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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Adorno, semiótica e hot-dogs


É gente matando a fome. É gente matando aula. É banquete de estudante. É espera pela vez de pedir. É vez furada. É ketchup aguado no tubo vermelho. É mostarda aguada no tubo amarelo. É vapor da água quente que sobe e se choca com massa de ar frio ocasionando porra nenhuma. É salsicha. É salchicha. É refúgio da chuva. É trocado amassado no bolso da calça. É pão no saquinho. É o seu João. É a dona Maria. É a mão frenética do seu João, da dona Maria, rasgando pão no saquinho. É boca suja de maionese. É molho de tomate no livro do Adorno emprestado da biblioteca. É canudinho na lata de Fanta. É copinho de plástico com marca de batom. É gente comendo de pé. É gente encostada na parede. É gente sentada na calçada. É mão com gordura de batata palha teclando no WhatsApp. É cheiro de tanta coisa. É barulho de tanta coisa. É fofoca. É molho de pimenta. É paquera. É engolir sem mastigar porque a aula de semiótica já vai começar. É vontade de comer dois, três, mas, pô, só tinha mesmo aquele trocado amassado no bolso da calça.


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