quinta-feira, 26 de abril de 2012

Datas festivas do Jornalismo


Como hoje tem dia para se comemorar de tudo, por que não um calendário sob medida para os jornalistas? Claro que sem direito a folga, porque já seria pedir demais.


12 de janeiro
Dia da Máquina de Café

30 de fevereiro
Dia do Superaumento de Salário para os Jornalistas

28 de março
Dia do Corretor Ortográfico do Word

1º de abril
Dia da Liberdade de Imprensa

4 de abril
Dia da Carteirada

1º de maio
Dia de Jornalista de Plantão Cobrir Show de Central Sindical

18 de maio
Dia de Combate ao Abuso e à Exploração dos Focas

17 de junho
Dia Nacional de Odiar o Gilmar Mendes

7 de julho
Dia do Filé Mignon ao Molho Madeira

13 de agosto
Dia da Criação da Imprensa Chapa Branca ou Dia do Rabo Preso

19 de agosto
Dia da Luta Contra o Release Tosco

22 de setembro
Dia Mundial Sem Carro de Reportagem

12 de outubro
Dia de Nossa Senhora do Bom Plantão, padroeira dos jornalistas

20 de novembro
Dia da Consciência do Assessor de Imprensa

25 de dezembro
Dia Internacional do Jabá

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Exposição “Bloquinhos de jornalista”


O garrancho, 1997 – obra impressionista do repórter mineiro Aristides Gonçalves. O que mais impressiona é que nem ele entende a própria caligrafia. A folha do bloquinho registra entrevista de Gonçalves com promotor de Belo Horizonte, com técnica de escrita “pressa sobre papel”.


A reunião de pauta e o vazio, 2005 – obra sintetiza a angústia e a revolta de um foca (autor desconhecido) que não recebe do pauteiro nenhuma matéria para fazer durante a reunião semanal. Há elementos do dadaísmo e do saco-cheismo nesta obra.


Moça à espera de entrevista, 2007 – obra realista da repórter paulistana Isabelle Tudor revela fragmentos de seu pensamento nas duas horas em que aguardou para falar com o entrevistado. A riqueza dos detalhes da “agenda” é elogiada pelos críticos.


Bilhete de amor, 2010 – Durante coletiva de artista plástico vanguardista, o repórter Valdomiro Seabra tenta seduzir a estagiária de uma publicação concorrente. O bilhete, que passou de mãos em mãos, inclusive pelas mãos do artista – que imaginou se tratar de uma pergunta sobre seu trabalho –, causou grande
polêmica, pelo deboche ao artista e pelo elogio sem pudor ao jabá.


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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Qual editoria mais te seduz?


Esportes

Vantagens:
1. Ninguém vai te censurar se você trabalhar com um visual todo desleixado.
2. Assistir à final do campeonato sem pagar nada.
3. Poder descolar um autógrafo do Neymar para rifar entre os vizinhos.

Desvantagens:
1. Entrevistar boleiro te deixa burro, muito burro demais.
2. Nunca estar presente no churrasco dos amigos nos fins de semana.
3. Sofrer bullying do pessoal das editorias “mais nobres”.

Política

Vantagens:
1. Ter mais chance de emplacar a manchete do jornal.
2. Ter mais chance de emplacar uma puta matéria de denúncia.
3. Ter mais chance de distinguir verdades e mentiras.

Desvantagens:
1. Ser obrigado a conviver com gente escrota que tem o pudê.
2. Ter que sorrir para o candidato safado que faz o V da vitória no dia da eleição.
3. Sofrer bullying dos interesses políticos do patrão.

Cultura

Vantagens:
1. É a editoria campeã da boca-livre.
2. Ter a oportunidade de entrevistar o Santoro ou a Jolie.
3. Ganhar dinheiro com algo que você poderia fazer por lazer.

Desvantagens:
1. Ser pautado para cobrir o show do Michel Teló.
2. Lidar com o egocentrismo e o mau humor de muito artista.
3. Sofrer bullying do pessoal das outras editorias, que vai sempre te achar um pseudo-intelectual.

