é o ponto mais "doce", onde eu mais tarde poderei tocar e provocar estímulo.



O mais interessante no prazer feminino é que nem todas as mulheres se masturbam da mesma maneira, ou seja, o prazer é obtido de formas totalmente diferentes... (...)



Tenho inveja das mulheres... Pelo que tenho visto, as mulheres quando se masturbam vivem o momento com gozo brutal... o corpo parece que fica iluminado no momento do orgasmo e... conseguem ter orgasmos multiplos!

Anais Nin, trecho

Eu escolho


um homem

que não duvide

de minha coragem

que não

me acredite

inocente

que tenha

a coragem

de me tratar como

uma mulher.



Anais Nin

domingo, 8 de agosto de 2010

como ser um grande escritor






tens que foder muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever alguns bons poemas de amor.
e não tens que te preocupar com a idade
e/ou novos talentos.
apenas bebe mais cerveja
mais e mais cerveja
e vai às corridas pelo menos uma vez
por semana
e vence
se possível.
aprender a vencer é difícil –
qualquer imbecil pode ser um bom perdedor.
e não te esqueças de Brahams
nem de Bach nem
da cerveja.
não faças exercício a mais.
dorme até ao meio-dia.
evita cartões de crédito
ou pagar seja o que for a
tempo e horas.
lembra-te que não há nenhum cu
no mundo que valha mais de $50
(em 1977).
e se tens a capacidade de amar
ama-te primeiro
mas nunca te esqueças da possibilidade de
derrota total
mesmo que a razão para a derrota
seja justa ou injusta –
sentir cedo o bafo da morte não é
assim tão mau.
afasta-te das igrejas e bares e museus,
e como a aranha sê
paciente –
o tempo é a nossa cruz,
mais o exílio
a derrota
a traição
tudo isso.
sê fiel à cerveja.
uma amante constante.
arranja uma grande máquina-de-escrever
e enquanto ouves os passos para cima e para baixo
lá fora
martela a coisa
martela com força
transforma-a num combate de pesos-pesados
transforma-a no touro na sua primeira investida
e lembra os velhos sacanas
que tão bem lutaram:
Hemingway, Céline, Dostoievsky, Hamsun.
se pensas que eles não enlouqueceram
em pequenos quartos
tal como tu agora
sem mulheres
sem comida
sem esperança
então não estás preparado.
bebe mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
na mesma.




Charles  Bukowski

tradução de manuel a. domingos

sábado, 7 de agosto de 2010

noturno

nos becos escuros ando entre o medo e o desejo, escuto seus passos como suspiros; arrepio e finjo que apresso o passo. por dentro, acendo e sinto seus olhos no meu corpo, antecipo suas mãos em mim. cada respiração é um passo a menos de distância, você chega sem aviso e eu aparento surpresa, só para o seu prazer. me obriga ao beijo, eu juro que resisto. brinco que corro, e fico; desvio a boca no último momento, sua língua quase toca a minha, mas (ainda) não. seu corpo me pressiona e me esfrego feito gata, como quem procura saída, mas você me adivinha: uma mão nas minhas costas, entre os meus cabelos, agarrando sem pena. seus dedos e minha cabeça, minha boca como prêmio, meus gemidos só para os seus ouvidos. desce mais, mais perto; que eu sinta suas pernas e seu sexo, que eu me afogue no seu cheiro e no seu peito. minha pele sensível implora um toque dos seus dedos. mas que você não saiba de mim: que tudo seja mistério e surpresa, que eu desvie os olhos e resista, que eu fragilmente me defenda. que nada seja óbvio e que eu seja sua somente no último momento, que sua vitória seja doce e completa



