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domingo, 9 de março de 2014

Faltam 17 pontos

O Benfica recebeu o Estoril cerca de 10 meses depois do balde de água fria da época passada (1-1 a duas jornadas do fim) e desta feita estávamos avisados para a valia do adversário e sobretudo do seu técnico Marco Silva. O que o Estoril fez hoje na Luz (equipa personalizada, a pressionar alto, chegou a ter mais de 60% de posse de bola - !!! - e terminou com superioridade nesse domínio) sem nunca renunciar ao jogo ou colocando um autocarro na área merece o meu apreço (e deve envergonhar os Ruis Vitórias desta vida).

O Estoril não teve chances de golo (um livre que embateu no poste depois de um ressalto) é certo, não sei se fez algum remate na 1ª parte e se terá conseguido mais que um entre os 3 postes de Oblak, mas a forma como se dispôs em campo e procurou tratar a bola...mostra dedo de treinador. O Estoril desta época, na minha opinião, tem pior plantel que a época passada mas joga incomensuravelmente melhor, logo o mérito tem que ser mesmo do treinador. O Estoril do ano passado (recheado de bons valores individuais) jogava muito nas transições e na velocidade na frente, era dominado largos períodos de tempo mas tinha veneno no contra-ataque. O Estoril 13/14 é uma equipa madura e consistente que se apresentou na Luz olhos nos olhos e tentando a vitória. E o Benfica ?

Face a tantos elogios ao Estoril, que dizer do nosso Benfica que despachou os canarinhos com 2 golos sem resposta e umas 3 ocasiões flagrantes desperdiçadas ? Entrámos concentrados e resolvemos cedo a questão (bons golos de Luisão e Rodrigo), soubemos adaptar-nos à pouca posse de bola, não perdemos a cabeça e procurámos ser eficazes nos momentos certos.

O Benfica jogou quase sempre pela certa e os jogadores mais adiantados (Lima, Rodrigo, Gaitán e Markovic) correram muito e bem. A dupla Enzo & Fejsa parecia omnipresente e o colectivo bastante disponível e equilibrado. Este Benfica é cínico, não concede veleidades (Oblak outra vez a bocejar) e quando chega à frente...mata os jogos. Continua sem me entusiasmar por aí além esta tranquilidade competitiva que o nosso futebol demonstra, mas a verdade é que os resultados e os números (esmagadores) não mentem, e neste momento o Benfica leva várias séries positivas em curso: minutos sem sofrer golos; jogos consecutivos a marcar; jogos sem derrotas.

Se a isto acrescentarmos 7 e 9 pontos de avanço sobre segundo e terceiro classificados respectivamente (quando há 24 em disputa), a presença em Março nas 3 taças em disputa (Portugal, Liga e Europa) o saldo tem que ser tremendamente positivo. Ok, sem goleadas nem nota artística mas com um rigor e uma solidez digna de registo. Vamos a notas:

OBLAK - continua sem ser posto à prova. Com a eficiência de todo o sector benfiquista, Oblak vai sendo um mero espectador nos jogos que disputa, tendo sofrido apenas um golo (um frango que custou 2 pontos) desde que é o dono da baliza há vários jogos. Gosto da forma segura como vai às bolas aéreas (agarrando-as com autoridade) fora da pequena área mas tenho algumas reticências quanto ao seu jogo de pés. Até ver vive um estado de graça mas também tem feito o seu trabalho para esse status. 3

MAXI - não desequilibrou ofensivamente mas também não comprometeu na defesa. Levou um amarelo (escusado) pela sua eterna impetuosidade mas isso não o perturbou e terminou mais 90 minutos sem dores de cabeça e com a missão cumprida. 3

LUISÃO - alô Scolari ? Daqui fala o "Girafa". O Capitão do Benfica abriu o marcador com um belo salto de cabeça num canto e esteve quase irrepreensível durante toda a partida, apenas um erro perto do fim que resultaria num livre perigoso quando tentava corrigir a sua própria falha. O Luisão actual merecia estar no Mundial, seguríssimo a defender, rápido (isto pode parecer uma antítese, ou simples ilusão de óptica, mas não recordo um Luisão tão veloz e assertivo) nas dobras e insuperável pelo ar. É o grande líder do grupo e demonstra-o como sempre, dentro do campo, jogando como nunca. 4

GARAY - não se notou que vinha de lesão e vi-o na sua plenitude física, chegando mesmo a aventurar-se num contra-ataque em que ficou na cara do golo, a lembrar as cavalgadas dos bons tempos de Hélder Cristóvão ou mesmo David Luiz. Fazem falta mais centrais que tenham visão para desequilibrar partidos procurando a superioridade numérica no momento certo, não digo um Beckenbauer (o expoente máximo) mas alguém que possa não se limitar a defender. Dirão os puristas que a principal missão de um central é defender e têm toda a razão, para concretizar estão lá outros, mas em determinados jogos e em circunstâncias momentâneas, um central inteligente e com bom toque de bola pode ser decisivo. Não sei se Garay alguma vez será esse central, mas o que o argentino demonstra é que um seguro de vida para Oblak e o Benfica, perde poucos duelos e joga de forma a nunca se expor utilizando brilhantemente o seu posicionamento e antecipação. Regresso muito bom. 3

SIQUEIRA - está agora numa excelente forma física, rapidíssimo e de boa técnica, Siqueira não descura as tarefas defensivas mas é ofensivamente que se destaca. Tem toque de bola de tecnicista e não gosta de jogar feio (o que por vezes o deixa em situações embaraçosas), é um lateral esquerdo de eleição. 7M é muito dinheiro mas eu accionava a cláusula e contratava-o já. 3

