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sábado, 25 de dezembro de 2010

Primeira imagem

"Memórias" de Rómulo de Carvalho: um livro que acaba de ser lançado.
Há muito aguardado, finalmente apareceu á luz do dia, pela mão da Fundação Gulbenkian.
O JL antecipa a publicação de expressivos excertos, que muito me surpreenderam.
"Nunca tive vocação nem jeito para viver, inclinação elementar que qualquer ser, mesmo sem ser humano, possui por natureza" - diz a dado passo. E, mais adiante, "O mundo é repugnante e a vida não tem sentido. É uma luta permanente e feroz em que cada um busca a satisfação dos seus interesses exactamente como outros quaisquer seres vivos, animais ou plantas, que se espreitam e atacam.(...)A todos os que me estimaram e, no extremo, me amaram, um longo adeus com os olhos tristes. Muito em particular para os mais ´~intimos. (...)
E é tudo.
Chamo-me
Rómulo e nasci no dia 24 de Novembro de 1906 com sete meses de gestação. Faleci em 19de Fevereiro de 1997.
Adeus."


Estupefacto!
Nunca pensei que o autor de poemas tão belos como a "Pedra filosofal" tivesse tido, em determinada fase da sua vida, sentimentos tão tristes.
Quero lê-lo sem perder a primeira e bela imagem do poeta que perdura na minha mente.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

um livro, uma partitura, uma pintura

Um livro, uma partitura e uma pintura.
"Divina Música", "Mosaic" e "Papéis de Verão", são os seus nomes.

Matéria de sonho.
Quem disse que os sonhos não se podem realizar?

domingo, 7 de novembro de 2010

Papéis de Verão

Cinco de Novembro de 2010, à noite, no Conservatório Regional de Música José de Azeredo Perdigão.
José Mouga, Professor e Mestre, apresentou os seus quadros ao público que acorreu ao conservatório naquela noite mágica.
O pintor estava feliz por participar, através da Exposição de Desenho e Pintura "Papéis de Verão", nas comemorações dos 25 anos do conservatório. Ele achou que os seus trabalhos, feitos no seu habitual retiro de férias de Verão, ali encontraram o melhor lugar para se mostrarem ao público.
E, de facto, o espaço que os recebeu, transfigurou-se de tal forma que parecia o salão nobre de um belo palácio em dia de festa, no tempo das luzes. Mas, em boa verdade se diga que, apesar de tudo, a velha sala em que todos bebíamos as palavras do pintor, ali se mantinha, humilde e fiel às origens, inundando os presentes com o espírito da casa a que sempre pertenceu.
Seguiu-se um momento, também ele histórico, de atribuição duma simbólica peça artística, como merecida homenagem, a todas as personalidades que se revelaram importantes na criação e desenvolvimento do conservatórtio.
A cerimónia culminou com histórico Momento Musical, em que, ao piano, a quatro mãos, dois antigos alunos e actuais profissionais ao serviço da Música, João Vale e Rita Namorado, brilharam ao mais alto nível.
Uma noite perfeita.
A visitar e apreciar até ao Natal.
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25Anos

domingo, 31 de outubro de 2010

António

Lobo Antunes, para mim, é o António.
Tem mais irmãos, mas, neste momento, só ele conta para mim.
Revejo-me nas suas palavras.

«Nunca vou ter tempo para escrever tudo o que queria (.). A sensação que tenho é que somos intermediários entre duas instâncias que nos excedem, que nos ultrapassam, que não entendemos. Eu sei que vou morrer, mas tenho de continuar a trabalhar, para que o meu trabalho fique e os meus livros continuem a interpelar as pessoas», frisou.

