Decidi escrever esta carta a ti, que ainda não existes. Porque
percebi que é mais fácil dizer o que temos por dentro a pessoas que se
revelam transparentes. Quando dizes o que sentes a alguém sem esperares
que esse alguém te dê alguma importância, percebes que aquilo que tens a
dizer é mais importante do que pensavas. Não tens que esperar que te
respondam... não enfrentas gritos baixos ou picos de silêncio. A
resposta às tuas mais indignadas questões só a ti abalam. Não provocas
ao mundo inteiro lágrimas desnecessárias, nem queimas estradas aos
intrépidos sonhadores. Respiras de alívio...as "palavras - lâmina" já
moram na tua boca.
Daniela G. Pereira
terça-feira, julho 01, 2014
sexta-feira, junho 07, 2013
Em que pensas... ?
Em que pensas?...
Penso no Amor... naquele
vírus estranho que nos consome a alma até fazer sangue. Não o vejo como
uma doença, nem um mal fatal mas é certo que às vezes dá com tanta força
que no fim até parece que mata. Mas afinal ainda estamos aqui... logo, o
Amor morreu mas ele tem muitas raízes, muitos vácuos escondidos onde
depositar a sua semente. É como uma roseira... bela, forte e perigosa
com o corpo esguio coberto de dolorosos espinhos mas nos nossos olhos há
uma beleza que cega. E nós amamos... e há tantas formas de amar que por
vezes chega a ser assustador compreender que um sentimento que nasce
por dentro, explode para fora se lhe acendemos o rastilho e ao mínimo
descuido jamais o paramos. E pensar que o Amor surge de um amontoado de
coisas pequenas! Daquelas coisas pequenas.... gestos
insignificantes...marcas leves e pormenores que só a ti mesmo
interessam. São os teus delicados segredos. Aquela onda no cabelo que
dança no vento, aquele sorriso que deita por terra todas as tristezas
por mais que elas se debatam, aquele olhar perdido onde vemos
tudo..tudo, até mesmo aquilo que não pode existir a não ser que tenhas
passado a viver deitada num sonho. Mas tu juras que vês! Sim, naquele
olhar..naqueles olhos pretos cabem cidades inteiras..luares de agosto,
ruas apinhadas de gente...não importa a multidão que graceja à tua
volta. Naquele olhar estás sozinha...é assim que te sentes sozinha, mas
com ele, com aquele vírus que sufoca e te enrola o ar porque ocupa em ti
todo o espaço. Tens a capacidade de apagar o resto do mundo... não para
sempre, mas naquele instante de tempo onde se cruzam olhares cresces em
mim viçoso de confiança. E a confiança cresce, cresce dentro de mim
devorando medos, alimentando entregas, removendo memórias numa lavagem
cerebral de pura amnésia. O sol brilha como se tivesse engolido mil e
duas lâmpadas , os passarinhos são tenores e nem por um segundo
desafinam, os sorrisos nas nossas bocas são perfeitos e até a chuva por
Deus, juro que já não me incomoda.
Em que pensas? ...
Penso no Amor que está doente.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
quarta-feira, maio 22, 2013
O despertar da mente...
Há muito tempo que não te escrevo. Não escrevo nem para ti, nem para o senhor que ali vai com passo descansado a descer a rua... nem para o carteiro que tarda sempre a chegar. Simplesmente porque não escrevo. Não, por não ter nada para te dizer... não é isso. Acho mesmo que é precisamente o contrário. Há tanto para dizer e depois nada se diz. É contraditório, mas é realmente assim. Quando as palavras são muitas, a desordem de ideias é total. É um caos assustador e por isso fugimos do mundo num silêncio bem educado. Como se aquela palavra que devia ser exposta em primeiro lugar, ficasse demasiado importante...tão importante, que dela até depende um fim de uma guerra. É assim que eu me sinto, que as minhas palavras podem provocar guerras e mortes. Um valor desalinhado, uma expressão fora de tom e o mundo desaba...o meu mundo cai por terra, castigado pela força dos sentidos. A ironia de se pretender alcançar a paz com as palavras, achar que elas podem abrandar furacões e abraçar estrelas cadentes. Chegamos a um momento em que o tempo já não importa. Os meses não se contam, os anos são apenas mais um amontoado de meses e tudo fica normal, mesmo que essa normalidade seja falível. Por isso, eu não te escrevo. Sofro hoje de uma fobia que todas as minhas letras sentem quando se debruçam nas margens do papel. Depois, é o que se vê... dão saltos no escuro mas não avançam. Não têm por onde avançar, porque o caminho foi cortado e as palavras sem pontes morrem desejosas de alcançar uma estrada.
