Filme sobre depressão pós-parto leva o sofrimento das mães para o cinema
Com estréia prevista para 06 de agosto, produção alemã explora o tema de forma realista
Mudanças de humor, expectativa, cansaço, carinho, dúvidas e medos. Se você passou por tudo isso antes, durante e após a gravidez, saiba que não é a única. Muitas mães não sabem como lidar com as emoções causadas pela chegada de um bebê. Esse é o contexto mostrado no filme alemão dirigido por Emily Atef, O Estranho em Mim (2008), vencedor da Competição de Novos Diretores da 32ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
A produção, que estréia dia 06 de agosto, conta a história de Rebecca (Susanne Wolff) e Julian (Johann von Buelow), um casal apaixonado que está esperando o primeiro filho. As cenas iniciais mostram uma mãe feliz no final da gestação e se alternam com cenas em que ela está perturbada e insegura após o parto. No filme, a depressão se inicia no momento em que Rebecca olha o filho, Lukas, pela primeira vez e não consegue reconhece-lo como parte de si. Ele é um estranho, como o próprio título diz. Ao contrário do que acontece na vida real, já que esses sentimentos de tristeza profunda e confusão geralmente se iniciam no último trimestre da gravidez.
A relação da mãe com o filho é tensa e a depressão de Rebecca se agrava quando, ainda na maternidade, ela não consegue amamenta-lo, pois o bebê se “recusa” a mamar. É possível sentir a angústia da personagem, principalmente nos momentos em que ela afasta o marido de si, transportando a tensão para o relacionamento do casal. Mal conseguindo disfarçar o incômodo que o filho lhe causa, ela não consegue olhar, segurá-lo no colo ou falar sobre ele. Uma das cenas mais marcantes é a de Rebecca tentando voltar ao trabalho. O olhar de Lukas a incomoda tanto que ela o vira para encarar a parede, mas a sua presença ainda é perturbadora, então ela o coloca em outro lugar da casa.
Desde esquecer o carrinho do filho na calçada até dar banho nele, colocando seu rosto por mais tempo debaixo da água, todas as cenas são intensas. A culpa e a melancolia fazem a personagem agir como se estivesse perdida em seus sentimentos. É só quando Rebecca é encontrada machucada no meio de uma floresta e internada em uma clínica que seu marido e sua mãe percebem o que está acontecendo. O apoio da mãe, assim como terapia e tratamento para reaproximar Rebecca do bebê são a chave para que ela comece a perceber que sente falta do toque e do carinho do filho.
A diretora e roteirista do filme, Emily Atef, conseguiu mostrar a dificuldade da mãe em se sentir segura e ter novamente a confiança dos amigos e familiares para se aproximar do próprio filho durante a recuperação. O que antes era um sofrimento por não conseguir amar o filho, se transformou em preocupação de recuperar a família. É emocionante ver o despertar de Rebecca para a beleza de ser mãe. Quase dá para esquecer que é apenas um personagem.