sexta-feira, março 31, 2006

Memorando de guerra



VÍDEO - Cortesia do Crooks and Liars


Neste vídeo humorístico, Jon Stewart debruça-se sobre o recentemente noticiado memorando, no qual o presidente Bush determinou a data de 10 de Março de 2004 para entrar em guerra com o Iraque, fossem ou não encontradas armas de destruição maciça.

O presidente norte-americano, George W. Bush, informou o primeiro-ministro britânico em 2003 que estava decidido a invadir o Iraque mesmo sem uma resolução da ONU e sem que alguma arma de destruição maciça tivesse sido encontrada.

Citando um memorando secreto britânico, o New York Times refere que o presidente norte-americano estava certo da inevitabilidade da guerra e deu a conhecer o seu ponto de vista a Tony Blair, num encontro dos dois políticos, na Sala Oval da Casa Branca a 31 de Janeiro de 2003.

"O início da campanha militar estava então prevista para o dia 10 de Março", escreve o conselheiro parafraseando o presidente George W.Bush.

George W.Bush referiu, consequentemente, a possibilidade de provocar um confronto, sacrificando, por exemplo um avião de vigilância norte-americano, pintado com as cores da ONU, na esperança de provocar a guerra.


Comentário:

Para além do extraordinário momento de humor no vídeo de Jon Stewart, não podemos deixar de reparar na tendência da equipa de Bush para sacrificar aviões de forma a levar por diante a sua agenda.

quinta-feira, março 30, 2006

Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay



Em Setembro de 2000 um documento intitulado “Reconstruindo as defesas da América”, foi publicado pelo neo-conservador think-tank "Projecto para o Novo Século Americano". Nele, lamentava-se o declínio das forças armadas Norte-Americanas no pós guerra fria, e propunha-se uma revitalização de forma a cimentar a posição da América como a potência mundial dominante. Mas, segundo o documento “o processo de transformação arriscava-se a ser demorado na ausência de um evento catastrófico e catalizador – como um novo Pearl Harbor (pág. 51):



E com efeito, passado exactamente um ano:



Comentário:

Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay.

quarta-feira, março 29, 2006

Mário Soares - Variações sobre o terrorismo

Excerto de um artigo de Mário Soares - Jornal Expresso 27-03-2004

É preciso conhecer melhor a Al-Qaeda para a combatermos com eficácia. Não às cegas. Há milhares de livros, publicados em todas as línguas, sobre o terrorismo global - que está intimamente relacionado com a «globalização depredadora» que temos e com a «economia de casino» que nos rege. Estudemo-los. Atenção à diplomacia do Vaticano, extremamente activa, nomeadamente nos encontros ecuménicos organizados pela Comunidade de Santo Egídio, em que tenho participado. Exploremos os contactos que a Al-Qaeda parece ter com o mundo obscuro das finanças - dos «off-shores» e dos «paraísos fiscais» - com o «dinheiro sujo», com a criminalidade organizada, com o tráfico ilegal de armas, incluindo atómicas, com o mercado da droga. Há franjas desse sub-mundo que, seguramente, serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, podem penetrar e conhecer. Já o devem ter feito. Mas será que os grandes responsáveis querem tomar conhecimento dessa negra realidade e das pistas que indica?



Comentário:

Bom, se Soares está a falar de serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, que já devem ter infiltrado a Al-Qaeda, então deve estar a falar desta meninas:



Os Estados Unidos possuem 13 grandes agências de informações. Vejamos algumas das mais importantes:

CIA (Central Intelligence Agency): Colocando agentes no terreno, pesquisando e utilizando outros meios, a CIA recolhe informações acerca de governos estrangeiros que fornece ao governo americano. Procedem também à contra-espionagem. Possuem cerca de 20 000 funcionários. O Washington Post reportou que o orçamento anual da CIA é de 30 mil milhões de dólares.

NRO (National Reconnaissance Office): Opera a rede de satélites espiões dos Estados Unidos. Orçamento anual actualmente: 10 mil milhões de dólares.

FBI (Federal Bureau of Investigation): Recolhe informação sobre ameaças domésticas, incluindo organizações terroristas estrangeiras baseadas nos Estados Unidos, ameaças domésticas, etc. Orçamento: 3 mil milhões de dólares.

DIA (Defense Intelligence Agency): Recolhe e trata informação sobretudo ao nível militar. Trata, também informação provinda de outras agências. Orçamento anual actualmente: 40 milhões de dólares.

Army Intelligence: Dedica-se à recolha de informação e distribuem-na pelos outros serviços de informações.

Navy Intelligence: idem.

Air Force Intelligence: idem.

Marine Corps Intelligence: idem.

NSA (National Security Agency): É a agência encarregue da criptografia e da vigilância electrónica.

Estimativas indicam que o orçamento total para as treze grandes agências de informação ultrapassem os 100 mil milhões de dólares anuais.


Sendo assim, resta saber se a Al-Qaeda não estará já de tal forma infiltrada pelos serviços secretos que não resta nenhum espaço para extremistas islâmicos.

segunda-feira, março 27, 2006

O segundo 11 de Setembro: o "Plano de Contingência" de Cheney







Texto de Michel Chossudovsky

Enquanto a "ameaça" das alegadas ADM do Irão é inscrita para debate no Conselho Segurança da ONU, informa-se que o vice-presidente Dick Cheney deu instruções ao USSTRATCOM para preparar um plano de contingência a ser utilizado no caso de se verificar novo ataque terrorista do tipo 11/Setembro nos Estados Unidos". Este "plano de contingência" para atacar o Irão utiliza o pretexto de um "segundo 11/Setembro", que contudo ainda não aconteceu, para preparar uma importante operação militar contra o aquele país.