Daniela G. Pereira
Direitos de autor reservados
sábado, abril 27, 2013
Poema... aquele amor não agradecido.
Olho para o relógio
mas o tempo distorceu a matriz das horas...
Agora só o teu respirar
me condensa as vertigens no peito.
Dobras-me a boca
e os meus beijos rezam alto
todos os seus pecados
ajoelhados na verdade da tua língua.
Desistir da defesa e deixar o teu corpo
acorrentado ao meu...
Desistir adormecida no suor das tuas costas...
Nada tem de mal agradecido.
Há nos teus olhos um azul que transborda a infinito
prestes a desfazer-me na bravura das suas margens.
Avanças-me os sentidos e eu recuo as minhas pernas.
Renegado o amor que me atravessava o tempo ...
Querer-me a pulsar dentro de ti
é morrer em paz.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
mas o tempo distorceu a matriz das horas...
Agora só o teu respirar
me condensa as vertigens no peito.
Dobras-me a boca
e os meus beijos rezam alto
todos os seus pecados
ajoelhados na verdade da tua língua.
Desistir da defesa e deixar o teu corpo
acorrentado ao meu...
Desistir adormecida no suor das tuas costas...
Nada tem de mal agradecido.
Há nos teus olhos um azul que transborda a infinito
prestes a desfazer-me na bravura das suas margens.
Avanças-me os sentidos e eu recuo as minhas pernas.
Renegado o amor que me atravessava o tempo ...
Querer-me a pulsar dentro de ti
é morrer em paz.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
sexta-feira, abril 26, 2013
Raio x
Nada
encontro que me explique...que me resuma em poucas linhas e em delicados
traços. Nos meus olhos moram curvas que o tempo não esbate...
Eu sou... e acabo aqui a frase sem nada iniciar porque a promessa de nascer feliz calou-me o crescimento.
Eu sou... e acabo aqui a frase sem nada iniciar porque a promessa de nascer feliz calou-me o crescimento.
sexta-feira, março 22, 2013
Um pensamento pelo caminho...
Em que estás a pensar?
Por onde caminham os teus pensamentos mais profundos e as tuas mais translúcidas incertezas?...
Existe um mar esmeralda onde guardas os segredos que na tua voz ondulam assustados. A verdade é uma gaiola doirada onde prendes o que dizem ser mentira. Acreditar é uma mentira que o destino inventa para seguires em frente de cabeça erguida. E tu cá andas, meio embriagado pela vida que te escorregue por entre os dedos...beber os teus dias é um vício cheio de doçura que te engana os sentidos. Gostos amargos erraram a intensidade da tua boca, como erram sempre aqueles que ao pé de ti lavram ciosos beijos.
Daniela G. Pereira
Direitos de autor reservados
Por onde caminham os teus pensamentos mais profundos e as tuas mais translúcidas incertezas?...
Existe um mar esmeralda onde guardas os segredos que na tua voz ondulam assustados. A verdade é uma gaiola doirada onde prendes o que dizem ser mentira. Acreditar é uma mentira que o destino inventa para seguires em frente de cabeça erguida. E tu cá andas, meio embriagado pela vida que te escorregue por entre os dedos...beber os teus dias é um vício cheio de doçura que te engana os sentidos. Gostos amargos erraram a intensidade da tua boca, como erram sempre aqueles que ao pé de ti lavram ciosos beijos.
Daniela G. Pereira
Direitos de autor reservados
quarta-feira, março 13, 2013
Uma lamparina e um farol...
