18/08/2024

NAVEGADOR DA PASSAGEM - OS CAURIS

Depois das duas viagens de Diogo Cão, Bartolomeu Dias prossegue com a exploração da costa africana, em 1487, para encontrar o cabo (fim) do continente africano e a passagem para o Oceano Índico. Chega ao Congo e toma conhecimento dos cauris, a moeda daquele continente.

19/07/2024

Dois dedos de conversa

Dois dedos de conversa: Rascunhos Secretos 

Deana Barroqueiro vive em Portugal há muitas décadas e acaba de lançar o livro “Rascunhos Secretos»

MALGA DE VINHO POR SIZA VIEIRA

A MALGA DO 3º MILÉNIO (texto integral, com receita) por Deana Barroqueiro
«Na linha morfológica das tigelas e escudelas, com tamanhos e funções variáveis, usadas para cozinhar e no serviço das mesas, distingue-se a “malga”, de tamanho mais reduzido e pouco variável. Com raízes na "magǐda", descrita por Plínio e usada nas libações aos deuses, a malga particulariza-se e individualiza-se, já na Idade Média, tornando-se, a partir do século XIV, num objecto indispensável a qualquer família, também nos lares quinhentistas. 

Surgiu primeiro em barro, depois em “louça”, a cerâmica vidrada, branca ou decorada, importada de Málaga, aparecendo pela primeira vez mencionada como "mallega", num foral da Guarda de 1510, vulgarizando-se posteriormente como “malga”. Com um diâmetro de bordo de 13-15 cm e uma altura de 7-8 cm, a malga destinava-se ao consumo individual do comer e do beber, sem necessidade de talheres. A sua forma de semiesfera ou calota, com pé anelar, era perfeita para se levar à boca, suspensa entre dois dedos ou na concha das mãos, e emborcar o primeiro vinho recolhido directamente do pipo, na adega. 

Ou ainda, quer na reunião familiar à roda da lareira nos tempos de invernia, quer no convívio com os vizinhos, na eira de noites estreladas, ao fim de um dia de trabalho, aninhada no aconchego das mãos, como um tépido seio de mulher, dispensando o garfo e a faca em favor da colher, o utensílio medieval por excelência, se comia a sopa, o ensopado, o creme ou o doce, em amena cavaqueira. Serviu para múltiplas funções, como substituir as salseirinhas e os pratinhos medievais com especiarias, azeitonas ou torresmos, para o café ou as sopas de cavalo cansado, para medir os ingredientes das receitas de biscoitos e bolos, uma tradição que se manteve nas aldeias do interior de Portugal, até há algumas décadas. 

Contudo, a malga vidrada e imaculadamente branca distinguiu-se como um ícone português, sobretudo, na região vitícola dos vinhos verdes, substituindo pichéis e copos, graças à amplitude da sua calota que, na degustação dos seus tintos, permite aspirar-lhes amplamente os aromas e, ao mesmo tempo, apreciar as tonalidades da sua cor quando tingem a tela branca de cerâmica. O triunfo dos vinhos verdes tintos surge, assim, no século XX, com o “vinhão da malga”. 


A malga é, sem dúvida, um dos objectos portugueses mais tradicionais e com uma história de consumo e demanda mais longa, só perdendo importância, no século XVIII, entre a nobreza e a burguesia, devido ao excesso de porcelanas chinesas, símbolo de luxo e estatuto social, trazidas com a Expansão Marítima Portuguesa. No Brasil, para onde foi levada pelos imigrantes (como em muitas outras partes do mundo), veio a sofrer o mesmo desprezo das classes altas, ficando o seu uso reservado ao povo. 

Foi, todavia, reabilitada e de novo apreciada, a partir do século XIX, por intelectuais, artistas e escritores, como Eça de Queirós, que a refere nas suas obras: azeitonas pretas em malga de barro e também tabaco em malga vidrada, em A Cidade e as Serras. Ou Camilo Castelo Branco, em Maria Moisés (Novelas do Minho): «uma farta malga de caldo fumegando por entre uma floresta de couves recheadas de feijões vermelhos». No século XX, tornou-se num valioso artefacto para coleccionadores. 

E foi então que a Pacheca, graças ao seu empenhamento na renovação de tradições antigas e identitárias de Portugal, como nação antiquíssima da Europa, convocou o génio criativo do grande arquitecto Siza Vieira, para a criação de uma “Malga do 3º Milénio”, que alia a tradição antiga à modernidade do estilo, sem corromper ou adulterar a sua natureza, para que os embaixadores portugueses no mundo possam exibir nas suas mesas, aos convidados, um belo e curioso artefacto português com história, fazendo brindes com os melhores vinhos de Portugal.

BROAS DE MEL (Alvaiade -Vila Velha de Ródão) 
Ingredientes: 1 malga de ovos inteiros; 1 malga de azeite; 1 malga mal cheia de açúcar; 3 c. de sopa, bem cheias, de mel; 1 c. de chá de fermento em pó; 1 casca de limão; canela a gosto; cerca de 3 malgas de farinha de trigo. 
Bate-se os ovos inteiros com o azeite, o açúcar, o mel, a casca de limão e a canela e, em seguida, mistura-se a farinha com o fermento. Deita-se a massa (pouco corredia, para não se espalhar demasiado), às colheres de sopa, em tabuleiros untados com azeite e polvilhados de farinha, deixando uma boa margem entre elas. Cozem em forno bem quente, previamente aquecido, até crescerem (cerca de 7 cm. de diâmetro) e ficarem douradas.

Malga de Vinho By Siza Vieira - Beber vinho tinto na malga! Uma tradição...

 
 Voltando à "Malga do 3º Milénio", que eu baptizei e cuja história escrevi, Marc Barros apresenta-a assim na Revista Vinhos (16. 07. 24): 

«O objectivo do promotor do projecto Quinta da Pacheca é destacar a portugalidade do objecto e do consumo de vinho. Tantas e tantas vezes associada ao consumo de vinho verde tinto, especialmente nas tascas e tabernas, a Quinta da Pacheca decidiu reinterpretar a tradicional malga de vinho. Para o efeito, pediu ao arquitecto Siza Vieira para abordar este objecto, de cariz eminentemente etnográfico, dotando-o de um novo design. 