Os meus avôs chamavam-se "António", como o escritor. Não conheci o avô paterno (faleceu quando o meu pai tinha 14 anos): pouco sei da vida dele, mas a tradição oral encarregou-se de fazer passar para a história, um homem que, para além de exímio carpinteiro, ocupava o reduzido tempo livre na leitura de textos ligados à religião católica [note-se que estou a falar dum tempo em que, na aldeia, poucos sabiam ler e a religião era, creio, uma forma dominante de ocupação do espírito].
O avô materno, um digno "mestre d'obras" (assim eram conhecidos os pequenos construtores civis) que foi um segundo pai.
Que orgulho sinto por eles.
António também se chamava o meu irmão mais velho. partiu há muito pouco tempo. parece que ainda está aqui.
Lobo Antunes, através da palavra, reuniu-os a todos, à minha volta.
Não conheço nenhuma palavra que possa transmitir aquilo que, nesta hora, sinto.
O breve texto é uma mera tentativa de passar para o 'papel' a densidade desse sentimento.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Paula Rego - Dama

Paula Rego ordenada Dama pela rainha Isabel II de Inglaterra
A pintora portuguesa Paula Rego foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II, distinção que a artista considerou um "grande reconhecimento".

Ao receber o segundo maior grau desta Ordem, criada em 1917, Paula Rego passa a ter o título de Dama - o equivalente ao Sir usado pelos homens -, que pode usar antes do nome. É a quarta mulher pintora a receber esta honra, após Laura Knight, Ethel Walker e Elizabeth Blackadder.
A distinção tinha sido anunciada a 12 de Junho, a propósito do aniversário da rainha, que todos os anos homenageia pessoas que se tenham distinguido nas respectivas áreas, nomeadamente nas artes.
(...) É considerada uma das melhores pintoras vivas no Reino Unido. Paula Rego chegou a Londres para estudar em 1952 na Slade School of Art, onde conheceu o futuro marido, o pintor britânico Victor Willing. Depois de um período em Portugal, Paula Rego acabou por se instalar na capital britânica em 1976, onde mantém residência e continua a trabalhar.
Paula Rego foi agraciada ao mesmo tempo que dezenas de outras personalidades das artes, da moda e da ciência, numa cerimónia com rituais antigos. Para os graus mais altos, os condecorados têm de se ajoelhar perante a rainha e são ordenados com o toque da espada nos ombros antes de receberem a insígnia. Entre os homenageados de hoje estavam Brian Cox, físico que foi músico na juventude mas que hoje é conhecido como um dos melhores comunicadores científicos, e Charles Blanchflower, economista que fez parte do Banco de Inglaterra e que avisou para o perigo de uma crise financeira.
A actriz Vicki Michelle, que se celebrizou devido ao papel de Yvette na série "'Allo 'Allo!", foi condecorada pelo trabalho em causas de solidariedade.

*Lusa

Imparável, o reconhecimento da sua arte, a um nível cada vez mais elevado.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um livro

'Divina Música' é o título da antologia de poesia sobre Música que a Proviseu edita por ocasião do 25º aniversário da fundação do conservatório Regional de Música Dr. José de Azeredo Perdigão.
Amadeu Baptista, organizador, reuniu uma plêiade de poetas com créditos firmados no panorama da literatura portuguesa e dos países lusófonos.
Um exemplo
Affonso Romano de Sant'Anna
Brasil

ADÁGIO DE MENDELSOHN

E como eu tivesse de sair do escritório
e o rádio tocasse o adágio do Concerto para Violino
de Mendelsohn
decidi deixar ligado o aparelho
embora ninguém estivesse ali para apreciar o que se ouvia.

Deixei os livros, o computador, objectos na estante, as canetas,
grampeadores, tesoura, folhas de papel em branco,
deixei tudo entregue
à responsabilidade musical de Mendelsohn.

Quando voltei daí a dez minutos
todos os objectos, absolutamente todos,
olhavam-me agradecidos
e até na paisagem da janela
havia uma densa, muda e imponderável melodia.

