sábado, dezembro 30, 2006

Five wishes and a deceit

Jornal Expresso - 30 de Dezembro de 2006

Five wishes:
Cinco (de cinquenta) desejos para 2007 de Miguel Sousa Tavares com os quais concordo

1 - Que alguma reforma fiscal tivesse a coragem de terminar com um sistema iníquo em que eu, com o meu trabalho, pago uma taxa de imposto quatro vezes superior à dos lucros do meu banco.

2 - Que desistissem da OTA, em sinal de respeito pelos que pagam impostos.

3 - Que não privatizassem a TAP nem fizessem mais negócios de compinchas com o património público.

4 - Que o Dr. Pina Moura passe à clandestinidade.

5 - Que morra o TLEBS.


And a deceit:
A Liberdade segundo José Cutileiro

«Urge preservar a liberdade mundial, tarefa em que os EUA têm um papel fulcral. Sem eles, os regimes autoritários imporiam a brutalidade política e jurídica.»

«A liberdade está sempre em risco. Fala-se muito na necessidade de difundir e proteger os chamados ‘bens públicos globais’: a paz é um, a água outro, a saúde seria outro ainda e por aí fora. Mas a liberdade - a liberdade à antiga, a liberdade de 1789, a liberdade de crença, de opinião, de expressão - é mais importante do que todos eles. Essa é a razão pela qual, apesar do Iraque, de Guantánamo e do défice, apesar da ingenuidade, ignorância, arrogância, compadrios e incompetências da administração Bush, a América faz bem ao mundo, que se ela enfraquecesse ou se desinteressasse, se tornaria num lugar pior.»

quinta-feira, dezembro 28, 2006

terça-feira, dezembro 26, 2006

O discurso natalício de Sócrates que os surdos adoraram ouvir

A tradutora em linguagem gestual para surdos, que surge no canto inferior direito do ecrã, ou por claras divergências com o Primeiro-Ministro ou por manifesta incompetência, adulterou a mensagem de Natal que José Sócrates enviou a todos os portugueses na RTP1.

Eis o que os surdos perceberam das palavras do nosso Premier:

Vídeo – 3:43m

Sócrates - mensagem de Natal

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domingo, dezembro 24, 2006

O número dois da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, lança um sério aviso à blogosfera portuguesa

O número dois da rede terrorista Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, afirmou, num vídeo divulgado ontem pela internet, que os blogues portugueses insultaram as operações de martírio organizadas por Osama bin Laden, e apelou à Jihad (guerra santa) contra os infiéis do ciberespaco luso.

Vídeo - 3:37m:

Zawahiri - Building 7

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quinta-feira, dezembro 21, 2006

A duvidosa estratégia militar para o Iraque do novo ministro americano da Defesa

Jon Stewart do Daily Show questiona, com humor, o «correspondente» Ed Helms sobre o fracasso da estratégia militar que tem vindo a ser seguida no Iraque:


Jon: Somos a maior superpotência do mundo. Investimos milhões em armas de alta tecnologia. Como é que isso não é eficaz?

Ed: Porque eles fazem batota! Estas pessoas não sabem como lutar numa guerra. Confronto directo em que os outros estão em desvantagem em relação a nós. Estes tipos deviam escolher alguém da altura deles... e não alguém maior.

Jon: O que devemos fazer?

Ed: Estamos a treinar o exército deles para lutar em guerras convencionais. Esperando que um dia, quando o país recuperar, nós os consigamos derrotar.


Vídeo - 4:28m

DS - A estratégia militar para o Iraque

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terça-feira, dezembro 19, 2006

Estados Unidos - até onde é possível desfigurar a democracia?

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

O Preço da Segurança

Publicado na Visão em 26 de Outubro de 2006


Nos países mais desenvolvidos está em curso uma mudança profunda nas prioridades dos governos, com enormes implicações para o relacionamento entre cidadãos e governos. A mudança pode resumir-se assim: do bem estar social para a segurança. Até à década de 1980, o bem estar social tinha total prioridade na acção governamental. A qualidade das políticas sociais na área do trabalho, saúde, educação e segurança social era o critério por que se aferia a qualidade da governação. A segurança dos cidadãos frente à violência, o crime e os acidentes estava intimamente ligada ao bem estar, sendo vista como resultando dele. Por sua vez, a segurança colectiva estava assegurada pela ordem internacional multilateral assente na Guerra Fria.

Com o triunfo do neoliberalismo e o colapso da União Soviética, tudo começou a mudar. As políticas sociais começaram a perder prioridade e deixaram de ser vistas como um factor de segurança. Esta passou a ser vista como a nova prioridade dos governos, ao mesmo tempo que a segurança internacional foi confiada aos EUA. O aumento da criminalidade, a imigração e, por fim, o terrorismo vieram dar força acrescida a esta mudança. Aumentaram os orçamentos públicos da segurança, ao mesmo tempo que surgiu uma nova indústria, a indústria da segurança, hoje uma das mais rentáveis.

Esta mudança tem um impacto múltiplo. Na área do bem estar social, passaram a dominar duas ideias: pode faltar dinheiro para as políticas sociais mas não pode faltar para a segurança; o declínio do bem estar (e o aumento das desigualdades) não é considerado um factor de insegurança. Nas relações entre cidadãos, as solidariedades básicas, a hospitalidade, a curiosidade desprevenida e a entreajuda vão sendo substituídas pela suspeita e temor de estranhos, xenofobia, preferência pelo familar e privado, condomínios fechados e, no limite, guerra civil. O vizinho passou a ser um estranho e, potencialmente, um inimigo. E o mesmo se passa nas relações internacionais. Para além da lógica belicista e do unilateralismo, floresce a moda dos muros, transformando os países igualmente em condomínios fechados. Muros planeados ou em curso: 747 km entre Israel e a Palestina; 814 km entre a Arábia Saudita e o Iraque; 1120 km entre os EUA e o México.

Por último, a prioridade absoluta da segurança pode vir a ter um impacto devastador na democracia, porque torna possível o ataque à democracia em nome da defesa desta. A vigilância começa a ser permanente e indiscriminada (por exemplo, as contas pagas com cartões de crédito são globalmente monitoradas). Em resultado, os governos sabem cada vez mais sobre as acções dos cidadãos e os cidadãos, cada vez menos sobre as acções dos governos. Em nome da guerra contra o terrorismo, cometem-se atrocidades jurídicas, de que o exemplo mais extremo é "a lei das comissões miltares" que acaba de ser promulgada nos EUA. Nos termos desta lei, qualquer não cidadão que seja declarado "combatente inimigo ilegal", pode ser detido indefinidamente, torturado em violação da Convenção de Genebra, e a confissão obtida sob tortura utilizada como prova. Mas a medida mais extrema é a eliminação do habeas corpus, uma garantia dos acusados desde o século XII. O detido não pode conhecer as razões da detenção nem questioná-las perante um juiz independente. Isto significa que, se alguém for detido por engano (erro de identificação) não tem nenhuma instância a que recorrer para o dizer e provar. Um advogado americano, almirante na reserva, declarou no Congresso que, com esta lei, os EUA se transformavam numa república das bananas. Este tipo de leis, cuja eficácia é duvidosa, suscita esta pergunta: até onde é possível desfigurar a democracia?

domingo, dezembro 17, 2006

Porque é que estes gajos só pagam 11% de IRC?











Porque é que estes gajos, cujos lucros aumentam escandalosamente de trimestre para trimestre, só pagam 11% de IRC, quando o resto das empresas paga 25%? Porque é que o governo mantém estas taxas ridículas à banca sem dar qualquer explicação à população? Será que os bancos têm o Sócrates no bolso?

sábado, dezembro 16, 2006

Vasco Pulido Valente - um Iraque sem saída? Mas sair para quê?

Vasco Pulido Valente

Jornal Público - 16 de Dezembro de 2006

Sem saída?


«Bush destapou a panela do Médio Oriente e não se vê maneira de a tapar outra vez. McCain pediu 20.000 homens para "inverter", enquanto é tempo, "a tendência" para o caos. Com optimismo, precisava de, pelo menos, 500.000 por um prazo indefinido e longo. A América não percebeu um facto básico: no Iraque ninguém se considera "vencido", como se considerou em 1945 na Alemanha ou no Japão. Pelo contrário, o que o mais vulgar iraquiano dia a dia constata é a completa impotência da América no terreno. Nenhum paliativo (20.000 homens, por exemplo) chega para resolver esta situação mortal. Mortal para a América e mortal para a "Europa".»


Comentário:

Vasco Pulido Valente, entre dois goles de whisky e com a frontalidade que o caracteriza, acorda-nos para a dura e fria realidade: vai ser muito difícil voltar a tapar a panela que Bush irresponsavelmente destapou.

Mas será que Bush quer de facto tapar a panela? E devemos falar em panela ou em barril (de petróleo)? Porque é que o Pentágono está a gastar somas inimagináveis na construção de 106 bases permanentes, incluindo seis super-bases de alta tecnologia, dentro do Iraque? Haverá a intenção de ocupar o Iraque militarmente durante décadas?