O "plano de contingência", que se caracteriza como um fortalecimento militar na antecipação de possíveis ataques aéreos contra o Irão, está em "estado de prontidão".

O que é diabólico é que a justificação para travar uma guerra contra o Irão assenta no envolvimento daquele país num ataque terrorista à América, o qual ainda não aconteceu:

O plano inclui um ataque aéreo de grandes proporções contra o Irão, empregando armas nucleares tácticas e convencionais. Existem mais de 450 objectivos estratégicos principais no Irão, incluindo numerosos locais suspeitos de desenvolvimento de programas de armas nucleares. Muitos dos objectivos estão fortemente protegidos ou estão localizados em instalações subterrâneas e não podem ser atingidas por armas convencionais, daí a opção nuclear. Tal como no caso de Iraque, a resposta não está condicionada ao facto de o Irão estar envolvido directamente em actos de terrorismo dirigidos contra os Estados Unidos. De acordo com informações, vários oficiais de alta patente da Força Aérea, envolvidos no planeamento, estão horrorizados com as implicações daquilo que estão a fazer – que o Irão tem vindo a ser definido para um ataque nuclear não provocado – mas nenhum deles está preparado para prejudicar a sua carreira colocando objecções. (Philip Giraldi, Attack on Iran: Pre-emptive Nuclear War, The American Conservative , 02/Agosto/2005)

Será legitimo entender que os planeadores militares dos EUA estão no limbo à espera de um segundo 11/Setembro a fim de lançar uma operação militar dirigida contra o Irão, o qual está actualmente num "estado de prontidão"?

O proposto "plano de contingência" de Cheney não se concentra na prevenção de um segundo 11/Setembro. O plano Cheney baseia-se na presunção de que o Irão estaria por trás de um segundo 11/Setembro e de que bombardeamentos punitivos seriam imediatamente activados, antes mesmo de se iniciar uma investigação, muito na linha do aconteceu com os ataques contra o Afeganistão em Outubro de 2001, alegadamente em represália pelo papel do governo Taliban no apoio aos terroristas do 11/Setembro. Vale a pena notar que o bombardeamento e a invasão do Afeganistão haviam sido planeados bem antes do 11/Setembro. Tal como Michael Keefer destaca num incisivo artigo de revista:

Num nível mais profundo, isto implica que 'ataques terroristas tipo 11/Setembro' são reconhecidos pelo gabinete de Cheney e pelo Pentágono como meios apropriados para legitimar guerras de agressão contra qualquer país seleccionado para esse tratamento pelo regime e pelo seu sistema corporativo de propaganda-amplificação.... (Keefer, Fevereiro/2006)

Keefer conclui que "um ataque ao Irão, o qual presumivelmente envolveria o uso de um número significativo de bombas nucleares penetrantes extremamente "sujas", poderia muito bem ser fabricado para se seguir a um ataque com bombas sujas nos Estados Unidos, o qual seria descrito nos media como tendo sido executado por agentes iranianos" (Keefer, Fevereiro/2006)

domingo, março 26, 2006

Atentados de Madrid: não foi uma operação da Al-Qaeda


Voltairenet

A dos años de los atentados en la capital española durante la hora pico de utilización del transporte público, el jefe de la inteligencia española hizo públicas las primeras conclusiones de la investigación. Estas contradicen totalmente, una vez más, la teoría de la conspiración islamista mundial que los ocupantes de la Casa Blanca y sus seguidores siguen difundiendo desde aquel entonces a través de la prensa mundial, demostrando así su desprecio por la verdad, por el trabajo de los investigadores y por la memoria de las víctimas.

«No fue una operación de Al Qaeda», declaró a la Associated Press el jefe de la inteligencia española, quien agregó que ésta «fue organizada en España». En un video que se difundió dos días después de los hechos, un tal Abu Dujan al-Afghani, que decía ser el «vocero militar de Al Qaeda en Europa», reclamaba la autoría de los atentados. Era lo único que necesitaba la prensa europea, ansiosa de sumar la opinión europea a la gran cruzada por el petróleo árabe. Los medios europeos de difusión afirmaron a coro que la operación llevaba «la marca de Al Qaeda».

Esto permite comprobar hasta qué punto la aceptación de una gran mentira (Al Qaeda como organización terrorista internacional autora de los ataques del 11 de septiembre de 2001) permite que muchísimas otras sean deslizadas tras ésta, como atribuir los atentados de Madrid, Casablanca, Bali, Londres, etc. a una organización impalpable pero que presentan como decidida a instaurar un califato mundial. La repetición de este esquema es tan constante que oculta la acumulación de hechos que lo desmienten: los juicios contra presuntos miembros de Al Qaeda en Europa no han llegado a nada, los atentados de Londres fueron organizados, con poca destreza, en el propio Reino Unido , los atentados de Casablanca fueron un ajuste de cuentas entre marroquíes, etc.


