Há alguns anos, quando eu estava no 5º ano da faculdade de direito, fui monitora da minha turma e do 4º ano. Eu adorava aquele trabalho, porque realmente amo minha profissão e ali comecei ter mais contato com as mazelas do cotidiano. Antes eu fazia estágio no escritório do coordenador da faculdade, mas era outro tipo de público, outro tipo de ação.
Como monitora, uma das minhas funções era auxiliar os colegas no atendimento ao público, cobrir faltas. E esse atendimento ao público por vezes era... pitoresco!!
Tinha um senhor, por exemplo, que sempre prescrevia medicamentos, aviava receitas... todos os dias ele nos receitava Dipirona, e para qualquer tipo de problema!!! Pegava o primeiro papel que via pela frente e logo já tínhamos uma receita nas mãos! Uma vez chegou uma senhora indignada com uma conta da "Oi" nas mãos. Pensamos: cobrança indevida, claro! Quer situação mais comum?? Mas não, não era isso. O problema era bem mais grave, e vou repetir a frase que nunca esquecerei: "Doutora, roubaram a minha estética!" Isso mesmo, a pobre havia sido usurpada na sua estética... Havia uma foto de uma mulher nas contas, e ela jurava de pé junto que era ela. E relatou os fatos, como se deve fazer para seu advogado: ela saiu do banho, sentou à frente da sua penteadeira para escovar os cabelos, quando surgiram na janela e fotografaram-na. O detalhe super importante: não era no primeiro andar, eles chegaram até lá... voando! Ela batia o pé, contrariadíssima com a invasão de privacidade que sofrera: "Olha só, é a minha estética! Eu não autorizei usar a minha estética!" E não pensem que isso foi uma conversa rápida, nem calma. Ela de fato estava bem nervosa e ficou lá um bom tempo... Já havia acabado o horário de atendimento ao público e estávamos só eu e a secretária, a Lud. Se rimos??? Por dias a fio!!! Mas não na frente dela, claro! Mantivemos a linha e a atendemos da melhor maneira possível!!! rsrsrsrs
Eu tinha uma outra função: auxiliar meus colegas na elaboração de peças; principalmente os do 4º ano que estavam começando.
Uma das alunas, a Sônia, era (é) muito tímida, fala baixinho, bonita, super elegante. Ela estava retomando a faculdade depois de um longo hiato, e quando tinha dúvida me esperava atender as outras pessoas para conversarmos. Sabem quando "o santo bate"? Assim foi com Sônia. Logo no começo já nos tornamos muito próximas, daí a um tempo ela começou ir pra minha casa estudar, e em pouco tempo já éramos muito, mas muuuuuuuuuuito amigas. Dividimos segredos que eternamente serão apenas meus e dela; de mais ninguém. Sônia é casada e tem dois filhos lindos. Heitor, o mais novo, conheci quando tinha 6 anos! Hoje ele é maior que eu... o tempo passa mesmo... rsrs
Toda a família me recebeu super bem, e convivíamos rotineiramente! Eu vivia lá na casa da Sônia! Inesquecíveis nossas saídas para tomar capuccino na Kopenhagen, café expresso com creme, Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, cinema com Heitor, trufas de maracujá da Grenoble, etc, etc, etc, etc...
Depois que me formei e voltei para Timóteo infelizmente nosso convívio diminuiu absurdamente... Durante um tempo voltei mais vezes a Juiz de Fora, e ficava na casa dela. Chegava lá 5 horas da manhã... rs Mas os rumos da vida, o trabalho, os estudos... tudo foi fazendo minhas idas a Juiz de Fora se espaçarem mais. É inexorável... Um ano fui passar Réveillon com eles, foi ótimo! E ainda estamos nos devendo um réveillon no Rio!! Ainda nos devemos algumas coisas, que tomara a vida nos permita cumprir!!
Sônia é uma amiga muito, mas muito querida. Dessas que nem tempo, nem distância, nem o diabo-a-quatro podem mover um milímetro de dentro do meu coração. Ficará lá no lugarzinho especial dela para sempre, e sempre que nos reencontrarmos sei que a sensação será de termos nos visto ontem! Pessoas especiais tem esse dom...
Faz um tempo queria transformar uma estrela criada ano passado em um modelo tridimensional e, de preferência, com poucos módulos para agradar os preguiçosos ou sem tempo como eu! Mês passado, atoladíssima na falta de tempo, mas louca para dobrar algo novo, coloquei em prática a ideia de um ano atrás e, com 4 módulos cheguei ao resultado pretendido! Claro que dele já surgiram variações, e a possibilidade de 12 ou 30 módulos, mas aquele especial, meu modelo com menor número de peças e um resultado interessante, diferente do meu habitual, sem sombra de dúvidas ganhou meu carinho.
Agora não vou mais ouvir: "mas são 30 peças, Isa?!" Não, esse não!!! Meu menor número de peças com um resultado satisfatório era o
Bouganville, que com 12 já fica ótimo e eu nunca fiz um de 30, apesar de saber possível! rs
Fiz, um, e outro, e outro... até chegar na leveza que pretendia.
Era chegada a hora do nome... 4 módulos... vontade de cristalizar e eternizar carinho em dobras que serão reproduzidas mundo afora... Já tinha uma ideia na cabeça...
Coloquei uma foto de detalhe da peça no
Facebook e Sônia curtiu. Era a deixa que eu precisava!
B-I-N-I! Porque a família Bini, composta por 4 pessoas, faz parte da minha vida eternamente!
Sônia, Heitor, Fernanda e Fernando,
Recebam esta singela homenagem como forma de agradecer tudo que já vivemos, todo o carinho e amizade que sempre estará comigo para onde quer que eu vá, passe o tempo que passar!!! Estão sempre nos meus pensamentos, nos meus melhores desejos de muita felicidade e união, assim como unidos estão estes 4 módulos que, sozinhos, não tem graça nenhuma!
Carinho de sobra, saudade demais...
Beijos muito especiais no ♥
Assim é a vida, queridos... de encontros especiais, de compartilhamento, de inexoráveis "até breves"... mas também da certeza que tem pessoas que nunca, nunca estarão distantes de nossa alma. Por vezes, como agora, o coração fica apertado de saudade e transborda nos olhos... mas até isso também é parte da vida!
Tenham todos uma excelente noite e lindos sonhos...
Beijos no coração
Isa, emocionada...
♥