quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A CANOA DE TOLDA NO "VELHO CHICO"


São 23 hs. do dia 10.02.2011, estou assistindo tv e ligado na internet. Em um dos canais vejo singrando as águas do rio São Francisco a canoa "Luzitânia", última das canoas de tolda do
meu tempo de menino na minha querida São Brás (AL). Aliás, tomei conhecimento que a em-
barcação foi tombada pelo patrimônio nacional. Vê-la subindo e descendo o rio remeteu-me à
minha infância, quando ficava à beira do rio observando as canoas que vinham de Propriá, su-
bindo o rio São Francisco. Naquela época o rio era caudaloso, majestoso, só comparado ao rio
Nilo que banha o Egito. Era uma festa ver as canoas, velas enfunadas, de várias cores, com des-
tino à minha terra e outras cidades ribeirinhas, como Pão de Açúcar, Piranhas, etc. Mas o tempo, senhor da razão, passa e outros meios de transporte aparecem e no rio nascem as canoas a mo-
tor e as de tolda desaparecem. Vejo um canoeiro dizendo que não tem graça colocar um motor na
sua "Luzitânia", pois ela sempre navegou ao sabor dos ventos. E o velho canoeiro conta histórias
daquela época: se emociona ao ver o rio morrendo pouco a pouco, em nome do progresso; mano-
bra sua canoa para não ficar encalhada nas coroas existentes no rio; reclama das hidroelétricas,
causadoras da quase morte do "Velho Chico". E eu, personagem ocular da história, lembro de to-
dos esses fatos. A minha cidade era rodeada de lagoas, que desapareceram após o advento das
cachoeiras. Nós, meninos da época, construíamos uma jangada e nos largávamos na lagoa; de certa feita meu pai me exemplou porque pensava que eu estava no catecismo. Como diz o poe-
ta, " ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os
anos não trazem mais"...As cidades ribeirinhas de meu tempo não serão as mesmas, o rio secou
e só vemos areia. E ainda falam em transposição. Se o projeto for adiante o rio, que sempre matou a fome e a sede dos habitantes de suas margens, com a sua variada espécie de peixes; com
a plantação de arroz; com a sua ilha, será apenas uma pobre lembrança dos seus tempos áureos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010 - Rápida análise - Sergipe

As eleições se aproximam, 03 de outubro bate às nossas portas, os candidatos se preparam, entro no site do TRE e pesquiso, - só voto pelo mérito do candidato -, nessa hora descarto o candidato amigo. Os pretendentes a cargos eletivos são muitos. Ei-los: 7 candidatos para governadores do Estado; 14 para senadores; 65 para deputados federais e 141 para deputados estaduais. Acreditem, foi muito difícil a escolha dos pleiteantes, principalmente nos cargos de deputado federal e estadual. Estadual então, tive mais dificuldade. Os conhecidos são os mesmos da legislatura anterior. Não vi nada que eles fizeram pela populaçao sofrida de Sergipe. Talvez tenham legislado em causa própria ou para beneficiar os seus apaniguados. Olho, vejo, e fico em dúvidas. Os que estão no legislativo federal e estadual querem voltar. Aliás, um Senador sergipano já falecido - Heribaldo Vieira -, já dizia que ser Senador é estar no céu. É isso mesmo.Dessa vez, para o Senado a coisa está feia, Albano entrou na raia e melou o partido do governo que já tem os seus preferidos. O Jackson se sacrificou para dar a vaga ao Amorim, que detém um grande número de partidos coligados com o PT. Aí Albano está independente, mas pretende tomar uma das vagas de Senador. Do lado do DEM os candidatos correm por fora e o MACHADO tem alguma possibilidade de uma das vagas, apoiado pelo ex-governador João Alves.Acho que o CACHO ainda é verde para pleitear uma vaga no Senado, muito embora tenha o legítimo direito de concorrer. E o pior é que a eleição virou o "samba do crioulo doido", já que não há vinculação os candidatos de um partido apoiam candidatos de outro partido. Senão vejamos: Albano, independente, é apoiado por candidatos das diversas siglas; o mesmo ocorre com Amorim, Valadares, Machado e outros de menor porte. Taí, a eleição tá embaralhada. Às vezes, na rua, tenho dificuldades de detectar o nome do candidato, pois muitos só colocam o número. Já fiz a minha "cola", mas só Deus sabe como.