FEJSA - o sérvio voltou a fazer um grande jogo, se não fosse o golo de Luisão teria-o eleito man of the match. Teve um erro cedo e foi amarelado (justamente) por isso, ainda assim mostrou uma força física e disponibilidade impressionantes. Nos duelos mais intensos raramente Fejsa perde uma bola, corre o meio campo todo e pressiona toda a gente sem nunca dar uma bola por perdida. E como já disse noutras vezes parece-me ter melhor critério no passe (e melhor técnica) que Javi Garcia. Mais discreto que um Enzo Pérez mas super eficiente, este sérvio "descoberto" na Grécia tem marcado pontos na equipa e no coração dos adeptos. Sem ninguém se aperceber, Fejsa é hoje o Pulmão do Benfica. E que pulmão! 4

ENZO - se Fejsa é o Pulmão, Enzo é o Coração. Em centros de terreno por vezes labirínticos, El Principito descobre sempre a saída, empolga as bancadas com as suas mudanças de velocidade e direcção e é ele quem gere a dicotomia defesa/ataque de toda a equipa. Hoje não cheirou o golo, mas nota-se, até nos adversários, um respeito enorme por uma das grandes figuras do Campeonato 13/14. 3

GAITÁN - o canhoto argentino tem sempre uma delicatessen no seu arsenal para nos oferecer e junta a isso um espírito de sacrifício notável, que o tornam num dos maiores destaques deste Benfica, cuja imagem assenta perfeitamente a Nico Gaitán: um maestro de fato-macaco. 3

MARKOVIC - o sérvio d'Ouro esteve apagado hoje, não se viram as acelerações brutais nem as diabólicas diagonais. Apesar do menor fulgor, Markets cumpriu tacticamente num jogo com pouco brilho. 2

RODRIGO - quando se lançou na direcção da baliza do Estoril ainda no seu meio-campo houve ali um déjà-vu fenomenal. A cadência, a potência na condução de bola deixando adversários a "milhas" no seu "solitário" percurso até ao golo deu-me um vislumbre do grande Ronaldo Fenômeno. Não terá a mesma ponta de velocidade do mito Ronaldo Nazário, mas há ali uma mudança de velocidade da engrenagem fenomenal que recorda os bons velhos tempos do brasileiro. Nesse lance acabou por falhar (remate de pé direito...) mas já havia feito um belo golo de primeira (de pé esquerdo). Pode ser um dos '9' que vão marcar o futebol europeu na próxima década, faltam-lhe "só" mais golos e mais eficiência. Correu bastante e vimo-lo pelo enésimo jogo a dobrar colegas defensivamente (em quantos e quantos lances de contra-ataques adversários já vimos Rodrigo a fazer sprints brutais e aparecer na nossa área ?) mostrando o seu fulgor físico actual. Depois de um início de época horroroso (até ao golo de Bruxelas ao Anderlecht) desfrutemos do melhor de Rodrigo Moreno. 4

LIMA - quando desperdiçou uma oportunidade de golo no minuto inicial veio-me à mente a sua desinspiração dez meses antes frente a este mesmo adversário (desperdiçando 3 golos cantados nos primeiros 20 minutos). Voltou a falhar um golo mais tarde e a concretizar um numa bela jogada colectiva do Benfica, mas foi-lhe anulado o festejo num offside muito mal marcado. Apesar disso Lima nunca vira a cara à luta e o seu esforço incansável merece o meu respeito. E o de JJ também, porque quando tira um dos dois avançados...normalmente Lima fica em campo. 3

SALVIO - vai acumulando minutos na procura da melhor forma, hoje teve menos destaque (apesar de ter contado mais minutos) e apesar de alguma desconexão com a equipa, parece-me estar fisicamente quase na plenitude. Talvez o vejamos a dar cartas em White Hart Lane, palpita-me... 2

RUBEN AMORIM - gosto da forma entusiasmada como entra sempre em campo, procurando emprestar alegria e soluções à equipa. Hoje teve poucos minutos e pouco destaque (recordo uma perda de bola infantil e perigosa) mas é claramente o 12º jogador do plantel. Penso que em determinados jogos (se calhar já 5ª feira) a sua titularidade pode ser importante (como já o foi este ano, em Atenas por exemplo). 2

DJURICIC - segundos em campo e não sei se terá tocado na bola... Custam-me estas substituições em período de descontos, e Djuricic ainda recentemente passou por isso, mas nem chegando a entrar, visto que o jogo terminou com o sérvio já na linha lateral preparado. Eu sei que o que interessa é o Benfica e os interesses da equipa, mas um pouco de pedagogia nestas situações não prejudicava... Não tenho grandes expectativas com o contributo de Filip Djuricic no que resta da época (oxalá me engane e pelo menos nas taças ele ainda dê um ar da sua graça) mas espero que a próxima seja a da sua afirmação. A Djurici ainda lhe falta o click. -

Man of the match: Luisão.


P.S. - Jesus picou (ou sentiu-se picado, não sei) Marco Silva no final dizendo que o Benfica podia ter goleado (e podia!) e que estava à espera deste Estoril. Não gostei. Não gostei porque o Estoril foi uma senhora equipa e merece a honra dos vencidos, e porque não vi Jesus ter afirmações ácidas destas quando defrontámos espécies de treinadores adversários que nada acrescentam ao futebol português e que se limitam a perder por poucos prejudicando fortemente o espectáculo. Não sei se foi o ego de JJ a responder ao maior destaque dos media ao jovem treinador estorilista ou apenas a defesa do poderio actual do Benfica, espero que tenha sido a segunda, mas acho que foi a primeira. Mister se é para mandar bocas escolha melhor os adversários: os nossos rivais!