Tu chegas...
Chegas e fechas-me a garganta
como quem fecha a cor das rosas no fim de uma tarde.
Dizes que nas palavras albergo hinos e que nos silêncios não sobrevivo.
E eu fico de pé...com as raízes enfiadas na laringe e não suspiro.
Mato os ais com uns uis mais enfraquecidos
e o meu grito arrependido não adormece.
Faço de conta que há luz lá fora...
As estrelas são justas lamparinas para os que escrevem escuridão acima.
Para os que servem copos de incertezas com os olhos inundados de espanto.
Guiam-me as memórias... porque elas têm dentes e mordem-me a boca
só para que esqueças as ruas que cruzavas comigo assobiando o teu modo alegre.
Chegas e fechas-me a garganta...
E nos rios correm pérolas sem braços
porque o mar arrancou-lhes a esperança
como quem arranca o coração a um estranho e a si o oferece.
Faltou-lhe a coragem de acreditar em ti
e tu a inspirar a verdade para dentro
como se um ar puro em ti coubesse.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
Chegas e fechas-me a garganta
como quem fecha a cor das rosas no fim de uma tarde.
Dizes que nas palavras albergo hinos e que nos silêncios não sobrevivo.
E eu fico de pé...com as raízes enfiadas na laringe e não suspiro.
Mato os ais com uns uis mais enfraquecidos
e o meu grito arrependido não adormece.
Faço de conta que há luz lá fora...
As estrelas são justas lamparinas para os que escrevem escuridão acima.
Para os que servem copos de incertezas com os olhos inundados de espanto.
Guiam-me as memórias... porque elas têm dentes e mordem-me a boca
só para que esqueças as ruas que cruzavas comigo assobiando o teu modo alegre.
Chegas e fechas-me a garganta...
E nos rios correm pérolas sem braços
porque o mar arrancou-lhes a esperança
como quem arranca o coração a um estranho e a si o oferece.
Faltou-lhe a coragem de acreditar em ti
e tu a inspirar a verdade para dentro
como se um ar puro em ti coubesse.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
quinta-feira, janeiro 31, 2013
O teu acordar tem segredos... A 1ª noite
Acordas... pegas no teu corpo como quem transporta um fardo pesado e deixas ir o arrepio que te fez suar a espinha toda a noite. Violas o tempo apressada, ansiosa por chegar a qualquer lado, mas ainda não partiste do teu interior. Promoves o teu coração a um estatuto de brinquedo e ele lá fica pousado em cima da mesa e o destino com vontade de agitá-lo nas mãos. Sacodem-te a alegria como se a alegria fosse um jogo que só alguns podem jogar e o dado fica negro. Deixas o tempo fugir mas ele volta e olha para ti com desdém. As nuvens regressam com o rosto altivo a marcar presença na tua luz.O mundo suga-te a escuridão, parece que tens que alimentá-la num prejuízo sem fim. E as nuvens voltam, negras e sujas como pedras de carvão que te escrevem no peito a cor dos teus dias. Desejas a noite..desejas a noite com fervor. Porque na noite tens instantes em que descansas com o dia abandonado do lado de fora da tua porta. Acreditas nos beijos, nos carinhos e nas palavras que te dizem e lá vais tu outra vez a sorrir montanha acima esquecida de todas as quedas. Protegida por sentimentos temporários pendurados no relógio oscilando o teu calor como se o teu coração fosse uma manta que o frio promete combater. Tens frio... as pedras da tua rua vivem descalças.
Daniela Pereira in O teu acordar tem segredos...
Direitos de autor reservados
Daniela Pereira in O teu acordar tem segredos...
Direitos de autor reservados
terça-feira, janeiro 15, 2013
Por um sorriso .
-->
Por um sorriso .
As coisas inúteis partiram... Não
disseram adeus. Fizeram as malas e partiram. Não partiram a sorrir,
simplesmente enfiaram os tempos e os momentos numa mala e foram pelo
teu coração acima.
Sem nada dizer...sem nada fazer. As
coisas inúteis partiram.