terça-feira, 13 de julho de 2010

GESTÃO AMBIENTAL - comentário

A Profa. Jenny Dantas Barbosa, do Curso de Administração de Empresas da UFS, publica no Jornal da Cidade, na coluna Opinião, sob o título (Indi) gestão ambiental: teoria robusta e prática esquálida, na edição de 10.07.2010, artigo bastante interessante, abordando a consciência ambiental da população brasileira.
Em seu artigo, bastante elucidativo, diz a mestra: " Todos falam que estão preocupados com o meio ambiente, que vão reduzir o consumo de energia, de água, de comb ustível, mas poucos estão dispostos a fazer um mínimo sacrifício".
De fato, poucos desligam o ar condicionado; poucos levam 2 ou 3 pessoas em seus carros para o trabalho, alegando que vão levar filho no colégio, vão à academia e outras desculpas, multiplicando-se o número de veículos na cidade, e, por consequência, contribuindo para a poluição ambiental.
Para a mestra, deveria haver um maior número de ciclovias nas cidades, a fim de as pessoas usarem mais bicicletas, como nos países da Ásia.
Mais adiante a profa. comentou que um prof. da Ufs, convidado para um evento, informou que sua família, composta de 4 pessoas, dispunha de 5 computadores, 4 aparelhos de ar condicionado e 3 refrigeradores no apt. onde vivem. Achou um escândalo, quando poucos dispõe m apenas de um computador e a maioria nem possui.
Em visita que a profa. fez à China, constatou que lá é fácil comprar um veículo, difícil é conseguir licenciá-lo, pois o governo, a fim de inibir o consumo, cobra cerca de de 8 mil dólares para fornecer a licença. Todavia na Ásia os governantes incentivam a aquisição de motos, menos agressivas ao meio ambiente.
A profa. traça um perfil do brasileiro que, quer na sua casa, no seu condomínio, no seu bairro e na sua cidade, não se utilizam da prática saudável de contribuir para minimizar a poluição ambiental.
Na Europa, Austrália e Nova Zelândia as pessoas usam duchas em seus banhos, e são desestimuladas a tomar demorados banhos, fechando a torneira quando se ensaboam, prática que não é muito adotada no Brasil, mesmo sabendo-se que a água é um bem escasso e não eterno.
A mestra constatou ultimamente um fato interessante, indo a caminho do aeroporto em um táxi verificou que um outro veículo passara por ela e o motorista jogou pela janela a embalagem de um picolé e depois cascas de amendoim. O taxista se acercou do carro e entregou ao mal educado condutor um saquinho para colocar lixo. Nesse gesto do taxista constatou-se enorme consciência e uma prática ambiental.