P.S. 2 - houve um golo muito mal anulado ao Benfica (seria o 3-0 e o fim do jogo) mas antes houve também um offside mal tirado (este foi no limite) ao Estoril com o resultado em 2-0. No caso de Lima foi golo, no do Estoril, apesar da oportunidade ser prometedora, não se pode falar em certeza de golo.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Época 2013/2014: opinião sobre a primeira metade

A época 13/14 começa ainda sobre o espectro do pesadelo vivido nos últimos jogos da temporada anterior, os adeptos estão descrentes e a equipa não galvaniza. Nas pré-épocas do Benfica é comum ver-se uma euforia generalizada com as expectativas de toda a gente em alta. Em Julho/Agosto o céu é o limite. Nesta pré-época não se viu nada disso, observámos uma equipa tristonha e um pouco à deriva.

Viveu-se um tempo estranho, o Benfica não tinha uma voz de comando nem um caminho bem definido. Aquele que vinha sendo o maior "gestor desportivo" do Benfica nos últimos anos - Jorge Jesus (para o bem e para o mal) - parecia também anestesiado e a derrota na 1ª jornada do Campeonato foi quase esperada (6 meses depois é ainda a única em provas nacionais).

Depois de 3 pontos "jogados fora", soou o alarme (tarde!) e Luís Filipe Vieira deu uma boa entrevista esclarecendo muita coisa e acalmando as hostes. O Benfica continuou a jogar pouco (só perto do final do ano civil arrancaria as primeiras grandes exibições, em Atenas e no derby da Taça de Portugal) mas foi-se mantendo perto da liderança da Liga.

Vários jogadores-chave apresentavam-se muito longe do exibido na época passada (Garay, Matic e Lima por exemplo) e a equipa tardava em transmitir confiança e esperança aos adeptos (o número de espectadores na Luz era a prova disso - apesar de liderarmos assistências...). Em contraste com o fraco desempenho no jogo jogado, havia altíssimas expectativas por parte da administração que sonhava com a final da Champions no Estádio da Luz e que, pela voz do Presidente, considerava este «o melhor plantel dos últimos 30 anos». Alguma coisa não encaixava...

Eu considerei este o melhor plantel dos últimos 20, com soluções para todo o género e feitio e com uma série de jogadores fabulosos. Ora sendo este o melhor plantel da era Jesus, porque exibíamos então o pior futebol (de longe) dessa mesma Era ?? Jesus parecia ser o denominador comum e o "culpado" mais óbvio.

Mas há outros aspectos a considerar, desde logo o "melhor plantel". O jogador em melhor forma durante toda a pré-época chama-se Toto Salvio. O único extremo que é capaz de ir à linha de fundo e ao mesmo tempo apoiar defensivamente. O nosso extremo mais desequilibrador está lesionado há 5 meses (desde a 3ª jornada em Alvalade) e não há ninguém com as suas características...

Depois há ainda o melhor marcador estrangeiro da História do Sport Lisboa e Benfica: Oscar Cardozo. Depois de um defeso em que encheu capas e capas de jornais e em que a sua saída esteve iminente, o paraguaio acabaria por permanecer entre nós (mas sem pré-época feita). Em boa hora Vieira não cedeu à pressão de "vender de qualquer maneira" e, não existindo nenhuma proposta que correspondesse às expectativas do Benfica, Cardozo estava de volta ao grupo.

Portanto, este grupo estava órfão não só do melhor extremo mas também do melhor marcador. Assim talvez se perceba melhor a escassez de golos mas não serve de desculpa para o fraco rendimento defensivo.

Cardozo ainda demorou a ficar em forma e a começar a facturar, mas quando o Tacuara encontrou o caminho das balizas contrárias, os golos e boas exibições sucediam-se. Foi neste altura, para mim o melhor momento de forma de sempre de Oscar Cardozo, que o paraguaio se lesionou (4-3 frente ao Sporting na Taça de Portugal) e continuou de fora até hoje...(voltará frente a uma das suas vítimas preferidas na 18ª jornada ??)

Com a subida de forma de Matic & Enzo Pérez o rendimento da equipa melhorou e defensivamente tivemos uma melhor estabilidade. Mas a verdade (e contrariamente a outras épocas) é que continuávamos sem ter um 11 base e íamos alternando a nossa estratégia e os nomes que a compunham. Houve a questão das laterais (Cortez é um erro de casting), Siqueira e Sílvio tiveram lesões arreliadoras logo de início, e Maxi teimava em estar longe do fulgor exibido noutras alturas. Restava André Almeida, que tem - misteriosamente para mim - jogado pouco esta época.

Na frente tivemos um Lima batalhador mas com uma eficácia muito pequena e a milhas da época passada; e Rodrigo fez um primeiro terço de época desastrado, a roçar a vulgaridade. No último mês e pouco Rodrigo tem feito inúmeros golos e boas exibições, parecendo retomar a forma que o notabilizou entre nós. E talvez por isso se volte a falar na sua venda....

Outra incógnita para mim é o desaparecimento do outro André (Gomes) da equipa e até das convocatórias. Um jovem jogador que na época anterior foi titular em Nou Camp e Alvalade, nunca se intimidando e arrancando belíssimas exibições, está esta época arredado da equipa principal. Apenas na equipa B se vai mostrando, invariavelmente com grandes exibições e golos...

Tal como Rodrigo, também se fala na venda de André Gomes (por 15M), o que me parece absurdo, apesar de quinze milhões serem um bom negócio. Mas trata-se dos poucos portugueses de nível do plantel e com potencial para se afirmar na equipa A e mesmo na Selecção Nacional.

