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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Simpatias para jornalistas


Para o diploma voltar a valer:

Pegue o diploma que você tinha plastificado para usar como toalha em refeições rápidas. Junte a ele um baralho de truco virgem, um livro de Marshall McLuhan e pétalas de duas rosas amarelas. Guarde tudo em uma gaveta e feche com chave. Costure uma foto do doutor Gilmar Mendes na boca de um sapo e enterre o sapo no lixão mais nojento que conhecer. Se milhares de jornalistas fizerem a simpatia, há grande chance de a PEC do diploma ser votada no Senado.


Para fazer a puta matéria e ganhar um Prêmio Esso:

Está amarrado? Sua carreira não progride? Livre-se da preguiça que te impede de sair às ruas para fazer grandes reportagens. Em uma bacia, coloque três copos de água, pedaços limpos de papel do seu bloquinho de anotações e pétalas de quatro rosas brancas. Molhe uma toalha amarela na água e a passe por todo o corpo. O ritual de purificação liberta o repórter de energias negativas, como o Google e o ar-condicionado da redação.


Para filar um rango mais decente em coletivas:

Se você não suporta mais comer canapezinho ou filé ao molho madeira com arroz e batatas, prepare um carré de cordeiro com cuscuz marroquino, harmonize com um Bordeaux tinto e leve tudo a uma encruzilhada. Velas especiais dão um charme à oferenda. Infalível. Em poucos dias, vai chover boca-livre chique. E, para não pagar mico à mesa, faça um curso de etiqueta, mesmo porque ainda não inventaram simpatia com este objetivo.


Para casar com alguém de outra profissão:

É uma simpatia três em uma. Ao casar com um(a) não-jornalista, você também atrai mais dinheiro e um parceiro mais estável (emocionalmente, profissionalmente, sexualmente e outros advérbios de modo). Mas não se trata de uma simpatia fácil. Depende de muita reza, muita vela, muito mel e muito sacrifício para trocar os deliciosos bares de jornalista por baladas cheias de gente careta e com um papo chato do caralho.


Para arrumar um emprego:

Descole uma imagem pequena de Santo Antônio do Bom Emprego, aquela em que ele segura uma pastinha com seu portfólio de matérias publicadas. Coloque o santo de cabeça para baixo em um copo de água e retire a pastinha de suas mãos. Só livre o danado do afogamento e lhe devolva o portfólio quando conseguir o emprego. Se em uma semana você não for chamado nem para uma entrevista, esqueça simpatias e melhore sua rede de contatos.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A matéria da sua vida


A repórter buscou ajuda até de Mãe Samantha, a cartomante. Não queria saber nada de futuros namorados, das coisas do coração. Só perguntava sobre a tal grande reportagem da sua vida. Qual seria? Quando seria?

Jornalista não nasceu só para cobrir o buraco na rua.

O jornalista persegue a matéria da sua vida assim como os Cavaleiros da Távola Redonda buscavam o Santo Graal. É o nosso cálice sagrado. Perfeição, prestígio, ascensão.

Há quem nunca consiga encontrar a matéria da sua vida. Sensação de morrer virgem.

A matéria da sua vida é diferenciada. Impactante. Dá notoriedade ao jornalista. Muitas vezes, é apenas fama passageira. Em outros casos, pode abrir portas, janelas, horizontes.

A matéria da sua vida pode ser uma denúncia de derrubar presidente. Ou o chefão da Polícia. Ou o padre pedófilo. Pode ser uma entrevista exclusiva, com o Fidel, ou com o serial killer da zona sul foragido há meses.

A busca pela matéria da sua vida exige reuniões de pauta mentais. Uma viagem interna. Longas reflexões, grandes sacadas. Exige também bom relacionamento com delegados, promotores, políticos e outras fontes influentes. As nada influentes são ainda melhores, como o tiozinho que faz a limpeza no Congresso e conhece histórias que ninguém conhece.

Tem gente que faz de tudo pela matéria da sua vida. Até consultar uma cartomante.

Mãe Samantha segurou as mãos suadas da repórter e, antes de decretar o destino da moça, pigarreou. A grande reportagem da sua vida, minha filha, ainda vai demorar um pouco. Você vai ter que ter paciência. Mas eu vejo um loiro alto e bonito em seu caminho. Serve?