O objectivo é trazer a malga para os tempos modernos e ainda, de acordo com Paulo Pereira, sócio e proprietário da Quinta da Pacheca, destacar “a portugalidade” da malga enquanto utensílio de consumo de vinho, capaz de “estar nas mesas dos melhores restaurantes Michelin”, de ser destacado “nas embaixadas portuguesas espalhadas pelo mundo”, com a vantagem, ainda, de ser “um produto de cerâmica 100% português”. 

A malga desenhada por Siza possui um diâmetro de bordo de aproximadamente 13 centímetros e sete centímetros de altura. Na apresentação da malga, que decorreu na Quinta da Pacheca, Álvaro Siza Vieira destacou que, “não podia fazer mais uma, igual às demais. Pensei, acima de tudo, nos aspectos funcionais, aqueles que permitem segurar bem uma malga. O design baseou-se, pois, na utilidade do objecto”, referiu. Nesse aspecto, a malga destaca-se por ostentar quatro pequenas reentrâncias circulares que permitem maior aderência. 

Para além de pretender oferecer a experiência de beber vinho numa malga no sentido de relevar tradições ancestrais, a componente histórica e secular deste objecto de vários usos foi destacado pela investigadora e autora Deana Barroqueiro, autora da obra em três volumes História dos Paladares. De acordo com esta académica, a malga, ou tigela, é um objecto que chegou aos nossos dias vindo do tempo da presença romana em território ibérico. 

A comprová-lo, a recentíssima descoberta de uma malga em barro, com os restos fossilizados de um pássaro – correspondendo, portanto, a uma oferenda ou sacrifício – em Miróbriga, Santiago do Cacém, pela equipa do historiador e arqueólogo José Carlos Quaresma. 

Esta malga de Siza Vieira pode ser adquirida nos canais de venda da Quinta da Pacheca e em algumas das garrafeiras por 14,95 euros/unidade ou um package com duas malgas, por 29,90 euros.» 

23/06/2024

Camões publica finalmente Os Lusíadas.

Como os meus leitores mostraram uma surpreendente adesão às minhas leituras, aventuro-me a fazer mais alguns destes vídeos caseiros, obra de quem domina mal estas técnicas. Neste excerto de "D.Sebastião e o Vidente", Luís de Camões logra por fim ver a sua epopeia, Os Lusíadas, publicada em letra de imprensa.

14/06/2024

D. Sebastião ouve ler Os Lusíadas.

Este vídeo é mais para ouvir do que para ver, é a leitura do capítulo do meu “D. Sebastião e o Vidente”, em que o Desejado, enquanto se veste, ouve D. Manuel de Portugal, amigo e protector de Luís de Camões, a apresentar-lhe “Os Lusíadas”, para o rei autorizar a publicação e uma tença ao Poeta. Preferi deixar-vos interromper a leitura quando vos apetecer, a cortar o texto que ficava sem sentido. Ficam a conhecer como se vestiam os reis no século XVI.

02/06/2024

Dia 9 de Junho, às 18 horas na Feira do Livro de Lisboa, Praça Amarela - Deana Barroqueiro

Estarei na Praça Amarela (Ed. Presença)
dia 9 de Junho, das 18 às 19 horas 

Como tenho publicado em diversas editoras, as minhas obras estarão espalhadas pelos seguintes expositores:

- Na Praça Amarela, da editora Manuscrito (Presença), estão:
.«O Navegador da Passagem» (nova edição do meu 1º romance sobre a Saga dos Descobrimentos, com as viagens de Bartolomeu Dias, a passagem do Cabo das Tormentas e o "achamento" do Brasil e o reinado tormentoso de D. João II. 
.«Rascunhos Secretos», o  último livro da minha tetralogia sobre este imenso e apaixonante tema. Este livro termina com a viagem de Fernão de Magalhães e cobre outros assuntos de que me faltava tratar. Creio ter coberto o tema dos Descobrimentos com a  profundidade, seriedade e isenção possíveis, embora sem pôr travões à liberdade de criação que me permite o papel de romancista, portanto, autora de obras de ficção, e não de historiadora, que não sou.

- Na VASP,  B27/28,  espero que tenham os 3 volumes da «História dos Paladares»: 
I - Sedução; II - Perdição; e III - Redenção, que receberam o Gourmand Best in the World Awards - Series, 2021-2022, o maior galardão do mundo para uma colecção de livros de Gastronomia. Fui receber este Óscar à Suécia, um prémio mundial que Portugal nunca tinha recebido.
É uma História da Alimentação, Culinária e Gastronomia, contada através de milhares de obras, histórias e personagens de todo o mundo e de todas as épocas, apresentando, no seu conjunto, mais de 760 receitas tradicionais, nacionais e internacionais.

- Na Praça Leya, no expositor da Casa das Letras, devem ter 4 obras:
.O «D. Sebastião e o Vidente», uma nova edição do meu primeiro romance "de grande fôlego" que, em 2006, a Porto Editora me deu a honra de escolher para se lançar no mundo da ficção, com apresentação no Mosteiro dos Jerónimos.
.O «1640»: Restauração de Portugal, aquele que eu considero o meu melhor livro e o mais trabalhoso (levou-me 13 anos a fazer).
.«O Corsário dos Sete Mares-Fernão Mendes Pinto», que foi adaptado ao cinema pelo realizador João Botelho no seu «Peregrinação».
.«O Espião de D. João II - Pêro da Covilhã», o meu 2º romance sobre os Descobrimentos da Índia e do Reino do Preste João, na Etiópia.

- E já nem falo no volume único dos «Contos+ Novos Contos Eróticos do Velho Testamento», da editora Planeta, que talvez encontrem em saldo, porque houve diferentes edições, como Romance da Bíblia e Tentação da Serpente, da ed. falida Ésquilo.

- A foto acima é caseira, tirada pela minha mão, das minhas obras, para quem as desejar conhecer.  Lá faltam os 7 romances da colecção de aventuras e viagens CRUZEIRO DO SUL (esgotados há muito tempo).



05/05/2024

Camões regressa a Lisboa com Os Lusíadas

CAMÕES REGRESSA DA ÍNDIA COM OS LUSÍADAS 

Celebro, hoje, no dia da Língua Portuguesa, tão maltratada e que eu adoro, os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, lendo-vos um capítulo do meu romance "D. Sebastião e o Vidente", em que o Poeta é a personagem principal. 

Ao desembarcar em Lisboa, vindo de Moçambique, Camões encontra a capital devastada pela peste. Julgo ter recriado com verosimilhança aquilo que o Poeta poderia ter visto à sua chegada.