Quando Javi Garcia foi vendido, o espanhol disse que dentro de pouco tempo os beniquistas se esqueceriam dele porque ficava Nemanja Matic. Pois bem, a profecia do espanhol cumpriu-se e no momento da saída, Matic disse algo parecido acerca de André Gomes «vai ser o melhor médio do Campeonato».Depois da saída do melhor jogador do plantel (Matic) parece-me ridículo que se equacione a saída de André Gomes, mais do que a sua pouca utilização na equipa principal.

E sem Matic, o Benfica vê-se neste momento privado, provavelmente, das suas 3 pedras mais influentes: Matic, Cardozo e Salvio. Coisa pouca...  Mas falemos de Matic e da sua venda. É ponto assente que vendemos o melhor jogador do plantel e é claro também que 25M (ainda que a pronto pagamento) é um valor muito aquém do nível do sérvio. A sua cláusula era de 50M, valor que Vieira exigiu no Verão (e houve ofertas bem acima de 30M...), portanto o que levou o Benfica a abdicar, no máximo de 25M e no mínimo de 10M ??

Diz-se que a saída da Champions League ditou esse destino, mas que eu saiba, o apuramento para os oitavos de final rendia menos de 10M (apuramento + bilheteira). Para obtermos 25M na Champions...só vencendo a competição. Parece-me claro que a tesouraria precisava de mais que os valores de passagem aos oitavos de final da Champions...

Houve um grande esforço financeiro no defeso passado para não se vender ninguém importante, tudo bem, mas a gestão da venda de Matic parece-me péssima. Desportiva e financeiramente! Muito mal têm que estar os cofres da Luz para ter sido tomada esta decisão. Matic vale muito mais que 25M, e no final da época o sucesso desportivo (mais provável com Matic em campo) poderia catapultar o sérvio para valores bem mais condizentes com o seu real valor. Portanto o Benfica hipoteca algum do seu sucesso desportivo por 25M...viva o sucesso económico do Clube.

Eu sei que um clube como o Benfica não pode viver acima das suas posses, e que, supostamente, Matic teria feito alguma pressão para sair já, mas será que não há ali um "gestor" desportivo e/ou financeiro que saiba ler esta situação e procurar a melhor saída para o Benfica ?? O Matic, que não pode jogar na Europa por outra equipa, seria tão difícil de convencer durante "apenas" mais 6 meses ?? Conhecendo as pessoas que estão agora no Chelsea (toda a entourage Mendes & Mourinho) não me custa a acreditar que tenha havido pressão "inglesa" para Matic sair já...mas é assim tão imprescindível para eles ?? Mourinho já deitou a toalha ao chão na Champions (visto não poder utilizar o sérvio) ??

Tudo isto não passam de especulações, mas a verdade é que o Benfica não tomou (ou não soube tomar) uma medida de força nesta negociação, estaremos mesmo fragilizados financeiramente ? É que continua-se a falar de outras vendas (Garay, Rodrigo, André Gomes) e de muitos milhões...afinal de quantos milhões necessitaríamos se tivéssemos permanecido na Champions ? Enfim..

Sobra para o mesmo de sempre...o treinador Jorge Jesus (o ás de trunfo da "gestão-SLB" ou sr 200M como lhe chamam os tecnocratas do Clube) que pela enésima vez não se queixou e disse já que vai encontrar soluções dentro do plantel (A e B). Um treinador assim é o sonho de qualquer gestor económico: trabalha "pedras" e transforma-as em diamantes.

Na verdade, o trabalho de JJ é esse, encontrar soluções para as vitórias, e se não podemos caçar com cão... Resta-nos esperar que mestre da táctica saiba capitalizar a muita matéria-prima do CFC e "espremer" o máximo dos craques que por cá continuam. Porque até aqui, e com tantas contrariedades o Benfica lidera isolado o Campeonato, é a única equipa apurada para as meias-finais da Taça da Liga e está nos quartos de final da Taça de Portugal (visita o Penafiel).

Na Europa foi eliminado da Champions com 10 pontos (pontuação suficiente em mais de 80% dos casos para seguir em frente) e está nos 1/16 da Liga Europa (frente ao PAOK). Portanto e face a tudo o que já se passou esta época (sobretudo o primeiro terço) a equipa parece estabilizar e crescer nesta fase crítica, veremos se há estofo de Campeão entre os nossos, porque de sacrifício e solidariedade já são eles vencedores. Termino com um excerto do Tertúlia Benfiquista, que me parece resumir na perfeição o que foi esta primeira metade da época (as palavras são do Gonçalo, a.k.a. D'Arcy):

«Debaixo de constantes críticas da imprensa e dos seus próprios adeptos, a ter que superar a carga psicológica negativa do terrível final da época passada, com diversos jogadores fulcrais indisponíveis por lesão, com o treinador suspenso durante um mês, o Benfica foi a melhor equipa da primeira volta do campeonato, mesmo que outros tenham sido os campeões das loas. Estamos em primeiro com todo o mérito, e apesar das inúmeras contrariedades que nos têm afligido»


P.S. - na 1ª volta jogámos fora no Marítimo (D), Guimarães (V), Estoril (V) e Sporting (E), 4 deslocações que considero difíceis, e ainda vencemos na Académica e Rio Ave, onde nos últimos anos temos tropeçado. Na segunda volta temos Braga, Nacional e Porto como as saídas mais complicadas, portanto acho que devíamos fazer mais pontos nestes últimos 15 jogos do que nos primeiros 15. Não podemos é perder 4 pontos (em casa!!) com novos primodivisionários como Arouca e Belenenses...

domingo, 12 de janeiro de 2014

Foi à Eusébio !!

