Passos Coelho e Sócrates chegaram a um acordo de princípio sobre um aumento de impostos. Não se trata de um acordo que vise uma estratégia económica de desenvolvimento do País, mas apenas, de modo cego, encontrar receita para acudir ao acumular do défice público fruto do desperdício e gastos parasitários do estado. Acontece que o combate a este desperdício e gastos parasitários do Estado não foram “acordados” pelo “Bloco Central” agora formalmente criado. Para além das palavras não se avista um efectivo combate à despesa corrente (d.c.) do estado.
De 1.995 a 2.009 esta d.c.p. aumentou cerca de 50%, correspondente a um aumento de 15% do PIB (passaram de 29% do PIB para 44%). Neste período, as despesas com a administração do estado engordaram portanto em 50%!!! Como a esse brutal consumo não correspondeu quaisquer melhorias dos serviços prestados pelo estado, na Saúde, Educação, Justiça, Segurança, só poderemos concluir que tais gastos foram absolutamente desnecessários. É um fardo que os portugueses carregam sobre os seus ombros, um “monstro” que impede o desenvolvimento económico do país, gastos, portanto, absolutamente parasitários.
Mas afinal para onde vai todo este dinheiro? A criação de múltiplos e parasitários órgãos do Estado, sem sentido e num total e astronómico desperdício de verbas, com o único objectivo de proporcionar lugares bem remunerados para as clientelas partidárias por um lado e proporcionar as estas elites dirigentes os mais variados negócios particulares aproveitando-se das suas posições na administração do estado por outro, são responsáveis por todo este esbanjamento de dinheiros públicos. Sem esta pesada carga, que se amplia ano após ano, teríamos o défice público reduzido a zero e uma economia saudável e em crescimento. A oligarquia partidária que nos tem governado, o “sistema” corrupto institucional que sabiamente ergueram ao longo dos anos, são os únicos responsáveis pelo estado miserável das nossas contas públicas, pelo agravamento das condições de vida dos portugueses e pelo aumento das desigualdades sociais.
O “Bloco Central”, vendo ameaçados os múltiplos privilégios que vem desfrutando ao longos dos anos, soube agora colocar-se de acordo quanto ao aumento de impostos que vão impor aos portugueses, não para “salvar” o país da crise, como com dramatismo anunciam, mas para salvaguardarem o “sistema”, o mundo dos benefícios de que sempre gozaram. Porque o país não se salva com aumento de impostos, que atrofia o crescimento económico, mas com a redução da despesa pública parasitária de que eles próprios são os únicos beneficiários. Uma redução do défice à custa do aumento de impostos, à custa do crescimento económico só agravará as condições económicas do país. Não se espere portanto que o “Bloco Central” seja capaz de extinguir ou pelo menos reduzir os múltiplos órgãos de estado parasitários (institutos, agências, autoridades, fundações, comissões…), reduzir o número de deputados e os seus subsídios, extinguir os governos civis, extinguir as empresas municipais, extinguir os cargos de representante do estado nas regiões dos Açores e Madeira, extinguir todas as mordomias de que gozam os gestores dos órgãos do estado e políticos…, enfim, uma verdadeira Reforma Administrativa do Estado, única via de equilibrar as contas nacionais e relançar o desenvolvimento económico e social do país.
Portugal encontra-se assim numa situação desesperada. Vem sendo governado por uma oligarquia partidária que defende interesses completamente antagónicos aos interesses nacionais. Uma oligarquia parasitária que vive à custa dos sacrifícios que impõe aos portugueses.
Os portugueses terão que encontrar quanto antes uma nova alternativa política fora do quadro partidário vigente, uma vez que a nossa classe política é contrária à implantação de medidas e de uma efectiva Reforma Administrativa capaz de inverter o sentido das políticas que nos têm desgovernado. Os portugueses poderão estar certos que não há futuro com o Bloco Central e que os sacrifícios que agora lhe são exigidos se tornarão perfeitamente inúteis.
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