26/01/2024

RASCUNHOS SECRETOS - NOVO ROMANCE DE DEANA BARROQUEIRO

 NAS LIVRARIAS NO DIA 7 DE FEVEREIRO



«Perdoai não vos declarar o meu nome, mas, nos tempos que correm, falar verdade ou apontar vícios aos poderosos pode ser assaz perigoso.» 

O narrador foi testemunha de conspirações, mortes inexplicáveis, intrigas, traições e amores adúlteros ou sacrílegos. Na corte dos três reis que serviu ― D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I ―, um navegador e guerreiro anónimo atreve-se, agora que está no ocaso da vida e refugiado em Castela, a publicar o seu diário repleto de segredos obscuros e inconfessáveis. 

Não tentem saber o seu nome, pois foi um mestre a encobrir a sua identidade. Através do que nos relata nestas páginas, contudo, poderão conhecer alguns dos maiores mistérios da era dos Descobrimentos. Começa em 1485 quando, com apenas dez anos, entrou ao serviço da rainha D. Leonor, mais tarde andou pelas Índias e foi (navegou) além da Taprobana. 

O ponto alto da sua narrativa é, todavia, a espantosa viagem à volta do mundo, empreendida por Fernão de Magalhães, seu grande amigo, a quem acompanhou e desejou prestar homenagem e fazer justiça. 

Neste novo romance, Deana Barroqueiro traz-nos uma visão global sobre os séculos XV e XVI, um dos períodos mais violentos e conspirativos, mas também mais animados, cultos e fecundos de Portugal, através dos olhos de alguém que o testemunhou.

PRÉ-VENDA ONLINE: EDITORA MANUSCRITO/PRESENÇA

11/01/2024

Deana Barroqueiro - Refeitório - Antena 1


 ENTREVISTA PARA A ANTENA 1 (RDP) - REFEITÓRIO A entrevista a Deana Barroqueiro feita por Joana Barrios, no seu programa Refeitório, sobre a sua trilogia da História dos Paladares, vencedora de cinco prémios mundiais de Literatura Gastronómica, incluindo o Gourmand Best in the World Awards - Series. Fala-se também de História da Alimentação e de gastronomia portuguesa, das suas "actividades culinárias", e de escrita de romance histórico português. Foi no dia 13 de Janeiro, em que cortaram a parte final, pois nem a entrevistada nem a entrevistadora deram pela passagem do tempo. Mas, podem ouvi-la na íntegra, se tiverem pachorra para isso, AQUI

11/10/2023

Intergalacticrobot: O Navegador da Passagem



CRÍTICA DE ARTUR COELHO 

 Confesso-me apreciador das ficções históricas desta escritora. O que mais seduz é o equilíbrio entre erudição histórica, visão crítica e sentimento de aventura patente nos seus livros. Percebi isso com o monumental Corsário dos Sete Mares, que transforam a Peregrinação de Fernão de Mendes Pinto numa aventura que nos deixa a pensar nas glórias e tragédias das odisseias portuguesas no Oriente. 

 Em O Navegador da Passagem, Deana Barroqueiro leva-nos a conhecer a figura de Bartolomeu Dias, o navegador responsável pelo dobrar do Cabo da Boa Esperança, pisando pela primeira vez o extremo da África e mostrando que era possível navegar da Europa à Índia contornando o continente africano. 

A escritora não se contenta apenas com essa saga, e cria um romance de aventura com sabor amargo, que salta constantemente entre duas das viagens de Dias: o dobrar do Cabo, e a armada da Índia de Pedro Álvares Cabral, que tropeçou no Brasil (um daqueles acasos que dificilmente foi um real acaso). Este constante saltitar entre tempos e espaços torna a leitura um pouco confusa nas primeiras páginas do livro, mas depressa nos habituamos à viagem. E somos mimados com uma extraordinária reconstrução literária da época dos descobrimentos, onde o rigor histórico se cruza com um enorme prazer na visualização desses tempos de antanho. Tanto seguimos pela costa africana, descobrindo S. Tomé, Mina, os reinos do Congo e os povos à altura desconhecidos do que se veio a tornar a África do Sul. E tanto atravessamos o atlântico num longo desvio à carreira da Índia, entre as temiveis calmarias do alto mar, os primeiros contactos com os nativos sul-americanos, e a reconstituição da primeira missa em solo brasileiro. 

A capacidade descritiva da escritora é de um rigor extraordinário, revela um profundo conhecimento da época que retrata, e consegue fazê-lo de forma fluida na narrativa. O livro não foge a uma visão crítica sobre os Descobrimentos. A visão não é dourada, de exaltação de feitos gloriosos. A dureza da vida nas caravelas é retratada de forma impiedosa, e as injustiças da busca pelos lucros da África e oriente são também mostradas sem floreados. A realidade da escravatura, um dos incentivos económicos à expansão portuguesa, é mostrada sem filtros, sendo um dos elementos centrais da narrativa. 

 Estas obras de Deana Barroqueiro são uma excelente forma de meditar sobre a história portuguesa na era dos descobrimentos. Por detrás da aventura literária está o conhecimento histórico, e este tipo de ficções são uma forma prazeirosa de aprofundar o que se sabe sobre a nossa história.

 
: O Navegador da Passagem: Deana Barroqueiro (2023).  O Navegador da Passagem. Queluz de Baixo: Manuscrito. Confesso-me apreciador das ficções históricas desta escrito..

13/08/2023

Deana Barroqueiro na Feira do Livro de Sesimbra

Caros amigos, hoje, domingo, dia 13, às 21.30 h. estarei na Feira do Livro de Sesimbra, na Praça da California, loja 4E, para falar sobre o Navegador da Passagem e a minha restante obra. 

Era bom ter gente gira para conversar. Ando muito fechada em casa e sinto necessidade de ver os meus amigos e leitores, de conviver com eles. 
Se estiverem por perto e sem nada melhor para fazer, apareçam. 
Um grande abraço.