Dizia o King «enquanto eu joguei, o Porto nem cheirou», referindo-se às conquistas de Campeonatos (inexistentes) por parte dos nossos rivais. Hoje foi mesmo assim, com 11 Eusébios em campo, o Porto nem cheirou.

Foi um jogo de grande entrega e raça dos nossos rapazes, demonstrando a garra de que é feito o Benfica. E essa foi a melhor resposta ao muito que se disse e escreveu (os ridículos pseudo-intelectuais que tentaram minorizar uma figura mítica, espantados pelo poder e impacto de um miúdo pobre da Mafalala; e também aos pobres de espírito que através de blogues afectos ao Porto gozaram, faltaram ao respeito e - como sempre fazem - insultaram os benfiquistas e tudo o que seja vermelho).

Aos primeiros, sobretudo os "jornalistas desportivos", os que diziam coisas como uma derrota do Benfica será muito difícil de superar ; ficar a 3 pontos de Porto e Sporting é um duro golpe ; Jesus tem medo ; Jesus vai mudar ; e outras balelas do futebolês, aqui fica o voto de resto de um bom Domingo e a farmácia de serviço já recuperou o stock de Rennie.

Aos outros, os idiotas úteis, os que se dizem adeptos de um clube e passam a semana a "postar" verborreia sobre o Sport Lisboa e Benfica (porque de facto eles só vêem encarnado...), a esses deixou-lhes uma citação de Maradona...

Custou-me ver e ler as barbaridades que se disseram, hoje atingiu-se mesmo a pouca vergonha de se fazer uma capa de jornal dizendo que Matic se recusara a seguir para estágio. Perdeu-se toda a vergonha e tentou-se tudo. Enganaram-se no alvo. Matic é enorme, um senhor e respondeu como sempre: em grande! dentro do campo!

A outra teoria que tentam passar por verdade (e há beniquistas a sustentarem-na) é que JJ tem medo do Porto, como antes "tinha um buraco no meio campo só com 2 médios" e ainda "não se pode jogar com 2 avançados". Pois bem, JJ respondeu no campo: com 2 médios (Enzo & Matic) e 2 avançados (Lima & Rodrigo). Resultado ? Outra dupla, de golos! Benfica - 2, Porto - 0

Jesus colocou a melhor equipa neste momento (Salvio e Cardozo fariam parte do 11 se estivessem em condições) e jogou como joga quase sempre (só muito pontualmente - por motivos de forma ou tácticos dentro dos 90 minutos ele altera o modelo de jogo). Eu, pessoalmente gosto que as pessoas tenham convicção nas suas ideias, se acreditam num modelo devem trabalhá-lo para o potenciar e não abandonar ideias ao sabor do vento. O Benica deve jogar sempre com 2 avançados ? Na esmagadora maioria dos jogos defendo que sim, aliás, se se trabalham automatismos numa táctica (e é nessa que este Benfica está formatado) não faz sentido grandes alterações em competição e com pouca convicção.

Mas não se devia mudar quando os resultados são escassos ? Sim e Não. Se os resultados não aparecem, SIM é preciso modificar algo; e NÃO, não é necessário que seja forçosamente o desenho táctico. Dentro duma táctica há vários modelos e várias sub-tácticas dentro da equipa, a forma como as várias "duplas" (a de centrais, a dos médios centro, a dos avançados, a do lateral com o extremo) se encaixam e solucionam dificuldades deve ter tanta ou mais incidência como a disposição no papel. O Benfica de 09/10 defendia com 3 (Luisão, David Luiz e Javi Garcia) e sofria pouquíssimos golos.

Mas eu nem me chateio muito com golos sofridos, preocupa-me mais poucos golos marcados, porque nós fomos, somos e seremos uma equipa de ataque, à Eusébio, à Benfica. E uma equipa que ataque tanto, ficará forçosamente mais exposta ao adversário. Não deveria então haver uma situação de compromisso, de meio termo, onde, mesmo marcando menos não passássemos por tanta exposição defensiva e ficássemos menos expostos ? A racionalidade dirá SIM, nenhuma equipa do Mundo ataca os 90 minutos sem sofrer qualquer sobressalto (nem a equipa nº1 actualmente, o Bayern), portanto seria importante dosear os esforços e as "basculações" da equipa, tornando-a menos vertiginosa e mais compacta. Pessoalmente prefiro ganhar 5-4 que 1-0, mas admito que no futebol de hoje em dia não se fazem tantos golos a todas as equipas, logo, o recato também é importante (por muito que me custe ver os nossos a "fazer posse" ou a "gerir"...).

O ataque ganha jogos e a defesa campeonatos. Tenho que concordar com a frase e ela é a maior realidade dos nossos tempos, porque antigamente era Eusébio que ganhava campeonatos... No fundo, eu acho é que jogando ao ataque estaremos sempre mais perto de poder vencer, de sermos felizes, e "jogar à defesa" é coisa do Porto. Cresci assim, a ver o Porto plantado cá atrás, cheio de defesas e trincos (todos caceteiros da pior espécie) e o Benfica a tentar com arte e engenho (o jogo bonito) derrubar aquelas muralhas de feios, porcos e maus. E enquanto vir futebol, esse sonho de que o ataque, o artista vencerá a retranca, a expectativa e o jogo desleal e feio, viverá em mim. Penso em Valdano (ou Guardiola) e Mourinho, o português já ganhou tudo em todo o lado, mas muitas vezes de forma pouca empolgante. O argentino Valdano defende a estética do futebol, defende que vencer não chega, a forma como se vence é muito mais importante para ele. Talvez os resultadistas levem campeonatos para casa, nada mais, mas os românticos, os líricos ficam eternamente na memória colectiva.

