Ah, vida!

Há vida.

Sempre viva...

Na estação

O outono vai
junto as folhas secas
e o vento espanta a morte
esboça o broto a espera
o frio convida o abraço
as mãos teclam a distância
Segue o tempo ....
É preciso aprender com as estações:
" O inverno não tarda tornar-se primavera."

Estátua!

Passos agarrados no tapete
braços cruzados em indignação
janelas convidando a liberdade

passos cruzados em indignação
braços convidando a liberdade
janelas com tapetes pendurados

tapetes agarrados aos passos
liberdade convidando da janela
a indignação cruzando os braços.

ao Vento...

todos os relógios parados
vidas sem ponteiros
calendários rasgados

dias corriqueiros
sem momentos acelerados
cotidianos inteiros

sem horários marcados
nem passos ligeiros
sem desculpas de ocupados

rega-se os canteiros
janelas abrindo os  dois lados
brincando no abacateiro

todos interiorizados
da própria vida olheiros
tempos reeditados...

Verdade

Somos o movimento
nossa vida é ventar
liberdades

Eis que neste momento
o viver é estar
sem mobilidades

Mas controvento
sigo em inventar
textualidades

Assim a contento
tento exercitar
minhas subjetividades

E o pensamento
sem se intimidar
segue em brevidades

Incansável Lirismo

     Parágrafo aberto, punho fechado, acabou a tinta. Agora é quaresmar até que haja festa de novo. O tempo da ressurreição há de vir. Sorrisos de verdade enfeitarão paisagens. O ponto final substituirá esse reticente silenciador. A música tocará a lua nova e  encherá a nossa boca de estrelas.

Desmanche

formas redesenhadas
sopro dos momentos
reflexo a causa e o efeito
escolhas belas
mediocridade
resposta  insensível

quântico egoísmo reverberado
próximo do umbigo
ridículo palco desocupado
portas fechadas
peles detidas
bocas recheadas
de falas silenciosas

a noite fecha a janela
personagens dissolvidos
texto em branco
frases ocas
a alma venta o desencanto