E tu que sonhavas ter uma casa...não,
duas casas...três...quatro. Todas as casas que fossem necessárias
para alojar os teus amigos. Os que já partiram porque o destino os
levou. Os que não quiseram ficar. Os que ainda cá estão. E tu que
sonhavas ter uma casa...não, duas ou três... todas as que tivessem
espaço para os albergar. Ias desenterrar os mortos, as memórias
mais podres e feias, ias lavar a cara, sacudir o pó e dar-lhes
flores. As flores mais belas e luminosas que pudesses semear em ti.
Ias desenterrar os mortos e cuidar deles, mesmo quando precisasses de
cuidar mais de ti.
Já os vês sentados no sofá, sorrindo
para ti outra vez e tu a sorrir de volta.
Os amigos que partiram... aqueles que
cruzaram oceanos, que foram correr a vida para terras distantes. Os
que partiram carrancudos e sem remorsos... os que viajaram com o
coração saudoso...os que ainda te lembram e te recordam na
melancolia dos dias como uma folha de um livro que dá prazer rever.
As coisas inúteis partiram. Algumas
fazem doer por dentro. Não dói sempre...é só de vez em quando.
Aquela dor fininha, como uma picada e fechamos os olhos esperando
que logo passe. Mas outras coisas inúteis magoam a valer, ficam
feridas que incomodam, que nos desencantam. Mas até essas por perto
queríamos de novo ter. Aquele masoquismo saudoso que só as coisas
inúteis em nós sabem promover.
E nós com as casas de portas abertas,
sempre abertas... Deixamos entrar o vento, o frio.. morremos com as
correntes de ar. Mas nunca fechamos as portas... bater com a porta, é
forte. Ganhamos doenças, latejamos dores de cabeça, mas abrimos as
portas. Sonhamos que é possível...e construímos casas e casas e
deixamos as portas abertas. Novamente abertas... E se fosse realmente
possível? E se abrir as portas e deixar entrar fosse a solução de
todos os nossos problemas? Mataríamos a dor, sem que ela sequer
estivesse à espera. E os amigos que partiram, os amores que
deixaram de ser, as paixões que perderam a chama..tudo ali de novo à
tua porta, sorrindo e pedindo para entrar. E entravam. Sentavam os
corpos e as memórias , ali bem ao teu lado. Sem dor, sem
ressentimentos, sem amarguras...estavam nus de prantos. Límpidos,
transparentes como gotas de água para matar a tua sede. E tu
recebias no teu coração todos... todos e o teu coração
continuava largo com tanto espaço para preencher e tu rias, rias e
eles riam contigo. Davam gargalhadas bem alto, abraçavam-te com
força e tu sorrias e dizias as coisas mais profundas sem abrires a
tua boca. Falavas com o olhar e o teu olhar tinha todas as cores. Nos
teus olhos, os astrónomos descobriam perplexos o habitat de novas e
desconhecidas estrelas e tu rias. Coravas e dizias que os teus olhos
são tão normais...e as coisas inúteis sacudiam a cabeça num gesto
de reprovação. E tu ficavas tão admirada, tão repleta de prazeres
dentro de ti que até a tua pele rejuvenescia. E as coisas inúteis
que tanto amavas continuavam a entrar e perguntavam por ti. Então
como estás? ...e tu abrias os braços com a amplitude maior do teu
ser e abraçavas..abraçavas até ficares com os braços tontos. As
coisas inúteis gostavam de ser úteis em ti outra vez.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
P.S: G* T* P* R*
segunda-feira, janeiro 14, 2013
uma vírgula e um ponto.
Dizem que as palavras acordaram
doentes, com uma ilimitada febre de respirar. Respiram sentimentos e
eles, tão severos e malditos, capazes de sufocar.
Dizem que as palavras deitaram-se mais tímidas e que ainda ontem eram de
vidro, tão prontas para quebrar... Mas o mundo diz tanta coisa que bem
podia morrer um pouco e furar as pedras do chão. Há crise...até dos
corações despediram o abraçar.