quarta-feira, 17 de março de 2010

UMA CRÔNICA PARA ARACAJU

Hoje acordei com uma vontade danada de fazer uma crônica sobre Aracaju na data do seu aniversário. 155 anos se passaram de sua emancipação. Inácio Barbosa, governante da época ,fez a transferência de São Cristóvão, porisso, durante muitos anos, foi conhecida como a Barbosópolis (cidade de Barbosa). E nesse episódio lembro do lendário João Bebe Água, daquela cidade, que guardou foguetes para a volta da capital para a antiga 4a. cidade mais antiga do Brasil.
Conheci Aracaju ,há muitos anos, 64, mais precisamente, quando meus familiares vieram para a capital. Foi amor à primeira visita, como acentuou uma jornalista da terra.
À época a cidade, uma menina interiorana, já desabrochava para a vida.
Aos meus oito anos, - ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais -, no dizer do poeta.
Bem, aos meus oito anos, minha avó me trouxe de férias da pequenina São Brás (AL) para conhecer Aracaju. O menino pega o trem em Propriá e chega até Aracaju. Desce na estação, onde hj. se localiza o mercadão.
Encanta-se, tudo é muito bonito, sua vó e sua tia vêm recebê-lo e levá-lo para a residência, localizada na rua Dom Quirino. Até os jardins do cemitério Santa Isabel eram novidades para o pobre menino.
Lembro que passando na hj. Av. João Ribeiro, havia um derrame de farinha do reino na calçada, o menino não entendia.
Mas depois lhe informaram que se tratava de um comerciante italiano - Nicola Mandarino -, que apoiava as tropas do eixo Berlim-Roma-Tóquio, mantendo contactos com os submarinos alemães que torpedearam os navios brasileiros Baependi, Arara, Araraquara, nas costas de Sergipe. Então os estudantes do meu velho Atheneu quebraram tudo do italiano.
Lembro dos bondes que passavam pela rua Dom Quirino; das "marinetes" (hj. ônibus) que passavam pela Av. Simeão Sobral em demanda ao interior. Eram os ônibus de Marinho Tavares se dirigindo para o interior do Estado.
Meu avô tinha um fabrico de mariolas e ia vender nos diversos bairros, principalmente nas Oficinas (hj. Siqueira Campos) e eu o acompanhava, e assim fui conhecendo a cidade que tinha poucos bairros à época.
Mas terminam as minhas férias e volto para minha cidadezinha no Estado de Alagoas.
Mas já estava traçado, brevemente voltaria a Aracaju e aconteceu no ano de 1946, com a morte de meu pai, que trabalhava em Passagem -Neópolis (SE), já agora vou morar na rua de Capela, mas tinha saudades da rua Dom Quirino.
Agora, Aracaju, vejo você com outros olhos, mais bonita, mais desenvolvida, ainda com seus bondes,
seus colégios, seus clubes, seu comércio regorgitando de gente.
É uma segunda fase e novos fatos se apresentam. Os chamados "Altos de Areia", localizados em muitos lugares da terra, desaparecem na administração do Governador Leandro Maciel. Em um daqueles locais foi construída a Rodoviária Velha.
Aracaju antiga, do seu mercado, das suas retretas, dos seus clubes sociais, do seu carnaval que começava na rua José do Prado Franco e terminava no Palácio do Governo; Aracaju da Associação Atlética de Sergipe, do Vasco, do Cotinguiba, do Sergipe, também clubes sociais; Aracaju do trem "estrela do norte" cujo destino era Salvador; Aracaju do navio "Loirinha", com turistas no estuário do rio Sergipe; Aracaju da Escola Normal, com suas belas normalistas, imortalizadas na música de Nelson Gonçalves; Aracaju do Cacique Chá, onde se reuniam os intelectuais da terra como o Prof. Alberto Carvalho, o advogado Jaime Araújo, o promotor Fernando Nunes e outros; Aracaju do poeta Santo Souza, que formava a antiga tríade Santos Santana/Santos Mendonça e Santo Souza; Aracaju dos juristas Gonçalo R. Leite, Osman Hora Fontes, Carvalho Neto, Mons. Dr. Alberto Bragança de Azevedo e outros; Aracaju dos meus profs. do Ginásio , Gonçalo R. Leite, Franco Freire, Ofenísia S. Freire, Gentil Tavares, José A. da Rocha Lima e outros; Aracaju dos meus Profs. de Direito, Gonçalo, Osman, Olavo, Juçara, Luiz Carlos F. Alencar e outros; Aracaju dos meus tempos de bancário na Casa Bancária de Crédito Sergipense e depois Banco do Brasil.
Durante esses 155 anos Aracaju se transformou, mudou, mas é bela, faceira; Aracaju dos seus antigos cinemas Vitória, Rio Branco, Rex, Aracaju, Senhor do Bonfim, que hoje, com o advento dos Shoppings, desapareceram e se localizam apenas nos Hippers mercados; Aracaju da "cascatinha", da"Iara", das festas ao redor da Matriz, do "seu" Tobias; Aracaju também das ruas de Bonfim, Lagarto, Simão Dias, onde predominava o meretrício.
Finalizando, quero lhe parabenizar por essa data, com suas longas avenidas, construções verticais, caminhando a passo célere para uma metrópole.

domingo, 15 de novembro de 2009

UMA RUA (AVENIDA) CHAMADA JORNALISTA SANTOS SANTANA

UMA RUA (AVENIDA) CHAMADA JORNALISTA SANTOS SANTANA


È verdade, não é uma rua chamada pecado, título de um velho filme. É, sim, Avenida jornalista SANTOS SANTANA. Percorro a Avenida, fico emocionado, começa nas imediações da Sementeira e vai até a rótula do shopping “jardins”. Após a morte do jornalista, o povo sergipano, através do poder legislativo municipal, prestou-lhe justa homenagem. O prefeito da época sancionou a norma jurídica.