Comentário:

Se não foi a ETA nem a Al-Qaeda que levaram a cabo os atentados do 11 de Março em Madrid, quem diabo terá sido?

quinta-feira, março 23, 2006

A RTP, a Cultura , o Malato e a Herança



O novo concurso do Malato - a Herança - é de facto genial!

O novo concurso da RTP, a Herança, tem um final assaz divertido: o apresentador revela cinco palavras sem qualquer ligação aparente e o concorrente "só" tem de descobrir, num curto espaço de tempo, o termo que está relacionado com todas elas.

Mas qual é a piada, perguntam vocês. Ora, a piada está no facto de ser impossível adivinhar o termo pretendido, tendo em conta que as cinco "pistas" são totalmente absurdas, enganadoras e filhas-da-puta. O pobre concorrente fica com cara de parvo a olhar para elas e, no final, quando lhe é revelado o termo que ele deveria (por milagre) ter acertado, solta um triste e pouco convicto "Ah, pois era". Isto perante o riso paternalista do intragável Malato, que qualifica esta patranha de "prova de conhecimento" e invariavelmente conforta o pateta do concorrente com o terrivelmente cínico: "Está a ver? Bastava pensar um bocadinho!".

Vejam, por exemplo, o que se passou há dias. Estas eram as pretensas pistas (juro que é verdade):


Paulo

Napoleão

Paraguai

Évora

Promoção


Como podem ver, basta reflectir durante 2 minutos para descobrir o termo certo. Não conseguem? Pensem lá mais um pouco. Como é óbvio para uma luminária do calibre do Malato, a palavra certa só poderia ser "Assunção". Confusos? Ora bem, como explicou o apresentador, "Paulo" é o primeiro nome do jogador do FCP - Paulo Assunção (esta era de caras pá, e eu aqui a pensar em S. Paulo).

"Napoleão" nasceu no dia 15 de Agosto, dia de Nossa Senhora da Assunção (tão fácil). Como é óbvio, o concorrente deveria ter pensado "Napoleão? Ainda bem que publiquei a semana passada a minha tese de doutoramento sobre a vida de Napoleão. Sei que o gajo nasceu a 15 de Agosto de 1769 às 13:30, e sendo esse o dia da Nossa Senhora da Assunção, a resposta só pode mesmo ser Assunção".

A terceira pista, "Paraguai", é a única que faz sentido, sendo no entanto ofuscada pelo surrealismo das outras.

"Évora" era uma pista muito óbvia para o Malato, já que a cidade tem uma igreja da Nossa Senhora da Assunção (não consta, no entanto, que o Paulo Assunção ou o Napoleão tenham alguma vez lá comungado).

Por fim, "Promoção" é um dos sinónimos de "Assunção" (como todos sabem). Mais fácil do que isto era impossível.
(unknown author)

terça-feira, março 21, 2006

O actor Charlie Sheen questiona a versão oficial do 11 de Setembro



O actor Charlie Sheen questiona a versão oficial do 11 de Setembro

O actor Charlie Sheen juntou-se a um crescente grupo de figuras públicas ao questionar a versão oficial do 11 de Setembro e pede uma nova investigação independente do atentado e das circunstância que o rodearam.

Em entrevista no «The Alex Jones Show» na rádio GCN a estrela de «Platoon» explicou porque é que tinha problemas em acreditar na versão do governos sobre os acontecimentos.

Sheen concordou que a maior teoria da conspiração foi concebida pelo governo e inicia a sua argumentação citando o antigo presidente Theodore Roosevelt, «apoiar o presidente não cuidando de saber se ele está certo ou errado é não só anti-patriótico e servil, mas é também uma traição moral ao público americano.»

«Parece-me que 19 amadores armados de facas tomando conta de quatro aviões comerciais e atingindo 75% dos seus alvos, soa-me a teoria da conspiração. E levanta uma data de questões

Sheen afirmou que o clima de aceitação para discussões sérias acerca do 11 de Setembro é agora mais favorável do que há dois anos atrás. Descreveu o seu cepticismo imediato em relação à versão oficial sobre o colapso das torres gémeas e do edifício nº 7 em 11 de Setembro.

«Eu levantei-me cedo e estava a ver as notícias e a torre norte estava a arder. Vi a torre sul a ser atingida em directo, essa famosa imagem onde o avião desaparece por trás do edifício e então vemos uma tremenda bola de fogo.»

«Tive uma sensação, aquilo não parecia nenhum avião comercial em que eu alguma vez tivesse voado e quando os edifícios caíram mais tarde nesse dia disse ao meu irmão – não parece que aqueles edifícios caíram fruto de uma demolição controlada

Sheen afirmou que a impressão que as pessoas tinham de que os edifícios foram implodidos deliberadamente, for mitigada pela incessante corrente da versão oficial dos acontecimentos desse dia.

Sheen questionou a plausibilidade de bolas de fogo terem viajado pelo poço do elevador e causado danos nas salas de entrada das torres como foi visto em vídeo, especialmente se tivermos em conta os testemunhos visuais de bombas e explosões ao nível da base dos edifícios.