Paula Rêgo - 3

No dia da divulgação do ranking das escolas portuguesas,a pintora, 75 anos, foi ouvida sobre a escola que frequentou, Escola St. Julians School, Carcavelos.
"Tudo o que me aconteceu mais tarde na vida começou naquela escola", afirma.
Lembra-se de ter pintado muito enquanto frequentou a St. Julian's e de dois professores, Miss Turnbull e Mr. Sarsfield, que a "prepararam para o futuro".
Tem saudades sim: dos rapazes.*

Sublinho a ideia que transmite e muito pode orgulhar um professor: os mestres preparam o aluno para o futuro!

*Extracto do jornal Público.Sexta-feira 15 Outubro 2010.

sábado, 11 de setembro de 2010

Paula Rêgo - 2

Esta semana, Paula Rêgo esteve de novo entre nós, para receber mais um louro, desta feita da Associação (cito de ouvido na rádio, antena 2: "Associação dos Jornalistas e Imprensa estrangeira em portugal"), como a figura portuguesa que mais se distinguiu.
Merecidíssimo.
"Em Portugal recebo mais do que dou" (...) "não coisas políticas que a gente não gosta, mas sim coisas que enchem barriga.... coisas que enchem barriga... Não ofereço quadros... as pessoas não precisam de quadros, mas sim de dinheiro... Façam um lotaria para angariação de fundos para a cultura." - respondeu ao jornalista que a questionou a propósito de mais uma estada em Portugal.
Fantástico.
Tenho uma dívida para com a pintora. ainda não visitei a Casa das Histórias.

sábado, 21 de agosto de 2010

Que pena eu não saber pintar

António Mega Ferreira confessa na sua habitual crónica, (Notícias Sábado'239 de 7 de Agosto de 2010), a sua incapacidade de traduzir em imagens gráficas o que vê e imagina.

'É uma pena, mas não tenho qualquer espécie de jeito para desenhar, pintar ou, mesmo, para fotografar" - diz ele.
'A inteligência do traço, a sensibilidade cromática, a intuição dos volumes ou, numa só palavra, a habilidade é-me estranha. Na primeira aula de desenho no liceu Pedro Nunes, em 1959, pediram-me que desenhasse o que me apetecesse: saiu um barco , tosco e achatado, pintado de vermelho e verde. Estão a ver...' -

O Autor explica como nasceu o desejo de pintar: 'tudo começou com a necessidade que sentia de registar certos apontamentos do muito que ia vendo e da esperança de poder vir a legar à posteridade (essa tentação demoníaca) uns cadernos de trabalho onde pequenos esquissos, discretas aguarelas, umas aguadas subtis completassem a escrita fragmentária, as citações mais amadas, os aforismos elegantes. A motivação decisiva veio depois de ter visitado longamente a casa-museu de George Sand em Paris, onde se mostram múltiplos exemplos do evidente talento gráfico e pictórico da mulher que amou Musset e Chopin '.

Mas, depois de várias tentativas, sem êxito, assumiu que não seria capaz de realizar o seu sonho.

Este desabafo do escritor encorajou-me a confessar o motivo que conduziu á criação deste espaço: o gosto pelo Desenho e Pintura, a vontade de registar acontecimentos nessa área, e o interesse em abordar a influência de determinadas manifestações artísticas no campo da literatura e vice-versa.
Dentro dessa linha, seria importante falar da vida de certo pintor, obras de arte e repercussão que teve em determinada localidade, instituição ou grupo social; abordar a importância de certa exposição de pintura e lançamento de um livro, ambos alusivos a um tema candente e actual; e, mesmo, quem sabe, [aviso que estou a entrar no campo do sonho] dar corpo ao secreto desejo de dedicar algum tempo ao acto de criação, no campo do Desenho, disciplina para a qual o professor reconheceu que 'tinha algum jeito'.
Mas, neste último capítulo, devo desde já acrescentar que, manda a previdência, que me mantenha um ser sonhador, sem pressa de passar à prática, a fim de que não me aconteça o mesmo que ao Escritor.
Devo limitar-me à transposição das ideias para o papel, através da palavra escrita, como acontece no caso concreto deste humilde texto (não deixa de ser uma forma tentada de 'claro desenho' duma ideia, dum projecto...?!).
Espero que seja inteligível.
Não sei se o consigo. Eterna dúvida, podem crer!

