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terça-feira, 27 de maio de 2014

Viver o jornalismo é experimentar


Que tal trocar de editoria? Recomeçar? Do zero? Topa? Conhecer pautas novas, fontes novas? Diversificar as ideias? Desacomodar a alma? Que tal desapegar um pouco da redação e curtir uma de assessor? Ou vice-versa? Por que não levar mais a sério o sonho de escrever um livro? De virar correspondente em algum canto do mundo? Deixar os medos de lado? Por que não arriscar uma linguagem que ainda ninguém arriscou? Experimentar novas posições em seu lead? O quem por trás do por quê? O onde por cima do como? Que tal se libertar do lead? Já pensou em usar a tecnologia para construir uma imprensa mais plural? Viver o jornalismo é experimentar. Vai que você gosta.


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quinta-feira, 8 de maio de 2014

O álbum de figuraças da imprensa








1. A apresentadora reaça de telejornal que é reaça porque dá ibope.





2. O analista de mídias sociais.

3. O jovem jornalista barbudinho de esquerda bancado pelo pai barbeado de direita.

4. A blogueira de Moda chique e elegante bancada pela mãe chique e elegante que não faz ideia do que é um blog.

5. A fotógrafa lésbica de cabelo curtinho que adora um baseado e cultiva uma hérnia de tanto carregar peso.







6. O jornalista que bebe muito (em extinção, quase ficou fora do álbum).





7. A colunista social do jornal do interior filha do dono do jornal do interior.

8. A repórter de Política divorciada louca para viver um novo grande amor.

9. O repórter de Política divorciado louco para comer a assessora bonitinha.

10. O repórter de Internacional que virou repórter de Internacional porque era viciado em War na infância e adorava invadir o Alaska por Vladivostok.

11. O repórter bonitão que ninguém sabe se é metrossexual ou gay.

12. O jornalista que acumula dois empregos para poder pagar todas as contas do mês (a figuraça mais repetida do álbum).






13. A foca de óculos e sonhos e um livro de poesias começado e um ingresso guardado daquele show do Los Hermanos.





14. A jornalista em dúvida entre morar um tempo em Berlim, iniciar um Mestrado e mudar a cor do cabelo.

15. O repórter que vive atormentando os colegas no Facebook à caça de personagens para suas matérias.

16. A moça do tempo que chama mais atenção do que aquele mapinha tosco indicando que, no domingo, vai fazer 32 graus em Cuiabá, 29 em Vitória e 24 em Porto Alegre.

17. O crítico de cinema que usa cachecol até no verão.

18. O fotógrafo que conta piadas até em velório.

19. O repórter policial com quatro décadas de experiência, muitas histórias para contar e uma almofadinha para aliviar as hemorroidas.

20. O jornalista que ganha bem (a figuraça mais difícil de ser encontrada).


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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Imprensa Retrô 2013


A velha imprensa ficou perdidinha com os protestos de junho. Chamou manifestante de vândalo, depois elogiou a polícia, depois mudou o discurso total. Vinagre na mão de jornalista virou arma e deu cadeia. Bala de borracha doeu no olho e na alma. Os ninjas mostraram do asfalto o que a Globo tentou mostrar do helicóptero. As redes sociais pautaram a imprensa. E tudo isso reforçou a questão: qual o futuro do jornalismo? A audiência em queda do Jornal Nacional passou a ser exibida em HD. Bento 16 sacaneou a Ilze, ao renunciar bem nas férias da setorista papal. O El País chegou ao País. A Abril “descontinuou” várias revistas, como a Bravo!. Empresas de comunicação “descontinuaram” o emprego de jornalistas em todo o Brasil. Os bravos do Diário do Pará cruzaram os braços por mais dignidade. O pessoal da EBC também parou. Jornalista faz greve, sim. Pimenta Neves – que medo – passou a andar solto por aí. A Vejinha precisou provar que o Rei do Camarote não era pegadinha do Mallandro. O Fantástico trocou uma Renata por outra. A imprensa começou o ano babando ovo pro Eike e acabou o ano jogando ovo no Eike. O Globo, com meio século de atraso, admitiu que o apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro. Marcelo Rezende coçou o saco ao vivo no Cidade Alerta. A Poeta, com pressa de ver a novela, se levantou da bancada antes da hora. O Tralli chamou o Cheirão de Chorão, ops!, chamou o Chorão de Cheirão. E o Lobão virou colunista da Veja, o que torna o debate sobre o futuro do jornalismo ainda mais urgente, porque o bagulho ficou ainda mais foda.