Lorelei
http://lureln.blogspot.com/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

aprender a fazer sexo anal








Gerar o Apetite


Um rabinho merece ser mimado.
Afagá-lo, apalpá-lo, acariciá-lo, ora vigorosa ora delicadamente deverá provocar expectativa, imediatamente superada por uma língua atrevida que, primeiro espalmada, depois penetrante, atinge em cheio o botão de rosa.
De seguida a magia dos dedos. 10 minutos de manipulação digital localizada essencialmente na portinha deverá fazer com suplique pela penetração.(o lubrificante, fundamental, não deve ser esquecido)
Consumar a Vontade
Sendo que o principal entrave reside no receio da dor, da imprevisibilidade da forma mais ou menos vigorosa com vai ser "atacada", cumpre-me revelar a chave do sucesso:
Nas primeiras experiências a mulher deve pura e simplesmente trocar o papel passivo pelo activo, adotando a posição em que ele está deitado de costas e ela por cima, sentando-se frontalmente, assumindo assim o controle da penetração, guiando o míssil na direcção certa e dozeando a intensidade do avanço.
Desaparecida a resistência provocada pelo receio, conhecerás um prazer sublime, e, sobretudo, completamente desprovido de dor. Sentiste-a toda, instala-se a confiança, vais querer experimentar todas as posições.
Acreditem minhas lindas...vão adorar...e não mais parar
PS - um membro grande e grosso pode efectivamente deitar tudo a perder. A delicadeza dele também é fundamental, bem como um bom lubrificante.
prendam
Não desistam ao o primeiro bruto que aparece


Sissi em Cena de Gaja

domingo, 1 de agosto de 2010

A Casa do Incesto, Anaïs Nin trecho





A minha primeira visão da terra foi através da água. Pertenço à raça de homens e mulheres que olham todas as coisas através desta cortina de mar e os meus olhos são a cor da água.
Olhava com olhos de camaleão a Face mutável do mundo e considerava anonimamente o meu ser incompleto.
Lembro o meu primeiro nascimento na água. À minha volta a transparência sulfurosa e os meus ossos moviam-se como se fossem de borracha. Oscilo e flutuo nas pontas sem ossos dos meus pés atenta aos sons distantes, sons para além do alcance de ouvidos humanos, vejo coisas que são para além do alcance dos olhos. Nasço cheia das memórias dos sinos da Atlântida. Sempre à espera de sons perdidos e à procura de perdidas cores, permanecendo para sempre no limiar como alguém perturbado por recordações, corto o ar a passo largo com largos golpes de barbatana e nado através de quartos sem paredes.
Expulsadas de um paraíso de ausência de som, catedrais ondulam à passagem de um corpo, como música sem som.
Esta Atlântida só podia ser novamente encontrada à noite pelo caminho do sonho. Logo que o sono cobria a rígida cidade nova e a rigidez do novo mundo, abriam-se os portais mais pesados deslizando em gonzos oleados e entrava-se na ausência de voz que pertence ao sonho. Era o terror e a alegria de homicídios conseguidos em silêncio, um silêncio de calhas e de escovas. O lençol de água cobrindo tudo e abafando a voz. E um monstro trouxe-me, por acaso, à superfície.
Perdida dentro das cores da Atlântida, cores que vão dar a outras e se misturam sem fronteiras. Peixes feitos de veludo, de organdi com dentes de rendas, feitos de tafetá, recamados de lantejoulas, peixes de seda e penas e plumas, com flancos laçados e olhos de cristal de rocha, peixes de couro curtido com olhos de groselha, olhos como o branco de um ovo. Flores palpitando-lhes nas hastes como corações de mar. Nenhum deles sentindo o seu próprio peso, o cavalo-marinho movendo-se como uma pena...
Era como um longo bocejo. Eu amava a facilidade e a cegueira e as mansas viagens na água transportando-nos através de obstáculos. A água estava ali para nos transportar como um abraço gigante; havia sempre a água para nos repousar, e que nos transmitia as vidas e os amores, as palavras e os pensamentos.
Eu dormia muito abaixo do nível das tempestades. Movia-me dentro da cor e da música como dentro de um diamante-mar. Não havia correntes de pensamentos, apenas a carícia-fluxo-desejo misturando-se, tocando, afastando, vagueando - no abismo infinito da água.
Não me lembro de ali estar frio, nem calor. Nenhuma dor provocada pelo frio ou pelo calor. A temperatura do sono, sem febre e sem arrepio. Não me lembro de ter tido fome. Era-se alimentado através de poros invisíveis. Não me lembro de ter chorado.
Sentia apenas a carícia de mover-me - de passar para um outro corpo - absorvida e perdida dentro da carne de outrem, embalada pelo ritmo da água, pela lenta palpitação dos sentidos, pelo deslizar de seda.
Amando sem consciência, movendo-me sem esforço, numa corrente branda de água e de desejo, respirando num êxtase de dissolução.
Acordei de madrugada, atirada para uma rocha, esqueleto de um barco sufocado nas suas próprias velas.