A laranja mecânica de 74 não venceu o Mundial, mas é dela que se fala e não daquela Alemanha campeã mundial. Vou sempre preferir um Messi a um Cannavaro. Um Zidane a um Materazzi. O futebol não é científico nem lógico mas nada me dá mais prazer que vencer bem, com golos e a jogar bom futebol.

O Benfica venceu bem, correu muito (Lima poderá ter passado despercebido, mas correu quilómetros) e teve uma garra incrível (à Benfica), o resto, a arte e engenho foram os mesmos de sempre, o que foi diferente hoje foram os litros de suor (e de lágrimas) que os nossos jogadores mostraram.

A garra característica de Maxi Pereira esteve presente em todos (talvez o uruguaio até se tenha destacado menos nesse aspecto hoje - vi-o lento, não está em forma o nosso Maxi, e eu que sempre quis 11 Maxi's pergunto-me hoje se Sílvio ou André Almeida não serão melhores titulares...mas o jogo de hoje precisava do nervo do Maxi, o mais raçudo do plantel) e houve uma grande entreajuda da equipa. Fiquei com um amargo de boca por JJ não ter acelerado a equipa na parte final - podíamos ter goleado uma equipa adversária desnorteada - e ter preferido segurar o resultado. Sinal dos tempos...mas continuo com saudades do Jorge Jesus arrojado e de quando a nossa equipa não tirava o pé do acelerador.

Jesus está diferente (passaram-se mais de 9 messes desde a última vez que fizemos 4 golos - 6-1 ao Rio Ave até aos 5-0 ao Gil Vicente, única goleada desta época, já em Janeiro!), a época passada ter-lhe-á tirado alguma ingenuidade e voracidade, o Benfica hoje é uma equipa cautelosa. Esperemos que isso se reflicta em títulos no final.

O Benfica ganhou hoje muito por Eusébio (pelo ambiente que ele deixou nos nossos, público e jogadores) porque a arbitragem estava instruída para que o jogo fosse marcante mas com um resultado ao contrário. Mas se a época passada teve algo sobrenatural no seu final, os deuses hoje não nos deixaram cair, e depois da mão de Mangala (lembrou-me uma do Cebola Rodriguez, nessa mesma área e que também terminou com vitória nossa) veio a mão divina esbofetear Artur Soares Dias (que inclusivé faz o gesto com o braço direito para apitar, o instinto natural, mas que depois reparou que a camisola era azul e portanto "esqueceu-se" de soprar...) através da cabeçada fulminante de Garay.

A estratégia estava bem estudada, a única (!!!) oportunidade de golo do Porto surge num offside gritante de Jackson e até ao 2-0 o árbitro tentou....depois disso "perdeu-se". Como viu que já não iria haver fruta hoje, decidiu apitar tudo e bem (falhou um penalty sobre Quaresma e uma inenarrável bola ao solo). De resto expulsou bem a simulação de Danilo e apita a falta de Matic (levou amarelo) sobre Quaresma bem antes de a bola chegar a Jackson (que no instante da falta dura nem se sabia onde iria cair a bola). Mas garanto-vos que se o resultado fosse apenas 1-0 aquelas quedas portistas na nossa área tinham dado um ou dois penaltys para eles (vide épico Braga-Guimarães da época 09/10). Como o Porto já não chegava lá tentou não prejudicar muito a nota do observador e apitou sem estratégia (e sim, este Artur portista é filho de outro portista, árbitro e de mesmo apelido, a família Soares Dias há muito vem manchando a verdade desportiva deste país com desastrosas arbitragens).

No jogo jogado gostei do passe sublime (foi mais que perfeito) de Markovic no 1º golo, é um golaço de Rodrigo mas fiquei de tal forma impressionado com a assistência que o Mundo parecia ter parado naquele segundo e que o consequente golo foi apenas um resquício bonito da genialidade do sérvio. O espaço era curto, a velocidade dos jogadores em movimento era muita e Markovic coloca a bola de forma incrível (na trajectória, na velocidade imprimida, no sítio perfeito para ser rematada de primeira e em corrida) e com uma souplesse desarmante. Valeu Marko! (gostei quando te "apresentaste" ao Quaresma).

Rodrigo perderia um golo isolado na segunda parte (ok, foi com o pé direito, mas um toque mais subtil, menos forte teria resultado no 3-0) e Enzo idem. Matic (será que era ele ? não se tinha recusado a ir para estágio ?) foi o Matic de sempre: um monstro do futebol! Arrisco-me a dizer que com Matic o título não escapa, sem ele...também não (mas é muito, muito mais difícil), preferia vender Rodrigo e Gaitán (dois excelentes jogadores que gosto muito) a perder o sérvio, mas segundo as últimas notícias Nemanja Matic vai mesmo sair este mês...  Eu sei que o Benfica precisa de dinheiro, mas será que o título e o desempenho desportivo desta época não ficará em risco sem Matic em Janeiro ? Ainda por cima, a confirmarem-se os valores de 25M, muito abaixo do seu valor... Não seria mais inteligente vendê-lo no Verão com outra valorização de mercado ?

Quando Javi saiu disse: «vendam-nos todos menos o Witsel!». Poucos dias depois saiu o belga e achei que ia ser muito complicado. Apareceu Matic e um mês depois já nem pensava em Javi nem em Witsel. A vida continua é verdade, e o Benfica superior a todos, mas perder Matic vai doer muito...