 

25/07/2023

″Os bem-pensantes querem reduzir os Descobrimentos à escravatura, fazendo tábua rasa de tudo o resto″

Entrevista a Deana Barroqueiro para o Diário de Notícias, por Jorge Andrade   25/07/2023

Em 2023, regressou aos escaparates com o romance histórico de reconstituição, Navegador da Passagem, originalmente publicado em 2008. Narrativa que recua ao século XV, à vida e feitos de Bartolomeu Dias. Mote para uma conversa a propósito do "Capitão do Fim" e da sua época.
Franquear a porta da casa da escritora Deana Barroqueiro é enveredar num mundo de artes e artefactos, memórias de viagens e de vida, similar à matéria que a autora entretece nos seus romances históricos de reconstituição. Quinze anos após a publicação do livro Navegador da Passagem, a luso-americana, nascida em 1945 nos Estados Unidos, regressa a uma das suas obras de maior sucesso para nos embrenhar, leitores, nas águas frias de um Atlântico Sul pretérito, o do século XV. Enveredamos num périplo marítimo na senda de Bartolomeu Dias, descobridor da passagem do Cabo da Boa Esperança, elo entre o Atlântico e o Índico. 
"Uma figura praticamente apagada das páginas da História de Portugal, do homem a quem Fernando Pessoa, n"A Mensagem, apelidou de "Capitão do Fim"", como nos recorda a autora de obras como O Espião de D. João II e O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto. Licenciada em Filologia Românica, professora de Português aposentada, autora de projetos de teatro e escrita criativa, Deana Barroqueiro também endereça a sua verve a jovens leitores, com uma saga em sete volumes de aventuras escritas à maneira do escritor italiano Emílio Salgari. Presentemente, a escritora tem um livro quase terminado, "uma espécie de prolongamento de O Navegador da Passagem", como nos relata. Um outro título perfila-se, uma "obra que trata dos sucessos da segunda metade do século XVII, sob o ponto vista de um cozinheiro". 
Dos sucessos recentes de Deana Barroqueiro conta-se um dos mais importantes galardões da gastronomia mundial, o Gourmand Best in The World Award, atribuído ao seu tríptico História dos Paladares (Sedução, Perdição, Redenção). 

 O que sentiu quando visitou a África do Sul e esteve próxima do local onde Bartolomeu Dias abriu um novo caminho para as Índias? 

Senti uma enorme emoção, não só no Cabo da Boa Esperança, a que Bartolomeu Dias chamou Cabo das Tormentas, à vista do magnífico promontório, mas também na Aguada do Saldanha (Table Bay), onde foi morto D. Francisco de Almeida, o 1º Vice-Rei da Índia, como ainda no Museu de Bartolomeu Dias, em Mossel Bay, que o navegador nomeou Baía de S. Brás, ao ver a réplica da sua caravela em tamanho real. Foi uma grande viagem cultural/histórica guiada pelo historiador Prof. Dr. João Paulo Oliveira e Costa.
Comoveu-me, estar ali, naquela imensidão, a imaginar como se sentiriam aqueles homens, uns bichos da terra tão pequenos, como disse Camões, metidos numa minúscula caravela, a verem o gigantesco e aterrador promontório, contra o qual se poderiam desfazer, sabendo que tinham achado a passagem entre o Ocidente e o Oriente, unindo as duas metades do mundo, desfazendo mitos e superstições de séculos. 

 Deana Barroqueiro no cabo das Tormentas  ou da Boa Esperança.

Que retrato nos faz de Bartolomeu Dias, um "herói intemporal como "pessoa"", como o descreve ao abrir o seu livro? 

Para criar uma personagem verosímil, recorri ao muito que estudei e conheço da mentalidade e comportamento desses aventureiros, navegadores e espiões, para mostrar como se sentiam, quando tinham merecimento e deviam ser premiados pelos seus serviços, e se viam preteridos, como aconteceu a Bartolomeu Dias, o "Capitão do Fim", como lhe chamou Fernando Pessoa n'A Mensagem. Vi-o como um grande navegador, muito corajoso e leal, com um enorme espírito de sacrifício e grande determinação, capaz de dominar os seus medos para levar a cabo as suas missões, mas, e também, muito amargurado e frustrado. A sua viagem de descobrir foi decerto, para este homem, uma peregrinação interior, uma espécie de viagem iniciática para conhecer os seus limites. É, por isso, exemplar e intemporal.

Em tempos afirmou que o seu livro pode ser visto como uma "metáfora dos portugueses do século XXI". Porquê? 

No vídeo de 2008 a que alude, eu referia-me, por um lado, aos nossos emigrantes, por estar a sair muita gente jovem à procura de melhores condições de emprego e de vida, como vemos agora, quando estamos a perder os portugueses com melhor formação e mais-valia, cuja Educação pagámos todos, mas de cujo trabalho acabam por beneficiar as outras nações. Por outro lado, o livro mostra como o esforço coletivo, a inteligência do povo português e a sua capacidade de adaptação a todas as circunstâncias, mesmo às mais adversas, podem fazer grandes obras, se a isso se propuserem. Mas também mostra como os portugueses com valor e obra importante são muito pouco valorizados no seu próprio país, quer pelos seus concidadãos, quer pelos governantes ou pelos media - naquele tempo, eram os cronistas -, que pouco noticiam as suas obras e êxitos. 

O processo de escrita de um livro traz momentos de angústias e de incertezas. No caso deste Navegador da Passagem que "cabos" teve a Deana Barroqueiro de transpor? 

Em primeiro lugar, a pouca informação que havia sobre Bartolomeu Dias. Depois a própria construção da narrativa que entrelaça a sua viagem de 1487, para a descoberta do cabo (fim) de África, com a viagem da descoberta do Brasil, em 1500, alternando com episódios da sua vida na corte de D. João II e D. Manuel I, assim como algumas memórias de outras viagens que fez.


Em certas passagens do seu livro, despoja a narrativa do heroísmo para se fazer narradora dos padecimentos a bordo das caravelas, as "prisões do mar". Ao revelar-nos estas fraquezas, quer fazer das suas personagens menos heróis e mais homens? 

O herói da Expansão Portuguesa é um herói coletivo, gente anónima, muito semelhante aos nossos emigrantes dos inícios do século XX, que, em condições terríveis e à custa de muito sacrifício, suor, lágrimas e até da própria vida, procuravam um meio para sair da pobreza e ter um futuro melhor, dando o salto para uma aventura nos mares desconhecidos, que acreditavam estar cheios de monstros aterradores, de precipícios onde os barcos se iriam precipitar, ou de sereias que os levariam à loucura e à morte. 
Encontravam, de facto, esses monstros dentro de si mesmos e das caravelas de descobrir, nas calmarias que imobilizavam as Armadas, semanas a fio, e lhes apodreciam a água e os mantimentos; nas doenças como o escorbuto e as pleurisias e pneumonias, ou nos naufrágios, cujos sobreviventes, quando os havia, eram lançados nas praias de terras e continentes desconhecidos, onde acabavam quase sempre mortos de fome e inanição ou às mãos dos povos indígenas. Creio que fui o primeiro escritor português a descrever a vida terrível nestas prisões do mar. 