Daniela G. Pereira
Daniela G. Pereira
segunda-feira, janeiro 07, 2013
Os palhaços da tua alma...
O riso vai longe...
A rua da alegria desertou.
As bocas cheias estão vazias de antigamentes...
A garganta engravidou ainda tão nova
dos teus futuros poluídos.
Canta o sol que estancou na paragem
e a chuva seguiu viagem
calada de esperanças.
O riso saiu da rua
porque os Homens maus
atiravam pedras.
Dizem as más línguas
que as almas dos outros
caíram na desgraça...
De costas voltadas para a lua
aparafusam nervos cerrados entre os dentes.
Fingem melhor alegria
que duas dúzias de palhaços nos sonhos das crianças...
O riso vai longe...
A rua da alegria desertou.
As almas dos outros
guardam balões amarrados na cobardia
das palavras fechadas nos teus dedos.
O riso vai longe...
Descobriu que o medo
estava mais perto.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
segunda-feira, dezembro 31, 2012
An (m)o
Um Feliz 2013 para todos os amigos que fazem
parte do meu coração ...
É uma doce aventura, existir neste espaço despida de medos e de barreiras, com as palavras presas aos dedos e os sentimentos à deriva.
Foi sempre aqui que verti lágrimas ... que esbocei sorrisos... que gritei dores que não podia ocultar. Foi aqui que cativei paixões... que chorei perdas e esbocei sonhos no olhar. Foi com palavras que vos abracei com ternura... que escrevi memórias nas paredes brancas... que desenhei estrelas nos céus mais cinzentos.
Quem por aqui passou e perdeu um pouco do seu tempo a sentir o que eu sentia, deu-me forças para sentir sem escudos de indiferença. Quem por aqui passou alimentou o meu Amor pela poesia e pela pureza de um poema que em mim nascia.
A todos vocês, um 2013 repleto de muito amor. Deixo-vos um beijinho com ternura ♥ *
Daniela G. Pereira
É uma doce aventura, existir neste espaço despida de medos e de barreiras, com as palavras presas aos dedos e os sentimentos à deriva.
Foi sempre aqui que verti lágrimas ... que esbocei sorrisos... que gritei dores que não podia ocultar. Foi aqui que cativei paixões... que chorei perdas e esbocei sonhos no olhar. Foi com palavras que vos abracei com ternura... que escrevi memórias nas paredes brancas... que desenhei estrelas nos céus mais cinzentos.
Quem por aqui passou e perdeu um pouco do seu tempo a sentir o que eu sentia, deu-me forças para sentir sem escudos de indiferença. Quem por aqui passou alimentou o meu Amor pela poesia e pela pureza de um poema que em mim nascia.
A todos vocês, um 2013 repleto de muito amor. Deixo-vos um beijinho com ternura ♥ *
Daniela G. Pereira
quinta-feira, dezembro 27, 2012
Fiz-me ...
Fiz-me...
Fiz-me de novo sem mais nenhuma
mulher abrir as pernas para me ter. Escorracei a minha alma do pó e
atirei-a ainda ensanguentada para a deriva. Matei-a tantas vezes que já
me esqueci onde a enterrei.
Mas, o meu coração segreda que ainda a terei
que matar mais vezes.
Guarda-me um lugar no Céu, que aqui neste mundo o
Inferno queima-me as verdades nos dedos...
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
quarta-feira, dezembro 26, 2012
O entendimento é uma necessidade crua...
Se chegou o momento em que não
entendes mais o ser humano
então chegou o momento de fechares o
teu coração com tudo o que ele já tem por dentro.
Se já não entendes... chegou o
momento de esvaziar pensamentos...de premir o botão do off interior.
A queda já existe dentro de ti, então
porque ainda te angustia o caminho que te leva até ao precipício.
Se as palavras que fugiam de ti com a
alegria de uma flor a despertar pela manhã …
hoje são palavras que sentes que têm
em ti a força de pedras que regressam sem pensar e te destroem as
pétalas...e te desnudam os sentimentos como se o teu íntimo fosse
algo banal.