E chegados ao fim da primeira volta, a tal equipa que para os experts não joga nada e é fraca perante os colossos Sporting e Porto, lidera isolada (!!!) a tabela classificativa com mais 2 pontos que os rivais de Lisboa e 3 sobre os do Porto. Agora imaginem quando começarmos a jogar à bola...

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os Arcos do Triunfo

O jogo mais difícil da nossa Quaresma (e não me refiro ao facto de Miguel Quaresma acompanhar Raul José no banco, mas sim à ausência do nosso Jesus) era esta deslocação ao Estádio dos Arcos, senão veja-se que nos últimos 5 anos contamos dois empates e três vitórias (sempre pela margem mínima - 1-0 ; 1-0; 2-1) na casa do Rio Ave.

Acresce a estes dados o vírus Champions, que transforma o jogo seguinte à mais difícil prova do Mundo de Clubes numa incógnita face ao desgaste acumulado. O Rio Ave, apesar do mau momento em casa, é uma boa equipa, com bons jogadores e bem orientada.

O jogo foi morno na primeira parte com destaque apenas para o nosso golo, Rodrigo desmarca Lima na esquerda, este cruza tenso para a área, onde, após falha do GR adversário, o mesmo Rodrigo que havia iniciado a jogada conclui sem dificuldade. 0-1 para nós e Rodrigo, outra vez a marcar.

No segundo tempo sofremos o empate por falta de concentração; cruzamento largo, André Almeida (hoje defesa esquerdo, mas muito competente) tentou fechar ao centro e não conseguiu desviar a bola com eficácia, o seu cabeceamento falhado cai nos pés de Ukra (sorte deste) que bateu Artur (saiu rápido da baliza mas não evitou o golo).

Depois do empate o Benfica voltou a "carregar" e viveu os seus melhores momentos no jogo. O empate seria quebrado por um golaço de Lima, que num livre directo rematou num arco perfeito e com a bola a entrar ao ângulo. Uma assistência e um golo para Lima e outro golo de Rodrigo, dois jogadores que viviam uma época apagada face ao brilho de Cardozo, e que nos deram a vitória neste difícil encontro.

Depois do 1-2 o Benfica continuou a jogar bem e chegaria ao terceiro. Desta vez inverteram-se os papéis em relação ao 1º golo: Rodrigo assistiu Lima (que minutos antes havia falhado um golo feito) e este, de primeira, fez o resultado final. A liderança do Campeonato já não escapava.

Rodrigo & Lima foram os artífices desta vitória (ambos com uma assistência), com 2 golaços de Lima e um "fácil" de Rodrigo, mas no geral gostei da atitude de toda a equipa. Fejsa parece-me ser um cabeça de área muito interessante, numa função similar a de Javi Garcia, pode ainda não ter a contundência do espanhol, mas parece-me melhor no primeiro passe de construção.

Enzo Pérez nunca joga mal, e, hoje por hoje, é o grande motor da equipa. André Almeida está um senhor jogador e é opção válida para qualquer um dos corredores (será um crime se não fizer parte dos eleitos para o Mundial do ano que vem).

Segue-se o Arouca em casa já na sexta-feira (gostei que Matic tivesse levado amarelo no final do jogo, cumprindo assim o castigo num jogo mais "simples" como o próximo e repousando para a última jornada da Champions, além de estar disponível, e não condicionado, para jogos mais importantes do Campeonato) e na terça seguinte, o PSG na Luz, para vencer e perceber se o nosso trajecto europeu em 2014 continuará na LC ou na LE.

P.S. - grande jogo do Benfica B (3-1 ao Porto B) que está recheado de grandes atletas, o nosso futuro passa por ali.

P.P.S. - salientar o minuto de silêncio de Benfica e Rio Ave face à morte do pai de Fábio Coentrão, a ele e à família as minhas sentidas condolências.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Destino nos nossos pés

Jesus teve um "intervalo" no castigo, voltou ao banco e... decidiu. Ok, tirar dois dos melhores em campo (Enzo e Gaitán) para que entrassem Sulejmani (praticamente sem jogar desde Agosto) e Rodrigo (numa forma horrível e a quem tudo parecia sair mal) não pareciam golpes de génio, mas resultaram numa vitória inédita no terreno do Anderlecht, portanto kudos JJ.

Mas voltemos ao início do jogo. O Anderlecht estava a 3 pontos do Benfica e via uma chance única para entrar na disputa pelo 3º lugar e consequente qualificação para a Liga Europa. Renascidos com o empate conseguido no Parque dos Príncipes (na jornada anterior), os belgas agarraram-se com unhas e dentes a esta última oportunidade. Têm uma equipa jovem recheada de bons valores (Praet, Mbemba, Bruno, Mitrovic e Suárez que não jogou por lesão) e com muito potencial, mas falta-lhes ordem e disciplina táctica.

O Benfica entrou melhor mas viu-se cedo a perder. Depois do 1-0, o Anderlecht chegou a ter uma linha de 6 defesas, num atípico 6-3-1, onde tinha 3 jogadores no centro do terreno e Mitrovic como "corpo estranho", o avançado isolado. Nós tínhamos muitas dificuldades em trocar a bola criando perigo e sucediam-se as perdas de bola infantis. Também não houve as solicitações às diagonais de Markovic, portanto furar aquela linha de 6 só surgiria numa bola parada.

