quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Obrigado, filha!

A minha filha contou-me que fez, na escola, uma redacção. De manhã foi visitar a praia das Avencas e de tarde foi à grande manifestação da CGTP. “Sabes, pai”, contou-me admirada e orgulhosa, “escrevi que tinha dado um beijinho ao Jerónimo e ao Francisco Lopes e os meus colegas de turma nem sequer sabiam de que Partido eram os pais”.

Quando se deitou, pediu-me, como faz habitualmente, para lhe contar uma história. Só tem uma exigência habitual: que a história seja inventada por mim. Mas hoje à noite, acrescentou um requisito: “Fala-me da camponesa que os pides mataram por lutar contra a miséria”. E eu falei.
Por estas e por outras, quando me dizem que a História chegou ao fim, o desprezo que nutro pelos que sempre claudicam ante as adversidades, faz-me rir. A História avança e mesmo que os poderosos façam “planos para mil anos”, como dizia o poeta, estou certo de que também a minha Rita, milhões de ritas em todo o Mundo, empunhará a bandeira dos que lutam contra a opressão e a iniquidade.
Obrigado, filha!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SOU COMUNISTA!


Sou comunista há mais de 30 anos. Carregado de defeitos e imperfeições, mas comunista. Como afirma Nicolás Guillen, o grande poeta cubano, sei que não sou perfeito, nem puro, se é que isso existe. Mas comunista sou e quero continuar a ser. O sonho que me anima é tão natural como a mais comezinha necessidade fisiológica. Com o Che e tantos outros que nele represento, partilho a indignação ante qualquer injustiça e procuro combatê-la da melhor forma possível. No Partido Comunista Português aprendi muito do que sou e tornei-me infinitamente melhor.
Aprendi, por exemplo, a expressar livremente a minha opinião, a criticar e criticar-me e sobretudo a trabalhar para responder a uma questão essencial: como tornar melhor a vida aos seres humanos?
 
Amo o PCP e considero que com a sua existência preencheu uma das mais belas páginas da nossa História. No Partido somos todos iguais, em direitos e deveres, e fazemos da luta e das propostas fundamentadas a nossa específica forma de ser. Sem procurar benefícios pessoais, tachos ou mordomias tão comuns entre os outros. O nosso estandarte, a foice e o martelo, sempre acompanhados da estrela que simboliza o Internacionalismo Proletário, tem passado de geração em geração empunhado por um colectivo de homens e mulheres de todas as idades. Ninguém como os comunistas tem lutado tanto em Portugal pela Liberdade e pela Democracia.
 
E no entanto, continuam a investir contra o nosso ideal e projecto de sociedade com os mesmos argumentos que salazar, o assassino cruel, repetia à exaustão.
 
Agora, por todo o lado, pretendem os democratas de pacotilha e bolsos recheados, proibir os comunistas e de novo sujeitá-los à clandestinidade. Pois que venham: hão-de encontrar-nos onde sempre estivemos. Ao lado do povo e com a disposição de jamais o trairmos. Temos sobre nós a difícil responsabilidade de preservar o exemplo de heróis como Dias Lourenço, Álvaro Cunhal, Carlos Costa,Joaquim Gomes; Militão Ribeiro e tantos outros. E não há aprendizes de feiticeiro que nos intimidem.
 
Viva o PCP!
Viva Portugal!







.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O triunfo dos porcos

O Tribunal de Justiça da União Europeia proibiu o uso do brasão da antiga União Soviética como marca registada na União Europeia.
A questão foi desencadeada em 2006 por um estilista russo, que pretendeu registar o brasão da URSS como marca, no espaço comunitário. As autoridades comunitárias rejeitaram de imediato a pretensão, argumentando que se tratava de um «simbolo de despotismo» em alguns Estados membros, nomeadamente os da antiga «Cortina de Ferro».

E o douto Tribunal foi chamado a pronunciar-se – o que fez agora, passados cinco anos, sentenciando que «Deve ser recusado o registo de uma marca, se esta for contrária à ordem pública e aos bons costumes numa parte da União», chegando ao cúmulo de invocar uma «lei húngara».
Anotemos como o acórdão não fugiu, nem numa vírgula, ao decidido cinco anos antes pelos patrões da UE, o que diz o suficiente sobre este Tribunal.