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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Rei do Camarote agregou valor ao jornalismo


Quando o jornalista da Vejinha que entrevistou o Rei do Camarote resolveu dar mil explicações para provar que sua reportagem era, sim, verídica, pensei: “fodeu de vez”.

Um repórter suplicando “acredite em mim, meu amor, e não no batom que estão inventando para a minha cueca” é algo muito mais sério do que simplesmente saber se Alexander de Almeida é um boçal real ou um boçal fake.

Ok, assim como a minha ex-mulher, a imprensa nunca foi 100% honesta, mas ao menos parecia honesta. Parece que nem parecer ela parece mais.

Apesar do meu “fodeu de vez” e do quê de desalento do início deste texto, a discussão toda que rolou em torno da verdade ou não da história foi ótima.

Se antes a grande imprensa era a dona de uma verdade absoluta, hoje a pluralidade de informações, contrainformações, subversões e opiniões deixou tudo muito relativo.

E tudo muito maluco também. E a bagunça que virou a circulação da informação nos obriga a pensar e questionar cada vez mais.

O que é verdade, afinal? E o que não é? Em quem confiar?

O jornalista sempre teve o dever de ser um sujeito desconfiado. Agora esta missão é de todo mundo que consome informação.

É claro que muito leitor acostumado à passividade vai achar que desconfiar dá um trabalhão danado, que ainda é melhor uma verdade mastigada. Tenho mesmo que me importar com cuecas e seus batons?

Mas outros tantos vão despertar. E este despertar é urgente.

Mesmo sem querer, a Vejinha, o repórter cheio de explicações e seu rei boçal (real ou não) ajudaram a agregar valor ao jornalismo.


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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim do mundo: os bastidores da imprensa


Sites sobre fofocas e celebridades disputam na porrada quem vai dar em primeira mão o ensaio jornalístico-sensual de Nana Gouvêa em meio aos destroços do apocalipse.

A Pauta Celestial Comunicação, assessoria de imprensa oficial do Fim do mundo, distribui boletins de hora em hora, com o balanço de catástrofes pelo planeta e o número de mortos atualizado, que é infinitamente superior ao divulgado pela Defesa Civil.

Luciana Gimenez promove o maior debate da TV brasileira sobre o Fim do mundo, reunindo atrizes pornôs, pastores evangélicos, dançarinas de funk, líderes de seitas apocalípticas, a Miss Bumbum 2012, Inri Cristo, Renata Banhara e, claro, Agnaldo Timóteo.

César Tralli, todo espertinho, chega antes ao Céu, consegue uma entrevista com o delegado-geral da Polícia Celestial e revela um esquema ilegal de venda de vidas após a morte.

Jornalistas, mesmo os de folga, colocam suas credenciais no pescoço, na esperança de, ao chegarem ao Céu (ou ao Inferno), descolarem uma fila vip. “Pô, São Pedro, tô trabalhando”.

Mauro Naves revela um off do apóstolo Paulo, que chamou Deus de “Louco” por liberar o Fim do mundo antes da galera saborear o peru de Natal.

O diretor de redação de Veja sorri ao ler a capa da última edição de sua revista na tela do iPad – “Exclusivo: Marcos Valério revela que Lula sabia do Fim do mundo”.

A repórter Maria Fernanda Santos, sempre vendo as coisas pelo lado positivo, festeja com as amigas de redação o fato de não rolar pescoção na última sexta-feira de mundo.

Danuza Leão, deprimida e isolada em seu apartamento, escreve uma coluna lamentando que o Fim do mundo já foi chique e exclusivo. Hoje, até o porteiro de seu prédio estará no evento.

Márcio Canuto berra tanto ao microfone que mal dá para ouvir o barulho dos prédios que desabam com um terremoto.

Após 30 anos tentando, o repórter Isaías Ramalho pressente que, enfim, conseguirá escrever a grande matéria de sua vida. Pena que ninguém vai ler no dia seguinte.

A assessoria de imprensa de Mãe Dinah tenta emplacar as suas previsões para 2013, mas nenhum pauteiro dá bola.