Para além da óbvia abertura das rotas de navegação ao Índico, contornando África, no que se traduziu para a visão do Mundo e da relação com o Outro, este dobrar do Cabo da Boa Esperança? 

Os Descobrimentos Portugueses - e Espanhóis - com todos os seus defeitos, levaram o conhecimento do Ocidente para o Oriente e vice-versa, fazendo, além disso, a primeira globalização da Época Moderna, que provocou uma espantosa revolução, progresso e trans- formação do mundo, que já não voltou a ser o mesmo, não só a nível das Ciências, mas também das Artes, das Letras, das técnicas e das mentalidades. 
E, acima de tudo, na alimentação e na culinária dos povos contactados, que se enriqueceram com a troca dos produtos (e as receitas dos nossos pratos) que os portugueses levaram da Europa, mas também do Novo Mundo (Brasil), para África e Oriente, e que trouxeram de lá para cá. Portugal estava à frente de todas as nações europeias, no período dos Descobrimentos, com saberes não só teóricos, mas de experiências feitos. Tínhamos os melhores cientistas - geógrafos, astrónomos, cartógrafos, biólogos, físicos [médicos], boticários [farmacêuticos], engenheiros e inventores, construtores de navios, historiadores, letrados, entre outros. 
As suas obras, copiadas pelas nações europeias mais avançadas, desfaziam mitos, superstições e ignorância, consagrados durante toda a Idade Média, abrindo as mentalidades para uma nova era de Conhecimento, apoiado em provas dadas pela experiência de muitos, pela descoberta de mundos e povos desconhecidos, em zonas que se julgavam inabitáveis, pela nova configuração dos continentes, desenhados milha a milha pelos nossos navegadores nas suas cartas de marear, que os espiões estrangeiros procuravam obter a todo o custo.


A bordo seguem quatro escravas da Guiné. Uma delas ganha relevância, a Leonor. Para além da componente histórica, o que nos quer transmitir ao incluir estas mulheres na narrativa? 

Foram um filão fantástico para poder inventar uma história de paixão, dor e remorso, sem falsear a História, mostrando ao mesmo tempo, a prepotência e injustiça que os poderosos exerciam sobre os mais fracos e indefesos, em particular, a desgraçada condição das mulheres, sem direitos que as protegessem, ainda pior sendo escravas. Essas quatro escravas negras foram enviadas por D. João II para serem lançadas nas terras que fossem descobrindo, porque o rei achava que as mulheres teriam mais sucesso do que os homens, nessas terras. Serviram-me para mostrar a parte mais negra dos Descobrimentos, mas também os costumes dos povos africanos desconhecidos dos portugueses de então, que julgo capazes de encantarem também os leitores de agora. O seu livro também nos traça o ambiente das cortes portuguesas do tempo de D. João II e de D. Manuel I, um mundo que além de todas as maravilhas também se fez de disputas, invejas, intrigas... 
 Em todos os meus romances históricos, do século XV ao XVII, procuro estabelecer pontes do Passado para o nosso Presente, mostrar os defeitos, vícios e virtudes que ainda persistem ou que se perderam. Para mim, a escrita é também uma arma e o escritor deve intervir no mundo em que vive, denunciar injustiças, crimes, falsidades e prepotências, combatendo-as com a palavra e não com a violência e a arruaça. 
A corte, no tempo de D. João II e de D. Manuel I era um vespeiro de invejas e intrigas, entre diversas fações, tal como hoje entre os partidos políticos e outros que competem entre si. Então, quem não pertencesse à grande nobreza, nem tivesse padrinhos e protetores poderosos na esfera do poder, nem fortuna para pagar peitas [subornos] não ia longe. Ninguém queria perder os seus privilégios, a nobreza não trabalhava, vivia dos ofícios e cargos atribuídos pelos reis e da exploração e rendas dos vassalos das suas terras e senhorios, de modo que o povo era quem pagava mais impostos e vivia na miséria, daí preferirem emigrar, embarcando na aventura dos Descobrimentos. Parece algo familiar, não acha? 

Bartolomeu Dias mereceu, na época, o reconhecimento que lhe era devido por parte dos dois reis que serviu? 

Bartolomeu Dias foi muito injustiçado por D. João II e D. Manuel I, a quem serviu com a maior lealdade, mesmo sem deles receber recompensa, de que era merecedor, mais do que qualquer outro, incluindo Vasco da Gama. Ele conhecia o seu valor, tinha sonhos e ambições que procurou concretizar contra tudo e contra todos, levando a cabo missões impossíveis, sem que o seu valor e trabalho fossem reconhecidos. 
Deveria ser ele a comandar a armada que completou a rota para a Índia, porque tinha feito a parte mais difícil do caminho, mas, para ser capitão-mor e ter sob as suas ordens outros fidalgos, teria de ser também fidalgo, teria de ter pelo menos o grau de cavaleiro e ele era apenas escudeiro, só podia ser capitão de navio. 
E o que espanta é nunca lhe terem concedido essa mercê, que até era uma recompensa comum para serviços até menos importantes. D. João II deu o título de cavaleiro a Diogo Cão, além de outras recompensas, crendo que ele tinha dobrado o cabo. Bartolomeu Dias não foi recompensado, quando o fez. Só quando morreu em serviço, D. Manuel deu uma tença aos seus dois filhos. 


"Urge fazer as pazes com determinados aspetos do nosso passado", disse a Deana Barroqueiro numa entrevista ao Clarim, em 2016. A que aspetos se referia? 