Economia

Vantagens:
1. Ter mais noção de finanças pessoais e conseguir viver menos tempo no vermelho.
2. Ter uma rotina menos maluca que à das outras editorias.
3. Um dia ser chamado para ser assessor de uma grande empresa e deixar a miséria da redação.

Desvantagens:
1. Fazer sempre as mesmas matérias chatas sobre inflação, taxa de juros, dólar, bolsa.
2. Ter que ver os comentários da Miriam Leitão na Globo News.
3. Sofrer bullying do pessoal de Esportes, que vai sempre te achar muito almofadinha.

Geral

Vantagens:
1. Viver uma rotina nova a cada dia.
2. Viver na rua.
3. Viver o jornalismo de forma intensa.

Desvantagens:
1. Um avião pode cair a qualquer momento, uma chuva pode alagar a cidade a qualquer momento e esse qualquer momento é bem o momento de você ir para casa.
2. É a editoria campeã de pautas roubadas.
3. Sofrer bullying de todo o jornal, por ser o jornalista que mais rala. E um dos que menos ganham.


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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Amigo de jornalista


Amigo de jornalista costuma ser jornalista. É uma química que rola, sei lá. Mas tem jornalista que prefere amigo de outra profissão. Só pra ficar mais fácil de pedir dinheiro emprestado.

Muitos amigos cruzam o caminho do jornalista ainda na faculdade. Compartilham livros, sonhos, porres. Sobretudo, porres. No busão pro Enecom, amigo é quem vai na poltrona ao lado, gritando se essa porra não virar, olê, olê, olá.

É o amigo quem escuta as lamentações do jornalista no bar. É ele quem pede pro garçom descer mais uma garrafa de cerveja. Rápido, por favor. Só pra fazer aquela dor passar.

Amigo de jornalista é o próprio bar.

Amigo de jornalista é o meu cão, o Nestor. Não porque dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. É que meu cachorro é meio jornalista: tem faro apurado, adora um agradinho e já está acostumado a levar bronca quando faz merda.

Amigo de jornalista é o site da Catho. É o frila que pinta no momento do desespero. É o cheque especial.

Amigo de jornalista é quem indica para um emprego. Aliás, esse aí é um puta amigo!

O bloquinho de anotações é o companheiro de todas as horas. O café, das noites viradas de trabalho. A internet, das noites insones.

Amigo de jornalista é o motorista que voa pras pautas. É o assessor salvador. É o editor que diz que nossa matéria ficou ruim, apesar da ousadia de dizer que nossa matéria ficou ruim.

Amigo de jornalista é quem respeita o nosso trabalho, não manda calar, não manda matar.

É o gravador que não falha. É quem conhece todas as nossas intimidades, os podres, a compulsão por furos.

Amigo de jornalista é o próprio Jornalismo. Porque relação de amizade tem essa coisa de amar, odiar, ficar de mal, fazer as pazes, se distanciar, se reencontrar.

É uma química que rola, sei lá.


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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Redação da novela das 6 versus redação de verdade – o jogo dos 7 erros


O blog Desilusões perdidas encontrou sete diferenças básicas entre a redação da fictícia Cena Contemporânea, da novela global “Amor Eterno Amor”, e uma redação de verdade.

1. A redação da novela tem um ambiente de harmonia e pessoas felizes. Há elegância na decoração e móveis que privilegiam o conforto e o bem-estar dos repórteres. Uma redação de verdade não sabe bem o que é isso.

2. Ninguém fala palavrões na redação da novela. Numa redação de verdade, puta que pariu, como tem gente que fala merda.

3. Não se vê ninguém reclamando do salário na redação da novela. Nem vendendo rifa para levantar uma grana. Na redação de verdade, 80% dos jornalistas resmungam que ganham mal. Outros 20% reclamam que não ganham bem.