Na realidade, meu bom e roufenho Pulido, a retórica de retirada de Bush é apenas propaganda. Estas super-bases militares têm por objectivo lançar e supervisionar a próxima guerra contra o Irão, o vizinho mais rico em petróleo do Iraque.

Porque a história é confrangedoramente simples: os subscritores do PNAC (os neocons do Project for the New American Century) têm por objectivo controlar as reservas de petróleo do planeta. Foi por esse motivo que invadiram o Iraque, é com o mesmo intuito que se preparam para invadir o Irão e é também por isso que já começaram o cerco ao Cáspio. Everything is working according to the plans.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Henrique Monteiro do Expresso - o tempo e o discernimento parecem não passar por ele

Henrique Monteiro

Jornal Expresso - 29 de Setembro de 2001 (17 dias depois do 11 de Setembro)

As boas consciências

AS BOAS consciências europeias estão preocupadas com um eventual ataque dos EUA como retaliação dos atentados de 11 de Setembro. As boas consciências temem que o ataque seja dirigido contra incertos e faça vítimas inocentes. Já temeram, aliás, que esse ataque fosse a 12, a 13, a 14, ou 15 de Setembro, e até ficaram um pouco desconcertadas porque George W. Bush não mostrou, afinal, ser o «cowboy» irresponsável que as boas consciências diziam ser. Mas, como as boas consciências têm sempre razão, fica a saber-se que Bush não atacou porque está bem aconselhado. Por ele - as boas consciências sabem isto de fonte certa -, teria atacado o mundo inteiro e o Afeganistão em particular logo no dia seguinte, sem passar cartão a ninguém e espalhando um terror ainda mais maléfico do que aquele que atingiu os EUA.

As boas consciências são precavidas e desconfiadas em relação aos EUA, nação que, como se sabe, tem atrás de si um passado muito suspeito. Em relação à França ou à Alemanha e de um modo geral à Europa as boas consciências não são tão vigilantes. Por exemplo, a França pode contemporizar com células terroristas da ETA instaladas no seu país, apesar dos esforços da Espanha para uma maior cooperação antiterrorista, porque a França... enfim, é a França, um país culto, ao contrário dos Estados Unidos, que são todos «cowboys» que nem sabem beber vinho e acham o McDonald's uma especialidade gastronómica.

Numa palavra, os americanos não são gente em quem se confie, salvo quando a Europa é ameaçada, seja pelo Kaiser, seja por Hitler, seja pelos soviéticos. Aí sim, eles fazem falta e convém que ajudem os europeus a preservar a sua enorme cultura e bom gosto.

Por isso é natural que as boas consciências desconfiem dos EUA e não lhes dêem o direito de retaliar. A retaliação, como se sabe, pode trazer vários inconvenientes à Europa, nomeadamente pode fazer com que os terroristas se lembrem de alguns alvos no Velho Continente. À excepção dos ingleses (outro povo de comerciantes sem cultura, apenas úteis para resistir à barbárie de Hitler), as boas consciências europeias temem que a sua vida sofra incómodos.

Até porque - sustentam as mesmas boas consciências - os EUA vão cometer erros. Não se lembram dos danos colaterais? E erros é uma coisa que as boas consciências não toleram. Não podem admitir erros na retaliação. Exigem provas, passadas em cartório, em como apenas os verdadeiros responsáveis pela barbárie de 11 de Setembro serão castigados.

As boas consciência não querem perceber que isto é uma guerra. Uma guerra nova, prolongada e difícil, e que em todas as guerras há erros e vítimas inocentes (as primeiras, foram as quase 7000 que pereceram nos EUA). E esta guerra a que o mundo livre foi (é) obrigado pela barbárie do terror não será excepção. Haverá erros e injustiças, pelo simples facto de que haverá acção. Só que as boas consciências cometeriam erros bem mais graves: o de viverem contemporizando com o terror, sacrificando a liberdade e a segurança de todos nós.


Comentário:

É difícil não sentir um arrepio ao relembrar as palavras premonitórias de um grande jornalista e, cinco anos passados, actual director do mais influente semanário português.

Também eu, armado em boa consciência, (mea culpa), desconfiei dos EUA. Também eu (mea culpa), sustentei que iriam haver danos colaterais. Também eu (mea culpa), exigi provas, passadas em cartório, de que seriam os verdadeiros responsáveis pela barbárie de 11 de Setembro que seriam castigados. Também eu (mea culpa), cometi o erro de contemporizar com o terror.

Mas Monteiro tem razão: basta de contemporizações. Vamos apurar responsabilidades. Sejam terroristas de espada ou de pluma. Tão assassinos uns como outros.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

A Banca e as reformas douradas dos "nossos" políticos

Joaquim Fidalgo - Jornal Público - 13 de Dezembro de 2006

Milhões & tostões

«Eu não percebo muito bem estas coisas dos bancos. Mas, por mais voltas que dê à cabeça e por mais informação que recolha, acabo por bater sempre em dois pontos: os lucros que eles conseguem são enormes (e cada vez mais enormes, apesar da chamada "crise"...), e os impostos que pagam são proporcionalmente muito baixos (com a ajuda da própria lei...).»

«Sobre o primeiro ponto não deixo de me espantar com a capacidade revelada por todos os bancos portugueses para ganharem dinheiro, muito dinheiro, e tanto mais dinheiro quanto maiores são. O país é pequeno, a economia cresce pouco, as empresas queixam-se quase todas de que "isto está mau", mas vamos a ver os bancos e é o que se sabe (li no Sol do último sábado): em 2005, o BCP teve um lucro líquido de 753 milhões de euros, a CGD um lucro de 538 milhões, o Totta/Santander um lucro de 297 milhões, o BES um lucro de 280 milhões, o Banco BPI um lucro de 251 milhões... Lucros líquidos, note-se: já com impostos pagos, já com provisões retiradas, essas coisas todas, ou seja, ganhos limpinhos. Peço desculpa se pareço tacanho de vistas, mas isto é mesmo muita massa... Imagine-se que não havia crise!»

(…)

«Sobre o segundo ponto quanto maior é um banco, mais crédito concede. Quanto mais crédito concede, mais dinheiro ganha, pois essa é uma das suas essenciais fontes de rendimentos. O raciocínio logicamente deveria prosseguir assim: e quanto mais dinheiro ganha, mais impostos paga. Certo? Errado. Pelo que se vê nos números, os bancos que mais lucros têm são os que, percentualmente, menos impostos pagam. Porquê? Entre outras coisas, porque, sendo os que mais crédito concedem, são também os que fazem maiores provisões (ou seja, "cativam" dinheiro dos seus resultados de exploração) para cobrir o risco de eventualmente não conseguirem cobrar algum desse crédito. E a lei permite-lhes deduzir tais provisões ao montante de resultados sobre que incidem os impostos. Por estas e por outras, os bancos pagaram, no ano de 2005, uma taxa de imposto efectiva de cerca de 11 por cento (média) sobre os seus resultados de exploração! O maior e mais lucrativo deles, o BCP, ficou apenas pelos 9 por cento. E a gente que julgava que os impostos sobre os lucros eram uma percentagem parecida com aqueles 20, ou 30, ou mais por cento que o Estado nos cobra em sede de IRS...»


Comentário:

Porque é que Sócrates, tal como os governos anteriores, recusa tributar correctamente os bancos, e não dá qualquer explicação aos portugueses?

Será que, como afirma Miguel Sousa Tavares (Expresso de 20/10/2006), os bancos estão entre as principais empresas que garantem o grosso dos financiamentos dos principais partidos (PS e PSD), e para onde os dirigentes partidários esperam retirar-se mais tarde ou que os seus deputados/advogados irão patrocinar, após cessada a sua passagem pela política?

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Morreu um filho da puta

Jornal Público

11 de Dezembro de 2006

Santiago do Chile estalou de emoções ao ouvir a notícia da morte de Augusto Pinochet, com 91 anos, de ataque cardíaco.

Mas as maiores manifestações foram de alegria. Milhares de pessoas desceram à rua um pouco por toda a cidade para festejar o desaparecimento do ditador, automóveis buzinaram. Na Praça de Maio, que separa dois Chiles, o rico e o pobre, lugar emblemático da maior parte das manifestações dos últimos 14 anos contra a impunidade dos autores e principais responsáveis do regime militar, milhares de pessoas, na sua maior parte jovens, juntaram-se para dar vivas à morte do general, de acordo com todas as agências. Durante o regime foram mortos ou desapareceram milhares de pessoas, pelo menos 3 mil de acordo com os números mais optimistas, e foram torturados muitas mais, cálculos recentes apontam para 30 mil.




Na foto, Pinochet em alegre cavaqueira com o Santo Padre.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Blogues versus meios de comunicação tradicionais (revisited)

Neste vídeo imperdível de um humor excepcional, Jon Stewart do Daily Show mostra a força crescente dos Blogues e põe a nu o seguidismo e as limitações dos meios de comunicação tradicionais.

No vídeo é mostrado como um repórter destacado na Casa Branca é exposto por bloggers como um proprietário de sites pornográficos (autêntico).