A notícia é alvissareira e se me fosse possível dar a notícia ao homenageado, faria da seguinte forma: ARNULFO (Santos Santana), você já é nome de rua (Avenida) na sua Barbosópolis, terra que você tanto amou e que passou três décadas de sua vida convivendo com os sergipanos. Fato que se deu nas décadas de 50 a 80.

Confesso, meu irmão, que não sei se esta carta lhe será entregue, pois, segundo jornalista da terra, você é o locutor do céu. Mas se você não estiver presente, ocupado com a sua emissora celestial, os seus colegas, que também deverão fazer parte do “cast” da rádio, Santos Mendonça, Silva Lima, Carlito Melo e o contolista da rádio Liberdade, Gileno, lhe entregarão este documento.

Como vê, ARNULFO, apesar de você ter nascido na pequenina São Brás, banhada pelo Velho Chico, Estado de Alagoas, o povo da terra de Sílvio e Tobias, outorgaram-lhe essa honraria. Você veio de canoa para Própria e fez a opção por Aracaju e não Maceió, apesar de você ter estudado em Penedo, no colégio do Sr. BEM-BEM. Aliás, você dedicou um programa na rádio Liberdade a Penedo. Título: “ A VOZ DE PENEDO”. Mas fincou raízes aqui e para esta terra abençoada trouxe o resto da família. Lembro de um telegrama seu para os familiares, após a morte de nosso pai. À época você prestava serviços à Marinha do Brasil: “seguirei primeiro navio e aí acertaremos os nossos destinos”. E você chegou e traçou os nossos destinos.

Lembro de quando você lia diariamente a revista “ O CRUZEIRO”, dando entonação de locutor. Submeteu-se a teste na rádio Liberdade e foi aprovado. Foram seus colegas, naqueles tempos, ANTONIO LEOLINO, SANTOS MENDONÇA, o poetinha SANTO SOUZA, CARLITO MELO, RAIMUNDO SILVA, entre outros, na rádio Liberdade.

Além da Liberdade, você esteve na antiga DIFUSORA, e conviveu com JOSÉ EUGÊNIO, WELLINGTON ELIAS e outros. Por fim, chegou à CULTURA e ali encontrou o hoje famoso noticiarista de TV Gilvan Fontes. Também Fernando Pereira, Irandi Santos, Carlos Magalhães, e outros. Esta última emissora também lhe prestou homenagem com uma medalha no aniversário da emissora.

Hoje, ARNULFO, a sua Aracaju mudou muito, não é a mesma dos anos 80. O progresso também chegou aqui. É uma pena que você não participa da era da informática, são os computadores de última geração e os celulares, não existe mais máquina de escrever de seu tempo.

Mas é importante que lhe diga que o povo sergipano não lhe esqueceu. O EVANDO, o HUGO COSTA, seu primo-irmão, o GILVAN FONTES, que começou com você na locução jornalística na rádio Cultura, o Carlos RODRIGUES, que fez praticamente um seminário abordando suas crônicas no livro “ARACAJU DOS MEUS AMORES”, o ALCEU MONTEIRO e muitos outros.

É importante lhe dizer que você esta imortalizado. Não é um acadêmico da ASL, mas poderia sê-lo, se tivesse vida para tanto. Jornalista lá estão, como seu amigo JOÃO OLIVA ALVES, JOSÉ AMADO NASCIMENTO, entre outros.

Por último, quero lhe pedir um favor, aliás, dois favores: agradeça ao seu amigo-irmão EVANDO que, instado a fazer reportagem sobre a AVENIDA jornalista SANTOS SANTANA, fé-lo imediatamente, designando a jornalista Célia Silva, para tratar da matéria. O segundo favor deve ser dirigido ao jornalista NAZÁRIO PIMENTEL, que me passou o seguinte telegrama: “Prezado Amigo, não pense você que perdeu um irmão; não fique a imaginar que hoje está sozinho. Santos Santana é uma daquelas figuras que não morre. Sempre otimista nos momentos mais difíceis, alegre e irreverente, em todas as ocasiões. Aonde você ler o dia a dia da notícia ele estará presente. Por tudo isso, fique certo, SANTOS SANTANA é hoje no mundo conturbado em que vivemos o símbolo daquilo que almejamos: um mundo melhor para todos nós.Não lhe transmito pêsames, digo apenas que Santos Santana está viajando em busca do bem-estar para todos aqueles que acreditam que teremos muito breve um amanhã com mais AMOR. Um forte abraço do companheiro NAZÁRIO PIMENTEL, Diretor do Jornal de Sergipe”.