Em relação ao edifício nº 7, que não foi atingido por nenhum avião, Sheen salientou o uso do termo “pull”, um termo usado na indústria de demolições para implosão dito por Larry Silverstein, quando ele falou na decisão de implodir o edifício nº 7 antes do colapso do mesmo.


segunda-feira, março 20, 2006

EL TAMIFLU, DONALD RUMSFELD Y EL NEGOCIO DEL MIEDO




Extracto de la Editorial del número 81(abril-2006) la revista DSALUD

(www.dsalud.com) por José Antonio Campoy


¿Sabes que el virus de la gripe aviar fue descubierto hace 9 años en Vietnam?

¿Sabes que desde entonces han muerto apenas 100 personas EN TODO EL MUNDO TODOS ESTOS AÑOS?

¿Sabes que los norteamericanos fueron los que alertaron de la eficacia del TAMIFLU (antiviral humano) como preventivo?

¿Sabes que el TAMIFLU apenas alivia algunos síntomas de la gripe común?

¿Sabes que su eficacia ante la gripe común está cuestionada por gran parte de la comunidad científica?

¿Sabes que ante un SUPUESTO virus mutante como el H5N1 el TAMIFLU apenas aliviara la enfermedad?

¿Sabes que la gripe aviar hasta la fecha solo afecta a las aves?

¿Sabes quien comercializa el TAMIFLU? LABORATORIOS ROCHE.

¿Sabes a quien compró ROCHE la patente del TAMIFLU en 1996? a GILEAD SCIENCES INC.

¿Sabes quien era el Presidente de GILEAD SCIENCES INC y aun hoy principal accionista? DONALD RUMSFELD, actual Secretario de Defensa de USA:



¿Sabes que la base del TAMIFLU es el anís estrellado?

¿Sabes quien se ha quedado con el 90% de la producción mundial de este árbol? ROCHE.

¿Sabes que las ventas del TAMIFLU pasaron de 254 millones en el 2004 a mas de 1000 millones en el 2005?

¿Sabes cuantos millones más puede ganar ROCHE en los próximos meses si sigue este negocio del miedo?

O sea que el resumen del cuento es el siguiente: Los amigos de Bush deciden que un fármaco como el TAMIFLU es la solución para una pandemia que aún no se ha producido y que ha causado en todo el mundo 100 muertos en 9 años. Este fármaco no cura ni la gripe común.

El virus no afecta al hombre en condiciones normales. Rumsfeld vende la patente del TAMIFLU a ROCHE y este le paga una fortuna. Roche adquiere el 90% de la producción del anís estrellado, base del antivírico. Los Gobiernos de todo el Mundo amenazan con una pandemia y compran a ROCHE cantidades industriales del producto. Nosotros acabamos pagando el medicamento y Rumsfeld, Cheney y Bush hacen el negocio...


¿ESTAMOS LOCOS, O SOMOS IDIOTAS?



Dr.Eneko LANDABURU PITARQUE - enekolan@arrakis.es



sábado, março 18, 2006

Zarqawi já está no Irão

Correio da Manhã – 17/03/2006

Irão - Rebeldes disfarçados de polícias atacam

Pelo menos 21 pessoas foram assassinadas e sete feridas por rebeldes iranianos que se fizeram passar por forças da segurança numa auto-estrada no sudeste do Irão.

Segundo a agência noticiosa do país 'IRNA', os rebeldes mandaram parar as pessoas e mataram-nas na quinta-feira à noite, na estrada de Zabol-Zahedan na província Sistan-Baluchestan, fronteiriça com o Paquistão e o Afeganistão.

"As pessoas pensaram que eles eram polícias iranianos", afirmou o chefe da Polícia do país, o general Esmaeil Ahmadi Moghaddam, que acusa os serviços secretos norte-americanos e britânicos de encorajarem rebeldes iranianos a atacarem pessoas.

"Aparentemente está a ser fomentada a instabilidade e o ódio religioso, semelhante aos bombardeamentos do templo xiita em Samarra (no Iraque)", afirmou Moghaddam, adiantando que a Polícia iniciou a busca dos rebeldes que se supõe terem fugido para o Afeganistão.


Este episódio faz-me lembrar este incidente no Iraque:

Foram descobertos explosivos e um detonador por controle remoto no carro dos dois homens das forças especiais SAS "resgatados" da prisão em Bassorá a 19 de Setembro:

Embora relatado inicialmente pelo Times e pelo Mail, todas as menções aos explosivos alegadamente encontrados com os homens do SAS desvaneceram-se dos noticiários. Ao invés disso, as estórias eram sobre o perigo que os homens correriam se fossem entregues à milícia dirigida pelo clérigo "radical" Moqtada al-Sadr. "Radical" é um termo enxertado gratuitamente, al-Sadr tem realmente cooperado com os britânicos. O que deviam eles dizer acerca do "resgate"? Muitíssimo, mas nada disso foi relatado neste país. O seu porta-voz, Sheikh Hassan al-Zarqani, disse que os homens da SAS, disfarçados como seguidores de al-Sadr, estavam a planear um ataque a Bassorá logo após um importante festival religioso. "Quando a polícia tentou detê-los", afirmou ele, "abriram fogo sobre a polícia e transeuntes. Após uma perseguição de carro, foram presos. O que a nossa polícia encontrou no carro era muito perturbador — armas, explosivos e um detonador por controle remoto. Estas são armas de terroristas".

