Jornalismo é uma profissão de riscos.
Alguns bons, como o risco de se apaixonar por contar histórias.
E para contar histórias a gente vai chegando pertinho delas. Meio sem pedir licença.
Não se faz bom jornalismo de um helicóptero.
Santiago Andrade foi morto na rua, no meio de um protesto, no meio de uma história.
Ah, sim, há também os riscos ruins da profissão, como o risco de morrer tentando contar uma história.
Porque, por mais que pareça improvável, há o risco de um babaca acender um rojão no meio da história.
E o jornalista, acostumado a dar o sangue, derrama seu sangue.
E os outros jornalistas, que seguimos vivos, ficamos confusos com tantos riscos para calcular, o que vale a pena correr, o que não vale, logo nós, que nunca fomos bons em cálculos. Apenas em contar histórias.
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Porrada
Há quem diga que jornalistas adoram se passar por vítimas de agressões físicas, verbais, ameaças e não sei mais o quê. Que reclamam demais da violência contra a imprensa. E não temos razões para isso? Ano passado, no Brasil, foram registrados 58 casos de violência contra jornalistas. Fora os não denunciados. Pouca coisa, não é? Poderia ter sido pior, 200, 300, 500 casos. Mas não, foram só 58. Choramos à toa mesmo. Até desisti de lutar pela criação da Lei Tim Lopes, uma espécie de Lei Maria da Penha para a imprensa.
Dizem por aí que jornalistas têm mania de perseguição por denunciar o crime organizado. Esquisitice nossa. Na verdade, invejamos a bandidagem por sermos uma classe tão desorganizada. Acusamos até os políticos – coitados – de intimidação. Logo os políticos, gente tão honesta. Político trabalha bastante e não tem tempo de ligar pra jornal para pedir cabeça de repórter, não.
Tem gente que afirma que jornalistas adoram protestar contra a censura e as pegadinhas que pregam na imprensa livre. Balela. Em 2009, o Brasil ficou em 71º lugar no ranking da liberdade de expressão da Repórteres Sem Fronteiras, de 175 países. Tá ótimo. Chiar por quê? Só porque ficamos atrás do Haiti? Se fosse um país politicamente instável, com uma democracia de meia-tigela, tudo bem. Mas não, era o Haiti. Ficamos na frente da Coréia do Norte. Já não tá bom? Isso ninguém valoriza.
Atacam também os jornalistas que sofrem agressões das próprias empresas em que trabalham. Dizem que criamos até um nome bonito para isso: autocensura. Que mal existe em ter de engolir a linha editorial do jornal, em falar bem do político da casa, em não poder falar mal de um anunciante? Reclamamos pra cacete. Fomos os inventores daquela lenda do jornalista de TV pública demitido por desrespeitar a ordem lá de cima. Que nada. Se foi pra rua, é porque aprontou coisa feia. Sei lá, tava vendo sites de sacanagem na redação, fumando um baseadinho no banheiro.
Somos mesmo um bando de inconvenientes! Todos nós. De impresso, rádio, TV, internet. Fim da violência contra a imprensa? Que nada! A polícia não pode perder tempo com casos de pouca importância enquanto ladrões de galinha de alta periculosidade estiverem soltos por aí. Daqui a pouco vão nos acusar de fazer um puta dramalhão pelo aumento dos assassinatos de jornalistas, de lobby pelo título de mártires. Poxa, são casos isolados. Uma balinha perdida aqui, outra ali. A morte é uma fatalidade. Só isso.
Dizem por aí que jornalistas têm mania de perseguição por denunciar o crime organizado. Esquisitice nossa. Na verdade, invejamos a bandidagem por sermos uma classe tão desorganizada. Acusamos até os políticos – coitados – de intimidação. Logo os políticos, gente tão honesta. Político trabalha bastante e não tem tempo de ligar pra jornal para pedir cabeça de repórter, não.
Tem gente que afirma que jornalistas adoram protestar contra a censura e as pegadinhas que pregam na imprensa livre. Balela. Em 2009, o Brasil ficou em 71º lugar no ranking da liberdade de expressão da Repórteres Sem Fronteiras, de 175 países. Tá ótimo. Chiar por quê? Só porque ficamos atrás do Haiti? Se fosse um país politicamente instável, com uma democracia de meia-tigela, tudo bem. Mas não, era o Haiti. Ficamos na frente da Coréia do Norte. Já não tá bom? Isso ninguém valoriza.
Atacam também os jornalistas que sofrem agressões das próprias empresas em que trabalham. Dizem que criamos até um nome bonito para isso: autocensura. Que mal existe em ter de engolir a linha editorial do jornal, em falar bem do político da casa, em não poder falar mal de um anunciante? Reclamamos pra cacete. Fomos os inventores daquela lenda do jornalista de TV pública demitido por desrespeitar a ordem lá de cima. Que nada. Se foi pra rua, é porque aprontou coisa feia. Sei lá, tava vendo sites de sacanagem na redação, fumando um baseadinho no banheiro.
Somos mesmo um bando de inconvenientes! Todos nós. De impresso, rádio, TV, internet. Fim da violência contra a imprensa? Que nada! A polícia não pode perder tempo com casos de pouca importância enquanto ladrões de galinha de alta periculosidade estiverem soltos por aí. Daqui a pouco vão nos acusar de fazer um puta dramalhão pelo aumento dos assassinatos de jornalistas, de lobby pelo título de mártires. Poxa, são casos isolados. Uma balinha perdida aqui, outra ali. A morte é uma fatalidade. Só isso.
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