Por André Debevc
Durante anos procurou por ela em toda mulher que encontrava. Toda mulher. Ficou secretamente chato com isso. Até pra ele mesmo. Tentou mesmo nome, dia de nascimento e até compleição física. Nada. Por certas vezes até ia pra cama (ou acordava numa), com a impressão de ter achado um pouco do encanto, sossego lascivo e complitude que tinha encontrado nela. Mas até essa sensação, revigorante e animadora, se esvaía como lembranças de um sonho ao longo do dia. E nessas voltas que a vida dá, acabou dando de cara com ela de novo. Flertes, beijos e nada mais. Ela já não era a mesma. Ele com certeza também não. E os sonhos deles, menos ainda. Mesmo assim, isso nunca conseguiu apagar dentro dele aquele fogo, que só ela conseguia acender. Se existia uma nova versão dela, era mais dela ainda pra ele conquistar. Nunca conseguiu. Ela casou, mudou, mas – por obra dessas coisas inexplicáveis – sempre ficou com o mesmo cheiro. Cheiro do tempo em que ele chegou a ver que a felicidade não precisava ser um momento eternamente indo embora. Só que ela, a mulher que ele amou de verdade, foi embora. Tantas vezes. De tantos jeitos. Que ele parou de procurar por ela em toda mulher que encontrava. Um dia, ele acordou tendo certeza que nunca ia mais encontrá-la. Foi nesse dia que ele começou a encontrar alguém que não via há muito tempo: ele mesmo.