O episódio ilumina a mais persistente mentira da aventura anglo-americana. A "coligação" diz que não tem culpa pelo banho de sangue no Iraque — mas tem, de forma esmagadora — e que terroristas estrangeiros orquestrados pela al-Qaeda são os culpados reais. O regente da orquestra, dizem eles nesta linha, é Abu Musab al-Zarqawi, um jordano. O poder demoníaco de Al-Zarqaqi está no centro do "Programa estratégico de informação" montado pelo Pentágono para enquadrar a cobertura dos noticiários da ocupação. Ele foi o único êxito incondicional dos americanos. Ligue qualquer noticiário nos EUA e na Grã-Bretanha e o repórter mantido dentro de uma fortaleza americana (ou britânica) repetirá afirmações não comprovadas acerca de al-Zarqawi.

Um membro da Assembleia Nacional Iraquiana, Fatah al-Sheikh afirmou: "Há uma enorme campanha dos agentes dos ocupantes estrangeiros para entrarem e instilarem ódio entre os filhos do povo iraquiano e espalharem rumores a fim de uns intimidarem os outros... Os ocupantes estão tentando iniciar incitações inter-religiosas e, se isto não acontecer, eles então iniciarão uma incitação entre os xiitas".

O objectivo anglo-americano do "federalismo" para o Iraque é parte de uma estratégia imperial de provocar divisões num país onde as comunidades tradicionalmente tem-se sobreposto, e mesmo casado entre si. A promoção de al-Zarqawi, assim como a de Osama, faz parte disto. Tal como o Pimpinela Escarlate, ele está em toda a parte mas em parte alguma. Quando os americanos esmagaram a cidade de Faluja no ano passado, a justificação para o seu comportamento atroz foi "agarrar aqueles sujeitos leais a al-Zarqawi". Mas as autoridades civis e religiosas negaram que ele alguma vez tivesse estado ali ou tivesse qualquer coisa a ver com a resistência.

"Ele é simplesmente uma invenção", disse o Imam da mesquita de Bagdad, al-Kazimeya. "Al-Zarqawi foi morto no princípio da guerra no norte do Curdistão. A sua família chegou a organizar uma cerimonia após a sua morte". Seja isto verdadeiro ou não, a "invasão estrangeira" de al-Zarqawi serve como o último véu de Bush e Blair na sua "guerra ao terror" e cambaleante tentativa de controlar a segunda maior fonte de petróleo do mundo.

quinta-feira, março 16, 2006

Estados Unidos preparados para lançar "ataque preventivo" contra o Irão


16.03.2006 – Lusa - PUBLICO

Um documento da Casa Branca revelado hoje pelo jornal "Washington Post" garante que os Estados Unidos estão preparados para lançar "ataques preventivos contra terroristas ou Estados" que ameacem a sua segurança nacional, apesar dos esforços de guerra no Iraque. De acordo com o mesmo documento, o Irão é actualmente o principal desafio.

"Não excluímos o uso da força, mesmo não tendo certezas sobre a data e o local do possível ataque do inimigo", refere o documento de estratégia para a segurança nacional da Casa Branca.

"O Irão poderá representar o maior desafio", lê-se também no texto.

O relatório, de 49 páginas, lembra também os casos da Coreia do Norte, da Rússia e da China e apela a Pequim para que "actue de forma responsável" e "faça as opções estratégicas certas para o seu povo".

O documento considera como prioritária a cooperação internacional para a resolução de conflitos, "em particular com os nossos amigos mais antigos e mais recentes, e com os nossos aliados".

"A importância da prevenção na nossa estratégia de segurança nacional continua a ser a mesma", sustentam os responsáveis pelo documento, que deverá ser hoje apresentado pelo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Stephen Hadley.



Comentário:

Os avisos à Rússia e à China são bastante elucidativos. Esperemos que estes se aguentem. O monstro militar-petrolífero Yankee tem de ser travado!

terça-feira, março 14, 2006

O pensamento político de Bush



"Eu gostaria de ter estudado latim. Assim eu poderia comunicar melhor com o povo da América Latina."

"A grande maioria de nossas importações vem de fora do país."

"Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos."

"O Holocausto foi um período obsceno na História da nossa nação. Quero dizer, na História deste século. Mas todos vivemos neste século. Eu não vivi nesse século."

"Uma palavra resume provávelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa palavra é 'estar preparado'."

"Eu tenho feito bons julgamentos no passado. Eu tenho feito bons julgamentos no futuro."

"Eu não sou parte do problema. Eu sou Republicano."

"O futuro será melhor amanhã."

"Nós vamos ter o povo americano mais educado do mundo."

"Eu mantenho todas as declarações erradas que fiz."

"Nós temos um firme compromisso com a NATO. Nós fazemos parte da NATO. Nós temos um firme compromisso com a Europa. Nós fazemos parte da Europa."

"Um número baixo de votantes é uma indicação de que menos pessoas estão a votar."

"Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não."

"O povo americano não quer saber de nenhuma declaração errada que George Bush possa fazer ou não."

"Não é a poluição que está prejudicando o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso."

"Para a NASA, o espaço ainda é alta prioridade."

"É tempo da raça humana entrar no sistema solar."

sábado, março 11, 2006

Os lucros da banca


Um texto assinado por José Alberto Pitacas

Em 2005, os lucros após impostos dos três maiores bancos privados portugueses cresceram mais de 40%, face ao ano anterior, atingindo quase 1.300 milhões de euros. Por sua vez, estima-se que os lucros do sector bancário deverão ultrapassar os 3.000 milhões de euros. Um “valor histórico”, como noticiaram alguns jornais.