Abraços, que você esteja coberto pelo manto sagrado.
Luiz Santana..

Em 27 de julho de 2007.

domingo, 6 de setembro de 2009

LUIZ SANTANA - HISTÓRIA DE UMA VIDA

Pede-me o Jornal da Cidade, através de seu competente jornalista, um apanhado, uma pequena biografia de minha vida em terras alagoanas, sergipanas e baianas. Faço-o agora, a fim de dar conhecimento das atividades vividas em mais de meio século.

Nasci na cidadezinha de SÃO BRÁS, Estado de Alagoas, localizada à margem esquerda do rio São Francisco, em 04 de agosto de 1933, portanto hoje já sou um setentão bem vivido, atravessando boas e más fases da vida, mas quem não as passa? Ultrapassei as piores e me sinto hoje realizado nas tarefas que abracei.

Meus pais, - Hermes Santana e Áurea Santos Santana -, hoje falecidos, meu pai desapareceu com apenas 39 anos, na cidade de Penedo(AL) e minha mãezinha, aqui mesmo, nos meus braços, em janeiro de 2001, com 93 anos; meu genitor exercendo atividade de comerciante em São Brás e minha mãe vivia para cuidar dos filhos.

A família de meu pai era muito conhecida em São Brás, 11 irmãos, com dois padres na família, tio Fernando e tio Arnulfo, razão por que meu pai, em homenagem ao sacerdote, colocou o nome de ARNULFO em meu irmão mais velho, o saudoso Arnulfo SANTOS SANTANA.

Minha mãe chegou a ter 16 filhos, quase todos nasciam e faleciam, pois em São Brás não tinha médicos e era preciso levar para Própria (SE). Criaram-se apenas 3: Arnulfo, eu e Carmelita, esta última falecida já aqui em Aracaju, com 13 anos de idade, restaram o jornalista e este escriba.

Lembro da minha infância em São Brás, os amigos da época, a escola, o catecismo e, principalmente, o caudaloso rio São Francisco, que passava atrás de nossa casa, que beleza, meu Deus!!! E, como o jurisconsulto romano, CAIO, “ cai , dos meus olhos, uma gota” , ao lembrar-me do Velho Chico, e o menino de ontem lembra o poeta e profere: “ ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais”....

Os negócios de meu pai não dão certo e nós,numa canoazinha, - ainda me lembro -, vamos morar na vila da Passagem – Neópolis – Sergipe, na casa de tia Maria. A casinha de minha tia era de palha e passamos alguns meses por lá. Posteriormente meu pai, operário da fábrica da Passagem, melhora de situação e vamos morar em uma casa da fábrica na rua do futebol.

Na Passagem estudava e era coroinha da igreja. A minha professora LILA usava uma régua nas aulas e muitas vezes tomei bolos em minhas mãos porque não acertava alguma indagação.

Mas meu pai, Hermes, já gozava de prestígio e fazia parte de sindicatos em Neópolis; fazia discursos. Hoje, rememorando os fatos, entendo que foi em 1945, período da redemocratização do País, fim do Estado Novo, presidido pela Constituição de 1937, a “polaca”, modelo polonês.

Pois bem, nessas andanças, atravessando da Passagem para Penedo, meu pai é acometido de febre tifóide, e à época ainda não existia a cloromicetina, faleceu em Penedo e o corpo trasladado para São Brás, onde estão os seus restos mortais.

Á época meu irmão Arnulfo, que já estivera com um tio em Barra da Estiva (BA), tio Fernando (padre), que todo ano levava 3 sobrinhos para educar, não era o que dizia meu irmão, sofriam nas mãos do sacerdote. Então, meu irmão faz concurso aqui na Capitania dos Portos e segue para a Marinha de Guerra do Brasil. E de lá, do Rio de Janeiro, navio fundeado por lá, ,manda o seguinte telegrama :” seguirei primeiro navio, aí acertaremos os nossos destinos” (Arnulfo).