Têm-se formado, sobretudo nas redes sociais, centenas de pequenos grupos defensores muitas causas, das mais válidas às mais absurdas, a maioria das quais assentam mais em modas e numa ideia do "politicamente correto" do que em verdadeiro estudo e conhecimento dos assuntos, que querem impor violentamente à maioria dos seus concidadãos, algumas com consequências desastrosas, porque, muitas vezes, os políticos, para não perderem votos ou para não "fazerem ondas", deixam-se manipular e implementam certas ideias aberrantes. 
Os direitos das minorias, que toda a minha vida defendi, não podem, contudo, tornar-se ditaduras que vão contra os direitos da maioria. Começam a aparecer grupos e movimentos, que se auto elegeram como os novos "moralizadores" e censuradores vigilantes da sociedade, que já atacam os direitos fundamentais da maioria dos cidadãos. Começaram já a censurar os livros de escritores mortos, que não podem impedir o ato criminoso. 
Mais perigoso ainda é a vontade de reescrever a História, destruir e apagar a memória do passado, o que é o maior absurdo e o maior desastre para a civilização, porque, sem o conhecimento do nosso Passado coletivo, do bom e do mau que se fez ao longo de milénios, teremos um Presente sem memória, em que os mesmos erros se repetirão e seremos incapazes de projetar um Futuro com valores sólidos e estáveis para as próximas gerações. 
Uma das mais desastrosas consequências desses movimentos foi termos perdido a oportunidade de fazer um grande Museu dos Descobrimentos, da Expansão ou como queiram chamar-lhe, um museu nacional para um dos períodos mais ricos da nossa História, porque os bem-pensantes querem reduzir os Descobrimentos à escravatura, fazendo tábua rasa de tudo o resto. É absurdo julgar o Passado de há 500 anos ou de outras épocas, segundo as nossas conceções morais e políticas do século XXI.


14/06/2023

Algarve com a História dos Paladares - Deana Barroqueiro

 

A DRAP Algarve convida-o a "𝐏𝐞𝐫𝐜𝐨𝐫𝐫𝐞𝐫 𝐨 𝐀𝐥𝐠𝐚𝐫𝐯𝐞 𝐚𝐭𝐫𝐚𝐯é𝐬 𝐝𝐚 𝐇𝐢𝐬𝐭ó𝐫𝐢𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐝𝐚𝐫𝐞𝐬”  com Deana Barroqueiro

 Sexta-feira, 16 de junho, na Delegação do Sotavento da DRAP Algarve

Vamos estar à conversa com... Deana Barroqueiro.

O programa inclui visita às Coleções de Fruteiras do CEAT, pelas 9h30, e visita à exposição “O Posto Agrário de Tavira” no final da sessão. 

Esta é uma organização conjunta da DRAP Algarve com a Associação Internacional de Paremiologia. 

A escritora DEANA BARROQUEIRO recebeu o Gourmand World Cookbook Awards (Séries), – Prémio de melhor livro de culinária do mundo em 2022, com a trilogia “História dos Paladares”. Foi galardoada com 5 prémios mundiais, incluindo o Óscar dos Gourmand World Awards, para a Melhor Série de Livros de Gastronomia do Mundo (entre 227 países), um prémio que nunca tinha sido ganho por Portugal. 

 Da selecção de 62 países, da última fase deste Concurso, os livros arrebataram o ambicionadíssimo prémio mundial GOURMAND BEST IN THE WORLD 2022 – SERIES, vencendo os 11 concorrentes finais nessa categoria. Foi novamente nomeada para o Óscar do Gourmand Best in the World Awards. 

A Associação Internacional de Paremiologia (AIP-IAP) – é uma instituição cultural sem fins lucrativos, única no seu género a nível mundial, acreditada junto da UNESCO como uma Organização Não Governamental (ONG) e que dinamiza o Clube UNESCO de Paremiologia-Tavira (CUP-T).

30/05/2023

Lançamento de O Navegador da Passagem, de Deana Barroqueiro

 El Corte Inglés, no dia 31 de Maio, Quarta-feira, às 18 h

Venho lembrar aos amigos que O Navegador da Passagem, sobre as viagens de Bartolomeu Dias  (achamento do Cabo da Boa Esperança e descobrimento do Brasil, entre outras e sua vida nas cortes de D. João II e D. Manuel), publicado pela Editora Manuscrito/Presença, vai ser apresentado pelo Prof. João Paulo Oliveira e Costa, no El Corte Inglés, no dia 31 de Maio, Quarta-feira, às 18 h, como indica o convite. Ficarei muito feliz se vir muita gente, porque já vos verei com outros olhos (de melhor vista).


23/05/2023

Deana Barroqueiro na Feira do Livro de Lisboa, Domingo 28, às 15 h.

 


Caríssimos amigos, se quiserem conversar comigo, estarei na Feira do Livro, no próximo domingo, dia 28, às 15 h., na Praça da Presença, que fica no lado esquerdo de quem sobe o Parque Eduardo VII, mais ou menos a meio. Forma uma espécie de praça grande, em quadrado, rodeado pelos pavilhões do Grupo Presença. 

O Navegador da Passagem é uma reedição, pela Editora Manuscrito/Presença do meu romance histórico, que foi publicado em 2008 pela Porto Editora, sobre as viagens de Bartolomeu Dias e as cortes de D. João II e D. Manuel.  

Como todos sabem, adoro estar com os leitores na Feira e tenho muitas novidades. 
 Serão muito bem-vindos.





17/05/2023

À venda nas livrarias

Já está à venda nas livrarias "O Navegador da Passagem - Bartolomeu Dias", a reedição do romance de 2008, de Deana Barroqueiro, que conta a saga de quatro mulheres, escravas negras, que foram as pioneiras das viagens de exploração marítima portuguesa, no contexto do descobrimento do cabo da Boa Esperança, do caminho marítimo para a Índia e do Brasil, no meio das intrigas e traições das cortes de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel. Editado pela Manuscrito - Grupo Presença

21/11/2022

Gourmand World Cookbook Award - Series 2023

A TRILOGIA DA  HISTÓRIA DOS PALADARES  
( I - Sedução, II - Perdição, e III - Redenção)
Com 760 receitas de época
é a obra portuguesa de Gastronomia com mais prémios mundiais


Acaba de ganhar o
GOURMAND WORLD COOKBOOK AWARD - SERIES 2023
para o 3º volume da História dos Paladares - Redenção
A obra foi galardoada com cinco prémios mundiais!