Que pensar destes números? Que dirá um trabalhador desempregado ou com um emprego precário? Que dirá um trabalhador da administração pública ou do sector privado que vê o seu poder de compra diminuir? Que dirão muitas pequenas e médias empresas que atravessam dificuldades?

Curiosamente ou talvez não, este aumento dos lucros surge num contexto de crise: estagnação económica, encerramento de empresas, aumento do desemprego, perda de poder de compra dos salários. Afinal a banca até ganha com a crise?

Os lucros do sector bancário resultam, em primeiro lugar, da diferença entre os proveitos das suas aplicações (juros dos empréstimos) e os custos dos recursos que capta (juros de depósitos). É a margem financeira. A esta diferença acrescem os valores líquidos das comissões (cobradas com os empréstimos, operações de títulos, gestão de contas ou outros serviços bancários), dos rendimentos de títulos e dos proveitos com operações financeiras. Obtém-se, assim, o produto bancário (em 2005, deverá rondar os 11 mil milhões de euros).

Se ao produto bancário se deduzir os custos com fornecimentos e serviços de terceiros, fica-se com o valor acrescentado bruto do sector bancário, que vai ser distribuído por cinco parcelas: amortizações, provisões, custos com pessoal, lucros e impostos.

A fim de se comparar a sua dimensão, repare-se que, em 2005, o valor dos lucros deverá ser muito próximo dos custos com pessoal.

Neste domínio, importa salientar que mais de 20% dos custos com pessoal são relativos a remunerações e outros encargos com os titulares dos órgãos de administração e fiscalização e com os quadros de direcção, isto é mais de 600 milhões de euros.

Como é fácil de antever, os lucros da banca derivam muito de quatro factores: margem financeira, comissões, provisões e custos com pessoal.

Entre nós, os elevados lucros do sector bancário, registados em 2005, resultaram duma baixa remuneração dos depósitos (na sua maioria inferiores à taxa de inflação), duma generalizada cobrança de comissões (abertura de processo, gestão, manutenção, resgate, etc.), dum grande endividamento das famílias (sobretudo em crédito à habitação), de cortes nos custos com pessoal, com maior recurso a serviços de terceiros (segurança, tesouraria, informática, etc.) e através duma maior intensidade de trabalho do pessoal do quadro.

Estará a banca ao serviço da economia nacional ou ao serviço dos grupos económicos que a controlam? A quem beneficiam tais lucros?

Certamente que não ao Estado, visto que, devido a um conjunto de isenções e benefícios estabelecidos, a taxa efectiva de IRC paga pela banca é sensivelmente metade da taxa daquele imposto. Logo o Orçamento de Estado vê-se privado duma importante receita.

Como se sabe, os lucros geram dividendos, que correspondem a uma parte dos lucros que é distribuída aos detentores do capital dessas empresas. A propósito, cite-se o facto noticiado recentemente num diário, que só em dividendos de acções detidas em dois bancos (um português e um espanhol), o empresário Américo Amorim irá receber 28,8 milhões de euros, ao que acrescem cerca de 54 milhões de euros de dividendos a receber da Galp. Um verdadeiro jackpot! Atente-se que aquela verba corresponde ao salário mensal de 215 mil trabalhadores que recebem o salário mínimo nacional.

Os fabulosos lucros da banca são mais um sintoma da desigual e injusta distribuição da riqueza e do rendimento verificada em Portugal. Como alguém dizia, sempre que se fala em crise “há um pobre que fica mais pobre e um rico que fica mais rico”.


Comentário:

Não concordo com a frase: «há um pobre que fica mais pobre e um rico que fica mais rico».

Julgo antes que: «há mil pobres que ficam mais pobres e um rico que fica mais rico»

quarta-feira, março 08, 2006

Teerão reage a ameaças dos EUA


Correio da Manhã - 8/3/2006

Os EUA podem ter o poder de causar danos e sofrimento, mas também são susceptíveis de sofrer danos e sofrimento. Assim, se os EUA desejam ir nesse sentido, desejamos que a disputa se mova nessa direcção”, assinalou o representante iraniano.

Javad Vaidi fez questão de sublinhar que na opinião de Teerão há duas opções a considerar: conseguir um compromisso e cooperar ou enveredar pela confrontação. ”Esperamos e não pouparemos esforços para realizar a primeira opção”, referiu.

Reagindo aos avisos feitos por Washington de não desistir de recorrer ao Conselho de Segurança da ONU como o próximo passo para resolver a crise nuclear iraniana e às ameaças de que o Irão poderá enfrentar pesadas consequências se não desistir dos seus propósitos, Teerão respondeu que, aconteça o que acontecer, não desistirá das suas investigações de enriquecimento de urânio.
Questionado sobre as respostas a dar a eventuais sanções que possam vir a ser aplicadas ao Irão, Javad Vaidi referiu que, nesse caso, Teerão poderá reconsiderar a sua política de exportações de petróleo, numa clara ameaça com a possibilidade de poder vir a usar o “ouro negro” como arma neste conflito de interesses.