4. O editor de Moda da redação da novela não é gay. Ou, pelo menos, não dá pinta.

5. A redação da novela não recebe ligações de assessores de imprensa na hora do fechamento.

6. A redação da novela não pertence ao núcleo pobre. Uma redação de verdade é muito núcleo pobre.

7. A redação da Cena Contemporânea tem o André Gonçalves. A redação de verdade, graças a Deus, não tem.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O desafio de escrever 30 linhas quando você só tem informação para uma notinha de 10


Danou-se, você pensa.

A primeira estratégia é negociar.

– Ô, editor, não dá pra dar uma diminuída aí no espaço, não? Sei lá, deixar para umas 10 linhas. É o que eu tenho de informação.

– Não tem jeito. Hoje o noticiário tá fraco. Não tem ciclista atropelado, rico seqüestrado, anúncio de prédio novo. E temos que encher uma página inteira. Se vira.

– Ô, diagramador. Não tem como colocar uma foto e diminuir o texto, sei lá, para umas 10 linhas?

– Já tem duas fotos diagramadas, não viu, não?

Negociações encerradas, você pega de novo o bloquinho de anotações para tentar encontrar alguma informação que passou despercebida. Qualquer detalhe. Qualquer merdinha ajuda nesta hora. Mas nada. Lembra que entrevistou o sujeito no passado, sobre o mesmo tema, mas a notícia não chegou a ser publicada. Requentar o fato pode ser a solução. Abre a gaveta, busca os blocos velhos, investiga, acha as anotações. O quê? Não entende a própria letra. Com o tempo, os garranchos tornaram-se indecifráveis. Você pensa em ir até uma farmácia próxima. Farmacêutico decifra qualquer letra. Mas não há farmácia próxima. O fechamento, sim, se aproxima.

Você senta em frente ao computador. Respira fundo. Decide escrever as 30 linhas. Viaja ao passado, à adolescência, quando era conhecido pela imaginação fértil. Escrevia cartas de amor de três, quatro páginas. Tudo inventado. Porra nenhuma de amor. Mas agora é diferente. Jornalismo é coisa séria. Não é carta de amor da juventude. Ah, sim, há as artimanhas. O que seria de um jornalista sem as artimanhas? Em vez de “disse o promotor”, por que não “foi categórico em sua profunda análise o promotor Sebastião Pontes”? Punhetação jornalística!

E o texto sai. Sempre sai.

Depois de tanto esforço, reze apenas para o editor não surgir com aquele papo de que sua matéria foi, enfim, reduzida para as 10 linhas. Na última hora, sempre pode pintar um anúncio de prédio novo, lazer completo, terraço gourmet, o escambau. Coisa fina.


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terça-feira, 10 de abril de 2012

Tetê Camargo, jornalista cultural


O nome de pia é Teotônio Camargo, mas, cá entre nós, isso não é nome de jornalista cultural.

Ficou Tetê Camargo. E ponto.

Tetê acha que entende de Cinema. De Teatro. Moda. Acha que entende de Artes Plásticas. Enfim, Tetê se acha.

Tetê diz ser contra todos os modismos, mas não abre mão do All Star verde, da echarpe de lã e dos óculos com aros gigantes. Porque ouviu dizer que estão na moda.

Tetê vive um tipo de dependência de palavras como idiossincrasia, emblemático, visceral.

Tetê não vê a hora de cobrir o Festival de Cinema de Cannes, só que o máximo que conseguiu até hoje foi acompanhar o Festival Comunitário de Curtas do Capão Redondo.

Tetê suporta blablablá de artista plástico pseudovanguardista apenas para filar um carpaccio de salmão no vernissage.

Tetê é fã do Herchcovitch. Assumido. Cruza as pernas como o Caetano Veloso na primeira fila da SPFW, mas vira macho se algum engraçadinho diz que em Cultura só tem viado.

Tetê sonha ser dramaturgo e ator. Fez até oficina com o Zé Celso. Só que não tem talento pra coisa. O jeito é virar crítico teatral.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A arte de ser jornalista


Ser jornalista é uma arte.