Mais uma vez a família muda de endereço, agora Aracaju, casa de meus avós. É o ano de 1946, ainda, novembro, após a morte de meu pai.

É nesta terra ,abençoada por Deus, que me adotou e eu adotei-a, de coração, sem ter recebido títulos de cidadão aracajuano/sergipano, que tenho vivido mais de meio século; é aqui que fiz meus estudos; é aqui que criei meus filhos, um médico e uma advogada; é aqui que participei da formação da juventude sergipana, como professor de direito da UFS; é aqui que já advoguei,; é aqui que, finalmente, como funcionário do Banco do Brasil , Supervisor em Lagarto/Salgado e Gerente instalador da Ag. Em Campo do Brito(SE).

Mas, chegando a Aracaju, após a morte de meu pai, minha mãe, com uma pequena pensão, me botou no colégio Jackson de Figueiredo e ali fiz o quarto e o quinto ano de uma só vez. É que o prof. Benedito Alves de Oliveira disse que os alunos do quarto ano(eu cursava o quarto ano), que obtivessem a média 9 no meio do ano, passariam para o quinto e eu, o Prof. João Costa, depois nos encontramos na UFS como mestres, obtivemos e passamos para o quinto no meio do ano. Aí terminamos o quinto e fizemos exame de admissão para o velho Atheneuzinho, dirigido pelo Prof. Joaquim Sobral e fomos aprovados.

Termino o ginásio, mas preciso trabalhar para ajudar minha mãezinha e minha irmã Carmelita, que falece em 1954, estudante da Escola Normal. A princípio trabalho numa firma comercial – Cardoso, Costa & Cia. -, no hoje calçadão, vizinho ao antigo cinema Rio Branco. Mas me matriculei no curso de Técnico em Contabilidade, no primeiro ano
No velho Colégio Tobias Barreto e depois na Escola de Comércio. No Tobias encontrei o prof. Alberto Figueiredo, pai da advogada Denise Figueiredo, minha colega de Banco e de advocacia. Bem, Alberto me convida para trabalhar na Casa Bancária de Crédito Sergipense, onde ele era Contador. Aceito, e é aí que começa a minha vida bancária.

Termino o curso de Contabilidade lá vem novo convite: o Contador do Banco Comércio e Indústria me informa que em Salvador tem um banco – Banco de Crédito Popular -, que querem admitir um funcionário para o cargo de Chefe-de-serviço. Chorei ao sair da terrinha, mas fui seguir meu destino. A sede do Banco era na rua Portugal 12 e Miguel Calmon, 11, duas frentes. Ali me informam que o Banco vai abrir agências nas cidades de Jequié e Itabuna, se eu queria ser o contador instalador da agência. Vou, mas antes venho me casar com minha querida Odete, namorada dos tempos de colégio e escolho Jequié. Lá trabalho, nascem meus filhos, apenas 2, outros faleceram , pois temos o chamado FATOR RH.

Como Contador do Banco estava satisfeito, mas apareceu o concurso do Banco do Brasil, submeti-me e passei em primeiro lugar, no meio de 40 candidatos. Mas fui o último a assumir, dos 4 aprovados, porque fui acometido de asma brônquica alérgica e o médico não me deixava assumir, mas, finalmente, em 14.03.1958, assumi e passei 4 anos em Jequié. Meu irmão – Arnulfo -, dá baixa na Marinha e me pede para vir para Aracaju, a fim de ficar junto da família. Já tinha pedido transferência para São Paulo, Ag. Bom Retiro, mas cancelei e pedi transferência para Aracaju, e em 1962 assumo na velha Ag. da rua da frente. Mas ainda não esmoreço e presto vestibular para direito, sou aprovado e começa nova fase na minha v ida.