PRÉMIOS
* Prix International de La Littérature Gastronomique - 2021, pela Académie Internationale de la Gastronomie (Paris) -  Volume I;
* Gourmand World Cookbook Award - Series, 2022 - Volumes I e II
* Gourmand World Cookbook Award - History of Culinary, 2022 - Volumes I e II
* Gourmand World Cookbook Award - Series, 2023 - Volume III
* GOURMAD BEST IN THE WORLD 2022 (o Óscar da Gastronomia Mundial)

25/10/2022

Lançamento da História dos Paladares - Redenção

Lançamento do 3º volume da História dos Paladares - Redenção

 8 de Novembro, 3ª feira,  às 18.30 h
na FNAC - COLOMBO

 A apresentação será feita por VIRGÍLIO NOGUEIRO GOMES (Professor, autor e crítico de Gastronomia) e JOÃO MICAEL (MATRIZ PORTUGUESA - PRÉMIO FEMINA). 

Será a primeira apresentação presencial da trilogia, em Lisboa, devido à Covid. Espero poder contar com a presença dos meus amigos, que já não vejo há 3 anos. Serão recebidos com todo o carinho. Os três volumes estarão à venda na Fnac.

02/08/2022

DOURO - HISTÓRIAS COM PALADARES VÍNICOS (VIAGEM GASTRONÓMICA)

 De 13 a 16  de Outubro 2022

A Tryvel - Groups & Incentives  convida-o para uma viagem gastronómica  inolvidável  DOURO - HISTÓRIAS COM PALADARES VÍNICOS, acompnhada por DEANA  BARROQUEIRO 
Chancela CNC - Centro Nacional de Cultura 
Hotéis 4**** | Pensão Completa 
https://tryvel.pt/tour/douro-com-paladares/
 
A VIAGEM: 
Com a consagrada autora de romances históricos e da obra HISTÓRIA DOS PALADARES, notável vencedora do mais importante prémio mundial para obras de culinária e de literatura gastronómica, os “Gourmand Best in the World Cookbook Awards 2022” (o Óscar da Gastronomia) com os dois primeiros volumes da obra, I - Sedução e 2 - Perdição (galardoados com mais 3 prémios mundiais),  convida-nos, a visitar, como Miguel Torga, esse “Douro sublimado":

O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta. (Torga)

ITINERÁRIO:


 A esta explosão de natureza juntaremos histórias com paladares vínicos, contadas por  Deana Barroqueiro, visitas culturais e de enoturismo, com belos repastos e degustação de vinhos, espumantes e iguarias gastronómicas da região, partilhadas por Chefs e Enólogos dos locais que elegemos. 

Teremos ainda, o privilégio, de sermos convidados de honra, na apresentação do 3º Volume da obra História dos Paladares – Redenção, da nossa premiada autora, que terá lugar no Hotel Hilton Porto Gaia, no cais de Gaia, com a presença de personalidades intelectuais e empresariais da região, e da sua editora, Prime Books de Jaime Cancella de Abreu. 

Ficam convidados para mais um projecto cultural com a chancela do CNC – Centro Nacional de Cultura! De registar também que a autora já tinha sido anteriormente agraciada com o Prémio Internacional da Literatura Gastronómica 2021, para o primeiro volume - “Sedução”, pela reputada Académie International de la Gastronomie (Paris), e ainda com o Prémio Femina - Notáveis Mulheres - 2021.

 CONTACTOS e RESERVAS:
 info@tryvel.pt | 936007033 Tryvel - Lisboa | Porto

30/07/2022

Assim vai o mundo editorial português...

 

Sou do tempo em que os editores eram gente culta, amavam os livros, sabiam reconhecer a qualidade onde a viam e se recusavam a publicar más obras, mesmo que os autores fossem "famosos". 

Agora, para a maioria dos editores (felizmente há algumas excepções nesta triste realidade), os livros passaram a ser "produtos", como qualquer detergente ou frango de supermercado, não interessa a qualidade, mas apenas aquilo que os seus vendedores (que nem lêem as obras) acham que interessa ao "mercado", ou seja à maioria esmagadora dos portugueses que não lê sequer um livro por ano. Em particular, se os autores forem gente da TV ou políticos... que lhes fazem a promoção nos Media.

As editoras portuguesas preferem apostar mais no lixo estrangeiro (e também nacional) do que investir na promoção dos livros de qualidade dos escritores nacionais, que são comprados pelos bons leitores, tão descurados também. Por isso assistimos, todos os anos, quer nas Feiras do Livro, quer nos saldos das livrarias, a caixotes a abarrotarem de centenas dessas obras estrangeiras "de cordel " que ninguém compra, num aviltante desperdício de papel, que até faz doer a alma.

A falta de visão dos editores, que não publicam livros mas "produtos" não podia ser mais gritante, quando 6 das principais editoras recusaram publicar a minha História dos Paladares, então com 2 volumes, "por não ser viável" dada a sua extensão e se a quisesse publicar teria de reduzir a obra a 400 páginas, que era o mesmo que matá-la! Recusei, claro, mesmo com o risco óbvio de não a ver publicada. 

Eu ganhei e as editoras perderam!
Os 2 volumes da História dos Paladares foram galardoados de imediato com 4 prémios mundiais, inclisive o da Melhor Série do Mundo da Gastronomia - The Gourmand Best in The World Cookbook Award - Series (o Óscar da Literatura Gastronómica), de entre 227 países e maiis de 1500 obras a concurso! 
E Jaime Cancella de Abreu, da pequena editora Prime Books, que teve visão e publicou não 2 mas 3 volumes, ganhou o prémio do Melhor Editor de Obras de Gastronomia - 2021!


A Bienal de Livros de São Paulo e Portugal, o país convidado

 

FALTA DE CULTURA, AVERSÃO AOS AUTORES PORTUGUESES, SUBSERVIÊNCIA DAS EDITORAS PORTUGESAS E A BIENAL DO LIVRO DE SÃO PAULO, BRASIL, ONDE PORTUGAL FOI O PAÍS CONVIDADO


 Não sei se hei-de rir ou chorar, quando vejo o balanço feito, há poucotempo, sobre esta tão gabada Bienal, que fez uma pausa de 4 anos, devido à pandemia. Por ali passaram 660 mil visitantes, em 9 dias (muito pouco para uma cidade de mais de 12 milhões de habitantes; a Feira do Livro de Lisboa, com cerca de 2 milhões, em 2021, recebeu 350 mil visitantes), sendo Portugal o país convidado.

Estiveram presentes 182 expositores, com 500 chancelas editoriais que apresentaram 3 milhões de livros (segundo a CBL - Câmara Brasileira do Livro). Dizem ainda que a média foi de 7 livros comprados por pessoa (um aumento de 40% em relação a 2018), as editoras brasileiras estavam radiantes... e as portuguesas também. 