Mas arte daquelas que a gente faz quando é criança.

Travessura.

É isso: ser jornalista é fazer travessura.

Mamãe fica maluca com a gente.

Bota de castigo.

Mas fazer arte é gostoso. A gente quebra regras, se diverte.

O jornalista também quebra regras, também se diverte.

E vive de castigo.

Papai do Céu, não me leve a mal, mas nunca fui um bom menino.

Bons meninos, tadinhos, não viram jornalista.

(Duda Rangel)


Dia 7 de abril é Dia do Jornalista.

Parabéns, meus amigos. E muitas travessuras.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Teste: sua relação com o Jornalismo está quente?


Responda às perguntas abaixo e descubra a temperatura de seu amor pela profissão. O resultado está no final do teste.

1) Com que freqüência você faz uma matéria com prazer?
A) 4 vezes por semana.
B) A cada 15 dias.
C) Há muito tempo não sei o que é isso.

2) Ultimamente, você tem variado o local de suas reportagens?
A) Sim. Adoro reportagens em lugares públicos.
B) Vez ou outra faço um povo-fala na rua.
C) Não. Fico só na redação, sempre na mesma mesa.

3) Ao escrever um texto, você:
A) Investe nas preliminares, pensando com carinho num texto criativo.
B) Faz o arroz com feijão de sempre.
C) Não vê a hora de acabar a matéria para ficar livre desta obrigação.

4) Você se considera um jornalista romântico?
A) Sim, valorizo um bom jantar boca-livre à luz de velas.
B) Não sou muito, mas acho meigo receber um presentinho-surpresa de um assessor.
C) Quem consegue ser romântico recebendo o salário que eu recebo?

5) Qual assunto domina suas conversas na mesa do bar?
A) Adoro contar minhas grandes reportagens, elogiar a função social do Jornalismo.
B) Evito falar só do meu trabalho, porque este papinho já está me deixando de porre.
C) Reclamo do editor, da falta de folga, das pautas furadas.

6) Quando lê o blog Desilusões perdidas, você:
A) Acha a vida de jornalista trágica, mas engraçada.
B) Acha a vida de jornalista mais trágica do que engraçada.
C) Não acha a menor graça nessa trágica vida de jornalista.

7) Você costuma provocar ciúmes no Jornalismo?
A) Nunca. Acho essa coisa muito adolescente.
B) Às vezes ameaço começar uma faculdade de Direito.
C) Claro, vivo dizendo que a carreira de funcionário público está dando em cima de mim.

8) Quando percebe que alguém sem diploma está flertando com o Jornalismo, você:
A) Desce a porrada, afinal não aceita dividir seu amor com forasteiros.
B) Fica na dúvida se deve tirar satisfações com a pessoa.
C) Não faz nada. O Jornalismo que se defenda sozinho.

9) Você se incomoda em trabalhar 14 horas por dia?
A) Não. Adoro viver abraçadinho com o Jornalismo.
B) Às vezes. Podia ter mais tempo para sair com a minha família.
C) Muito. Esse Jornalismo é grudento e possessivo.

10) Você já broxou com o Jornalismo?
A) Jamais, tenho tesão por essa vida dura.
B) Ontem dei uma desanimada, mas juro que isso nunca tinha acontecido comigo antes.
C) Só funciono com estimulantes, como um café bem forte.

RESULTADOS

Se a maior parte de suas respostas foi a letra “C”: Quando percebemos que escrever uma matéria é tão prazeroso quanto transar com uma boneca ou um boneco inflável, é hora de admitir que o casamento acabou. Busque uma nova paixão.

Se a maior parte de suas respostas foi a letra “B”: Você precisa apimentar sua relação com o Jornalismo. A coisa tá morna demais. Que tal uma aventura, como fazer uma reportagem especial na rua? Não desista, ainda dá tempo de salvar este amor.