E chegou a hora de perguntar aos doutos juízes «da Europa»: de que «defesa da ordem e dos bons costumes» é que falam? A «defesa» que mantém «na ordem» os actuais 30 milhões de desempregados na zona euro? Os «bons costumes» que estão a desalojar milhões de famílias das suas casas pela cupidez da finança e da especulação que, concomitantemente, acumulam fortunas colossais fazendo alastrar a miséria em mancha de azeite pela outrora «Europa dos ricos»?

Em contrapartida, de que acusam a URSS? A de ter sido o primeiro país do mundo a pôr em prática, e para todos os cidadãos, valores universais como o direito ao trabalho, à habitação, à saúde, à educação, à reforma, às férias, aos tempos livres – e tudo isto sempre constante ao longo dos seus 74 anos de existência - e assim obrigando a «Europa dos ricos» a fazer o seu «Estado social»? Por ter sido o país que acabou com o racismo e a xenefobia num território que é o sexto da terra emersa do planeta, dando aos seus mais de 100 povos e necionalidades todos os direitos atrás enunciados, mais línguas escritas para todos e, em cada uma delas, vertidas todas as obras publicadas no país?

Ou, externamente, por ter sido o país que libertou a «Europa dos ricos» da besta nazi, à custa de 20 milhões de mortos soviéticos e furando os planos aos «ricos da Europa», que almejavam a destruição da URSS? Ou será por a URSS ter admitido a criação do Estado de Israel - agora tão incensado, pela deriva cripto-fascista que o sionismo lhe imprimiu – e que nunca teria existido sem o consentimento da URSS?

Em 1945, George Orwell escreveu uma fábula chamada «O triunfo dos porcos», procurando demonstrar que «os ideiais comunistas» desembocavam sempre numa ditadura. Vinte anos depois da queda da URSS, o capitalismo tomou o freio nos dentes espalhou, como mancha de azeite, a miséria, a injustiça e a retirada de direitos sociais adquiridos. E falam de poleiro, como se apenas o sistema capitalista fosse a solução.

Este acórdão dos doutos «juízes europeus», afinal, faz ricochete no livro de Orwell: perante a «obra» de miséria realizada, «O triunfo dos porcos» instalou-se foi na «Europa dos euros».

Henrique Custódio, in AVANTE! de 22/09/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A cambada

Não há, por parte da política de direita, uma estratégia que vise a preservação de Portugal livre e soberano. Quem nos tem governado acha, aliás, o tema fora de moda e perora, prolixamente, sobre a modernidade ajustada às mordomias e prebendas de que desfruta.
Acredito que Portugal tem futuro longe de ser a lixeira da Europa ou uma espécie de Canárias onde os tarados sexuais afluem para se satisfazer.
Se lermos o programa do actual governo, nada se encontra que preveja a retoma do país o que só poderá passar pelo incremento e diversificação da produção nacional. Neste sentido, Passos Coelho e Portas são ainda mais mesquinhos que os monarcas medievais que, apesar de tudo, desenharam medidas tendentes a desenvolver o país.
Pessoalmente, considero que só a luta determinada, corajosa e coerente pode derrotar estas alimárias babadas na ânsia de enriquecer a qualquer custo. Para eleas, o país não conta. Por isso, como grasna agora Seguro, querem mais federalismo. Do que se trata é de conseguirem que algo mude para que os privilégios de que desfrutam permaneçam imutáveis. Cambada de bandidos.

domingo, 11 de setembro de 2011

O 11 de Setembro

Eis alguns 11 de Setembro (que cada setembrista adoptará como Setembros amigos e Setembros inimigos): 

·  11 de Setembro de 2001 – Ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, reivindicado pela organização de Bin Laden, ex-agente dos USA. O crime saldou-se em 3.000 mortos. 

·  11 de Setembro de 1973 – Golpe militar encabeçado por Pinochet no Chile contra o Governo Democraticamente Eleito. O crime saldou-se em 10.000 mortos e desaparecidos , milhares de prisioneiros, milhares de expulsos dos empregos e das escolas e milhares de exilados. Pinochet foi acidentalmente preso em Londres e, meses depois, libertado pelas maquinações do Eixo do Bem. Ao contrário do intocável Pinochet, Milosevic, que desobedeceu às directivas imperiais, ficou sujeito ao Tribunal da NATO, também conhecido por TPI/Tribunal Penal Internacional, em Haia. 