Anaïs Nin


(trecho do livro A Casa do Incesto)

Animal, selvagem ...

Eu quero permanecer queimando
mesmo que isso venha a me destruir.
Eu vivo somente para o êxtase,
nada mais me afeta
Pequenas doses, amores moderados,
Tudo isso me deixa fria e apática.
Eu gosto de extravagâncias quentes,
de suor humano
Sexualidade que explode o termômetro.
Eu sou neurótica, pevertida, destrutível,
Flamejante, perigosa, inflamável, incontrolável.
Eu me sinto como animal selvagem
que escapa do confinamento.

Anais Nin

sábado, 31 de julho de 2010

Lilith, de Anaïs Nin

Lilith era sexualmente fria, e seu marido sabia disso parcialmente, apesar dos fingimentos dela
(...)
Os dois ficaram lá sentados, e ele a olhava com a expressão de branda tolerância que estampava com freqüência, diante das explosões nervosas dela, das crises de egotismo, da autocensura, de pânico. Ele reagia a todo comportamento dramático dela com um bom humor e paciência inabaláveis. Ela sempre esbravejava sozinha, enfurecia-se sozinha, passandopor vastas convulsões emocionais nas quais ele não tomava parte.
Aquilo possivelmente era símbolo da tensão sexual que não ocorria entre eles. Ele recusava todos os desafios e hostilidades primitivos e violentos dela, recusava-se a entrar naquela arena emocional com ela e responder às suas necessidades de ciúmes, de medos, de batalhas.
Talvez se ele tivesse aceitado os desafios e jogado os jogos de que ela gostava, talvez então ela tivesse sentido a presença dele com um impacto físico maior. Mas, o marido de Lilith não conhecia os prelúdios do desejo sensual, não conhecia nenhum dos estimulantes que certas naturezas selvagens requere, e, por isso, em vez de responder tão logo via a esposa ficar elétrica com o rosto mais lívido, os olhos relampejantes, o corpo inquieto e aos trancos como um cavalo de corrida, ele recuava para trás daquela parede de compreensão objetiva, daquela troça e aceitação, exatamente como alguém que observa um animal no zoológico e sorri de seus trejeitos, mas não é induzido àquele estado de espírito. era isso que deixava Lilith em estado de desolação - de fato como um animal selvagem em um deserto total.
Quando ela esbravejava e sua temperatura subia, o marido não era visto em lugar nenhum. Ele era como um céu plácido olhando para ela lá de cima e esperando que a tempestade se consumisse por si. Se ele, como um animal igualmente primitivo, tivesse aparecido na outra extremidade daquele deserto, encarando-a com a mesma tensão elétrica de cabelo, pele e olhos, se tivesse aparecido com o mesmo corpo selvage, abrindo caminho à força pesadamente e querendo algum pretexto para saltar, abraçar com fúria, sentir o calor e a força do oponente, então poderiam ter rolado juntos, e as mordidas poderiam ter se tornado de outro tipo, e o bote poderia ter se tornado um enlace, e os puxões de cabelo poderiam ter juntado bocas, juntado dentes, línguas. E a partir da fúria os genitais poderiam ter roçado um no outro emitindo fagulhas, e os dois corpos teriam entrado um no outro para dar fim àquela formidável tensão.


Anaïs Nin