Repórteres trocam o almoço em botecos e padarias por restaurantes sofisticados. Pagam a conta com cartão de crédito.

Datena põe na tela imagens exclusivas do momento em que um meteoro cai, invade as profundezas terrestres e atinge a audiência do programa de Fátima Bernardes.

Sem Google e redes sociais por causa do caos da internet, muitos jornalistas entram em desespero e caminham sem rumo pelas ruas, em cena de lembrar o filme “Ensaio sobre a Cegueira”.

Tiago Leifert comanda o Central do Apocalipse.


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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Imprensa Retrô 2012


A “grávida” dos quadrigêmeos de Taubaté fez a imprensa dar a maior barrigada do ano. Com a aprovação da PEC 33 no Senado, o diploma de jornalismo deu sinais de vida, saiu da UTI e foi transferido para a enfermaria. Por outro lado, rolou um triste impressocídio no Brasil. Descansem em paz, Jornal da Tarde, Diário do Povo (Campinas), Diário de Natal, e outros mais. E não foi só aqui. A lendária Newsweek partiu dessa para uma vida digital. “Cereal killer” virou manchete de jornal. Teve repórter, que se achava grandes merdas, humilhando suspeito de crime numa delegacia na Bahia. O Datena – ah, o Datena – negociou com sequestrador libertação de reféns na TV. Sônia Abrão morreu de inveja. A Danuza Leão fez mimimi só porque hoje o porteiro do prédio dela também pode ir para Nova York ou Paris. Tadinha. Boris Casoy espirrou ao vivo no telejornal. A ex-panicat Nicole Bahls fez uma revelação chocante: antes de mostrar a bunda por aí, era estudante de jornalismo. Duda Rangel, enfim, publicou o seu livro, “A vida de jornalista como ela é”, uma homenagem ao centenário do Nelson Rodrigues. O Joelmir Beting resolveu ir pessoalmente dar os parabéns ao Nelson. E conversar um pouquinho sobre futebol, claro. O Brasil também perdeu o Millôr Fernandes, que um dia disse “o jornalismo é a mais emocionante e divertida profissão que eu conheço”. Só para variar um pouco, teve um monte de jornalista assassinado. Calado. O Brasil despencou 41 posições e fechou o ranking mundial da liberdade de imprensa em 99º lugar, o pior país da América Latina. O Clarín e a Cristina não deram trégua à velha treta. Esses dois aí nem com terapia de casal. O Galvão começou a soltar as suas pérolas no UFC. Na final do Mundial de Clubes, Mauro Naves abriu um off do Oscar e ganhou o Prêmio Nelson Rubens de Jornalismo 2012. A Globo assistiu à Olimpíada de Londres pela Record. A Ana Paula Padrão voltou a chamar a Record de Globo. E para quem acha que no jornalismo não há espaço à inovação e às mentes criativas, Nana Gouvêa aproveitou o furacão Sandy e criou um gênero: o ensaio sensual jornalístico colaborativo.


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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Fim do mundo: credenciamento para a imprensa


Deus, o Todo-Poderoso, por meio da Pauta Celestial Comunicação, informa aos jornalistas interessados que, a partir da segunda-feira, dia 10 de dezembro, está aberto o credenciamento para o fim do mundo, marcado para o próximo dia 21.

Os repórteres credenciados terão direito a participar no dia 20 de dezembro do Grande Jantar de Despedida do Mundo – a Boca-Livre Final, evento apenas comparável à Santa Ceia. Na ocasião, Deus apresentará os detalhes do apocalipse.

No dia 21, os fotógrafos credenciados terão direito a ocupar pontos estratégicos em maremotos, terremotos, quedas de asteroides e no show de 12 horas ininterruptas de Valesca Popozuda e Mulher Melancia, cujas bundas despencarão às 21 horas e 12 minutos do dia 21/12, ponto máximo da desgraceira toda.

Para fazer o credenciamento, os jornalistas devem acessar o site da Pauta Celestial Comunicação – http://www.pautacelestial.ceu – e preencher o formulário, listando, inclusive, os pecados mais graves cometidos nos últimos 5 anos.