Comentário:

A questão é que a Rússia e a China já não estão dispostos a ceder nem mais um milímetro à expansão americana. Está, portanto, muito em jogo no Irão. Aproximam-se tempos muito perigosos:

Já há muitos anos que os estrategas soviéticos deixaram de desafiar a marinha americana, seguindo os seus passos a cada navio, canhão ou dólar. Não estando em condições de competir no plano orçamental, optaram por uma solução estratégica defensiva. Começaram a procurar fraquezas no adversário e a desenvolver meios relativamente baratos de as explorar, aliás com êxito. Foi assim que desenvolveram vários mísseis terra-terra supersónicos, um dos quais, o SS-N-22, foi descrito como «o míssil mais assassino do mundo»

A marinha americana ainda não defrontou um adversário tão extraordinário como o Sunburn. As unidades americanas no Golfo já estão ao alcance dos Sunburn iranianos, para já não falar dos SS-NX-26 Yakhont, igualmente de fabrico russo (velocidade: Mach 2,9; alcance 290 km), que os iranianos também encomendaram. Todos os navios estão expostos e vulneráveis. Quando o cerco se fechar, todo o Golfo se transformará num temível campo da morte.

segunda-feira, março 06, 2006

Mundo cão



A foto vencedora do prémio Pulitzer tirada em 1994 durante a fome no Sudão. A imagem mostra uma criança com fome, rastejando em direcção ao campo das nações Unidas, a um quilómetro de distância.

A ave de rapina espera que a criança morra. Esta fotografia chocou o mundo inteiro. Ninguém sabe o que aconteceu à criança, inclusive o fotógrafo Kevin Carter que abandonou o local logo após ter tirado a foto. Três meses depois, Kevin, o fotógrafo, suicidou-se.


Do fotógrafo

Kevin Carter (1961-1994) fazia parte de um grupo de quatro fotógrafos, jovens, de classe média. Os outros três eram: Greg Marinovich, Ken Oosterbroek e João Silva, um moçambicano educado em Portugal. Tinham o apelido de The Bang Bang Club, dado pela imprensa internacional da África do Sul, pois eram destemidos e às vezes extremamente descuidados para conseguir imagens violentas da guerra.

A história dos quatro fotojornalistas sul-africanos foi contada no livro The Bang Bang Club, por Greg Marinovich, co-assinado por João Silva. Conta a saga do grupo que, diariamente, se dirigia às cidades próximas a Johanesburgo para fotografar a fase mais violenta da luta entre os partidários do ANC (African National Congress) de Nelson Mandela e os do líder zulu Buthelezi, no final do apartheid.

As imagens renderam prémios internacionais e fama aos quatro fotógrafos, porém, com custos emocionais aos dois sobreviventes do grupo, além da morte de Ken Oosterbroek, primeiro sul-africano a ganhar um Pulitzer, ocorrida durante um dos tiroteios, à vista de seus companheiros. Ken faleceu em Abril de 1994 e Kevin Carter suicidou-se aos 33 anos, em Julho do mesmo ano, asfixiado com os gases do escape do carro.

Os longos períodos passados em situações extremas e de conflitos dificultaram o convívio social no dia-a-dia. Como conta Greg no livro: "Quando se tenta recebe-se um olhar de incompreensão ou asco. Só conseguimos falar dessas coisas entre nós". Kevin dizia que sofria de depressão e pesadelos.

Em 1993, João e Kevin foram ao Sudão cobrir o genocídio de tribos cristãs pelo governo sudanês. João já tinha percorrido a aldeia de Ayud tirando algumas fotos. Kevin percorreu a mesma aldeia e tirou a foto da menina. Disse que estava fotografando uma criança, mudou de ângulo e, de repente, viu o urubu atrás dela. Disse que tinha enxotado o abutre. João já tinha fotografado a mesma menina, mas sem a ave.

A fotografia, que foi adquirida pelo New York Times, ganhou o prémio Pulitzer de 1994, e deu mais resultado do que qualquer outra reportagem para chamar a atenção sobre a fome no continente africano. Porém, levantou a questão que acompanhou o fotógrafo até sua morte. O que ele tinha feito para salvar a criança? Todos queriam saber, e Carter dava diferentes versões. Chegou a declarar, em uma das suas últimas entrevistas, que odiava a foto.

A respeito do tipo de trabalho que faziam em campo, Greg, no livro, faz uma reflexão sobre o assunto: "João e eu também vimos muitas crianças morrer à nossa frente, na Somália, e só fotografávamos. Tragédia e violência produzem imagens fortes. Somos pagos para isso. Mas há um preço embutido em cada imagem dessas: um pedaço da emoção, da vulnerabilidade, da empatia que nos torna humanos se perde a cada vez que accionamos o botão da câmara."

sábado, março 04, 2006

Migalhas

Fernando Madrinha - Expresso 4/3/2006

Os nove administradores do BCP outorgaram-se em 2005 salários no valor total de 31,34 milhões de euros, isto é, cerca de 250 mil por mês a cada um, além dos 9 milhões de encargos do banco com os seus seguros e planos de reforma. É um banco privado, sim, mas tem uma participação pública significativa. E, em qualquer caso, é um banco de um país muito diferente daquele em que 900 mil cidadãos carecem de umas migalhas do Estado para conseguirem chegar aos... 300 euros mensais.

quarta-feira, março 01, 2006

Bali - a al-Qaeda Australiana



O ataque bombista de Bali (Outubro de 2002)