E o que se passou na livraria do Pavilhão de Portugal, onde estavam expostos 5 mil livros, para deixar as nossas editoras tão felizes? Ora vejam bem os números: Venderam-se 663 títulos, num total de 3.829 exemplares (o 1º volume da minha História dos Paladares está quase a atingir esse número!), no valor total de 50.450,30 euros (terá chegado para cobrir os custos das viagens e da logística dos editores, livreiros, funcionários, "penduras" e autores? Se calhar ainda ficaram com prejuízo!). No entanto, para os nossos editores e livreiros foi a "bienal das bienais" (contentam-se com bem pouco!). 

O que mais me espanta, porém, são as vendas do pavilhão de Portugal. Os livros mais vendidos foram: 
 - "Cabeça fria, Coração Quente", escrito pelo treinador do clube brasileiro Palmeiras, Abel Ferreira e a sua equipa técnica (335 exemplares); 
- "As doenças do Brasil", de Valter Hugo Mãe (167, chega a ser humilhante para um autor consagrado); 
- "A Flecha", de Matilde Campilho (119); 
- "O Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago (45). 

E quanto a portugueses foi tudo, porque os mais acarinhados pelos brasileiros, no pavilhão de Portugal, foram os autores lusófonos (seguramente por não serem portugueses, independentemente do seu valor): "O plantador de Abóboras", do timorense Luís Cardoso (50) e "Niketche - uma história de poligamia", da moçambicana Paulina Chiziane (48). 
O treinador Abel Ferreira foi o autor que fez abarrotar o Arena com cerca de mil brasileiros, por certo ávidos de cultura (outras conversas de autores nem se ouviam com o barulho à sua volta). 

Ainda há alguém de boa fé que ache que os escritores portugueses interessam aos brasileiros, salvo honrosas excepções, como há em qualquer generalidade? Há décadas que constato essa quase aversão do Brasil ao que tem a ver com a Cultura e a História Portuguesa, incluindo da parte das instituições oficiais. Enquanto nas nossas universidades estudávamos durante anos a literatura e a civilização brasileira (eu estudei-as durante 5 anos), no Brasil eram escassíssimos os cursos em que era dada a nossa literatura, por isso, a ignorância dos brasileiros sobre Portugal é total e consideram o nosso país o causador de todos os seus males.

Quando é que, no Brasil, os portugueses terão deixado de ser portugueses e passaram a ser brasileiros? Quando terá nascido a verdadeira nação brasileira, a pura, sem colonialismo nem racismo - exploração do negro e do índio pelo branco? E eu adoro o Brasil, os seus escritores e os seus músicos.

11/07/2022

Dois pratos de conversa... com Deana Barroqueiro


CCRB leva escritora Deana Barroqueiro ao Porto 

No dia dos meus anos... Se alguém estiver por perto, no Porto, e quiser ir ao almoço-tertúlia, no dia 23 de Julho, no Porto Coliseum Hotel, pode inscrever-se por intermédio de Ana Correia, Tm: 919152920 

A Câmara do Comércio da Região das Beiras (CCRB) vai realizar, no dia 23 de julho, pelas 12h, no rooftop do tradicional Porto Coliseum Hotel, na cidade do Porto, mais uma edição do projecto “Dois Pratos de Conversa com…”, em que o foco é o networking, a promoção dos produtos, a gastronomia, os vinhos, a cultura da região das Beiras, bem como de outras regiões do país. 

 Nesta edição, a convidada especial será a premiada escritora Deana Barroqueiro que irá apresentar os dois volumes do livro “História dos Paladares” que mereceu distinção recentemente ao ganhar o “óscar” mundial dos livros de culinária. Portugal com Deana Barroqueiro arrecadou o prémio THE GOURMAND BEST IN THE WORLD AWARD 2022, na categoria SÉRIES, com os dois volumes da sua História dos Paladares – I – Sedução e II – Perdição (PRIME BOOKS), como os melhores livros de Literatura Gastronómica do Mundo, de 2020/21. 

 Como este ano o Porto Coliseum Hotel e o Coliseu do Porto celebram 80 anos de existência, esta iniciativa ganha ainda mais relevância do ponto de vista social, cultural, turística e gastronómica. Sobre a mesa, além de uma boa conversa, o famoso prato “Tripas à moda do Porto”, que tão bem documentado está no premiado livro “História dos Paladares” e que será confeccionado por Manuel Pinheiro, CEO do Porto Coliseum Hotel e do respeitado restaurante O Gaveto, em Matosinhos. Manuel Pinheiro é também um dos fundadores da Confraria Tripas à Moda do Porto e promove jantares em que o mote é divulgar a gastronomia portuguesa. 

Esta edição de “Dois Pratos de Conversa com…” deverá juntar várias entidades, autarcas, empresários e a comunicação social. Recorde-se que a última edição desta iniciativa teve como convidado de honra o actual Secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, em Cantanhede. 

 “Esta é uma oportunidade de homenagear a premiada autora Deana Barroqueiro, uma das mais destacadas escritoras de romance histórico português, e que agora consegue este prémio internacional. Será também um momento único para usufruir das instalações deste magnifico hotel e de dar destaque à gastronomia, aos vinhos e à cultura”, afirmou Ana Correia, presidente da Câmara do Comércio da Região das Beiras. Esta responsável realçou também que a CCRB está vocacionada para a prestação de serviços de apoio à internacionalização, exportação, importação e turismo das empresas portuguesas, através de iniciativas que são essenciais para a promoção das Regiões portuguesas. 

Sobre a autora 
Recorde-se que a escritora ganhou o prémio THE GOURMAND BEST IN THE WORLD AWARD 2022, na categoria SÉRIES, com os dois volumes da sua História dos Paladares, I – Sedução e II – Perdição (PRIME BOOKS), como os melhores livros de Literatura Gastronómica do Mundo, de 2020/21. 

Na primeira fase dos Gourmand World Awards, Deana Barroqueiro ganhou nas categorias de História da Culinária e nas Séries, de entre 227 países e mais de 1550 livros a concurso. Na última fase, a dos Best in the World (os Óscares), foram seleccionados apenas 62 países e Deana Barroqueiro arrebatou o primeiro lugar na categoria das Séries. ■