Embora, por nascimento, não seja natural de Leiria, parece-me natural que, como Leiriense, seja tratado quem por paixão criou um dos mais belos fados de Coimbra, cartão de visita da formosa cidade do Lis e Lena. Refiro-me, claro está, a
D. José de Almeida e Silva, que assim o conhecemos pelo nome mais do que abreviado, que foi
maestro do Orfeão de Leiria, depois de ter sido regente da Tuna Académica de Coimbra e cuja nota biográfica pode consultar
aqui, nas Famílias de Leiria; E refiro-me, como já terão adivinhado, à sua mais conhecida obra, a "Balada do Encantamento", que teve, como Musa inspiradora, um ser de encanto, que não seria moura nem vivia no Castelo de Leiria, mas antes nas Cortes, que tinha por nome Maria (Isabel de Sousa Charters d'Azevedo), e de quem existe mesmo registo fotográfico;
eis aqui a Musa da famosa Balada. Não sei se comungam desta minha satisfação de, por uma vez, conhecer uma Musa; sempre me deixou um tanto aborrecida a circunstância de não se saber exactamente como era, digamos, uma Marília de Dirceu, uma Raquel de Jacob, uma Dinamene de Camões... , mas nós, leirienses, não deixamos as nossas Musas por Musas alheias... e, enfim, este reconhecimento não retira seja o que for ao encantamento deste fado-balada, antes o enriquece.
É claro que, como já terão constatado (se, a mando da vossa curiosidade, consultaram as ligações sugeridas), D. José Pais de Almeida e Silva, fez muita e valiosa obra para além desta, mas a verdade é que o nome deste senhor titular habitaria, como tantos outros, os corredores do esquecimento (excepto, provavelmente, o dos grandes eruditos, se ainda os há...), não fora esta encantadora "Balada do Encantamento", nascida e criada nas Cortes, onde habitou, terra a fazer lembrar as primeiras Cortes do Reino, que ali não foram, mas cuja importância nenhum democrata, mesmo que monárquico, pode esquecer...
E nem eu esqueço de lembrar, finalmente, (que este verbete já vai longo para quem é, como eu, de tão poucas palavras) a par da figura do seu autor, duas interpretações deste ex-libris de Leiria, uma, que logo ao iniciar este blog aqui recordei, na voz do meu saudoso amigo Manuel Branquinho
outra, gravada há pouco tempo, pelo
4FadoLisbon, num Restaurante em Lisboa, "A NINI", que "dá fado às quintas", onde aparecem para "cantar ao fado" vozes mais e menos conhecidas da nossa praça, uns profissionais, outros amadores, mas todos os que lá vão são, por certo, grandes amantes de Fado. Notável, esta interpretação no feminino, por Luz Sá da Bandeira, de quem podem ouvir outros temas no
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