QUEM SABE?

Talvez eu fique mudo
guardando comigo
sentimentos e palavras.
Só assim, quem sabe,
você me ouve.
Talvez eu permaneça
parado
impassível
Só assim, quem sabe,
você me veja.
Às vezes é necessário sumir
ficar invisível
ir para uma ilha
desaparecer
nenhuma uma carta
nenhum bilhete
Só assim, quem sabe,
ganho você.

INDAGAÇÃO

O que eu faço
com este amor
tão inquieto
que me queixa
que me deixa
alucinado
E agora,
princesa,
o que eu faço
com este amor
que me apoquenta
esquentado
que me acusa
todos os dias
de negligente?...

FIM DE ESTAÇÃO

Montanhas temáticas
Brumas que se formam
Verdes que acalmam
Fog na contramão
Paraíso permitido
Tempo esquecido
Rede que balança
Acalanta
Meu coração

MUTANTES

Eu?
Eu estou por aí, andando de bobeira
vendo revoada de passarinho
escutando o chuá da cachoeira
lendo um livro
¨vendo a vida passar sem pressa¨
Aqui estou...
Pra que correr? Se tenho colo
aconchego, cafuné - o dia inteiro
Virei índio - agora, tenho um novo amor
Eu?
Estou aqui amando de verdade
não sou mais forasteiro - virei cancioneiro
Canto de graça - com graça para o meu bem-querer
Eu?
Estou vivo - não mais aflito
deixei de ser esquisito - não sou mais sofredor
Sou vencedor!
Eu?
Eu estou aqui aproveitando a natureza
sei que será brabeza, terei que trabalhar
depois de um final de semana prolongado.
Mas a vida é assim: um dia se ganha, no outro também
Volto pra casa bem humorado - tenho o meu ninho construído
E é nele que gosto de estar.

Paulo Francisco

ESPERANÇA

Faço dela meu cais
porto seguro
por onde embarco
sigo em frente
e me embalo
como menino
no colo materno
Faço dela meu
passarinho
meu ninho
e tudo mais.




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(Blog no automático, estou andando por aí)

FANTASIA

Tempo calmo
morno
Corpo leve
livre
Mente sã
viva
Pura harmonia
Perfeita sinfonia
Tempo...
Corpo...
Mente...
Nem acredito!
Morno...
Livre...
Vivo...
Tudo em mim
assim:
Calmo...
Leve...
São...
Harmônico.
Sinfônico.
Não vou acordar não!

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(Blog no piloto automático)

RENOVAÇÃO

Quero me interessar por outras coisas
ler mais
ver televisão sem culpa
Quero me desviar de alguns obstáculos
Chega de luta!
Quero chegar mais rápido
sem inventar desculpas
ouvir meus discos antigos
jogar fora o que não presta
Quero não atender a porta
mandar embora as testemunhas de Jeová
quero inverter os papéis
- ser mais amado -
reinventar o meu lar
ganhar beijos enamorados
Quero muito mais
Quero o discurso concreto
e a certeza de quem é o ladrão
Quero os quatro elementos
no meu mapa astral
Quero seguir em frente
enfrentar os problemas
sem titubear
Quero tudo posto
exposto
sem mascarar
Quero a verdade nua e crua
uma noite de lua
e um sol a brilhar
Quero visitar outros planetas
agarrar na cauda do cometa
Quero minha rede na varanda
pra poder viajar.


(Blog no piloto automátco )

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ENCONTRO

Daqui a pouco estarei diante de ti
sem saber o que fazer
sem premeditação
deixarei acontecer
Se os nossos olhos se encontrarem
não vou me afobar
vou ficar tranquilo
Juro!
Deixarei acontecer.
se nossas mãos se tocarem
e os dedos se cruzarem
não vou largar mais não
tu serás minha mesmo que seja por um dia
de pecado e traição
não importa
serei mais um no patamar
dos desesperados,
minha tentação


(Blog no piloto automático. Estou andando por aí)

OLHAR

E na lentidão do olhar

ele descobre aos poucos

toda a magia

bela

dela

nela

E na lentidão do olhar

ele se descobre

mágico

mago

E na lentidão do olhar

eles se descobrem

uno.

ENCONTROS

Emaranhado de gente
silêncio
mãos apertadas
respiração coreografada
olhos mirados
seta certeira
olhos lacrimejados
arrepios brotados
sincronia humana
sincronia d´alma
clareza!
um leve sorriso
um abraço
calores trocados
leveza!.

