Aderbal Silmeira, vulgo Silmeirinha, candidato a vereador pelo PHB, na verdade atua primeiramente como motorista do C-10, vulgo Fátima/Central, além de acumular as funções de cobrador e vendedor de guloseimas, tudo isso durante o itinerário. Não satisfeito em empurrar balas pastilhas e jujubas aos passageiros enquanto cobra a passagem e calcula o troco, anuncia, entre uma curva e outra, sua extraordinária candidatura; obrigando todos a ouvirem o pavoroso jingle repetidas vezes durante o trajeto que, acredite, nunca pareceu tão longo. Sorte a dos que saltam ainda nos arcos da Lapa, antes do pequeno mas infeliz congestionamento que sempre se forma a essa hora na avenida Mem de Sá. Apesar de versátil multi-tarefas, Silmeirinha as realiza todas com a mesma incompetência e desleixo e, enquanto dirige o ônibus com o som no último volume, ainda arruma tempo para discutir com a senhora que, segundo ele, entrou pela porta de trás sem pagar o bilhete; ao que os outros passageiros contestam em tom desaprovador e têm de descer nos pontos errados, já que ele não lhes dá a mínima atenção. Se pudessem, certamente todos votariam pelo impeachment do motorista ali mesmo.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
música eleitoral
Dia desses, minha mulher lembrou de uma frase que eu havia dito sem pensar muito: o patamar mais baixo da música é o jingle político. Vocês hão de convir que não há nada mais irritante — exagero, eu sei — do que um sertanejo, baião, ou outro estilo popular qualquer, devidamente higienizado, com uma letra mal encaixada louvando esse ou aquele candidato. A tentativa patética de, humanizando-o, caracterizá-lo como "do povo", "um cara comum", "um homem (ou mulher) de visão" ou qualquer outra baboseira do tipo, não apenas soa tão falsa quanto um anúncio de água em póTM, como expande o significado do termo "genérico". Me faltam o tempo e, francamente, a paciência para tanto, mas é possível que uma pesquisa, mesmo que superficial, consiga traçar os perfis básicos do jingle político brasileiro em alguns poucos estilos e métricas nas últimas décadas. [1]
terça-feira, 27 de setembro de 2016
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
mais leituras aleatórias
Ao voltar de uma viagem a Curitiba, me deparei com uma queima de estoque de livros novos no aeroporto. Entre os títulos psicografados e auto-ajuda para empresários, consegui encontrar algumas coisas interessantes a preço de banana, como o ótimo "Signos e Estilos da Modernidade - ensaios sobra a sociologia das formas literárias", do italiano Franco Moretti. A pompa do título brasileiro e de seu subtítulo pode ser o suficiente para um pedante mediano erigir uma reputação (como encontrei depois em um texto sobre o livro), mas, longe disso, a pretensão aqui é apenas compartilhar alguns trechos que me chamaram a atenção até agora e movimentar este pobre e deserto espaço.
domingo, 18 de setembro de 2016
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