
A senhora lá do fundo que mal se vê no desenho dizia em voz alta:
Você pensa que eu não vi, mas eu vi muito bem que você me esteve a desenhar!
Sim e não foi só a mim, foi a mim àquele senhor do chapéu, foi esta senhora, foi este senhor aqui, que eu também vi, olhe que eu também sou artista e sei muito bem como é que é?
Quer que eu chame a polícia!...
_Até aqui ainda não tinha percebido se a senhora achava piada aos desenhos ou não, quando falou que era artista... pensei que tinha uma admiradora, mas quando disse que chamava a polícia...
_ Você não sabe que o que está a fazer é proibido! Eu posso lhe pôr um processo! Sabia disso? Ora diga lá como se chama?
_Procurei não dar ouvidos enquanto as cabeças dos passageiros que estavam de costas procuravam afinal quem era o fora da lei?
_ Sim você aí, foi esse senhor, desenhou-nos a todos!!!
Depois de ter sido identificado, repostei...
_ Oh, oh minha senhora não esteja a ser ridícula, eu posso desenhar onde me apetecer!
Nesse momento a senhora sentiu necessidade de organizar o seu exército, e em tom de campanha começou sem grande sucesso a tentar encontrar adeptos à sua causa, dirigindo olhares de convicção às pessoas que se sentavam por perto, até que o passageiro à sua frente se vira para trás e num bom tom de voz desarmou a senhora...
_ OH! MINHA SENHORA FALE POR SI!.. Não esteja a olhar para mim... fale por si!
A senhora meteu a viola no saco, saiu de "fininho" na estação antes da minha e quando passou por mim ainda sussurrou...
Eu sei muito bem... eu também sou artista!