Ou frases como: "o que não posso é com bloggers agressivos, gente que recolhe, compila e divulga factos verídicos. Não têm credibilidade só têm factos."

Um comentador queixa-se: "os bloggers são pessoas sem credenciais, ética, editores ou responsabilidades”. Ao que Jon Stewart responde: “ao contrário dos jornalistas que têm, credenciais..."

quinta-feira, dezembro 07, 2006

A "era de ouro do lucro" - Salários recebem a menor parcela do PIB de sempre

Diário de Notícias - 28 de Novembro de 2006

Manuel Esteves e Sérgio Aníbal

A riqueza produzida nas economias mais desenvolvidas tem vindo a crescer de forma sustentada ao longo dos anos, atingindo níveis nunca antes vistos. Este crescimento reflecte o aumento da produtividade, a inovação tecnológica e a extensão das trocas comerciais. No entanto, a colheita desses tem beneficiado, sobretudo, os detentores do capital, enquanto o bolso da grande maioria - que vende a sua mão-de-obra - está cada vez mais leve.

Dados compilados pela Comissão Europeia revelam que a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta, o que levou o banco norte-americano UBS a falar na "era de ouro do lucro". Esta tendência verifica-se na grande maioria dos países desenvolvidos e é no "Velho Continente" que mais se fez sentir nos últimos anos.

Não há forma de isto ser uma coincidência" defende Stephen Roach, economista-chefe do banco de investimento Morgan Stanley num artigo publicado há alguns meses. O fenómeno é ainda mais impressionante quando nestas três economias se verifica, desde há alguns anos, um aumento do emprego e da produtividade, que serve de barómetro para a evolução dos salários. Num artigo sobre esta matéria, a revista Economist lembrava que, desde 2001, a produtividade nos Estados Unidos cresceu 15%, enquanto os salários caíram 4%. São números que valem mil palavras.


Comentário:

Estes números, que valem mil palavras, traduzem uma realidade muito simples: o fim do emprego. A tecnologia tem vindo paulatinamente a substituir o homem em todas as áreas do processo produtivo, reduzindo a sua importância o seu peso económico, donde a contínua queda dos salários que se tem vindo a verificar nas últimas décadas.

Contudo, o fim do emprego significa também o fim de consumidores com dinheiro para comprar. E não havendo compradores não há vendas. E sem vendas não há empresas privadas. O paradigma económico está a mudar.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A perfeita inutilidade das eleições intercalares na América

A futilidade de um processo eleitoral onde os eleitos já estão determinados à partida e o dinheiro fala sempre mais alto. Nas presidenciais ainda há a emoção de descobrir qual é o criminoso que vai ocupar a Casa Branca. Nestas, nem isso.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Blogue «O Insurgente» – Crónica de uma morte anunciada?

O Insurgente

De um dia para o outro, o blogue «O Insurgente» deixou de ter comentaristas. Não obstante a catadupa de posts colocados pelo seu mentor, André Azevedo Alves, a caixa de comentários permanece intrigantemente vazia. Dar-se-á o caso deste blogue ter seguido por um obscuro caminho de radicalização e de degenerescência, onde a própria direita tem alguma dificuldade em se rever?

A rigidez do discurso, a inflexibilidade do pensamento e a estreiteza de conceitos tornaram-se a imagem de marca deste blogue. Armados com premissas «não negociáveis», a saber, a crença absoluta nas superiores vantagens do liberalismo económico total, a fé cega nos bons desígnios da administração norte-americana e afundados num catolicismo de carácter fundamentalista, estes bloggers parece trilharem um rumo crescentemente autista em relação a uma realidade que constantemente os contradiz. Perante os factos, rejeitam à priori quaisquer argumentos que não caibam na sua visão minimalista, e reagem repetindo os mesmos chavões, vezes e vezes sem conta, como acontece com um adventista do sétimo dia.

Realidades como o desemprego, a contínua diminuição do poder de compra e a miséria crescente nos países desenvolvidos, as dúvidas levantadas sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, as guerras sustentadas em mentiras, e as mortes de mulheres que abortam em vãos de escada, pura e simplesmente não existem. Não encaixam na percepção obstinada e esquizofrénica que têm do mundo. E são como tal rejeitadas.

Deixo aqui um pequeno vídeo sobre a realidade «insurgente», ou será antes um Requiem - Mors ultima linea rerum est?

Vídeo - 2:28m

Requiem pelo Insurgente

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segunda-feira, dezembro 04, 2006

O ministro da Defesa Donald Rumsfeld despede-se, contrariado, da América

Jon Stewart, do Daily Show, com o humor que lhe conhecemos, pede desculpa ao ministro da Defesa, Donald Rumsfeld, pela incompreensão da América à guerra que este teve o génio de iniciar:

- Donald (Rumsfeld), deixe-me pedir desculpa por esta gente burra, os sessenta a setenta por cento que não percebem como esta guerra está a correr tão bem. É demasiado difícil.

- Que tipo de pessoa olha para as baixas, o caos, o custo, a tua inflexibilidade administrativa e não pensa – vamos manter o rumo? Só um idiota de merda, claro!

- Tu tentaste explicar-nos, tu tentaste, mas nós temos uns cérebros tão pequeninos...

- O mundo não te merecia. É como o nosso Van Gogh. Só que a tua tela é a Terra e em vez de pinceladas utilizas bombas de penetração subterrânea.


Vídeo – 6:05m

DS - Rumsfeld depede-se da America

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domingo, dezembro 03, 2006

Luís Costa Ribas da SIC - As teorias da conspiração nunca têm provas plausíveis

O jornalista da SIC Luís Costa Ribas voltou aos Estados Unidos para acompanhar o quinto aniversário dos atentados do 11 de Setembro. Do Ground Zero dá-nos a sua opinião abalizada:

Impressões do 11/9 cinco anos depois

«Do lado oposto, na Church Street, perto da entrada para a estação de metro do World Trade Center, havia uma ruidosa manifestação de defensores de teorias da conspiração, e protestos sortidos contra George W. Bush. Mas fora disso, a vedação do "ground zero" estava rodeada de pessoas silentes, imóveis, contemplativas.»

«Mas o contraste entre estes dois grupos faz justiça àquilo que é a América real: vibrante, irrequieta, difícil de contentar. Sou por natureza contra as teorias da conspiração que militam contra a base factual das teorias aberta. apresentam suspeitas sobre falhas lógicas nas explicações públicas, mas nunca têm provas plausíveis

«Tome-se, por exemplo, o avião que destruiu uma parte do Pentágono: há testemunhas que viram o avião da American Airlines voar sobre o local, aproximar-se do chão, partir uma asa numa curva apertada (sei que em aeronáutica não se diz assim) e enfiar-se no edifício perdendo a outra asa na parede de pedra. Há 184 pessoas reais que morreram neste ataque terrorista e que viajavam num avião que existia de facto. Se o que embateu no Pentágono foi, como dizem os mitos urbanos, um míssil de cruzeiro, o que aconteceu às pessoas que estavam a bordo do avião? Foram transportados para Marte? E os funerais dessas pessoas, foram forjados? Será que essas pessoas não morreram e fazem parte de uma outra conspiração para se fingirem mortos e darem cobertura à conspiração inicial? Foram pagos para mudarem de nome e de terra? É demasiado ridículo para contemplar com seriedade... Os proponentes destas teorias devem apresentar factos, o que nunca fazem, e sujeitá-los a escrutínio publico


Comentário:

Vamos então a factos, caro Ribas:

Este é o buraco feito pelo "Boeing 757" no Pentágono? As janelas ao lado e em cima ilesas? Onde estão os embates das asas, dos motores e da cauda? Um Boeing 757 cabia ali?














No World Trade Center o embate das asas é perfeitamente identificável:



















E já depois da fachada do Pentágono desabar. Nem uma arranhadela das asas?

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Henrique Monteiro do Expresso – o Papa dar o dito por não dito é uma questão de transcendência

Jornal Expresso – 1 de Dezembro de 2006

Ratzinger e o Papa

«Quem defendeu que a Turquia não deve entrar na UE não foi o Papa, foi Ratzinger. Mas quem foi à Turquia e disse que era a favor da entrada daquele país na Europa, foi o Papa. A pessoa é a mesma, mas as responsabilidades são diferentes. Não é uma questão de coerência, é uma questão de transcendência. O chefe da Igreja Católica não é um indivíduo, nem é um político, é um representante. Pôde, por isso, dar o dito por não dito com elegância.»


Na mesma edição do Expresso, Miguel Sousa Tavares, aborda esta questão da "transcendência", dando como exemplo os "pareceres" dos mestres de Direito:

«... Era impensável que um mestre se pronunciasse sobre coisas fora da sua alçada, contrárias à sua opinião e, menos ainda - o que seria até um pedido ofensivo - opostas à doutrina por ele publicamente exposta relativamente à matéria em causa

«Isso era dantes. Agora, os mestres pronunciam-se sobre tudo e mais alguma coisa, num sentido ou noutro, mas sempre em concordância com a pretensão do cliente que lhes paga. Foi assim que até já vi um ilustre professor de Direito juntar em tribunal um parecer onde defendia exactamente o oposto do que ensinava no manual de sua autoria que era de leitura obrigatória nas Faculdades de Direito. E, do lado contrário, estava outro parecer de outro ilustre professor, que, bem a propósito, se socorria da doutrina do primeiro... contra o próprio!»