Como somos todos filhos do Dono do evento, é importante destacar que jornalistas da TV Globo não terão privilégios na cobertura. É também uma blasfêmia a informação que circulou nas redes sociais de que o fim do mundo só começaria depois da novela das 9 e teria a apresentação de Fausto Silva.

Mais informações sobre o credenciamento:

Pauta Celestial Comunicação
Anjo Gabriel – anjo.gabriel@pautacelestial.ceu
Anjo Rafael – anjo.rafael@pautacelestial.ceu
Anjo Otoniel – anjo.oto@pautacelestial.ceu



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terça-feira, 27 de novembro de 2012

10 tabus da imprensa


1. O jornalista esportivo revelar seu time de coração.

2. Cobrir uma tragédia com lágrimas nos olhos.

3. Escrever palavrão numa matéria.

4. A imprensa denunciar a própria imprensa.

5. Ir além das pautas caretas.

6. Transar com a fonte.

7. Noticiar suicídios.

8. Inovar, fugir das velhas técnicas de linguagem.

9. A heterossexualidade nos cadernos de Cultura.

10. Fazer greve.


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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

25 tons de jornalismo (o manual sadô-masô da imprensa)


Mordaça – para o jornalista ficar quietinho.

Venda nos olhos – para o jornalista ficar ceguinho.

Chicote – só fez quatro matérias hoje? Tá muito lerdo! (som de chicotada no lombo)

Dominação – faça o que eu estou mandando ou você perde o seu emprego.

Submissão – sim, senhor, é para escrever mal de quem?

Sadismo – você está na escala de plantão do carnaval. (gargalhadas)

Sadismo 2 – você vai ler este release cheio de erros, sim, e escrever uma nota bem bonita.

Sadismo 3 – quero que você vá cobrir o show do Restart.

Sadismo top – leia Veja. Indispensável.

Tortura psicológica – tá sabendo que o jornal vai fechar no mês que vem?

Humilhação – esse aqui é o seu contracheque, amor? Você não me contou que ganhava só isso.

Algemas – ah, a maldita falta de liberdade.

Dogplay – se você for um repórter obediente e for à minha coletiva, vai ganhar um presentinho.

Escravidão – mas, chefe, eu não folgo há três semanas.

Podolatria – o seu lead está no pé e não no abre da matéria. Dá para inverter isso?

Castigo – o texto não tá bom. Reescreva essa porra, por favor.

Fetiche – ter uma credencial (de couro) no pescoço.

Fetiche 2 – ter tempo livre.

Fetiche 3 – ter um emprego.

Jornalismo anal – No começo dói um pouco, mas depois a gente acostuma. Até gosta, sabe?

Máquinas medievais de tortura – a máquina de escrever que prendia a tecla, enroscava a fita.

Máquinas modernas de tortura – o computador de bosta que sempre dá pau quando não pode dar pau.

Masoquismo – pai, eu quero estudar jornalismo.

Masoquismo 2 – pai, eu vou me casar com um(a) jornalista.

Masoquismo 3 – Cobrir o show do Restart? Hoje à noite? Claro. Eu adoro Restart.

 
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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jornalista vota em jornalista


Os candidatos da bancada da imprensa estão de volta.

Paulinho Foca
Você não me conhece! É que eu acabei de me formar e ainda estou desempregado. Minha principal bandeira é o trabalho digno para os jovens jornalistas. Chega de só ficar escrevendo notinha. Vou lutar também pelo fim do bullying e das piadinhas com os focas.

Adílson do Sindicato
Em minha longa trajetória como dirigente sindical, não consegui bons dissídios para a categoria, nem tive sucesso na defesa do diploma. Preciso de seu voto para seguir não lutando por você.

Rita de Cássia
Sou mulher, mãe, filha, tia, repórter, pauteira, assessora, fotógrafa, designer, faço trufas para vender na redação e, de madrugada, ainda lavo roupa! Eleita, posso fazer muito mais!

Zé da Coletiva
Entre os meus projetos estão o “Minha Boca-Livre, Minha Vida”, o “Bolsa-Jabá” e o “Press Kit pra Todos”. Pelo fim da fila do credenciamento. Pelo direito de dormir nas entrevistas chatas.

Professor Eugênio
Por um curso superior de jornalismo de boa qualidade. Pela inclusão da disciplina “Introdução a Técnicas de Sobrevivência” no currículo. Pela legalização do jogo de truco nas universidades.