Então chegou o momento de tu mesma não
existires... deixou de ser tempo para abrir o coração, para ser o
momento de te revelares para dentro. A rua é hoje um mundo cinzento,
repleto de sombras e esquinas com desencontros. Envergonham-te as
tuas ideias...até os teus pedidos te fazem sentir menor do que
aquilo que tu realmente és. Envergonha-te o medo, que te distorce as
entranhas. Envergonha-te a incapacidade de demonstrares o quanto
amas. Envergonha-te a necessidade de te sentires amada e um pedaço
de alguma coisa importante, porque és incapaz de te sentires
reduzida a cinzas. Dizes que estás cansada de renascer do pó e
mesmo assim tu renasces e lambes incessantemente as tuas feridas.
Se chegou o momento em que não
entendes mais o ser humano...então, chegou o momento de te
entenderes a ti mesma como um ser assustado e não ter mais vergonha
de o admitir.
Chegou o momento de reservar emoções
e de usar a folha de papel como o único mundo que te aceita, tal e
qual como tu és.
Admito que não entendo mais o ser
humano..admito que daria tudo para o conseguir entender ou pelo
menos para o conseguir preservar até ao dia em que tudo fizesse
novamente sentido.
Admito que sou frágil perante a
grandiosidade do ser humano da mesma forma em que sou submissa e
rendida perante a dor.
Se chegou o momento em que não
entendes mais o ser humano, então chegou o momento de desistires de
o entender. Se o destino te moveu para outras paragens...deixa que o
vento te leve para onde quer, até porque estás demasiado cansada
para te debateres. Deixa que no chão o teu corpo repouse, surdo e
mudo para todos os silêncios e para todas as vozes que para ti se
calam por um motivo qualquer que não conheces, mas que desejas que
seja só uma brisa enganada no caminho que tem que percorrer para
chegar a ti. Talvez se tenha perdido dos teus passos... talvez os
teus passos não fossem os mais certos porque temias cair e sabias
que não terias forças para recuperar.
Envergonha-te o passado que te
apedrejou … orgulha-te o passado que te mostrou que mereces ser
forte e que não desistes por fraqueza mas sim por necessidade
humana.
A rua é hoje para ti um mundo estranho
e frio... aqui dentro ainda há calor.
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
domingo, dezembro 23, 2012
Aprisionem os Homens Normais...
Há quem nasça para seguir o mais correto...O que a cabeça indica ser o apropriado.
Há quem sinta que uma dor pode matar ao atingir a primeira lágrima...mas não desiste até que o coração lhe suspire todas.
Há quem finja que a primeira lágrima nunca foi sua. Cospe na vida e sente que há-de sobreviver na pele de um guerreiro.
Há quem fuja da dor como vampiros...que renegam qualquer passagem pela luz.
Os seres normais...Mas e os loucos?
Os que se rasgam por dentro quinhentas vezes
acreditando que da próxima acertam e remendam-se todos de uma vez?
Para mim, os loucos começam a ser os mais espertos.
Porque a normalidade é como uma onda calma.
De génio, é encontrar uma onda que não morra
só porque bateu demasiado de força na areia.
Mas quando um triste coração se debate...
O mundo inteiro afirma que é certamente, presságio de loucura.
Hoje declarei morte ao tédio de ser demasiado normal.
Dei por terminada a viagem da estupidez de ser alguém com uma lógica decente.
Porque é infinitamente monótono ser tão facilmente entendida.
Não digo "Bom Dia" ao ladrão que amavelmente me solicitar a carteira...
Mas posso dizer "Boa Noite" ao gato vadio que me penetrar o olhar do fundo da rua.
Não me apetece mais chorar...
Por isso, e para desenjoar da regularidade dos dias...
Vou rir ainda mais.
Nem que tenha que troçar com toda a segurança
da minha mais profunda tristeza.
Percebo hoje, que ninguém ama pessoas dedicadas.
Daquelas pessoas que nos interrogam cem vezes
se estamos bem.
A preocupação é um vício que nos obriga a ganhar mofo nas crenças
e quando olhamos realmente por nós, entendemos finalmente que o tempo já nos enrugou.
