A GUERRA DO VINIL
(em um passado nem tão distante - e nem tão distinto)
do livro
TALKING MACHINES - Some aspects of the early history of the gramophone
de V. K. CHEW (Londres, 1967)
p.34
O mercado de discos estava mesmo fadado a ser dominado pelo disco preto de goma-laca, com corte de agulha e 10 ou 12 polegadas de diâmetro, gravado dos dois lados. A Gramophone Company apresentou um disco de 10 polegadas em 1901 e um de 12 polegadas em 1903, e o primeiro disco a ser gravado em ambos os lados foi o Odeon, importado da Alemanha em 1904. Mas ainda haveria muita experimentação nas cores, materiais, tipo de corte e tamanho antes da padronização ser efetuada. Assim, o "inquebrável" disco vermelho Nicole, introduzido em 1903, foi um fracasso comercial, como também o foi o disco branco com corte fonográfico da Neophone, que trazia uma camada de celulóide sobre a base de papel comprimido, e sobreviveu, com a reorganização periódica da empresa fabricante, de 1904 a 1908. A firma Pathé, quando abandonou o cilindro pelo disco em 1906, também usava o corte fono; a gravação começava no meio em vez de na borda do disco, e era tocada com uma agulha de safira em vez de aço. Nas mãos da Pathé o corte fono foi tecnicamente bem-sucedido e a firma não introduziu um disco com corte de agulha até 1921.
Ao primeiro disco importado da Alemanha, o Odeon, seguiram o Beka, Favorite, Homophone, Lyraphone e outros. A competição entre eles forçou a queda do preço de um disco de 10 polegadas com dois lados de 4 shillings para 2 shillings e 6 pence em 1909, quando a Columbia entrou na batalha tomando o controle da Rena Company e lançando discos de dois lados a esse preço. A Gramophone Company parecia estar à parte da competição; seus preços permaneceram altos e ela não lançou discos de dupla face até 1912, mas sua subsidiária British Zonophone Company, tendo se fundido com a Twin Records em 1911, adentrou e eventualmente dominou a guerra de preços, o que produziu uma crise no setor de 1911 a 1914, enquanto uma enxurrada de novos discos alemães inundava o mercado e o preço do disco de 10 polegadas despencava até 10,5 pence.
A indústria das "máquinas falantes" estava bem servida na época, como sua contraparte hoje, pela imprensa especializada. As publicações Talking Machine News (de 1903), Phonotrader and Recorder (1906) e Sound Wave (1907) formavam laços valiosos entre fabricantes, comerciantes e o grande público. Nelas, a integridade editorial era teimosamente mantida, por vezes contra forte pressão de anunciantes gananciosos. Uma crítica musical séria focada em discos de gramofone apareceu regularmente pela primeira vez em 1906 na alemã Phonographische Zeitschrift; na Inglaterra não atingiu o alto nível acadêmico e de estilo que agora tomamos por certo em publicações sérias sobre o gramofone até a criação de The Gramophone em 1923. Críticas técnicas, hoje exercidas por engenheiros habilidosos e com o dom da popularização, apareciam largamente em colunas de correspondência e a única qualificação necessária para participar delas parece ter sido o entusiasmo.