Mulher-nêspera
Sou mulher-fruta, modelo, atriz e jornalista. Meu lema é menas inteligência e mais beleza nas redações. Abaixo a Marília Gabriela! Prometo lutar para que toda gostosa tenha seu próprio programa de previsão do tempo ou de esportes radicais.

Tonhão
Você está cansado de trabalhar por dias e dias sem descanso? Não suporta mais perder o churrasco do domingo por ser obrigado a estar na redação? Chega de exploração! Contra o patrão, ou melhor, contra o plantão, vote Tonhão!


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segunda-feira, 6 de junho de 2011

A imprensa segundo G.H.


- Sente-se, seu Onofre, por favor. Dona Lurdes, dois cafés.

- Sim, senhor.

- Mas me diga, seu Onofre, em que posso ajudar? O senhor parece aporrinhado.

- E não é pra estar, seu Genival Herculano?

- Me chame de G.H., por favor.

- É sobre a notícia de minha pastelaria na edição da semana de seu jornal, seu G.H..

- Seu Onofre, acabo de voltar de viagem. Minha senhora quis ir pra Miami. Como aquela lá adora ter contato com uma nova cultura e, claro, fazer umas comprinhas. Nem acompanhei direito a nossa última edição.

- O seu jornal publicou uma nota dizendo que um cliente mastigou uma barata em um de meus pastéis.

- Não acredito, seu Onofre!

- Pois foi verdade, seu G.H..

- A barata?

- Não, a nota. A barata também... mas era uma barata miudinha. Não era pra tanto estardalhaço, entende?

- Não foi nenhuma baratona, cascuda, voadora.

- Longe disso, seu G.H..

- Entendo.

- Meu filho, que é metido com essas coisas de internet, me contou que a pastelaria virou até piada no Tuide, Tuite, sei lá.

- Seu Onofre, isso com certeza foi coisa do Clayton Júnior. O menino é bom repórter, mas tem mania de achar que jornalismo é denúncia, investigação. Já falei pra ele que aqui na cidade não podemos nos indispor com os amigos, com o prefeito Paulão, os comerciantes...

- A pastelaria tem anúncio de página inteira toda semana no seu jornal. Não é justo, o senhor sabe.

- Claro que não, seu Onofre. Mas o erro será reparado.

- Como?

- Pra semana que vem, vamos fazer uma matéria de capa com sua pastelaria. Haverá um grande pastelaço na cidade! O que o senhor acha? Eu mesmo vou aparecer numa foto comendo o seu pastel. Vamos mostrar que a barata não passou de um mal-entendido!

- Isso parece muito bom, seu G.H..

- Isso é ótimo. E peça pra seu filho divulgar o pastelaço no Twitter!

- O senhor é um grande homem da comunicação, seu Genival.

- G.H., por favor!

- G.H.!

- E tome logo esse café, seu Onofre, porque está esfriando. O senhor prefere açúcar ou adoçante?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dia da imprensa


Balzac, escritor francês e inspiração para o nome deste blog, disse que “se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”. Eu sempre me encantei com esse quê desencantado do velho Balza, mas acho a tal frase meio radical. Tudo bem que, se a imprensa não existisse, o Zeca Camargo teria sido apenas um exímio dançarino do ventre, o que seria ótimo, mas não posso resumir a questão ao Zeca. A imprensa tem muita coisa boa também.

E se a imprensa realmente não existisse?

Quem denunciaria as contas secretas, as maracutaias, os dólares na cueca? O novo CD da Preta Gil, que perigo, chegaria às lojas imune de críticas. Não haveria os bares de jornalista e as filosofias de botequim de jornalista. Quem avisaria sobre as greves de trem, as ruas congestionadas e as chuvas de fim de tarde? A arte da investigação não teria conhecido o talento de Zé Bob. Pescoção seria apenas o cidadão interessado em olhar o decote da moça ao lado. A liberdade de expressão não teria tanto valor. O Nelson Rodrigues teria sido... o que o Nelson Rodrigues teria sido? Talvez médico? Ginecologista? Meu Deus! Não existiria o blog “Desilusões perdidas” para falar mal (e às vezes bem) da profissão. Jamais teríamos conhecido as histórias do bebê-diabo do ABC e do homem que torrou o pênis na tomada divulgadas pelo saudoso Notícias Populares. O Pedro Bial teria, muito provavelmente, dedicado toda a sua carreira a reality shows. Não haveria o caderno de Esportes da segunda-feira para a gente ler os elogios à vitória do nosso time. Eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan. Repita: eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan. Os fotógrafos só sobreviveriam com casamentos, batizados e festas de debutante. O furo seria apenas um orifício qualquer.


