sábado, 13 de outubro de 2012

As malditas reformas!





As reformas … e a realidade das contas


Imagem retirada da internet.



Quando o Miguel Sousa Tavares disse na televisão, perante milhões de espectadores, que a idade da reforma devia passar para os 67 anos, esqueceu-se certamente de fazer as contas.

Premissas: (1) a esperança média de vida actual em Portugal é de cerca de 79 anos (Fonte – https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2102rank.html). (2) Uma pessoa que entre no mercado de trabalho aos 22 anos, vai ter que trabalhar 45 anos (até ver!). (3) Um funcionário público, como eu, desconta 11% do seu vencimento para a caixa geral de aposentações (CGA).

Com estas premissas, as contas são muito simples:

11% de CGA significa que temos que trabalhar cerca de 9 meses para 1 ordenado de reforma. 45 anos de trabalho equivalem a 540 meses, mas como precisamos de 9 de trabalho para cada ordenado de reforma temos 540/9 = 60 meses de ordenado. Ora 60/12 = 5 anos de reforma. Ou seja pagamos a nossa reforma até aos 72 anos (67 + 5). Mas nós actualmente vivemos em média até aos 79, o que nos leva à questão fundamental: quem paga os restantes 7 anos de reforma (79-72)?

Estas contas são muito piores do que parecem, porque não contei com: (1) a inflacção; (2) a ineficiência do governo na gestão dos dinheiros públicos; e (3) o facto do ordenado de início de carreira ser, em regra, muito inferior ao do fim de carreira (mas as pessoas pretendem reformar-se com este!).

Quais as soluções possíveis? A menos que os nossos governantes prevejam que o nosso futuro se assemelhe ao de um país africano como o Chad (esperança média de vida de cerca de 48 anos), as soluções possíveis são: (1) subir a idade da reforma (muito acima dos 67!); (2) subir a idade da reforma (menos) e diminuir o ordenado da reforma; (3) subir a idade da reforma (menos), diminuir o ordenado da reforma, e aumentar a CGA; (4) as pessoas fazerem planos de reforma complementares; e (5) tudo junto.

O problema actual das reformas é muito mais grave do que isto, porque os sucessivos governos (as cigarras que não têm qualquer respeito pelo produto do trabalho das formigas) não acautelaram o futuro (crescimento da esperança média de vida) e delapidaram o pouco que foi sendo acumulado na CGA.

Conclusão: quem vai pagar as reformas reais actuais? O governo vai fabricar dinheiro? Não amigos, mais uma vez as formigas vão pagar a irresponsabilidade e incompetência das cigarras (os governantes).