Dia bom é dia de homicídio, parricídio, vizinhocídio. É a maldade humana que vende jornal. De atropelamento ninguém quer saber. Ainda mais se for de velhinha.
Alexandre já estava na terceira delegacia de sua ronda matutina e os boletins de ocorrência da noite e da madrugada só falavam do bêbado que bateu na mulher aqui, do carro roubado ali, da confusão no pagode acolá.
Dia bom é dia de chacina, carnificina e outras tristes sinas. É a história do menino trabalhador que estava no lugar errado e na hora errada quando o fuzilamento no bar começou que vende jornal. Ele só queria comprar um maço de cigarros pra mãe.
Alexandre ainda tinha esperança de salvar a página policial do dia seguinte nas duas delegacias que restavam. Essa busca o excitava. Quando encontrava "a notícia" em algum BO, burocrática e fria, anotava telefones e endereços dos parentes da vítima e voava para o carro de reportagem. Começava a melhor parte: a descoberta da história oculta, ainda mais sórdida, mais humana.
Dia bom é dia de velório com revolta, de desgraça sem volta.
É o que vende jornal.
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Os dias bons
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