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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imprensa Retrô 2010


Depois de longa agonia, desligaram os aparelhos do velho JB, tadinho. O titio William Bonner humanizou-se e virou sensação no Twitter. Teve repórter, que pautada pelo microblog, divulgou notícia falsa de uma corrida de cadeiras de rodas com Hebe Camargo no hospital. A Carolina Dieckmann nos ensinou o que é ser uma jornalista fake, mas muito fake. A campanha “Cala Boca, Galvão” ficou famosa na mídia internacional. Um monte de jornalista brasileiro foi assaltado na Copa da África do Sul. Dunga chamou o repórter da Globo Alex Escobar de cagão. O Felipão chamou repórteres esportivos de palhaços. O Tiago Leifert, acreditem, conseguiu ficar mais bonito que o Evaristo Costa. O jornalista Duda Rangel conseguiu atrasar o pagamento de apenas três meses de aluguel em todo o ano. A lésbica do BBB10 chocou papai e mamãe quando revelou para todo o Brasil que era jornalista. Pimenta Neves completou uma década de liberdade desde que matou a ex-namorada pelas costas. Armando Nogueira se foi. O Glauco também. Mas a jornalista Carolina Dieckmann, que tinha que morrer, não morreu. Até a ONG Repórteres Sem Fronteiras concordou com sua execução. O senador Romeu Tuma partiu desta para uma melhor (ou pior) um mês depois de a Folha.com ter antecipado sua partida. Chico Buarque cantou seus clássicos jornalísticos no blog Desilusões perdidas. O “rei” Roberto Carlos também. O Datena continuou chato. O Lula continuou atacando a imprensa. E sendo atacado. Vários veículos de comunicação viraram partidos políticos na eleição. O Estadão, ainda sob censura da família Sarney, demitiu colunista por “delito de opinião”. A Folha de S.Paulo tratou de acabar com a Falha de S.Paulo. Teve jornalista que se envolveu em quebra de sigilo fiscal e virou notícia na campanha eleitoral. Cid Moreira lançou sua biografia no mesmo ano em que Fiuk e Geisy Arruda lançaram as suas. Nunca se discutiu tanto liberdade de imprensa e controle de mídia sem se chegar a lugar algum. O jornalista Duda Rangel, pelo vigésimo ano consecutivo, não ganhou o Prêmio Esso.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

As eleições e a mídia


As eleições terminaram e muitos jornalistas, depois de um longo período de trabalho árduo, vão poder, enfim, folgar. Será pouco descanso, claro – não se pode deixar este povo pegar gosto pelo fazer-nada –, mas o pouco já será bem-vindo. Neste clima de ressaca eleitoral, a nova enquete do blog quer saber o que você, como leitor (ou como jornalista que fez parte do trabalho), achou da cobertura jornalística do pleito deste ano. Vote na coluna do lado direito da página! Deixe também a sua opinião!

A última enquete – Qual a mancada mais imperdoável de um assessor de imprensa? – chegou ao fim com a vitória acachapante da alternativa “Pedir para aprovar matéria antes da publicação”, com 53% dos votos. Jornalista até tolera receber release esdrúxulo por e-mail – nada que a tecla “delete” não resolva –, mas não admite que alguém se intrometa em seu trabalho. Cada um no seu quadrado.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

E se a imprensa não existisse?


Balzac, o escritor francês que foi uma das inspirações para este blog, disse, certa vez, que “se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”. Eu sempre me encantei com esse quê desencantado do velho Balza, mas acho a frase meio radical. Tudo bem que, se a imprensa não existisse, o Zeca Camargo teria sido apenas um exímio dançarino do ventre, o que seria ótimo, não? Mas não posso resumir a questão ao Zeca Camargo. Há, sim, muita coisa ruim no jornalismo, mas também tem muita, ou melhor, alguma coisa boa.

E se a imprensa realmente não existisse?