·  11 de Setembro de 1973 – Governo israelense toma a liberdade de expulsar Arafat da Palestina, medida suspensa por pressão internacional. 

·  11 de Setembro de 1973 – Primeira reunião clandestina dos militares do MFA/Movimento das Forças Armadas, no Alentejo, preparando o derrube da ditadura terrorista portuguesa, apoiada ou tolerada pelas democracias ocidentais , com os USA à cabeça, pela NATO e por outras instituições definidoras e reguladoras do Eixo do Bem e do Eixo do Mal. 

·  11 de Setembro de 1965 – Chegada ao Vietname da 1.ª Divisão de Infantaria dos Estados Unidos, prenunciando a escalada de um conflito com mais de dois milhões de mortos vietnamitas e 58.000 filhos dos USA, a estes últimos se adicionando 2.800 desaparecidos . 

·  11 de Setembro de 1917 –Data de nascimento de Ferdinando Marcos, ditador das Filipinas (governava por decreto), sanguinário e intocável, besta sagrada da Grande Corrupção e fantoche do Eixo do Bem. Após se tornar insustentável a manutenção do friend Ferdinando, os USA hospedaram-no no Hawai, em 1986, onde gozou da fortuna até que o Além decidiu abatê-lo ao efectivo terrestre no ano de 1989 da Era Cristã. 

·  11 de Setembro de 1902 – Data de nascimento de Bento Gonçalves, operário e revolucionário, secretário-geral do Partido Comunista Português, assassinado, em 1942, no Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. 

·  11 de Setembro de 1840 – Bombardeamento de Beirute pela Grã-Bretanha, já na altura apostada na guerra preventiva contra o poder árabe e islâmico. Não dispomos do balanço letal das canhoeiras de Sua Majestade. De resto, em meados do séc. XIX, a vida de um libanês não merecia tratamento estatístico: ainda valia menos do que hoje a vida de um libanês, de um palestiniano, de um afegão, de um iraquiano ou de qualquer opositor, resistente, terrorista nouvelle vague ou terrorista amigo descartável. 

·  11 de Setembro de 1217 - Arremetida cristã contra a praça de Alcácer do Sal, a Porta do Algarve . Os bispos de Lisboa e Évora, coadjuvados pelo abade de Alcobaça e pelas Ordens dos Templários e dos Hospitalários e negociada uma coligação (já há oito séculos se promoviam coligações) com os expedicionários do Norte da Europa que se dirigiam para a Terra Santa , lançaram uma ofensiva da cruz e da espada. A empresa foi, mais uma vez, contra os mouros e, desta vez, contra a vontade do rei D. Afonso II, ausente no Norte (e de resto, excomungado pelo Sumo Pontífice Romano, devido a disputas de poder e de propriedades). Não há registos fiáveis de baixas, embora os cristãos houvessem asseverado que mandaram para os anjinhos milhares de infiéis, graças a uma arma de destruição maciça então proliferante: uma cruz que irrompeu nos céus. 

Pelo exposto, não teremos de aceitar o 11 de Setembro de 2001 como novo marcador/divisor da História, o Antes e o Depois de Cristo de Nova Iorque. É certo que foi um acto de terrorismo contra um sistema terrorista, sendo o seu maior delito haver alvejado seres humanos apenas teoricamente responsáveis por sufragarem com o seu voto e a sua passividade o sistema em vigor. É certo que se tratou de um acto hediondo, de contornos ainda por descodificar em toda a extensão da trama. É certo que tem sido um providencial pretexto para a militarização e a policiação do mundo pelo Reich anglo-saxónico. É certo que o Império organizou exéquias universais, obrigando os governos-satélites, a comunicação social dominada e dominante e os escribas dos faraós do Far-West a demonstrar luto, repetidas condolências, lágrimas convulsas. Mas o pesar pelas vítimas de Bin Laden não deverá fazer olvidar as vítimas dos Estados Unidos e demais potências imperiais, coloniais, invasoras e espezinhadoras de todos os tempos e lugares. Temos muitos 11 de Setembro para reflectir. 