Comentário:

Não há nada de transcendente no facto de Henrique Monteiro considerar a defesa simultânea de uma coisa e do seu contrário, uma "transcendência". Monteiro é um caso conhecido de vocação falhada. Se tivesse seguido jurisprudência, teríamos hoje um bom mestre de Direito a "pronunciar-se sobre tudo e mais alguma coisa, num sentido ou noutro, mas sempre em concordância com a pretensão do cliente". Assim, infelizmente, temos um jornalista medíocre a "pronunciar-se sobre tudo e mais alguma coisa, num sentido ou noutro, mas sempre em concordância com a pretensão do cliente". Perde o Direito, perde o Jornalismo, perde o Cliente e perdemos nós.

quinta-feira, novembro 30, 2006

A SIC Notícias e Teixeira dos Santos – duas faces da mesma todo-poderosa moeda

Atente-se na forma ardilosa como a SIC Notícias dissimulou o servilismo escandaloso do ministro das Finanças à banca, durante o debate sobre o Orçamento do Estado para 2007, e como o canal televisivo, numa pirueta acrobática, aproveitou o balanço para atacar a «esquerda» por esta querer ser (ainda mais) despesista com os deficientes, e de passagem dar ainda uma tacada em Manuel Alegre:

Teixeira dos Santos: "Nós constatamos que a taxa efectiva de imposto pago pelo sector bancário é 11,3 por cento e, tendo por base os resultados de exploração, a taxa efectiva da banca desce para 6 por cento. As propostas maximalistas que a esquerda apresenta tem uma atitude, há que o dizer com clareza, de preconceito..."

(neste ponto, a SIC "remata muito oportunamente" o discurso do ministro):

Locutor da SIC: "Quem não teve preconceitos foi Manuel Alegre, que decidiu votar a favor de duas propostas do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda, que pretendem aumentar, ainda mais, os benefícios fiscais para as pessoas com deficiências..."


Vídeo – 2:17m

Teixeira dos Santos - IRS para bancos 11 por cento

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quarta-feira, novembro 29, 2006

Bush - Uma das partes mais difíceis do meu trabalho é relacionar o Iraque com a guerra ao terrorismo

Neste curto vídeo, Bush explica o que é que pensa da guerra no Iraque e quais acha que são as suas funções como presidente. Jon Stewart, de forma magistral, ajuda-o a desembuchar. Eis alguma pérolas debitadas por Mister President Bush:

- "Gosto de dizer que quando a história do Iraque for escrita, o período actual será considerado uma vírgula."

- "O meu trabalho consiste em duas coisas: lembrar as pessoas da guerra ao terrorismo e lembrá-las que fazemos tudo para as proteger."

- "Uma das partes mais difíceis do meu trabalho é relacionar o Iraque com a guerra ao terrorismo."

- "O meu trabalho é fazer o meu trabalho."


Vídeo:

DS - Para Bush o Iraque é uma vírgula

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terça-feira, novembro 28, 2006

Litvinenko assassinado? Foi Putin, acusa resoluto José Manuel Fernandes

José Manuel Fernandes – Jornal Público, 28 de Novembro de 2006

José Manuel Fernandes, naturalmente preocupado com a excessiva aproximação da União Europeia a Moscovo, frisa que "é preciso, de uma maneira ou de outra, deixar muito claro a Putin os limites do seu poder".

E discorre, sem ilusões, sobre o assassínio de Litvinenko:

«Curiosamente, o Presidente ucraniano Viktor Iushcenko venceu nessa altura as eleições e o braço-de-ferro com Putin com a cara desfigurada por uma estranha "doença" que veio a saber-se ser o resultado de envenenamento por tálio. Foi esta a primeira suspeita dos médicos britânicos quando receberam o ex-espião do KGB Alexander Litvinenko num hospital de Londres para assistirem à sua lenta mas inexorável agonia. Desta vez, contudo, o método de envenenamento foi aparentemente mais sofisticado: polónio - 210, segundo os peritos apenas acessível a instituições muito poderosas e de vastíssimos recursos. Ninguém pode apontar o dedo directamente ao Kremlin. Mas vale a pena ler o relato do colunista do The Observer, Henry Porter, da última vez que ouviu o ex-espião russo falar em Londres, no Frontline Club, perante muitos jornalistas. "Anna veio ter comigo para perguntar-me coisas sobre o FSB (Serviço Federal de Segurança). Depois do seu livro A Rússia de Putin ter sido publicado, recebeu várias ameaças directamente do Kremlin. Perguntou-me: eles podem matar-me? E eu respondi-lhe com toda a franqueza: podem. E aconselhei-a a sair do país, pelo menos durante algum tempo. Putin fez-lhe chegar ameaças através de um dos seus amigos (...). Estou absolutamente convencido de que só uma pessoa na Rússia podia mandar matar Anna, com toda a sua fama e o seu estatuto: Putin."»

«São simples alegações. Outras haverá igualmente procedentes. Mas, como diz Porter, a verdade é simples: dois dos mais veementes críticos de Putin foram assassinados no último mês. E isto diz muitíssimo sobre o que é a Rússia hoje


Comentário:

A responsabilidade pelo assassinato de Litvinenko, que contribuiu, a par do veto polaco, para o fracasso da cimeira União Europeia - Rússia em Helsínquia, parece não deixar dúvidas a ninguém:

Pesquisa do Google Notícias (26/11/2006): Litvinenko

O POVO Online - 16 horas atrás
Mario Scaramella, um dos contatos italianos de Alexander Litvinenko e uma das últimas pessoas a encontrá-lo antes de sua morte, confirmou que o Kremlin ...

Último Segundo - 24 Nov 2006
Seguem os principais trechos da carta atribuída ao ex-agente russo Alexandre Litvinenko, falecido nesta quinta-feira e que acusa o presidente russo Vladimir ...

Último Segundo - 24 Nov 2006
O ex-espião russo Alexander Litvinenko, crítico do presidente Vladimir Putin, qualificou de "brutal" e "impiedoso" o responsável por sua morte, em ...

Euronews - 25 Nov 2006
Os investigadores encontraram traços de radioactividade no hotel onde Litvinenko tomou chá com dois russos; no bar onde comeu sushi com um italiano e no seu ...

Euronews - 21 horas atrás
Londres investiga morte de Litvinenko e pede a Putin para ...

Último Segundo - 24 Nov 2006
O polônio, uma substância com a qual teriam envenenado em Londres o ex-espião russo Alexander Litvinenko, é um material altamente radioativo, utilizado (nos veículos espaciais, portanto pertencente a um país com programas espaciais) ...

segunda-feira, novembro 27, 2006

A teologia teo-conservadora de Bento XVI

Benedict XVI - Obscurum per obscurius

Milhares de muçulmanos pedem que o Papa não visite a Turquia.

A visita de quatro dias é apontada como uma oportunidade para cicatrizar as mágoas com o mundo muçulmano após o papa ter citado um imperador bizantino dizendo que o Islão era violento e irracional.

Falando no Vaticano neste domingo, Bento XVI disse que queria que a visita mostrasse a sua "sincera amizade e estima" pela Turquia e pelo seu povo.

Terá esta animosidade do mundo islâmico pelo Papa Bento XVI alguma razão de ser?


Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

A Exactidão do Erro

Publicado na Revista Visão em 28 de Setembro de 2006


O comentário no Ocidente ao discurso do papa alinhou-se pelas seguintes ideias: não foi um discurso do papa, foi um discurso do professor; talvez o papa tenha cometido um erro ao escolher a citação do Imperador de Bizâncio, mas isso não justifica as violentas reacções no mundo islâmico; o enfoque central do discurso foi a relação entre a razão e a fé, e a crítica do moderno secularismo ocidental.

Por que razão nenhum destes argumentos é convincente? O papa falou como papa e escolheu o contexto que lhe permitisse romper mais claramente com a doutrina papal até agora vigente. Essa doutrina, vinda do Concílio Vaticano II e continuada pelo Papa João Paulo II, era a do ecumenismo e do diálogo entre religiões, no pressuposto de que todas são um caminho para Deus e têm, por isso, de ser tratadas com igual respeito, mesmo que cada uma reclame uma relação privilegiada com a Revelação. O ecumenismo obrigava a considerar como desvios ou adulterações o uso da violência como arma de afirmação religiosa. Esta posição é desde há muito questionada pelo actual papa, para quem a superioridade da religião cristã está na sua capacidade única de compatibilizar a fé e a razão: agir irracionalmente contradiz a natureza de Deus, uma verdade perene que decorre da filiação do Cristianismo na filosofia grega. Ao contrário, no Islão o serviço de Deus está para além da racionalidade. Por isso, a violência islâmica não é um desvio, antes é inerente ao Islão, o que faz do Islamismo uma religião inferior. Esta doutrina está bem documentada na sua condenação dos teólogos mais avançados no diálogo ecuménico, na sua recusa em designar o Islão como uma religião de paz, na sua posição contrária à entrada da Turquia na União Europeia, dada a incompatibilidade essencial entre Islamismo e Cristianismo e ainda na sua convicção de que o Islão é incompatível com a democracia.