Quem denunciaria as contas secretas do Maluf, as maracutaias do Arruda e os dólares na cueca? O novo CD da Preta Gil chegaria às lojas imune de críticas. Não haveria os bares de jornalista e as filosofias de botequim de jornalista. Quem avisaria sobre as ruas congestionadas e as chuvas de fim de tarde? A arte da investigação não teria conhecido o brilho e o talento de Zé Bob. Não haveria as garotas do tempo, as aprendizes do Caco Barcellos e as apresentadoras radicais do SporTV. Pescoção seria apenas o cidadão interessado em olhar o decote da moça a seu lado no metrô. A liberdade de expressão não teria tanto valor. O Nelson Rodrigues teria sido talvez... médico? Ginecologista? Meu Deus! Não existiria o blog “Desilusões perdidas” para falar mal (e às vezes bem) da profissão. Jamais teríamos conhecido as histórias do bebê-diabo do ABC e do homem que torrou o pênis na tomada divulgadas pelo inesquecível Notícias Populares. O Pedro Bial teria, muito provavelmente, dedicado toda a sua carreira a reality shows e outras programas de entretenimento. O William Bonner teria seguido a carreira de imitador e humorista e talvez se casado com uma atriz de seu grupo teatral. Não haveria o caderno de Esportes da segunda-feira para a gente ler os elogios à vitória de nosso time no domingo. Os fotógrafos só sobreviveriam com casamentos, batizados e festas de debutante. O furo seria apenas um orifício qualquer. Eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan. Repita: eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O jornalista e o gênio


O jornalista recém-formado caminha pela rua quando reconhece um gênio da lâmpada mágica, sentado num banco de praça, fumando um cigarrinho. Aproxima-se dele e pergunta se teria direito a três pedidos. De mau humor, o gênio, em seus poucos minutos de folga, responde que o esquema agora é realizar um só desejo. Está tão atolado de trabalho que nem tem tido mais tempo de voltar para a lâmpada.

– Sabe, seu gênio, meu sonho é trabalhar na grande imprensa. Não vejo a hora de desfilar num carro de reportagem no meio de uma multidão de curiosos. Acho que vou me sentir o cara mais importante do planeta.

– Olha, chefia, o que mais tem por aí é jornalista pedindo uma boquinha dessas. E, para piorar, as redações estão enxutas. Não vai rolar.

– Bom, se não for em grande imprensa, que seja, pelo menos, um emprego com carteira assinada.

– Carteira assinada? (o gênio dá um sorriso maroto). O que tem saído nesses dias é o sistema PJ e olhe lá.

– Tudo bem. Pode ser PJ desde que o salário seja bom.

– Salário bom? (o gênio quase engasga com o cigarro ao ter uma crise de risos). Você não precisa ser gênio para saber que o mercado tá uma merda!

– Mas você não é o gênio da lâmpada mágica? Não consegue qualquer coisa?

O gênio percebe o clima tenso, controla o riso e pede para o jornalista recém-formado sentar-se ao seu lado no banco.

– Tem um monte de gênio picareta por aí que promete o melhor emprego do mundo para os jornalistas. A fama do William Bonner, o salário do Datena, o assédio de mulheres lindas, prêmios Esso e o cacete. São esses caras que mancham a imagem da minha categoria. O que consigo pra você agora é uma vaga em agência de assessoria de imprensa, com piso salarial e vale-refeição. Você começa amanhã, às 8. Se bobear, tem outro que pega a vaga.

O jornalista recém-formado, feliz, aceita a proposta, levanta-se do banco, agradece o gênio e segue sua caminhada.

– Ah, chefia, não atrasa, não, viu? Você terá cinco contas para atender...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

São tantas emoções


Tenho a lembrança de duas grandes mentiras ditas por um professor de ética na faculdade: “o jornalista tem a obrigação de ser absolutamente racional” e “vou colocar apenas a cabecinha” (no caso, para algumas inocentes alunas que embarcavam com ele em aventuras extracurriculares). Neste post, vou abordar apenas a primeira grande mentira. Será que o jornalista precisa ter a frieza de uma boneca inflável para contar uma história sem distorcer a realidade?