E foi Matic a fazer golo de novo. Livre bem batido por Enzo Pérez (enorme jogador) para a zona entra a defesa e o GR, e Matic a cabecear para o empate. A equipa pareceu acreditar nela própria e este desafio estava longe de ser resolvido. No início da segunda parte, Gaitán (transfigura-se na Champions, e ontem via-se que queria fazer "estragos", estava com fome de bola) tem um grande lance, onde acaba por ser desarmado pelo último adversário - devia ter solto a bola antes desse momento - e estatela-se. A bola sobra para o omnipresente Enzo, Gaitán levanta-se e cria uma linha de passe para o compatriota, Pérez faz um passe simples e directo e deixa Nico Gaitán na frente do GR. Estando descaído para a direita, Gaitán não pode visar a baliza com o seu pior pé, faz então uma rotação ao mesmo tempo que domina a bola, preparando o remate com o pé esquerdo, que executa de seguida, a bola ainda bate num adversário antes de entrar na baliza. Com 52', o Benfica passa pela primeira vez para a frente do marcador.

Tudo parecia encaminhar-se para uma vitória tranquila e para um avolumar do resultado, mas falta classe a este Benfica, que não só não soube matar o jogo como permitiu o empate com menos de 15 minutos para o final. Esse golo entrou pelo poste que cabia a Artur, mas a violência do mesmo talvez sirva de desculpa, não se pode é desculpar a fraca pressão defensiva dos jogadores benfiquistas, sobretudo a Vanden Borre, que, a passo, escolheu onde e a quem meter a bola.

Se a nossa exibição já vinha perdendo cor, a perda da vantagem (e consequente adeus à Champions) parecia ser o nosso fim. Teria JJ poupado Gaitán (por Sulejmani) demasiado cedo? O argentino parecia capaz de, num lance de génio, fazer o check mate aos belgas e o sérvio Sulejmani nada tinha acrescentado.

Nova bola parada. Se há coisa em que Sulejmani é bom é a cruzar e a bater bolas paradas. Cruzamento perfeito do sérvio a isolar Luisão em jogada de laboratório (Luisão colocou-se no vértice da área, apareceu Markovic a bloquear - no limiar da falta... - o marcador de Luisão) mas o capitão falhou inexplicavelmente o cabeceamento sem ninguém a importuná-lo.

Com pouco engenho mas muita adrenalina, o Anderlecht também criava frisson na nossa área (bem Artur nesta fase) e apesar da forma atabalhoada (e de muitos erros nossos) ameaçava marcar. É na sequência de um desses lances que Maxi (hoje muito pouco afoito ofensivamente, ordens de Jesus certamente) dá um "charuto" na bola e Lima vai disputá-la sobre a linha divisória. E é este o momento decisivo para mim - o lance de Lima - porque é no cabeceamento excelente de Lima que se constrói o golo da vitória. Ofensivamente o Benfica disputa poucas bolas aéreas (Lima, Cardozo e Rodrigo ganham poucas, mas disputam menos lances destes do que os que deviam), os nossos avançados parecem ter pouca confiança neste gesto muitas vezes fundamental. Mas neste caso Lima encheu-se de fé e procurou uma bola perdida, aliviada por Maxi, a sua crença permitiu-lhe não só ganhar o lance como ainda deixar a bola redondinha nos pés de Sulejmani. O sérvio deu dois passos e isolou Rodrigo com um passe simples, o malogrado Rodrigo (entrado há 3 minutos apenas havia feito uma falta, inexistente diga-se) estava isolado em frente ao GR belga, no minuto 90 da partida.

O hispano-brasileiro deu um toque na bola (o seu 1º no jogo) preparando o remate com o pé esquerdo... (por momentos pensei no seu falhanço de Nou Camp...) e o seu segundo toque na partida foi o remate para a baliza. Um remate como têm sido as suas prestações: desajeitado, trapalhão e sem grande objectividade. Mas esse remate "tosco", além de bater nas pernas do desamparado Proto, deu golo! Deu golo, deu a vitória, deu 1M de euros e sabe-se lá se não terá sido o início da tragédia grega...para os gregos (que mais ou menos nessa altura sofriam o 2-1 que os derrotava em Paris).

Não satisfeitos com a improbabilidade de uma vitória nos últimos suspiros de um desafio, os benfiquistas em campo ainda acumularam 2 ou 3 erros de bradar aos céus nos restantes minutos de compensação. Parecia que queriam mesmo "animar o ambiente" até ao último segundo. Último segundo que aconteceu quando 2 jogadores nossos iam isolados para a baliza belga apenas com o GR como oposição, mas o urso do árbitro decidiu apitar, um tal de Daniele Orsato, pois...

Fejsa mostrou que é um bom elemento e vai ser muito útil. Artur falhou num cruzamento mas de resto pareceu-me concentrado (no lance do 2-2 tem atenuantes). Enzo e Matic são craques, têm muita classe mas...são apenas 2 jogadores. Markovic é um génio mas precisa compreender rapidamente que não vai ter lances maradonianos todos os jogos. Lima fez um bom jogo, competente e Rodrigo esperemos que tenha acabado com o péssimo momento que atravessava.

No final uma coisa me chamou a atenção, Matic disse algo como «também podemos ganhar jogos no último minuto». O que mostra que os jogadores ainda não estão (ou não estavam) refeitos dessa praga de sofrer golos no fim. Mas talvez se tenha invertido uma tendência neste jogo.

P.S. - muito difícil e importantíssimo o jogo que se segue frente ao Rio Ave. Nunca temos facilidades naquele campo e quando vencemos são sempre jogos duríssimos com vantagens magras. Ora vindo nós de um jogo de Champions (e o Rio Ave é uma das boas equipas da Liga) a dificuldade aumenta...mas é imperioso vencer! Por isso, todos ao Estádio dos Arcos apoiar o Maior!!!