É, pois, claro que o papa não cometeu um erro. Foi exacto no modo como formulou a sua provocação. Aliás, se o seu discurso pretendesse ser uma lição de teologia, ela seria de péssima qualidade. Porque não referiu o contexto da conversa entre o imperador e o persa e ocultou o passado beligerante e cruzadista do primeiro? Porque não citou outras opiniões contemporâneas totalmente contrárias à que preferiu? Porque não referiu que em qualquer das religiões abraâmicas há preceitos que podem justificar o recurso à violência, assim tendo sucedido em nome de todas elas? Perante estas interrogações, é necessário analisar o discurso do papa pelos seus reais objectivos políticos. O primeiro e o mais óbvio é o de apor o selo do Vaticano na guerra de Bush contra o Islão e na guerra de civilizações mais vasta que a fundamenta. Tal como João Paulo II alinhara o Vaticano com os EUA na luta contra o comunismo, Bento XVI pretende o mesmo alinhamento, agora na luta contra o Islamismo. Em seu entender, perante o avanço do Islão a resposta tem de ser mais dura, e precisa do poder temporal para se concretizar. Tal como aconteceu com as Cruzadas ou a Inquisição. Trata-se, pois, de uma teologia de vencedores, uma teologia teo-conservadora, paralela à política neoconservadora.

O segundo objectivo é muito mais vasto. Ao defender uma relação privilegiada entre o Cristianismo e a racionalidade grega, o papa visa estabelecer o Cristianismo como a única religião moderna. Só no âmbito dela é possível conceber "actos irracionais" (a perseguição dos judeus, as guerras religiosas, a violenta evangelização dos índios) como desvios ou excepções, por mais recorrentes que sejam. Por outro lado, visa fazer uma crítica radical a um dos pilares da modernidade: o secularismo. O papa questiona a distinção entre o espaço público e o espaço privado, e acha "irracional" que a religião tenha sido relegada para o espaço privado. Dessa "irracionalidade" decorrerão todas as outras que atormentam as sociedades contemporâneas. Daí a urgência de trazer a mensagem cristã para a vida pública, para a educação e a saúde, para a política e a cultura. O perigo desta crítica do secularismo está em que ela coincide com a posição dos clérigos islâmicos mais extremistas para quem, em vez de modernizar o Islão, há que islamizar a modernidade. Os opostos tocam-se, e não se tocam para dialogarem, senão para se confrontarem. A irracionalidade deste choque reside nas concepções estreitas de racionalidade de que se parte. De um lado, uma racionalidade que transforma a fé numa crença racional ocidental; do outro, uma racionalidade que transforma a razão na manifestação transparente da intensidade da fé islâmica. A luta contra estes extremismos é mais urgente do que nunca, pois sabemos que eles foram no passado os incubadores de guerras e genocídios devastadores. Mas pode o Ocidente lutar contra o extremismo do Oriente do mesmo passo em que reforça o seu?

domingo, novembro 26, 2006

A falsa insurgência no Iraque



Em relação aos alegados assassinatos sectários no Iraque que o governo Americano e os media se esforçam para tribuir à "Al-Qaeda":

Já foi exposto que os assassinatos e os atentados bombistas são o trabalho dos “esquadrões da morte” sob as ordens do ministério do interior iraquiano, o qual é inteiramente controlado pela CIA. Em todas as guerras conduzidas por governos americanos contra nações estrangeiras, uma operação de contra-insurgência é imediatamente implementada. As operações de contra-insurgência são necessárias nessas circunstâncias porque quando um país é invadido, uma insurgência de algum tipo surge para defender o país. Estes insurgentes são muito difíceis de combater para um exército invasor dado o grande suporte e colaboração que gozam da população em geral.

Basicamente, um exército invasor encontra-se em guerra mais contra a população do país que estão a invadir do que contra uma insurgência separada e independente. Estratégias desenvolvidas durante anos para lidar com situações deste tipo tornaram-se conhecidas como contra-insurgências, e incluem a identificação de divisões dentro da sociedade, normalmente religiosas, políticas ou étnicas, por insignificantes que sejam, e um esforço para provocar divisões. Claro que, num cenário no qual um país é invadido por forças militares estrangeiras, tais divisões internas tornam-se quase inexistentes porque a população une-se para se opor aos invasores, como é o caso do Iraque. Por esta razão, as tácticas da contra-insurgência projectadas para semear discórdia têm de ser fabricadas e envolvem geralmente a criação de uma insurgência falsa pelo serviço de inteligência militar da força invasora.

Esta insurgência falsa é composta por grupos de milícias armadas que são pagos pelas forças invasoras para atingir e assassinar grupos distintos entre a população, mais uma vez, segundo critérios religiosos, étnicos ou políticos. No caso do Iraque, vemos ataques dos esquadrões da morte tanto a grupos Sunitas como Xiitas da população iraquiana, sendo estes grupos apontados como culpados da verdadeira insurgência ou da Al-Qaeda no Iraque. O objectivo destes ataques brutais é desmoralizar e confundir a verdadeira insurgência e a população que a suporta, para as levar a entrar num conflito mutuamente destrutivo, e, no caso específico do Iraque, para promover as alegações do governo americano de que a Al-Qaeda está ainda activa e constitui uma ameaça mortal para sociedades civilizadas em todo o mundo.

sábado, novembro 25, 2006

A ingenuidade de Jaime Nogueira Pinto sobre o envolvimento do Irão na resolução do problema iraquiano

No Expresso de 25/11/2006, Jaime Nogueira Pinto teme uma saída à pressão dos militares americanos do Iraque e implora uma oportunidade para a "política" envolvendo a Síria e o Irão.

Give politics a chance!

(...) No Iraque, há 150.000 militares americanos, mais rapazes que homens, mais da ‘América profunda’ que das grandes cidades, na maioria soldados da ‘fiel infantaria’ e dos marines de que ninguém quer saber, desde que a ‘guerra’ se tornou ‘perdida’. Das centenas de correspondentes de há três anos, restam uma dúzia... Os oficiais vão, uma vez mais, ser os portadores das más novas e dos «body bags». Não há colonos: mas se a saída for à pressão, sunitas e shiitas vão bater-se ao carro armadilhado, à ‘kalash’, à faca, no caos das milícias meio-sectárias meio-crime organizado, pouco religiosas! Fora os ‘duros’ vão fazer esquecer a manipulação da «intelligence», a caução dada a charlatães e burlões como o sr. Chalabi. O Iraque, esse, ou vai reduzir-se a uma área fragmentada, uma espécie de super-Líbano dos anos 80, ou, mal menor, verá a ascensão de um dos generais do NIA - New Iraquian Army, (parece que há algumas brigadas capazes e Alá as conserve!) que conseguirá restaurar a ordem e segurança no que restar do país, repetindo um modelo ‘cesarista’; solução menos má mas nos antípodas da utopia do ‘novo Médio-Oriente’!

Será a altura de ‘dar’ à política uma «chance»? Por uma razão simples: os ‘argumentos’ dos Estados Unidos são mais poderosos perante os governos de Damasco, Teerão e Ramallah, que face a ‘guerrilheiros’ no terreno, no Iraque ou na Palestina. Foi assim na Guerra Fria com a União Soviética, patrono e patrão dos ‘terroristas’ de então e que os ‘controlou’ quando foi preciso. Agora pode resultar ou não, mas não há muitos mais caminhos.


Comentário:

Não obstante o ponderado optimismo de Jaime Nogueira Pinto, é de recear que a ocupação americana no Iraque se prolongue por décadas, e que a tentativa de chamar o Irão e a Síria para a mesa das negociações (que os EUA providenciarão para que se revele um fracasso), seja apenas um pretexto para invadir e ocupar também estes dois países.

No discurso do "Estado da União", Bush afirmou que as forças armadas americanas retirariam do Iraque à medida que as forças iraquianas se aguentassem sozinhas. Contudo esta afirmação é candidamente contrariada pelas bilionárias despesas do Pentágono na construção de 106 bases permanentes – incluindo seis super-bases de alta tecnologia – dentro do Iraque.

Haverá alguma razão para que os media dominantes norte-americanos não falem destas 106 bases, e porque é que o Congresso não debate os projectos de construção do Pentágono? A resposta mais simples é que o complexo mediático do governo considerou o assunto tabu porque revela a intenção dos EUA de ocupar o Iraque militarmente durante décadas.

Na realidade, a retórica de retirada de Bush é apenas propaganda. Estas super-bases militares têm outro objectivo que passa por lançar e supervisionar a próxima guerra contra o Irão, o vizinho mais rico em petróleo do Iraque.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Boaventura de Sousa Santos - o intenso debate em curso sobre o 11 de Setembro

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Os Governos Mentem

Publicado na Revista Visão em 12 de Outubro de 2006


(...) Acresce que as possibilidades de manipulação dos media nunca foram tão grandes (a politização dos media) como contrapartida do imenso mercado mediático em que a política se transformou (a mediatização da política). Nestas circunstâncias tornou-se mais fácil e mais necessário mentir sempre que a manutenção do poder está em causa. E, pelas mesmas razões, tornou-se cada vez mais difícil encontrar jornalistas e órgãos de comunicação social dispostos a fazer investigação séria que contrarie com fundamento as versões oficiais.