Ficamos tão lixados... para não dizer aquelas palavras que nos fariam perder a compostura de sermos normais.
O "Normal" não nos dá a liberdade de enlouquecer sem dar nas vistas.
A liberdade de gritar a favor das paredes até que a nossa voz
espante todos os fantasmas que a vida em nós costurou em silêncio.
Vamos ser poetas... os enlouquecidos Homens das palavras.
Ajoelhados no chão, cheios de coragem para admitir que têm o coração em farrapos.
Somos poetas e temos a desgraçada da liberdade a pulsar dentro dos dedos
como um touro enraivecido que anuncia uma morte precoce na arena.
Não há mais nada a temer...
" Que se lixe a vida, meu amigo. Hoje posso ter morrido mais um pouco...
mas amanhã, meu amor
prometo que de mim...
(mortos à paulada todos os medos)
prometo que de mim, meu amor
só jorrará magia!
Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados
segunda-feira, dezembro 03, 2012
O silêncio...
O silêncio...
O silêncio... o silêncio é para mim a forma mais estranha de expressar emoções que o ser humano pode possuir. O silêncio das pessoas que amo e abrigo no meu coração, é provavelmente o desafio mais difícil que eu posso suportar. É para mim inexplicável este meu medo do silêncio, é uma fobia da minha alma que ganha raízes profundas. Nascida uma menina das palavras... tão crente na veracidade dos sentimentos, abro a boca para dizer o que sinto mesmo nos piores momentos. Sempre com a certeza momentânea que me consigo explicar ao dizer as emoções que me afligem o espírito. Não digo que o silêncio possa ser malicioso ou destrutivo, mas em mim consegue ser uma fonte de interrogações constantes que a mente só com muito esforço consegue encontrar serenidade para abraçar. Há o silêncio do dia que nos enche os tímpanos com ruídos e sons estranhos que não chegam a ser barulho, porque nos habituamos a desfocar da atenção bizarra dos nossos pensamentos... Há o silêncio da noite, um silêncio mais frio e menos acolhedor na alma. Ouvimos as paredes, as recordações que falam em surdinas e os receios que nos abanam o corpo na cama com toda a força, para não nos deixar dormir. Quando damos por nós, já temos um nó no peito tão difícil de desatar que nos tornamos uma curva afiada cheia de jeitos...impossível de endireitar. Recolhemos lágrimas e gritos pardos que por vezes até conseguimos engolir, quando nos agarramos aquelas certezas que nos abrandam os limites do ser.
O silêncio ...
O silêncio das metades não completas...dos vidros que quebram o nosso coração com finos estilhaços... das vozes que queríamos de novo ouvir porque se formou um vazio diferente no eco de todas as sombras...O silêncio que nada diz e tudo deixa por dizer até que a próxima palavra nasça para o fazer finalmente morrer. E se a palavra que nascer for ainda mais profunda que o silêncio? Então tememos as palavras momentaneamente, como quem teme o fim do nosso mundo e ficamos surpreendentemente mudos de espanto.
O silêncio... o silêncio é para mim a forma mais estranha de expressar emoções que o ser humano pode possuir. O silêncio das pessoas que amo e abrigo no meu coração, é provavelmente o desafio mais difícil que eu posso suportar. É para mim inexplicável este meu medo do silêncio, é uma fobia da minha alma que ganha raízes profundas. Nascida uma menina das palavras... tão crente na veracidade dos sentimentos, abro a boca para dizer o que sinto mesmo nos piores momentos. Sempre com a certeza momentânea que me consigo explicar ao dizer as emoções que me afligem o espírito. Não digo que o silêncio possa ser malicioso ou destrutivo, mas em mim consegue ser uma fonte de interrogações constantes que a mente só com muito esforço consegue encontrar serenidade para abraçar. Há o silêncio do dia que nos enche os tímpanos com ruídos e sons estranhos que não chegam a ser barulho, porque nos habituamos a desfocar da atenção bizarra dos nossos pensamentos... Há o silêncio da noite, um silêncio mais frio e menos acolhedor na alma. Ouvimos as paredes, as recordações que falam em surdinas e os receios que nos abanam o corpo na cama com toda a força, para não nos deixar dormir. Quando damos por nós, já temos um nó no peito tão difícil de desatar que nos tornamos uma curva afiada cheia de jeitos...impossível de endireitar. Recolhemos lágrimas e gritos pardos que por vezes até conseguimos engolir, quando nos agarramos aquelas certezas que nos abrandam os limites do ser.