Se a maior parte de suas respostas foi a letra “A”: Sua relação com o Jornalismo está quentíssima. É tanto fogo que você é capaz de fazer quatro matérias num só dia. Sem tirar. E, melhor, sem reclamar. Quer prova de amor maior que esta?

quinta-feira, 29 de março de 2012

Todo mundo tem um quê de jornalista (ou é o jornalista que tem um quê de todo mundo?)


O médico trabalha de madrugada, sábado, domingo, feriado. Plantão que não acaba mais.

O publicitário cria uma imagem de glamour (falsa, é claro) de sua profissão.

A puta tá sempre fodida e dizendo “um dia ainda largo essa vida”.

O caminhoneiro enche a cara de café pra ficar acordado.

A ex-BBB adora um convite para uma boca-livre.

O cozinheiro pode trabalhar sem diploma.

O executivo bem-sucedido, peraí, esse não tem nada de jornalista. Esquece.

A operadora de telemarketing pode estar pedindo um minutinho de atenção.

O autor de novela da Globo tem um ego gigante.

O motoboy vive na correria.

O hacker invade a privacidade dos outros.

O advogado tem um lugar garantido no inferno.

O ornitólogo, ornitólogo? Que porra mesmo faz um ornitólogo?

O lixeiro tá sempre mexendo na coisa podre, fedida.

A atriz vive ouvindo “minha filha, arruma uma profissão decente”.

A puta, ah, a puta, reclama, mas não larga essa vida.

terça-feira, 27 de março de 2012

O jornalismo, por Clarice Lispector


“Ser jornalista na prática é um dos desejos mais urgentes que existem.”

“Não tenho tempo para mais nada, ser repórter me consome muito.”

“Liberdade é pouco. O que eu desejo tem nome: salário decente.”

“Já que sou assessora de imprensa, o jeito é ser.” (Macabéa, que atende cinco contas, em A Hora do Follow-up)

“Estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já, que é o instante de fechar a edição do jornal.”

“Tenho várias caras. Uma é quase de sono, outra é quase de fome. Sou um o quê? Um quase jornalista no pescoção.”

“Ter virado jornalista me estragou a saúde.”

“Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu fiz quatro pautas.”

“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, eu não consigo terminar esta maldita matéria.”

“Ela acreditava em jornalismo imparcial e, porque acreditava, ele existia.”


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sexta-feira, 23 de março de 2012

“Duda Rangel News”: Repórteres da Alegria levam esperança às redações




Nada como o sorriso de um jornalista. Mesmo com dentes amarelos de tanto cigarro e café. Há um ano, o Repórteres da Alegria visita redações para levar gargalhadas e esperança a uma classe que sofre com muito trabalho e pouco dinheiro. O grupo não tem fins lucrativos, assim como a profissão de jornalista.

“Me senti um palhaço ao ser demitido sem explicação, após 20 anos de entrega total ao jornal. Então, decidi colocar um nariz vermelho, não para protestar, mas, sim, para divertir os colegas que seguiram nas redações”, revela Lula Peixoto, o fundador.

Peixoto diz que, no começo, o grupo chegou a ser expulso de uma redação. “Era hora do fechamento e fomos confundidos com assessores de imprensa”, lembra, rindo. Hoje, os repórteres-palhaços são motivo de festa. “O pessoal vibra com as nossas visitas, principalmente em datas especiais, quando levamos presentinhos, como garrafas de uísque.”

O Repórteres da Alegria já conta com 200 palhaços, todos jornalistas desempregados. Pedidos para entrar no grupo aumentam a cada dia. As piadas são o carro-chefe da trupe, como aquela do jornalista que acha que é livre. “Outra que o povo da redação adora é a do repórter que pergunta de quanto será o dissídio salarial e o chefe responde 1,37%”, conta Peixoto, caindo na gargalhada.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Receita para se tornar um milionário trabalhando como jornalista


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segunda-feira, 19 de março de 2012

Pequeno ensaio sobre o jornalista encalhado


No quesito “amor”, muitos jornalistas acabam, por uma questão de afinidade ou proximidade ou falta de coisa melhor mesmo, namorando colegas jornalistas. Outros ficam encalhados. Há quem acredite que é melhor estar encalhado do que num relacionamento com outro jornalista, mas eu não concordo. Todo mundo sonha ter alguém ao seu lado, para beijar, abraçar, ir ao cinema e, no caso dos jornalistas, para ler sua matéria e dizer se ficou boa ou ótima.