Obrigado AMF! Pela 'Espuma das coisas' *

*nome da coluna regular no "NS"



Paula Rêgo - 1

A pintora portuguesa Paula Rêgo foi uma entre as dezenas de pessoas ontem homenageadas pela rainha Isabel II de Inglaterra a propósito das comemorações do seu aniversário. Paula Rêgo recebeu a Ordem do Império Britânico pela sua contribuição para as artes. - notícia do Público.Domingo 13 Junho 2010.

"A casa encheu-se de gente, e mais gente, e mais gente.
Toda essa gente obedecia aos quadros. Subjugada,
olhava-os como se olham as imagens nas igrejas antigas."

As palavras constituem um excerto da crónica do dia 3/10/2009 do colunista regular do "Actual"semanal de José Manuel dos Santos A festa da inauguração da Casa das Histórias, em Cascais, mereceu as palavras referenciadas em epígrafe.
Paula Rêgo, pintora que admiro.
Muito me orgulhou, quando num belo dia, há vários anos, no Bar da National Galery, em Londres, vi com meus olhos, a ilustração da parede com desenhos da sua autoria.
Nunca mais esquecerei o orgulho que senti de ser português num país estrangeiro.
Voltei a Londres, na última Páscoa, e lá estavam os seus desenhos.
Sem palavras.


terça-feira, 6 de julho de 2010

Os pássaros acompanham os músicos

"Os pássaros acompanham os músicos" - palavras de Rui Neves, na Antena 2, ontem, como convidado, no programa da manhã. No decurso de interessante conversa, Rui Neves deu a conhecer o programa do 6º Festival de Jazz im Goethe-Garten, que hoje se inicia, no Instituto Alemão, em Lisboa. A expressão saiu-lhe, no momento em que se falava do espaço, com particular destaque para a luz natural do jardim e a beleza do ambiente que se cria à volta, enquanto os músicos interpretam as suas partituras. Sempre no fim da tarde, á mesma hora.
Um sonho!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cabo da Boa Esperança

Cidade do Cabo, hoje pelas 19h30, início do duelo ibérico.
Esperamos que a selecção faça jus ao nome com que os navegadores baptizaram o cabo onde fica localizada a cidade: boa esperança.
E desejo que a porta do caminho marítimo para a Índia se abra de novo para os quartos de final.
Lembro aqui Durban, a cidade de Pessoa, que, frente ao poderoso brasil, nos permitiu a passagem aos oitavos de final. Foi lá que o jovem Fernando frequentou com sucesso a Escola Universitária; "conseguiu terminar um «Intermediate Examination in Arts» e que o fez relacionar-se com as obras de Edgar Poe, Byron, Milton ou Sheley. Dez anos em Durban, num período fundamental do crescimento do poeta, foram, aliás, decisivos para a sua formação académica e para a formação da sua complexa personalidade" - citação de Vítor Serpa, in "Diário de um jornalista na África do Sul", jornal "A BOLA" de 25/6/2010.
Oxalá que a cidade do Cabo seja inspiradora e desperte a veia goleadora dos jogadores lusos, dando-lhes o passaporte para os quartos de final.

domingo, 27 de junho de 2010

Ser

Questão sobre a intelecção do poema:
"A intelecção do poema em Pessoa e Camões ... em Camões, os sonetos são difíceis".
"(...) não interessa ser menor ou maior. Ser eu. Em literatura é que sou."
Palavras de Vergílio Ferreira, numa entrevista recordada pela Antena 2, de que tomei nota, em viagem.