Daniel Faria é poeta e historiador paulista. É uma honra começarmos nossas colaborações com ele. Por este poema, já dá para perceber por que eu recomendo que leiam sua obra. Lançou recentemente um livro pela Editora Dulcinéia Catadora, escreve para o site:
http://www.meiotom.art.br/ e no blog coletivo:
http://www.linguaepistolar.blogspot.com/
Quem não conhece, recomendo que leiam mais poemas dele, pois, como podem ver, vale a pena. Eu mesmo quero ler cada vez mais seu trabalho, são textos soltos, ritmados, intensos. Mas teria muito mais para falar do seu trabalho, pois uma obra assim precisa de uma análise mais precisa, coisa que não vou fazer aqui, por enquanto.
Segue abaixo o poema:
-Desterrado
(Um LP encontrado numa Feira de Antiquários)
Lado A (A situação hermética)
- Se você morrer hoje
flamívomo
veias de vidro
hidromel
Azar,
vai ficar rolando entre as pedras do caminho
sem descanso, um nome qualquer
seu nome, estas agulhas continuarão
ferindo sua boca por dentro mesmo depois da morte.
este é o castigo, distraído.
os piratas chegaram pelas tubulações
junto com os grifos mercadores de sangue congelado
e levaram todas as letras
mesmo as mais secretas, mesmo as trancadas nas gavetas
mesmo as indefinidas meras manchas
de quando você pensava que era um estúpido insone
sonhando em ser a anemia de um poeta oriental.
-
-
Lado B (O hermético situado)
- com seriedade
ela punha a luva de borracha
o som era um gatilho
seco sobre a pele, as mãos ao alto
em oração ou assalto:
- só vai ser uma picadinha
(não sei porque, ela sorria)
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