BRANDURA

Toda vez que a encontro
meu coração bate em festa
tem ritmo
cadência
uma barulheira danada
mas quando há desencontro
ele quase para à sua espera
fica em silêncio
desnorteado
meio que adormecido
sofrido
perdido
[coitado]
querendo chorar
meu coração tem esperança
de um dia te encontrar
e neste dia não haverá festa
nem confusão
ele vai bater tranqüilo
sem afobação
sem assanho
pra não perder a razão
vai te conquistar de vagarinho
feito um passarinho
beliscando o pão

DEPOIS DO AMOR

Fico folgado
estatelado
maravilhado
Fico mesmo assim
achando que foi bom
mesmo quando vai embora
sem saber se volta
Vejo seu cabelo solto
enredando minha cara
minha boca solta
sentindo o último beijo matutino
e numa despedida :
Bom dia, meu amor!
E o desejo permanece/fortalece
não acaba
e se é pecado
sentir tanto amor
peço perdão a Deus
- não morarei ao seu lado
pois não vou querer
deixar de sentir  este amor
mesmo que não seja totalmente meu.

TUA AUSÊNCIA

Hoje... O sol não veio.
o céu, que era azul, embaçou.
nuvens densas, esbranquiçadas,
surgiram, descolorindo o meu querer.
Mas tudo bem, meu bem,
mesmo não querendo paz
o branco ainda é cor.

DIREÇÃO

Às vezes me pergunto pra onde estou indo
não sei se navego contra ou a favor
só sei que navego
algumas vezes, lento
outras vezes, apressado
mas nunca paro...
sempre tem um jeitinho
de continuar seguindo
desviando
pulando
planando
nadando
Às vezes me pergunto quando vou parar
sabe que não sei!
Acho que o meu destino é seguir em frente
sem olhar pra trás
e se assim for
estou na rota certa
- guiado pelas estrelas/seguindo o sol
vou levando
vou navegando
navegando
vagando...
Ando
ando
ando e não sei onde vou parar.
E assim eu vou indo...
.
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NOTURNO

Ao lado dorme a lua acompanhada de estrelas

e na cinza manhã provocada

o sol insiste em penetrar

- manhã de sono

- manhã de letargia

[não querendo acordar]

vivem a noite e não o dia

Assim vivem os amantes

na claridade da noite

na escuridão do dia

entre laços amarelos atados

entre cores mescladas

entre palavras e desejos

entre suspiros e gritos

entre pecados vermelhos

e brancas branduras

entre o certo e o errado

não querem mais voltar

Dormem os amantes

no sétimo céu.

IN (LOVE)

Toda beleza da cor

Toda magia em ser

Toda esperança que há

Toda certeza em ter

Pura beleza da cor

Pura magia em ser

Coração esperançado

Tudo encarnado

Tudo revelado

Num céu furta-cor.

HERA

Não era moça

Não era noiva

Não era virgem

Não era bruxa

Não era flor

Não era brisa

Era poema

Era canção

Era tempo

Era vento

Não era nada...

Era tudo!

Planetária

Placentária

Simplesmente mulher.

TATO

Deixo as perguntas para os mais cultos
não pergunto
- sinto
não exclamo
- sinto
Construo em sentimentos
o que chamo de lar
lar que aquece
lar que abriga
lar que refugia e convida
Deixo as perguntas para os mais curiosos
para os mais indecisos
para os mais carnais
Deixo as perguntas vagarem por aí
não digo
- sinto
não grito
- sinto
Deixo pra você o que sinto
Calo-me diante da tua incerteza
só sinto
É de minha natureza.
.

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PRESENÇA

Queria tanto poder abraçar-te

dá um abraço apertado

daqueles que grudam

difícil de largar

Queria tanto poder sentir
os seus braços em mim
Não iria falar - ficaria em silêncio
acompanhando a melodia
da tua respiração
Queria tanto poder ficar
grudadinho
numa simbiose amorosa
onde o meu olhar e sorriso
fossem suficientes
como declaração de amor.
Queria tanto poder te pegar no colo
adivinhar teus desejos - sabê-la
Mas às vezes é tão difícil esta junção
Poética, quando a razão invade a emoção
quando a entrega se mistura com o medo
É. Medo de amar. Sabotagem.
Queria tanto um amor e nada mais
um amor sem adeus
um amor de entrega
um amor- amor.
onde os olhos falam
onde o sorriso delata
onde a boca entrega
Ontem eu senti uma vontade
enorme de um abraço
- um abraço de amor
- um amor abraçado
Ontem eu senti você

estava aqui ao meu lado

em silêncio

- num abraço

 .

.

.

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MARCAS

Vou deixando tudo por aqui
as palavras
os textos
a essência
as cores
os nomes
Um pouco de mim
um pouco de ti
[um pouco de tudo]
Vou deixando tudo por aqui
as grandes loucuras  e a pouca lucidez
alguns medos e muitos defeitos
Deixo por aqui...
Vontades alucinadas
desvarios brandos
mais alegria que tristeza
[É certo!]
deixo...
meus amores e desamores
sossegos e desassossegos
Deixo sim...
as cores
exceto o branco
deixo...
todos os nomes
exceto o meu
[este, carrego comigo
e com ele me faço gente]
e neste final de inverno
nesta transição emocional
quem sabe eu volte
com o melhor de mim.
Então não digo adeus
digo até breve
e que este mundo seja leve...

Paulo Francisco