Um dos países em que este problema tem hoje mais acuidade são os EUA. Neste país, as versões oficiais têm tradicionalmente um enorme peso e tendem a ser reproduzidas como verdadeiras sem mais averiguações pelos grandes media. Os jornalistas que as questionam têm sido marginalizados, como aconteceu a I. F. Stone. A verdade é que ao longo dos últimos cem anos foram muitos os casos em que o governo mentiu, como se veio mais tarde a verificar, muitas vezes a partir de... fontes oficiais. As mentiras envolveram quase sempre decisões importantes que justificaram intervenções militares em países estrangeiros.
Assim, continua hoje por esclarecer a causa da explosão no navio de guerra Maine em 1898 no porto de Havana que mobilizou o país para a guerra contra a Espanha com o objectivo de libertar Cuba (saiu a Espanha entrou a United Fruit Company). Sabe-se hoje que o segundo ataque norte-vietnamita no Golfo de Tokin em 1964 foi, de facto, forjado pelos serviços secretos com o fim de justificar a escalada da guerra no Vietname; que o ataque à fábrica de produtos farmacêuticos do Sudão em 1998 foi ordenado por Clinton sabendo que ela não produzia armas químicas; que o FBI nunca teve provas que ligassem a Al Quaeda a Saddam Hussein; que o governo teve conhecimento detalhado do ataque em preparação às Torres Gémeas e nada fez para o impedir; que à data da invasão do Iraque o governo sabia que não havia armas de destruição maciça; que a luta contra o terrorismo, longe de estar a ter êxito, está a provocar mais terrorismo, estando hoje o país menos seguro que em 2001.

A acumulação recente de mentiras e a revolução nas tecnologias da informação e da comunicação explica o que, à primeira vista, seria impensável: o intenso debate em curso sobre a verdadeira causa do ataque às Torres Gémeas (estaria o governo envolvido?), sobre o colapso das Torres (resultado do impacto ou de explosivos pré-posicionados nos andares inferiores?) sobre o ataque ao Pentágono (avião ou míssil?). O debate envolve cientistas credíveis e cidadãos do "movimento para a verdade do 11 de Setembro", e ocorre quase totalmente fora dos grandes media e sem a participacao de jornalistas. Será que a internet, os vídeos e os telemóveis tornam a mentira dos governos mais difícil?


Comentário:

«tornou-se cada vez mais difícil encontrar jornalistas e órgãos de comunicação social dispostos a fazer investigação séria que contrarie com fundamento as versões oficiais»

É difícil encontrar uma descrição tão fidedigna de homens como Henrique Monteiro, Pacheco Pereira, Vasco Graça Moura, José António Saraiva, etc.

Vicente Jorge Silva - O triunfo das teorias da conspiração

O triunfo das teorias da conspiração

Diário de notícias - Quarta, 27 de Setembro de 2006

Segundo o respeitável The New York Times, um relatório confidencial dos 16 serviços secretos dos Estados Unidos, produzido ao longo dos últimos dois anos, conclui que a invasão do Iraque provocou um alastramento do fundamentalismo islâmico, do terrorismo internacional e das ameaças à segurança interna da América. Há duas ou três coisas verdadeiramente extraordinárias nessa conclusão.

A primeira é que uma rede tão extensa de entidades secretas levou dois anos a diagnosticar o que um qualquer observador sensato e não padecendo de cegueira ideológica aguda já se apercebera há, pelo menos, dois anos atrás. A segunda é o contraste demasiado flagrante entre a conclusão dos 16 serviços secretos e a doutrina oficial vigente na Casa Branca, o que suscita infinitas perplexidades sobre como é possível que o eixo principal da política externa dos Estados Unidos assente num equívoco de tal magnitude sem precedentes. Daí decorre uma terceira coisa extraordinária: se a comunidade dos serviços secretos conclui exactamente o contrário do que é defendido pela Administração da única superpotência planetária, esse divórcio ameaça conduzir a uma situação catastrófica de descrédito e erosão global da autoridade americana.

Face a tudo isto, é possível colocar hipóteses mais ou menos loucas: admitir, por exemplo, que os serviços secretos -16, ainda por cima - não servem rigorosamente para nada, ou que a política de segurança e hegemonia imperial americana pode prescindir, contra toda a evidência, das actividades, informações ou diagnósticos desses serviços - e fazer o oposto do que eles concluem. A partir daqui, a Casa Branca domesticaria radicalmente a CIA e demais agências, transformando-as em meros apêndices propagandísticos da sua política e mergulhando-as no mesmo autismo suicidário que levou a KGB a não pressentir a implosão do império soviético. Resta um cenário alternativo, à medida das célebres teorias da conspiração: os serviços secretos aparecem como uma espécie de quinta coluna ou inimigo interno, apostados em derrubar o poder político legítimo (como já se viu, aliás, em tantas ficções cinematográficas e televisivas).

As especulações delirantes fazem parte do imaginário americano, como são as de um recente e muito impressionante documentário "conspirativo" sobre o 11 de Setembro: Loose Change, de Dylan Avery, exibido há dias na 2 Mas, para já, a Casa Branca encarregou-se de desvalorizar o relatório dos serviços secretos ou a forma "tendenciosa" e "truncada" como foi publicitado pelo The New York Times. Depois, é sempre possível atribuir subrepticiamente às secretas a velha responsabilidade por grosseiros erros de análise e falta de perspectiva política (invocando até as falhas clamorosas que a CIA e outras agências evidenciaram antes e depois do 11 de Setembro).

Só que, desta vez, as costas largas das secretas já não parecem ser tão largas como eram para carregar sobre elas o aventureirismo missionário da Administração Bush. Em todo o caso, se o conjunto dos serviços de informações subscreve em peso um relatório que põe radicalmente em xeque a intervenção no Iraque - considerando-a responsável pela expansão do terrorismo -, isso não pode deixar de provocar um curto-circuito mortífero na credibilidade da Casa Branca. Quando os índices de confiança da população americana em George W. Bush caíram para níveis históricos a dois meses de eleições cruciais, esta revelação ameaça converter definitivamente Bush naquele pato coxo a que se referia, há tempos, The Economist.

Se a política iraquiana dos Estados Unidos acabou - conforme reconhecem os 16 serviços secretos americanos - por funcionar como aliada objectiva da irradiação do terrorismo, não é de surpreender que o terreno seja hoje particularmente propício às teorias conspirativas. É o caso, precisamente, de Loose Change, onde se manipulam as perturbadoras incongruências oficiais, os fios misteriosos e os buracos inexplicados do 11 de Setembro (e eles não faltam, aliás, no ataque ao Pentágono e no próprio desabamento das Torres Gémeas) para "demonstrar" que tudo não passou de uma tenebrosa conspiração da América contra si própria - como se a Al-Qaeda ou Ben Laden nunca tivessem existido ou fossem criações virtuais dos sinistros poderes ocultos americanos.

No entanto, depois da fantasia grosseira das "armas de destruição maciça" no Iraque e do palco que ali foi oferecido ao terrorismo, não será compreensível o fascínio mórbido por conspirações loucas e absurdas? Não serão elas eventualmente mais imaginativas e excitantes do que as mentiras toscas, a imbecilidade ideológica ou a incompetência militar e política - tão inverosímil que parece "conspirativa" - da Administração Bush?


Comentário:

«...as perturbadoras incongruências oficiais, os fios misteriosos e os buracos inexplicados do 11 de Setembro (e eles não faltam, aliás, no ataque ao Pentágono e no próprio desabamento das Torres Gémeas)...»

«... as mentiras toscas, a imbecilidade ideológica ou a incompetência militar e política - tão inverosímil que parece "conspirativa" - da Administração Bush?»

É perceptível a vontade de Vicente Jorge Silva em gritar o óbvio a plenos pulmões. Já faltou mais.

terça-feira, novembro 21, 2006

Target: USA – Alvo: Estados Unidos

Durante um dia inteiro, a CNN fez um levantamento de todas as situações em que poderiam ocorrer ataques terroristas nos Estados Unidos, programa a que deu o nome de: «Target – America». Jon Stewart, do Daily Show, com um humor excepcional dá-nos os pormenores.

Jon Stewart:
- Portanto o que a CNN nos está a dizer é que somos vulneráveis em todo o lado. O perigo está circunscrito a localizações geográficas. Vocês sabem: lugares.


Vídeo – 4:32m:

DS - CNN Fear Factor legendado

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segunda-feira, novembro 20, 2006

Marcha para a guerra: NATO - SCO

Formação de uma Aliança Militar na Eurásia?