Festas de jornalista têm o maior número de gente encalhada por metro quadrado do planeta. Nunca reparou, não? O Globo Repórter, que adora falar de animais exóticos, bem que poderia dedicar um programa só para falar dos jornalistas encalhados.

As razões para o “encalhe” de um jornalista são bem variadas. A mais comum é o encalhado trabalhar muito e não ter tempo para o amor. Os desempregados têm tempo, mas não têm dinheiro para o amor. Há também os chatos, que são muitos, e os superexigentes. Quem gosta de fazer só matéria de primeira página não se contenta com qualquer notinha de rodapé.

Muitos jornalistas ainda são vítimas do mal de Cinderela sem final feliz. O pretendente imagina que, por ser jornalista, ela é rica e trabalha na Globo. Estão numa festa. Ela pensa “que cara lindo, é hoje que eu desencalho”. Ele pensa “caraca, é hoje que eu como uma famosa da TV”. Mas então dá meia-noite e ela diz que precisa ir embora correndo, porque trabalha da uma às oito da manhã clipando matérias numa agência de assessoria. E o encanto se acaba.

Você, que está encalhado ou encalhada ou tem algum amigo com este status, vai então perguntar: temos salvação? Ou estamos condenados a virar um iPad 1, sem o menor atrativo? A solução é bem simples. Sério. Se você é um jornalista que trabalha muito e não tem tempo para nada, ache um tempinho, porra! Pode ser aquele momento que você passa ao lado da máquina de café da redação. Grandes histórias de amor começam ao lado da máquina de café da redação. O cinema ainda não descobriu estas histórias, mas elas existem.

Se você está desempregado e sem dinheiro, convide a pessoa amada para ver um ciclo de filmes búlgaros gratuito. Os filmes são tão sacais que vocês vão poder passar a sessão inteira se beijando. Se você é superexigente, aprenda que as matérias menores podem ser tão ou mais prazerosas que uma matéria de capa. Agora, se você é chato, o que eu posso dizer? Se você é chato, tem mais é que ficar encalhado mesmo. Jornalista chato é um porre.



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quinta-feira, 15 de março de 2012

20 perrengues na hora de escrever a matéria


1. Ficar travadão e não saber como começar o texto.

2. Ter que decifrar as letras apagadas do teclado.

3. Apurar outras duas matérias enquanto escreve.

4. Sofrer pra se concentrar, porque a colega ao lado não pára de brigar com o marido no telefone.

5. Sofrer pra se concentrar, porque o Datena não pára de falar merda na TV.

6. A pressão do chefe pra acabar o texto em cinco minutos.

7. O torpedo do(a) namorado(a): “Vai chegar cedo em casa hoje?”

8. Precisar escrever 40 linhas, mas ter informação só pra 10.

9. Precisar escrever 10 linhas, mas ter informação pra 40.

10. Esquecer onde anotou aquela declaração superimportante.

11. O computador que demora séculos pra salvar um texto.

12. A barriga que ronca de fome.

13. Não poder acessar o Facebook enquanto escreve, porque o deadline não deixa.

14. Não ter tempo de checar a grafia correta de “obsessão”.

15. Por que na adolescência eu não acabei meu curso de datilografia?

16. O torpedo do gerente do banco: “Seu cheque voltou de novo. Me liga.”

17. O sono.

18. A angústia de que a “obra-prima” que você está criando pode não ser lida por ninguém.

19. Descobrir lá pela 39ª linha que aquela matéria de 40 (a que você só tinha 10 linhas de informação, lembra?) caiu.

20. A maldita voz do Datena que continua falando merda na TV.


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segunda-feira, 12 de março de 2012

Tudo o que você sempre quis saber sobre jornalismo (mas tinha medo de perguntar)


Praticar jornalismo antes de se formar é pecado?
Não, claro que não. Os tempos mudaram. Tem gente, inclusive, praticando o jornalismo mesmo sem a faculdade, que já é outro extremo. É preciso achar um ponto de equilíbrio ou a coisa vira baixaria. No seu caso, como ainda é jovem e não se formou, pratique o jornalismo, mas vá devagar. Não precisa sair por aí pegando qualquer pauta safada.