O ataque em Bali na praia de veraneio de Kuta resultou em cerca de 200 mortes, sobretudo turistas australianos. O ataque à bomba foi alegadamente perpetrado pelo Jemaah Islamiah, um grupo que opera em vários países do sudeste asiático. Relatos de imprensa e declarações oficiais apontam para laços estreitos entre o Jemaah Islamiah (JI) e o Al Qaeda. O "dirigente operacional" do JI é Riduan Isamuddin, aliás Hambali, um veterano da guerra soviético-afegã, que foi treinado no Afeganistão e no Paquistão. Segundo um relato da UPI:

"A guerra [soviético-afegã] proporcionou oportunidades para figuras chave destes grupos, que estiveram no Afeganistão, experimentarem por si próprios a glória da jihad. Muitos dos radicais detidos em Singapura e na Malásia retiraram sua inspiração ideológica das actividades dos mujahideen no Afeganistão e no Paquistão".

Aquilo que tal relato deixa de mencionar é que o treinamento dos maujahideen no Afeganistão e no Paquistão foi uma iniciativa patrocinada pela CIA lançada no mandato do presidente Jimmy Carter em 1979, utilizando o ISI do Paquistão como um intermediário.


Ligações do JI à inteligência militar da Indonésia

Há indicações de que, além das suas alegadas ligações à Al Qaeda, o Jemaah Islamiah também tem ligações à inteligência militar da Indonésia, a qual por sua vez tem ligações à CIA e à inteligência australiana.

As ligações entre o JI e a Agência de Inteligência da Indonésia (BIN) são reconhecidas pelo International Crisis Group (ICG):

"Esta ligação [do JI ao BIN] precisa ser explorada mais completamente: isto não significa necessariamente que a inteligência militar estava a trabalhar com o JI, mas levanta uma pergunta acerca da extensão em que conhecia ou poderia ter descoberto mais acerca da JI do que reconheceu". (International Crisis Group, http://www.crisisweb.org/projects/showreport.cfm?reportid=845 , 2003)

O ICG, contudo, deixa de mencionar que o aparelho de inteligência da Indonésia tem sido, durante mais de 30 anos, controlado pela CIA.

No rescaldo das bombas de Bali em Outubro de 2002, um relato contraditório proveniente de altas patentes da Indonésia apontava para envolvimento tanto do chefe da inteligência militar indonésia, general A. M. Hendropriyono, como da CIA:

"A agência e o seu director, gen. A. M. Hendropriyono, são bem considerados pelos Estados Unidos e outros governos. Mas aqui ainda há altos responsáveis da inteligência que acreditam que a CIA estava por trás do bombismo".

Em resposta a tais declarações, a administração Bush exigiu que a presidente Megawati Sukarnoputri refutasse publicamente o envolvimento dos EUA naqueles ataques. Nenhuma retractação foi emitida. Não só a presidente Megawati permaneceu silenciosa acerca deste assunto como também acusou os EUA de ser:

"uma superpotência que forçou o resto do mundo a alinhar-se consigo... Nós vemos como a ambição de conquistar outras nações levou a uma situação em que não há mais paz a menos que todo o mundo obedeça à vontade daquele que tem o poder e a força".

Enquanto isso, a administração Bush utilizou os ataques de Bali para apoiar a sua campanha de medo:

"O presidente Bush disse 2ª feira que admite que o al-Qaeda fosse responsável pelo bombardeamento mortal na Indonésia e que está preocupado com novos ataques nos Estados Unidos".

As notícias [referentes ao ataque de Bali] chegavam enquanto responsáveis da inteligência americana advertiam que mais ataques como o bombardeamento indonésio podem ser esperados nos próximos meses, na Europa, no Extremo Oriente e nos EUA".


Encobrimento

As ligações do JI à agência de inteligência indonésia nunca foram postas em relevo na investigação oficial do governo indonésio — a qual foi guiada nos bastidores pela inteligência australiana e pela CIA.
Além disso, logo após o bombardeamento, o primeiro-ministro australiano John Howard "admitiu que as autoridades australianas foram advertidas acerca de possíveis ataques em Bali para preferiram não emitir uma advertência". Também em consequência dos bombardeamentos, o governo australiano optou por trabalhar com o Kopassus, as Forças Especiais da Indonésia, na assim chamada "guerra ao terrorismo".


Austrália: "Onda de indignação aproveitável"

Recordando a Operação Northwoods, o ataque de Bali serviu para desencadear "uma onda de indignação aproveitável". Ele contribuiu para inclinar a opinião pública australiana em favor da invasão americana do Iraque, e ao mesmo para enfraquecer o movimento de protesto anti-guerra. Na sequência do ataque de Bali, o governo australiano juntou-se "oficialmente" à "guerra ao terrorismo" conduzida pelos EUA. El e não só utilizou o bombardeamento de Bali como pretexto para integrar plenamente o eixo militar EUA-Reino Unido como também adoptou medidas policiais drásticas, incluindo o "perfilamento étnico" direccionado contra os seus próprios cidadãos:

O primeiro-ministro John Howard fez recentemente a extraordinária declaração de que está preparado para efectuar ataques militares preventivos contra terroristas em países asiáticos vizinhos que planeiam atacar a Austrália. Agências de inteligência australianas também estão muito preocupadas quanto à probabilidade de um ataque do al-Qaeda que utilizasse armas nucleares.