Desde Agosto de 2006 que a Rússia, a China, o Casaquistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão e o Quirguistão têm efectuado conjuntamente manobras militares e exercícios anti-terrorismo. Estas operações foram supervisionadas pela Shanghai Cooperation Organisation (SCO) e/ou Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) (com o envolvimento da Comunidade de Estados Independentes (CIS). Estas manobras militares foram efectuadas na mesma altura em que o Irão esteve também envolvido em importantes manobras militares.

A expansão da SCO e a total inclusão do Irão como membro de pleno direito foi contestada pela Comissão de Helsínquia (a Comissão de Segurança e Cooperação na Europa) num inquérito (em 26 de Setembro de 2006) quanto ao impacto da SCO sobre os objectivos anglo-americanos e a influência dos EUA na Ásia Central.

Afirmou-se que a expansão da SCO seria pouco provável porque a "missão económica da SCO parece estar mal definida" e que a organização não parece disposta a admitir novos membros que podem acabar por competir com a Rússia e a China pelo controlo da Ásia Central. Também foi assinalado durante as audiências da Comissão de Helsínquia que "eles [os membros da SCO] estão interligados por um conjunto partilhado de interesses de segurança e um conjunto partilhado de riscos previstos".

"Interesses de segurança e riscos previstos" são subentendidos para a crescente ameaça de intrusão anglo-americana nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.

As manobras militares efectuadas na ex-União Soviética e na Ásia Central foram dominadas pela Rússia e pela China. Foram efectuadas sob o disfarce de combate ao "terrorismo, ao extremismo e ao separatismo". O terrorismo, o extremismo e o separatismo são áreas críticas de cooperação para todos os estados membros. Qual é a agenda oculta? Estarão estas manobras militares relacionadas com os preparativos dos EUA para a guerra?

O terrorismo, o extremismo e o separatismo são alimentados pelas operações dos serviços secretos anglo-americanos, que incluem sabotagem e ataques terroristas feitos por Forças Especiais. O incitamento de tensões étnicas, ideológicas e sectárias e as movimentações separatistas têm sido uma marca tradicional da estratégia anglo-americana no Médio Oriente, nos Balcãs, na Índia, no Sudeste Asiático, na ex-União Soviética e em África.

Quanto à manipulação e criação do extremismo, o Afeganistão é testemunho desta estratégia. Foi no Afeganistão que os ISI paquistaneses e os Estados Unidos ajudaram a criar os talibãs para lutar contra a União Soviética. Os Estados Unidos, o Paquistão e a Arábia Saudita também contribuiram para apoiar movimentos extremistas na ex-União Soviética. Esta é uma das razões por que o governo iraniano se manteve silencioso quanto à ajuda ou ao reconhecimento de movimentos separatistas ou ideológicos baseados na religião no Cáucaso e na ex-União Soviética, incluindo a Tchechénia.

sábado, novembro 18, 2006

Ossama? Quero lá saber do Ossama para alguma coisa!

George W. Bush numa conferência de imprensa na Casa Branca, em Março de 2002:


Jornalista: Mas não acha que a ameaça que bin Laden coloca não será completamente eliminada enquanto ele não for encontrado morto ou vivo?

Bush: Bom, como eu disse, não temos ouvido falar muito dele e eu não sei onde é que ele está...

Bush: Repito o que disse, não estou verdadeiramente muito preocupado com ele...


Vídeo – 51 segundos:

Bosh not concerned

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sexta-feira, novembro 17, 2006

Pacheco Pereira, o indomável marinheiro da mentira, navega corajosamente pelas águas turvas da propaganda

José Pacheco Pereira – Jornal Público 16/11/2006

As minhas razões pró-americanas


«Para lá da ganga espessíssima de hostilidade em que está envolvido tudo o que diga respeito a Bush, o problema que subsiste desde o 11 de Setembro é o mesmo: estamos ou não em guerra, qual a natureza dessa guerra, como é que ela se pode ganhar. (...)»

«Voltemos à origem, aos dias seguintes ao 11 de Setembro. Os americanos, povo, partidos republicano e democrata, e Administração Bush consideram-se em guerra. Guerra contra quem? Contra o fenómeno do radicalismo muçulmano no conjunto de todas as suas ramificações, não apenas o fundamentalismo da Al-Qaeda, mas todo o arco de extremismo antiamericano (e de passagem anti-israelita) que geravam um pano de fundo de instabilidade intratável no Médio Oriente. Esta percepção de que seria necessário defrontar todo o radicalismo islâmico e não apenas um grupo fundamentalista foi uma consequência do impacto do 11 de Setembro. (...)»

«Para mim, o cerne racional que conduziu à invasão do Iraque encontra-se na conjugação desta série de decisões: considerar como um acto de guerra os eventos do 11 de Setembro; resolver ir mais longe do que uma resposta antiterrorismo, acrescentando a disposição de intervir com forças militares, incluindo a invasão de países estrangeiros, de modo a actuar-se de forma suficientemente drástica para alterar a relação de forças no Médio Oriente a favor dos moderados. (...)»

«Seja o que for o que aconteça, as raízes do problema do radicalismo islâmico e os seus efeitos não mudam com o "diálogo", mudam só pela força ou pelo receio da força. Os atentados fundamentalistas não vão parar e podem, com o novo armamento biológico disponível, assumir um carácter de perturbação social sem paralelo no passado. (...)»

«(...) Churchill [Pacheco traça um paralelo com Bush] foi duramente atacado, mas, por muitos erros que cometesse, aquele era o lado, porque numa guerra há lados, mesmo quando Deus não parece estar em nenhum lado. Fica esta prevenção para que se perceba que este é um barco de que não tenho nenhuma intenção de sair, em particular quando ele atravessa os seus mais perigosos estreitos.»



Comentário:

Pacheco, num rasgo de bravura, afirma não ter intenções de sair do barco onde decidiu destemidamente embarcar. No entanto, quando as vagas alterosas da verdade o enviarem, como cúmplice pago de uma administração genocida, para o banco dos réus de um tribunal internacional, Pacheco vai ter de responder a várias questões:

Porque caiu o Edifício nº 7 do World Trade Center se não sofreu o embate de nenhum avião?

Porque é que a Força aéra não reagiu e não interceptou os aviões sequestrados?

O que é que realmente aconteceu a 11 e Setembro de 2001?

E finalmente, quanto é que lhe foi pago para mentir despudoramente nos jornais e na televisão sobre o atentado do 11 de Setembro, sobre a «guerra ao terrorismo» e sobre o «cerne racional» que conduziu à invasão do Iraque e à morte de muitas centenas de milhar de pessoas.

quarta-feira, novembro 15, 2006

A indústria do terrorismo e António Vitorino

Jon Stewart do Daily Show entrevista John Mueller, autor do livro Overblown (exagerado). O autor discorre sobre a indústria do terrorismo e a quem é que ele aproveita. No fim, qual cereja em cima do bolo, surge o inefável António "sebáceo" Vitorino a dizer de sua justiça.


Excertos do diálogo:

Mueller - Os políticos e outros membros da indústria do terrorismo aproveitam-se desses medos.


Stewart - Quem está na indústria do terrorismo?

Mueller - Políticos, burocratas, a imprensa, pessoas com máquinas de raio-x para vender. É do interesse deles manter o medo instalado.



Vídeo - 5:07m

DS - A industria do terrorismo

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terça-feira, novembro 14, 2006

11 de Setembro de 2001 - um dia difícil mas uma grande oportunidade.

Daily Show - 9 de Agosto de 2006

Esta foi a resposta do “Correspondente para os assuntos do Médio Oriente» Aasif Mandvi, do Daily Show, à pergunta de Jon Stewart sobre a descrição que a Secretária de Estado Condoleezza Rice fez da horrível violência no Médio Oriente, chamando-lhe «dores de parto». Rice acrescentou também que cada crise traz consigo uma oportunidade.


Aasif: … todos os dias os cafés e os mercados do Médio Oriente explodem de expectativa. Somos como crianças numa manhã de Natal.

Jon Stewart: Eu disse, quando eu vi as notícias, as pessoas pareciam mesmo zangadas... As pessoas gritavam iradamente.

Aasif: A Secretária de Estado Rice disse: vão haver dores de parto aqui. E sabes como as pessoas tendem a gritar, e a dizer coisas que não querem quando estão num parto. Disparates do tipo "como é me pudeste fazer uma coisa destas?", ou "morte à América".

Jon Stewart: Então não há ressentimentos pelas mudanças terem sido impingidas aí?

Aasif: Não, não, de forma nenhuma. Ao longo dos anos, habituámo-nos a pensar em nós como vocês pensam de nós: minúsculas gotas abstractas num possível campo petrolífero. Estamos sempre desejosos de experimentar as últimas teorias dos vossos cientistas políticos.

Jon Stewart: É uma forma incrível de enfrentar uma situação terrível.

Aasif: Penso que não é diferente da forma como a vossa nação reagiu aos acontecimentos do 11 de Setembro. Um dia difícil, uma grande oportunidade.

Jon Stewart: Acho que nós não... nós não o vimos dessa maneira.

Aasif: Bom, parece que nem toda a gente sabe como reagir quando uma oportunidade lhe deita a casa abaixo.