O silêncio ...
O silêncio das metades não completas...dos vidros que quebram o nosso coração com finos estilhaços... das vozes que queríamos de novo ouvir porque se formou um vazio diferente no eco de todas as sombras...O silêncio que nada diz e tudo deixa por dizer até que a próxima palavra nasça para o fazer finalmente morrer. E se a palavra que nascer for ainda mais profunda que o silêncio? Então tememos as palavras momentaneamente, como quem teme o fim do nosso mundo e ficamos surpreendentemente mudos de espanto.
sexta-feira, novembro 30, 2012
Vampiros da madrugada...
Subimos aquela escada e apertamos todos os degraus com passos infinitos.
Havia uma razão para não descer até ao fundo de mim e por isso subia até ao topo da tua boca...
O mundo era pequeno ao pé de duas almas gigantes e as flores faziam vénias ao nosso vento que soprava de mansinho.
O meu coração era uma bola de luz onde a escuridão jamais caminhava...tinha passos de rainha dos amores e o meu sangue cá dentro por ti pulsava.
Daniela G. Pereira in " A noite puxou-te a alma"
Direitos de Autor Reservados
quinta-feira, novembro 15, 2012
Saiu-me a coragem...
Fiquei com o coração suspenso na boca à espera de entrar... saiu-me a coragem pelo olhos e morreu-me a sensatez.
Daniela G.Pereira
Daniela G.Pereira
terça-feira, novembro 06, 2012
O limite da tua infinitude é um poema ainda por beber...
Os seres humanos são trapos que vestem espaços vazios...
algures pelo caminho abraçam as almas nuas de prantos. Um dia serão
somente o pó das memórias e nos seus belos corpos terminarão todos os
defeitos.
Os seres humanos são aves que sonham com os pés no chão e a cabeça presa a cadeado no fundo da rua...algures pelos caminhos perderam fragmentos de um coração que já foi maior. Lambiam as dores com bocas de framboesa e os olhos descalços. Comiam as montanhas como se tivessem fome de planícies e inventaram as papoilas para o verde ter mais cor. Mas os sonhos destaparam todas as rosas e cravaram-lhes na pele os espinhos.
Os seres humanos são nuvens que não chovem a não ser que lhes espremam o destino como se os desejos fossem uvas maduras a pedir um copo de vinho tinto a bocejar numa mesa. Um dia dois copos povoaram-lhes docemente os ossos e um sorriso cortou-lhes a tristeza com o amor a saber a bagaço.
Daniela G.Pereira in " Os poemas são dois copos vazios e um barril de lágrimas
Os seres humanos são aves que sonham com os pés no chão e a cabeça presa a cadeado no fundo da rua...algures pelos caminhos perderam fragmentos de um coração que já foi maior. Lambiam as dores com bocas de framboesa e os olhos descalços. Comiam as montanhas como se tivessem fome de planícies e inventaram as papoilas para o verde ter mais cor. Mas os sonhos destaparam todas as rosas e cravaram-lhes na pele os espinhos.
Os seres humanos são nuvens que não chovem a não ser que lhes espremam o destino como se os desejos fossem uvas maduras a pedir um copo de vinho tinto a bocejar numa mesa. Um dia dois copos povoaram-lhes docemente os ossos e um sorriso cortou-lhes a tristeza com o amor a saber a bagaço.
Daniela G.Pereira in " Os poemas são dois copos vazios e um barril de lágrimas
sexta-feira, outubro 19, 2012
1ª insensatez
*O que mais temo na vida são as palavras que chegam após um inesperado silêncio...raramente são palavras mais doces. Apesar disso, tenho saudades da sua chegada*
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