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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Adote um jornalista carente neste Natal


Um post cheio de espírito natalino para relembrar. Escolha uma cartinha, dê o presente e faça um jornalista feliz.

“Estar desempregado não afeta apenas a auto-estima de um jornalista. Afeta o seu estômago. Vocês não imaginam o que é comer todo dia o marmitex de cinco reais do bar do Sassá, na Vila Buarque. Como fica a dignidade do ser humano? Logo eu, um cara acostumado ao bem-bom das coletivas de imprensa. São dois anos longe de um canapezinho de atum com damasco, de um carpaccio de salmão. Mas o que eu queria ganhar mesmo neste Natal é o meu prato favorito: filé mignon ao molho madeira com batatas prussianas. Eu só peço a refeição, mas se rolar também um presentinho-surpresa eu ficaria ainda mais feliz.”
Ricardo Macedo

“Eu acabei de me formar e ainda não consegui um emprego. Eu podia estar jogando videogame, podia estar assistindo àqueles videozinhos de stand-up comedy no YouTube, mas prefiro pedir uma chance de trabalho. Aceito qualquer coisa, por qualquer salário. Se for o caso, trabalho até de graça. Sei que é difícil apostar num jovem com um currículo de uma página e ainda assim em Arial 16. Para não dizer que não tenho experiência alguma com técnicas de apuração jornalística, eu gosto muito de monitorar as frases dos famosos no Twitter. Lá, vocês sabem, é sempre possível encontrar grandes furos.”
Bruno Felipe de Oliveira

“A maior frustração da minha vida é nunca ter recebido um prêmio jornalístico. Até hoje, só consegui um troféu mixuruco de terceiro lugar no concurso de poesia na 5ª série. Prêmio faz o jornalista se sentir mais importante. Umas amigas já ganharam. Eu perdi as contas de quantas vezes já reescrevi o meu discurso de agradecimento nesses últimos 15 anos. Eu gostaria muito neste Natal que alguma grande empresa, tipo uma multinacional, se sensibilizasse com a minha história e criasse um prêmio jornalístico exclusivo para mim. Tenho até um espaço reservado na estante da minha sala, ao lado do troféu de poesia da 5ª série.”
Cássia Monteiro

“Fim de ano e o Retiro dos Jornalistas fica cheio. As pessoas só lembram da gente no Natal. No resto dos dias é um esquecimento só. Mas, tudo bem, já é alguma coisa. O que eu queria receber de presente é algo um pouco complicado, eu sei. Queria alguém para me ouvir. Hoje, é tão complicado encontrar alguém para nos ouvir. E eu tenho tanta história para contar. Era eu quem redigia as receitas de bolo para publicar no jornal quando o pessoal da censura baixava na redação. Um dia esqueci de colocar a farinha na lista dos ingredientes. Já viram bolo sem farinha? E as figuras que eu já entrevistei? Teve uma mulher que jurava ser a reencarnação da Nossa Senhora. Dá para acreditar? Reencarnação de Nossa Senhora?”
Marcos Saldanha


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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Carta de um jovem jornalista ao Papai Noel


"Olá, Papai Noel. Eu me chamo João e sou um jornalista recém-formado. Ainda estou chateado com essa história do diploma não ser mais obrigatório, mas não vou desistir da profissão que eu amo! Com ou sem diploma, o problema maior é que está muito difícil arrumar um emprego. Estou escrevendo para pedir uma oportunidade de trabalho neste Natal. Deixei uma meia pendurada na janela com meu currículo atualizado.

Nem precisa ser um emprego muito bom. Para começar, faço até plantão no carnaval. Sei que vou ganhar um salário pequeno. Estou ansioso para aprender jornalismo na prática e confiante que o próximo ano será bem melhor. Meus amigos dizem que sou muito otimista, que acredito em tudo, até em Papai Noel. Mas a gente precisa ser assim.

Cometi alguns erros este ano, mas nada tão grave que não me faça merecer este emprego. O senhor vai compreender. Fiquei de bobeira na internet, escrevendo bobagem no Facebook e lendo o blog do Duda Rangel. O único vício que eu tenho é beber demais, embora falam que todo jornalista bebe. Também dou um tapa num baseado de vez em quando, mas só quando estou estressado e com dor de cabeça. E se é para uso medicinal não há problema, o senhor bem sabe.

Na faculdade, eu sempre fui um aluno dedicado. Fazia os trabalhos direitinho. Li até livro do Diogo Mainardi que eles me obrigaram. Eu também sou bem-informado. Não gosto de ler jornal, mas sigo todas as notícias na internet. O meu Português é bem correto também. O senhor pode notar que não tem vírgula separando o sujeito do verbo nesta carta.

Estou louco para ver se todas aquelas coisas que o Duda Rangel escreve no blog dele acontecem mesmo. Estou com um puta tesão (ops, desculpa!) de ir para a rua, fazer reportagens, buscar sempre a história mais bacana, comer coxinha de frango na padoca, ganhar um monte de jabá e almoçar de graça nos eventos. Também quero conhecer o tal pescoção. Só não quero ser corno como o Duda, mas este pedido fica para o outro Natal, está bom? Não vou abusar mais do senhor! Obrigado, Papai Noel. João."


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