A questão me voltou à mente ao ver o Jornal Nacional da última sexta-feira, quando os apresentadores, imbuídos de um sensacionalismo dateniano, anunciaram por todo o telejornal uma matéria sobre o resgate de uma haitiana presa sob os escombros, três dias após o terremoto em Porto Príncipe. O que me chamou a atenção foi a postura da repórter, que mesmo visivelmente emocionada, no local da tragédia, conseguiu relatar o trabalho de resgate feito por militares brasileiros.

Carlos Alberto Di Franco, um crítico da imprensa brasileira, escreveu certa vez: “Jornalismo não é ciência exata e jornalistas não são autômatos. Além disso, não se faz bom jornalismo sem emoção. A frieza é anti-humana e, portanto, antijornalística.” Concordo com ele. Em certas coberturas é muito difícil ficar indiferente a situações de extrema penúria humana, como acompanhar flagelados de uma catástrofe natural, sobreviventes de uma guerra ou fãs ensandecidos em um show da banda Calypso.

Um professor dizer que um jornalista não tem o direito de se emocionar – que precisa fazer o tipo durão – é o mesmo que um pai dizer para o filho que homem não chora, que isso é coisa de menininha. Tudo bem que não precisamos nos tornar uma Helena do Manoel Carlos diante de uma cena de terror. Mas um pouco de coração mole não faz mal à isenção jornalística de ninguém.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Crise de abstinência


Folheava um jornal no começo deste ano e me lembrei de como é dura a vida de jornalista no período de entressafra da notícia, quando, afora as tragédias, quase nada acontece. Precisamos tirar leite, quer dizer, manchetes de pedra. A bola não rola nos campeonatos de futebol. Os políticos estão de recesso oficial (nos outros meses do ano, simplesmente deixam de trabalhar por sacanagem). A economia começa a despertar para o ano novo. E as gostosas do Big Brother ainda não desfilam de biquíni.

Por mais que os jornais fiquem fininhos, com poucas páginas, sempre há um buraco a ser preenchido, no bom sentido, é claro. Com diversos colunistas de férias, sobra ainda mais espaço para o “cozidão de ano novo”, matérias frias, assuntos desinteressantes que jamais mereceriam algumas linhas em tempos normais, balanços intermináveis e projeções furadas para o ano que se inicia. Nestas horas de crise de abstinência de notícia, o jornalista valoriza até o release do assessor de imprensa chato que o perturba o ano inteiro.

Se a correria do dia-a-dia é desgastante, a morosidade pela falta de informação é frustrante. Redação sem agito, sem suor escorrendo pela testa, sem gritaria na hora do fechamento é igual a festa sem música, sem bebida, sem uma rapidinha no banheiro. As horas se arrastam em câmera lenta. Não podemos nem reclamar que somos explorados pelo chefe. Que 2010 comece logo. Ou a imprensa morre de tédio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Imprensa livre. Pero no mucho


De seu gabinete no Palácio Miraflores, Hugo Chávez liga para o amigo Fidel Castro, em Havana. Chávez está revoltado com as críticas da SIP à Argentina.

– Mestre, você tem acompanhado a pressão daqueles dinossauros da SIP contra nossos irmãos argentinos?

– Aquilo é uma vergonha, Huguito! Só porque Cristina e Néstor criaram uma lei para controlar a mídia.

– Pobre Kirchner! Logo ele, um defensor da democracia, da liberdade de expressão. Enfim, um partidário de nossas idéias.

– Esta SIP só serve aos interesses dos yankees.

– Hoje em dia, os líderes não têm autonomia pra nada. Não se pode mais intervir numa emissora de TV, censurar um jornal, fechar umas rádios...

– Huguito, está cada vez mais difícil atender aos desejos do povo.

– Somos oprimidos pela imprensa do denuncismo! Cagam de medo da revolução bolivariana.

– A coisa tá feia na Bolívia e no Equador também.

– E essa praga de redes sociais? Blog, Twitter e sei lá mais o quê. Pra que tanta informação se já temos a imprensa oficial?

– Coisa de vagabundo, Huguito. Em Havana, tá cheio disso. Não posso nem mais jogar meu dominó em paz!

– São idiotas com mania de liberdade. Não respeitam nem os aposentados!

– E você, Huguito, anda sumido, hein? Venha pra cá tirar outras fotos comigo. Preciso mostrar ao mundo que ainda estou vivo.

– Vou, sim. Ainda nem conheço teu novo agasalho da Puma.