Excerto de um texto de César Princípe

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais uma grande Festa do Avante!


Quem foi à Festa, descobriu um país diferente. Construída com a abnegação dos militantes comunistas e de muitos amigos do PCP, a Festa é um espaço de amizade alegria, determinação, fraternidade e luta como não há igual. Durante três dias é possível sentir que o projecto do PCP para Portugal é, além de profundamente humanista, a comprovação de que outro caminho é possível.
Um caminho soberano, digno, independente. Um percurso que recusa o fatalismo a que os colaboracionistas da troika, ps/psd e cds nos querem condenar. Um projecto que mostra, a quem quiser ver sem preconceitos, que Portugal tem futuro e tem gente capaz de o transformar no país livre que Abril anunciou.
Da Cultura ao Desporto, da Política ao Lazer, da Resistência à Luta, não há área sobre a qual os comunista portugueses não possuam reflexão e propostas inovadoras. Visita-se a Atalaia e é impossível não ficar enojado com as patranhas que nos impingem sobre os comunistas. Gente da melhor, digna e corajosa, profundamente solidária, com memória, os comunistas portugueses são hoje a melhor garantia de que Portugal pode contar com milhares de seres humanos dispostos a garantir a sua independência e a construir o seu futuro como pátria livre e igual a outras nações.
Por isso são tão difamados. A burguesia lusitana é hoje a herdeira da nobreza fundiária que em diversos momentos da nossa História se dispôs a vender a pátria para conservar mordomias e benesses.
Saí da Atalaia revigorado.  A luta continua. Com o PCP cada vez mais prestigiado.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Voto CDU!


Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!
Ary dos Santos
Lisboa, Julho-Agosto de 1975

terça-feira, 3 de maio de 2011

O sistema

Proponho um exercício simples: reuna-se numa sala um grupo de pessoas, trezentas por exemplo, e coloque-se a debate a situação do país e as posições dos respectivos partidos. Não tenho a menor dúvida que o PCP congregaria um apoio quase unânime. Porque as pessoas gostam de verdade, coerência, honestidade e trabalho. Durante os cerca de 14 anos em que realizei plenários de trabalhadores foi sempre isso que sucedeu.
Ora, se eleitoralmente isso não acontece, onde estará o problema?
É assim tão complicado entender o resultado do trabalho sujo desenvolvido pela comunicação social dominante, propriedade da classe que só o PCP combate?
O sistema e regime em que vivemos são antidemocráticos e as eleições uma farsa. Ganha quem o capital determina, o resto são meros frutos conjunturais traduzidos em décimas acima ou abaixo das expectativas. Concordo, por isso, com a posição do PCP, para quem as eleições são apenas uma frente de luta e nem sequer a mais importante. As eleições são disputadas num quadro profundamente desigual para as forças concorrentes, com o exacerbar da bipolarização e a lavagem de corruptos e ladrões, que se apresentam asssim de roupa lavada.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eleições a 5 de Junho



Eu vou votar na CDU, porque tendo sempre confiado o meu voto a essa força política nunca me desiludiu e sempre falou verdade aos portugueses. Exactamente por isso, hoje apagam a posição do PCP sobre questões que denunciou há anos. 

Foi assim aquando da adesão à CEE. Foi assim quando os burocratas decidiram o rumo do federalismo. Assim quando deliberaram privar o povo português de um instrumento fundamental de soberania, a moeda.

Só o PCP denunciou - e na altura chamaram-lhe catastrofista - que a destruição do nosso sector produtivo nos levaria a ser o caixote de lixo da europa rica. 

Mário Soares foi o malfeitor inicial, o mestre da banha da cobra servida com promessas de futuros radiosos. Com ele e depois com outros como ele, nomeadamente com Cavaco Silva, destruiram as pescas, a agricultura, a metalurgia, a construção naval, a esperança.

Ao contrário do que apregoam, as eleições não são para o Governo, mas sim para a Assembleia da república. E aí é fundamental reforçar a posição do PCP. Mais votos e mais deputados, para uma verdadeira alternativa de esquerda, que rompa com o neoliberalismo e os políticos vigaristas.