sexta-feira, 1 de abril de 2011
As mentiras que os jornalistas contam
Fique tranquilo que, se você está me dizendo que é off, a gente não vai publicar.
Sabe a foca gostosa, a namoradinha do editor-executivo? Então, comi ontem.
Já decidi: vou parar de beber, de comer porcaria e começar a cuidar mais da minha saúde.
Faz o seguinte: manda o release pro meu e-mail que depois eu leio com calma, ok?
Meu amigo, tô trabalhando. Você acha que eu sou o tipo que fica dando carteirada por aí?
Eu não trabalho num jornaleco que se vende por qualquer anúncio. Eu sou da grande imprensa. Temos independência.
Não vejo a hora de abandonar essa profissão ingrata. Como eu odeio o jornalismo!
E as mentiras que os jornalistas ouvem
Finalmente o jornal decidiu que vai ter um plano de carreira para vocês.
Meu bem, é claro que eu não me importo de você trabalhar até as quatro da manhã.
Querido, olha, a pauta é ótima, superinédita. Eu tô mandando o release só para vocês, viu?
Futuros jornalistas, percebam como é nobre a nossa profissão. Vocês têm a chance de mudar o mundo!
Aqui, na nossa agência de assessoria, você só vai atender um ou, no máximo, dois clientes. O trabalho é bem fácil.
O doutor acabou de entrar em outra reunião, ainda mais urgente, e não vai poder te dar a entrevista agora.
Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior.
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
As mentiras que os jornalistas contam
Sabe aquela foca gostosa, a namoradinha do editor-executivo? Então, comi ontem.
Já decidi: vou parar de beber, de comer porcaria e começar a cuidar mais da minha saúde.
Faz o seguinte: manda o release pro meu e-mail que depois eu leio com calma, ok?
Meu amigo, eu tô trabalhando. Você acha que eu sou o tipo que fica dando carteirada por aí?
Eu não trabalho num jornaleco que se vende por qualquer anúncio. Eu sou da grande imprensa. Temos independência.
Não vejo a hora de abandonar essa profissão ingrata. Como eu odeio o jornalismo!
E as mentiras que os jornalistas ouvem
Finalmente o jornal decidiu que vai ter um plano de carreira para vocês, meus caros jornalistas. Aguardem!
Meu bem, é claro que eu não me importo de você trabalhar até as quatro da manhã. Te espero ansiosamente em nossa cama, tá?
Querido, olha, a pauta é ótima, superinédita. Eu tô mandando o release só para vocês, viu?
Futuros jornalistas, percebam como é nobre a nossa profissão. Vocês têm a chance de mudar o mundo!
Aqui, na nossa agência de assessoria de imprensa, você só vai atender um ou, no máximo, dois clientes. O trabalho é bem fácil.
O doutor acabou de entrar em outra reunião, ainda mais urgente, e não vai poder te dar a entrevista agora.
Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
A mentira que a vaidade do jornalista quer
A primeira vez que entrei no carro do jornal e segui para uma pauta pelas ruas da cidade, me senti subitamente importante, nobre, cheio de deliciosas ilusões. Em nada eu lembrava o foca ainda sem contrato de trabalho que chegara à redação de trem.
O carro de reportagem desperta a vaidade do jornalista. O repórter senta-se no banco ao lado do motorista, coloca os óculos escuros – mesmo nos dias chuvosos e cinzentos –, faz um esforço danado para driblar a cifose e conseguir deixar a coluna ereta, abaixa o vidro e fuma com desenvoltura. Quando o carro pára no farol, ele começa a investigar as pessoas comuns a seu redor e tem a certeza de que elas estão olhando para ele e pensando: “Nossa, o cara é jornalista, deve ser importante. Será que é da Globo? Queria levar a vida que ele leva”.
Sempre atrasado para a pauta, o jornalista sugere ao motorista que desrespeite algumas leis de trânsito, como avançar o sinal vermelho ou os limites de velocidade, afinal está num carro de reportagem, que tudo pode. As leis valem apenas para as pessoas comuns, as mesmas que olham para o jornalista com inveja e encantamento. O motorista, que também se sente importante com seus óculos escuros – mesmo nos dias chuvosos e cinzentos –, concorda com o jornalista e pisa fundo no acelerador.
O carro de reportagem é amigo dos carros da polícia, que também são diferenciados. A rua está interditada por causa de um protesto de moradores um pouco mais à frente, mas o policial dá sinal verde para o carro de reportagem furar o bloqueio. Para chegar com mais facilidade à sua pauta, o carro do jornalista tem o privilégio de subir na calçada e ir além dos limites estabelecidos às pessoas comuns. O carro estaciona e o repórter desce com a empáfia escrota de um anônimo que se sente uma estrela pop.
Naquela minha primeira viagem no carro de reportagem do jornal, voltei à redação com a sensação de ser “o cara” e, mesmo após algum tempo em terra firme, continuei extasiado pelo poder mentiroso dos adesivos. Só me dei conta do quão ordinário eu era quando, voltando para casa naquele mesmo dia, olhei fixamente para um outro adesivo na porta de um outro carro: “Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Young Flu
Havia uma questão que muito me intrigava quando eu ainda era estudante: será que tudo que lemos nos jornais ou assistimos na televisão é verdade? Naquela época, eu era um cara desconfiado e, naturalmente, minha primeira resposta à pergunta foi “não”. E realmente nem tudo é verdade, o que não quer dizer também que é tudo mentira. O segredo é ficar atento, questionar, conhecer os veículos de comunicação e não aceitar passivamente todas as informações que recebemos. O mesmo serve para a propaganda. Ou será que alguém ainda acredita que a Xuxa realmente usa o creme hidratante da Monange?
Desde que minha ex me trocou pelo office-boy da firma, passei também a desconfiar das mulheres, mas essa é uma outra história.
No caso da imprensa, existem as grandes mentiras, como a clássica A Guerra dos Mundos, de Orson Welles, que enganou muitos ingênuos. Existe também a verdade distorcida, como a promovida pela mídia ideológica, de Hitler a Chávez. Outros exemplos não faltam, inclusive cá, no Brasil.
Não podemos esquecer ainda das mentirinhas bobas, que, teoricamente, não fazem (ou não deveriam fazer) mal a ninguém. Em minha trajetória pelas redações, conheci e ouvi falar de jornalistas que inventavam nomes de personagens e, em casos piores, declarações.
Certa vez, numa Copa do Mundo, um jornalista precisava redigir a escalação da seleção de futebol da Coréia do Sul. Ao terminar, notou que só tinha 10 nomes. Percebeu que havia vários atletas com o nome Young, talvez uma espécie de Silva por lá. Não bobeou e acrescentou o craque Young Flu ao escrete coreano. Para quem não sabe, Young Flu é o nome de uma torcida do Fluminense. Antes de cometer tal "delito", o criativo jornalista deve ter pensado: “quem é que conhece a porra da escalação da Coréia do Sul?”