Devo usar o gravador com entrevistados de risco?
Óbvio. Entrevista segura sempre. Muitos entrevistados podem alegar depois que não falaram o que falaram e pedir a sua cabeça ao chefe. Com o gravador, você evita as DSTs (Demissões Sacanamente Transmissíveis).

Conheço uma assessora de imprensa que antes era jornalista de redação. Há cinco anos, decidiu fazer a operação para mudança de profissão e hoje se diz mais completa e feliz. Mas tenho dúvidas. Quando a pessoa faz este tipo de mudança não perde o prazer?
Vários trans-jornalistas desempenham ótimo papel como assessores e sentem prazer na nova atividade. É preciso respeitar a diferença. Mais: é preciso um grande processo de inclusão do assessor na sociedade. Quando teremos um assessor numa novela da Globo?

Tenho um fetiche muito grande por emplacar a manchete do jornal. Fico todo excitado, ainda mais se for manchete de domingo. Sou um pervertido?
A excitação pela manchete ou matéria de capa é um transtorno tão comum que chega a ser algo normal para os jornalistas. Doente você seria se não a tivesse.

Publicar notícias com muita rapidez deixa o leitor insatisfeito?
Sim, os leitores ficam na maior vontade por uma matéria mais aprofundada. Uma grande disfunção do jornalismo atual é a ejaculação de informação precoce, que afeta principalmente jornalistas de portais. Invista nas apurações preliminares.

A primeira vez no pescoção dói?
Dói, ô se dói. A primeira, a segunda, a terceira...

Engulo o esporro do editor ou cuspo na cara dele?
Se precisa muito do emprego, engula. E sem fazer cara feia, ok?

É saudável ter fantasias jornalísticas? Eu, por exemplo, sempre me imagino apresentando o Jornal Nacional com a Patrícia Poeta numa ilha deserta.
A realidade é melhor do que qualquer fantasia. Mesmo que seja cobrir a explosão de um bueiro numa rua nada deserta.

Na minha editoria, há apenas homens. É muito comum um comentar o tamanho do lead do outro. O meu é sempre muito pequeno, porque tenho dificuldade de colocar o “como” e o “por quê” logo no primeiro parágrafo. Como aumentar o meu lead?
Não caia na cilada daqueles e-mails “enlarge your lead”, ok? Você nunca ouviu ninguém dizer que não importa o tamanho do lead, mas, sim, o prazer informativo que ele proporciona? A coisa é por aí. De que adiantam leads enormes e bobocas?


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quinta-feira, 8 de março de 2012

A mulher jornalista


Fica irritadíssima naqueles dias... de plantão.

Vive achando que seu texto está gordo e não cabe em nenhum template.

Demora um tempão em frente à tela experimentando o lead ideal.

Usa a tabelinha de frila do sindicato para evitar a merreca indesejada.

Passa meses gerando algo muito forte dentro de si, tipo uma úlcera nervosa.

Finge sentir prazer ao dividir a pauta com um repórter estrelão.

Assessora de imprensa, amamenta um bando de repórteres famintos e chorões em eventos.

Quando fica puta da vida, muda o tipo de corte que faz no texto dos outros.

É moderna. Já foi o tempo em que só cozinhava informação.

Sempre guarda um bloquinho básico na gaveta.

Sofre de Tensão Pré-Matéria Especial.

Não esconde a ansiedade esperando o “outro lado” ligar.

Fica toda molhadinha quando faz matéria de enchente.

Todo mês sangra. De tanto trabalhar.

