Desfolhada

Os textos que nunca tinha tido coragem de escrever... © Reservados todos os direitos de autor dos textos e poemas

segunda-feira, maio 30, 2005

1 Ano

Entre mudanças e arrumações queria dizer que esta Desfolhada (anteriormente Textos e Narrativas) fez 1 aninho no passado dia 27 de Maio.
Confesso que nunca pensei que esta minha passagem pelo mundo dos blogs durasse tanto tempo. Quando coloquei na descrição "os textos que nunca tinha tido coragem de escrever" foi por ser a mais verdadeira das definições.
Porque, anónima, me é mais fácil mostrá-los a quem não conheço e escrever sobre o que me apetece.
Dizem por aí ser complicado escrever sobre as coisas bonitas da vida. Para mim não é.
Talvez porque partilho a vida com alguém que me enche a vida de amor e de momentos felizes. Acredito que devemos aproveitar ao máximo tudo o que a vida nos dá de bom. Sem reservas, sem medos, sem obrigações, sem arrependimentos e sempre, mas sempre, com muito amor.
Este aniversário deve-se a ele e a todos vocês que me visitam e que me têm incentivado a escrever.
Um obrigada a todos com montanhas de abraços & beijinhos.
Um obrigada, também, aos que me deliciam com textos, poemas, desenhos e fotos de qualidade indiscutível que deveriam estar em livrarias e galerias.
Neste momento, sem tempo para algo novo, dedico-vos um poema que postei no ano passado e de que gosto particularmente. Espero que gostem.


Eu flor

À noite
quando o sol se esconde
a lua aparece
e as estrelas espreitam

o livro fecha-se
a luz apaga-se
os corpos desmaiam
cansados
para dar lugar ao sonho

o silêncio espalha-se
apenas a tua respiração

quando todas as flores se fecham
eu abro-me para ti

quarta-feira, maio 25, 2005

A mudança

Entre caixotes
tropeço em recordações
passeio pelas memórias
descubro baús de dias esquecidos
afundo-me em baldes e pincéis
toda eu tinta
toda eu em tons quentes
cansaço espalhado
milimetricamente
pela pele
suo, subo
desço as escadas
contigo
acho as palavras
felizes
em todas as divisões
danço no jardim com a liberdade
de poder fazer tudo
e derreto ao olhar o cão
que persegue a borboleta amarela

terça-feira, maio 10, 2005

Harmonias

Harmonizo-me
no dedilhar das cordas
com que mentalmente
amarro o teu corpo
e estremeço
em extravagante capricho

Lasciva, em brasa
percorro-te ofegante
alheada de mim
em oração mental e contemplativa
da causa primeira de todas as coisas
que me despertou
a (in)quietação e perplexidade
do amor supremo

Reservo-me
em pensamentos secretos
onde o acaso e o destino
não importam
de tão insignificantes

Desejo-te
em camadas de pele infinitas
e harmonizo-me de novo
em ti

domingo, maio 01, 2005

Voz no silêncio

Em cada palavra minha
milímetro de pele
fio de cabelo
gota de suor
por ti provocada
és poema que canto
páginas infinitas
baralhadas, re-escritas
de estória tua escrita em mim
eternamente
afinidades alinhavadas
em nu integral
ofereço-me sem palavras
e sem pudor
dentro de mim
serás voz no silêncio
grito de prazer
repetidamente