Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade
O vento sopra em desatinos arreliando as roseiras que insistem em dar flor.
As pétalas pousam e esperam que o sol as queime ou a chuva as escureça e então se apertam ao chão que as abraça para renovar a terra.
Como o poeta canta, elas vivem o presente e dão cor às pedras, enfeitam o verde enquanto são viçosas.
Há tempestades no céu que se adivinham, mas por enquanto as nuvens vagueiam mansas entre pedaços de azul, de cor cinzento escuro mas debruadas a branco luminoso, em folhos brilhantes como saiotes reflectindo o sol.
Uma vez só questionar o futuro ou o passado, traz arrepios que o vento transporta.
Assim, entre cinzas e escolhos, sejamos solidários, dancemos com ele.