Celebrar o dia da liberdade de imprensa é bom. Só quem viveu o perrengue de uma repressão política ou viu jornal ser fechado na porrada sabe que hoje os tempos são, felizmente, outros. Mas cadê a liberdade de ser jornalista? A mídia é livre. E nós?
Quantos jornalistas ainda são torturados pela tal linha editorial de seus veículos, espancados por publicações que mais parecem porta-voz de partido político? Tem também o anunciante, que é legal e paga o nosso salário, mas alguns são linha-dura, tipo delegado do DOPS. Experimenta só fazer propaganda contrária.
E onde está o interesse social? Será que ele morreu num pau-de-arara? Apagou depois de tanto choque elétrico? O interesse social é um exilado, um desaparecido? Em tempos de imprensa livre, os interesses que prevalecem são diversos. E nós, jornalistas, ficamos perdidos entre o que deve ser dito e o que convém ser dito. Esqueçam as receitas de bolo da ditadura. Hoje, temos os dossiês customizados, as matérias de encomenda.
Claro que existem empresas de comunicação sérias, que valorizam a liberdade conquistada e respeitam o jornalista. Sim, não dá para generalizar. Mas é triste constatar que os próprios jornalistas estão deixando de acreditar na imprensa. Ou sentindo vergonha dela. Não é fácil enfrentar o Sistema. Viramos reféns. Ou você aceita ou está fora. Como diria o capitão Nascimento, o Sistema é foda.
Celebrar o dia da liberdade de imprensa é bom, mas seria ainda melhor se esta imprensa livre fosse capaz de aprender o verdadeiro sentido de “ser livre”.
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quinta-feira, 3 de maio de 2012
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