Mas faço um parêntese aqui, para citar alguns professores que passaram pela minha vida e participaram, definitivamente para a minha formação cultural: em São Brás não me lembro mais da professora, mas aqui em Sergipe, primeiro Passagem :– Prof. Lila; Jackson –: Profs. Benedito, Judite, Dulce; Atheneuzinho –: Franco Freire, José Augusto da Rocha Lima, Ofenísia Soares Freire, Mons. Dr. Alberto Bragança de Azevedo; Tobias –:Alberto Figueiredo;Minha querida Faculdade de Direito, ainda não era Dep. De Direito da UFS, aliás, Dr. Gonçalo, irmão de José Rollemberg Leite, não queria incorporar a Faculdade de Direito à UFS, ele dizia: “ já somos Faculdade Federal de Direito” e não temos interesse de participar da UFS. Tanto que se aposentou e o Prof. Garcia Moreno, Luiz Bispo, Osman Hora Fontes, Monteirinho e outros incorporaram a velha Faculdade à Ufs. Comungo do pensamento do jurista Gonçalo, como Faculdade o nosso curso era seriado. Veja na foto os colegas formandos, todos começaram no primeiro ano e fomos até o quinto ano. Indague-se aos colegas Carlos Britto, Marilza Maynard, Josefa Paixão, Artêmio, Aparecida, Célia, Netônio, ministro, Desembargadores, Juízes, todos meus contemporâneos, se o curso seriado não era mais produtivo e de maior aprendizagem, preparando melhor os operadores do direito. Fui prof. pelo sistema de crédito e não gostei, turmas heterogêneas.

Bem, concluo o curso de Direito em outubro/69 e sou convidado a ensinar a matéria EPB, recém-criada. Prestamos concurso e passamos a ensinar, definitivamente, a matéria. Somos 8 professores: Carlos Britto, Fernando Lins, José Osvaldo, José Antonio da Costa Melo, Antonio Soares de Araújo, eu, e outros que não me lembro.

Posteriormente, somos guindados às nossa áreas de origem, alguns, como eu, passamos a lecionar no Dep. De Direito. Assim é que, durante mais de 20 anos ministramos aulas de direito – IED e matérias correlatas. Em 1998, me aposento da Ufs e do Banco, desde outubro de 1985. Esta é a história, em resumo, da minha vida.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

COLAÇÃO DE GRAU DOS FORMANDOS DO CCBS

No dia 11 de agosto de 2009 , - que coincidência, dia da formação dos cursos jurídicos -, compareço ao Espaço Emes, convidado por um sobrinho, para assistir à colação de grau dos formandos do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde), um dos Centros da Ufs. Os demais são: CCSA, onde fica Direito e cursos da área econômica, inclusive Serviço Social; CECH, onde se localizam diversos cursos, como Geografia, História, Letras, Pedagogia, Ciências Sociais, Filosofia, Psicologia, Sociologia, etc.; CCET, aí estão as Matemáticas, Física, Química, etc.
Bem, chego antes das 19 hs, data marcada para início da solenidade, evento que só começou depois das 8,30 hs. O espaço Emes é grande, sem conforto, próprio para as bandas de forró, tipo Aviões e outras.Os estudantes são dos cursos de Medicina, Enfermagem, Ed. Física, Eng. Florestal, Eng. Agronômica.Como participei de várias formaturas como Prof. da Ufs, Chefe de Departamento e Vice-Diretor do CCSA, sabia que a solenidade jamais começaria às 19 hs., dito e feito, começou quase às 21hs.Conversei com o Vice-Reitor, Prof. Antoniolli sobre os cursos e ele estava muito satisfeito. Todavia a mesa dos trabalhos é de apenas 4 pessoas: o Vice, substituindo o Reitor Josué, o Diretor do CCBS, Prof. Paixão, um Pró-Reitor, Prof. Arivaldo Montalvão e um Chefe do Dep. de Medicina, cujo nome esqueci.Agora é que a coisa pega, mas meus netos universitários me dizem que é normal. Estamos eu e a esposa assistindo aos discursos, todos sem conteúdo e já começa a algazarra, as buzinas começam a tocar. Cornetas iguais àquelas da África do Sul quando o Brasil jogou a copa das confederações.Durante meus quase 30 anos de Ufs nunca vi coisa igual. Tive vontade de sair, mas meu sobrinho ia receber o canudo e aguentei firme. A esposa já não suportava mais. Um garotinho de seus 7 anos chega perto de mim e apita, quase fura meus tímpanos. Como mudou, hein meus amigos. A formatura (colação de grau) sempre foi momento solene. Claro que os estudantes se regozijavam com o canudo que recebiam, exibiam à platéia, mas tudo com respeito e não com a demonstração de incivilidade que presenciei. A formatura hj. está descaracterizada. Até os médicos - curso que sempre foi considerado de elite -, entraram na gandaia. Não gostei e não espero mais participar de eventos dessa natureza.