Dá à luz um texto lindo, super fofo, cute-cute da mamãe.


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segunda-feira, 5 de março de 2012

Repórter, o pidão


Repórter pede um pouco de atenção. Duas perguntas, senhor, depois não incomodo mais, não. Pede relato da história, detalhes e opinião. Pede nome completo, idade e profissão. Na muvuca, pede licença, pra não pisar no pé de ninguém. Na muvuca, pede desculpa, porque pisou no pé de alguém. Repórter pede ajuda ao colega assessor, resposta até as 18, sem atraso, por favor. Repórter pede a manchete do caderno à chefia. Pede só mais um minutinho, pra fechar a matéria do dia. Ao motorista do jornal pede pra pauta voar. Pede ajuda a São Longuinho, pra anotação perdida encontrar. Repórter pede o contato de todo tipo de gente, pede dica de personagem. Pede emprego, óbvio. E sempre. Repórter pede chope e porção de calabresa. Pede que o amanhã chegue logo. Com toda a sua certeza. Pede muita compreensão, da família e namorado. E, claro, do tiozinho que cobra o aluguel atrasado. Pede credencial e pede sem fingimento, pede caneta emprestada, pede pedido de aumento. Pede com jeitinho, pede desajeitado. Pede cheio de calma. Pede desesperado. Repórter vive pedindo coisas, quando tem ou não tem trabalho. Pede, pede, pede. Repórter pidão do caralho.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Quer uma coluna do Duda Rangel?


Quando nasci, Deus, com seu jeitão todo poderoso, foi logo exigindo de mim a primeira grande escolha: “Você quer ter talento para ganhar dinheiro ou quer ser jornalista?”. Eike Batista – soube que ele passou pela mesma situação – cravou, claro, letra A. Eu, ingênuo, respondi sem pensar. O resto da história vocês já conhecem.

Só agora, depois de velho, comecei a perceber que mesmo sem talento a gente pode arriscar e se dar bem, não pode? A Lady Gaga não ganha uma puta grana cantando? E aquele menino? Me fugiu o nome dele agora... Ah, sim, Kayky Brito. Gente, ele é ator! E o Mano Menezes que virou técnico da seleção?

Resolvi, então, arriscar. Com o objetivo de superar a linha da pobreza extrema, criei o projeto “Quer uma coluna do Duda Rangel?”. Se você curte meu blog e gostaria de contar com o humor dele em sua publicação, impressa ou digital, que tal me contratar? Pode ser uma crônica, um conto. Sobre diferentes assuntos.

Apesar de jornalista, sou limpinho. E não mexo na geladeira.

O blog Desilusões perdidas, há pouco mais de três anos no ar, é totalmente gratuito. Logo, preciso de uma grana. Para sobreviver. Para dar uma ração mais digna ao Nestor. Sobre briefing e valor do investimento, é só escrever para dudarangel2008@gmail.com.

Deus, com seu jeitão todo paternal, bem que podia dar uma força.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ser jornalista é...


Escutar briga de vizinho com um copo na parede.

Curtir muito mais jogar Detetive do que Banco Imobiliário.

Comer coxinha de galinha e arrotar foie gras.

Fazer voto de pobreza, de castidade, de plantão aos domingos.

Ser ranzinza bem antes de ficar velho.

Gostar de ler até bula de remédio.

Sentir-se, pelo menos uma vez na vida, o Clark Kent.

Lamentar, pelo menos umas 500 vezes na vida, ter esquecido de salvar o texto.

Remexer saco de lixo, feito cachorro de rua.

Ter reputação de paquerador de tanto olhar para os lados.

Desafiar o tempo. O tempo todo.

Cobrar escanteio e ir para a área cabecear.

Ser meio dom Quixote, meio Aureliano Buendía.

Viver na rua, mesmo tendo casa e família.

Ganhar medalha de ouro em levantamento de copo.

Ser jornalista até nas horas vagas.

Contar causos fantásticos sem ficar com fama de pescador.