Vídeo – 4:18m

DS - forced perspective legendado

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domingo, novembro 12, 2006

Henrique Monteiro do Expresso escreve ao director do MI 6

Numa epístola plena de angústia, Henrique Monteiro (nome de código - Comendador Marques de Correia), escreve ao director dos serviços secretos britânicos, dando-lhe conta das trapalhadas que tiveram lugar na reunião dos comunistas internacionais em Lisboa, trapalhadas que não lembrariam nem ao Dan Brown, nem aos tipos todos das teorias da conspiração:


A Internacional silenciosa

Jornal Expresso - 11 de Novembro de 2006


Meu caro Director do MI 6

«Escrevo-te no dia em que passam 89 anos sobre a data da grandiosa Revolução de Outubro, a revolução soviética - também conhecida por aquele malfadado dia em que os bárbaros invadiram o Palácio de Inverno em São Petersburgo e deram cabo do champanhe todo - para te dar conta de uma coisa absolutamente incrível.»

«E a coisa quase incrível é esta: por um processo que nem ao Dan Brown e aos tipos todos das teorias da conspiração alguma vez lembrou, somos capazes de escutar coisas que ainda não aconteceram. Foi o que se passou com a reunião dos comunistas internacionais em Lisboa, que era para ser num sítio secreto mas que, afinal, é num hotel em frente da sede do PCP.»

A agenda dos trabalhos, de acordo com os nossos informadores, era bastante difícil de estabelecer. Isto porque cada partido tem a sua mania e nenhuma delas agrada aos outros.

«Por exemplo: os tipos da FARC, que aliás não vêm, mas mandam uma mensagem, adorariam fazer uma comunicação sobre raptos, tráfico de droga e assassínios políticos…»

«O mesmo se passa, aliás, com o Partido Comunista da Coreia do Norte. Este partido queria fazer uma comunicação ao Congresso intitulada: «A Bomba Nuclear - uma forma limpa de acabar com o capitalismo e com o pessoal todo que não tem uma admiração profunda, sincera e sem reservas pelo nosso querido líder Kim Jong Il, ou seja, para acabar com toda a gente menos um punhado de pessoas que são amigas dele, seja por interesse ou por medo de levarem com a bomba» (era este o título completo da comunicação). Foi recusada!»

«E foi um sucesso. A reunião que vai decorrer este fim-de-semana e que nós já escutámos por antecipação, saldou-se num enorme reforço da cooperação e compreensão entre os povos. Vais ver se o comunicado final não é isso que diz.»

«E leva um abraço do teu fiel espião (nas horas vagas)»

«Comendador Marques de Correia»



Comentário:

Tendo Henrique "Comendador" Monteiro toda a razão no que toca à barafunda que constituiu este simpósio de comunistas, é contudo pouco avisado reportar estes tristes acontecimentos ao director do MI6. Porque, no que toca a balbúrdias, estes serviços secretos ingleses são praticamente imbatíveis:


Relembremos o dia 7 de Julho de 2005:

O diálogo seguinte teve lugar na tarde do dia dos atentados (7 de Julho de 2005) na rádio da BBC 5. O repórter da BBC entrevistou Peter Power, Director Chefe da empresa Visor Consultants, que se define a si própria como uma empresa de consultoria para a “gestão de crises”. Power é um ex-funcionário da Scotland Yard:

POWER: Às nove e meia da manhã estávamos efectivamente a realizar um exercício, utilizando mais de mil pessoas, em Londres, exercício esse baseado na hipótese de acontecerem explosões simultâneas de bombas, precisamente nas estações de metro onde elas aconteceram esta manhã, por isso ainda estou estupefacto.

BBC: Sejamos claros, você estava e efectuar um exercício para testar se estavam à altura de um acontecimento destes, e ele aconteceu enquanto faziam o exercício?

POWER: Exactamente, e foi cerca das nove e meia da manhã. Nós planeámos isto para uma empresa, que por razões óbvias não vou revelar o nome, mas eles estão a ouvir e vão sabê-lo. Estava numa sala cheia de gestores de crises e, em menos de cinco minutos, chegámos à conclusão que aquilo era real, e portanto passámos dos procedimentos de exercícios de crise para uma situação real.

As declarações de Peter Power na BBC 5 estão AQUI.


O Sr. Power repetiu estas declarações na televisão (ITN). O clip de vídeo de dois minutos está disponível AQUI.

sábado, novembro 11, 2006

A Banca, sempre a Banca

No Expresso, João Vieira Pereira revolta-se contra a investida cerrada que Sócrates decidiu fazer aos bancos:

«Depois de semanas menos boas, Sócrates abriu oficialmente a época de caça aos bancos»

«A fórmula é simples: quando tudo corre mal ataca-se a banca. Esta é uma das receitas vencedoras quando é preciso sacudir a pressão. É que banca reúne as condições ideais para ser usada como bode expiatório. Representa os ricos, os poderosos e ainda é para muitos, infelizmente, o símbolo máximo do capitalismo sem escrúpulos.»

«Uma imagem errada de um dos sectores de ponta da economia nacional. Temos uma das bancas mais eficientes da Europa e que só peca por não ter conseguido resolver o problema da sua dimensão.»

«Em vez de elogios, Sócrates aproveita-se da inveja generalizada para colher trunfos sobre o seu eleitorado. Depois de algumas semanas em que as coisas correram menos bem e em plena greve geral sacam-se novos trunfos da cartola. Abriu oficialmente a época de caça aos bancos

(…)

«O que se antevê com esta nova caça às bruxas é que os bancos comecem a arranjar outras fontes de receitas, acabando o cliente por pagar este aumento de imposto. Não me espantava, por exemplo, que se voltasse em breve a discutir a inclusão de taxas no multibanco

«Sim, é verdade que a banca apresenta lucros fantásticos, e sim, é verdade que todos os anos crescem para valores astronómicos. Só que a banca não faz nada de ilegal e se de facto há um problema é na lei e não na banca. Se Sócrates quer criticar alguém que olhe primeiro para dentro do seu Governo onde muitos dos seus membros foram durante anos coniventes com esta situação.»



Comentário:

Mas estará de facto Sócrates a atacar a banca? A tal que apresenta lucros fantásticos? A tal que «sonegou indevidamento» os arredondamentos? A tal que funciona em cartelização? Ou esta «guerra» esconde algum tipo de cooperação mais profunda?


Miguel Sousa Tavares – Expresso – 07/01/2006

«É como a Ota e o TGV: ninguém ainda conseguiu explicar direito a lógica de interesse público, de rentabilidade económica ou de factor de desenvolvimento. Mas todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos, não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. Não há nada pior e mais perigoso do que a relação dos socialistas com o grande dinheiro: são saloios, deslumbrados e complexados. E o grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro -, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre. Jogando com o que resta do património público, com o dinheiro que receberemos até 2013. Cá fora, na rua e frente a eles, estão os que acreditam que nada pode mudar, mude ou não mude o mundo. Sobreviveremos depois disso?»

quinta-feira, novembro 09, 2006

Weapons of Mass Destruction – WMD - What the Money can Do

Relembremos os verdadeiros motivos para a invasão do Iraque:

Money$, money$, money$, money$, money$, money$, money$, money$, e oito enormes bases militares que servirão para o assalto ao petróleo do Cáspio, assim a Rússia e a China estejam pelos ajustes.


Ouçamo-los a falar sobre a invasão, perdão, libertação do Iraque:

Vídeo – 5:19m

Halliburton

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quarta-feira, novembro 08, 2006

A incredulidade do governo americano face à audácia dos terroristas em 9/11

Os mais altos escalões do governo americano mostraram-se estupefactos quanto ao uso de aviões pirateados para ataques terroristas no fatídico 11 de Setembro de 2001:

Departamento da Defesa (DoD) – 23 de Outubro de 2001
General Richard Myers, Presidente do Concelho de segurança militar: “Detesto admiti-lo, mas nunca imaginámos uma coisa destas.”


The Boston Globe – 15 de Setembro de 2001
Senador Warren B. Rudman, perito em segurança nacional: “Este país não está em pé de guerra... Nós não temos aviões de caça em estado de alerta, carregados de mísseis e plantados nas pistas das bases militares neste país. Já não fazemos isso. Tivemo-los nos anos 70, e 60, ao longo da costa preocupados com uma invasão russa, mas esperar que caças americanos interceptassem aviões comerciais, sabe-se lá onde, é completamente irrealista e não faz sentido nenhum.”


CBS – 17 de Maio de 2002
Condoleezza Rice, Conselheira para a Segurança Nacional: “Não penso que alguém pudesse prever que estas pessoas iriam pegar num avião e atirá-lo contra o World Trade Center, pegar noutro avião e atirá-lo contra o Pentágono, que eles iriam utilizar um avião como se fosse um míssil, um avião sequestrado como um míssil.”


Comissão do 11 de Setembro, 23 de Março de 2004
Ministro da Defesa Donald Rumsfeld: “Não fazia idéia que aviões comerciais pirateados pudessem ser usados como armas.


E no entanto, segundo a CNN, antes do 11 de Setembro os militares levaram a cabo pelo menos um exercício desse género:

CNN – Entre 1991 e 2001, um sector regional do North American Aerospace Defense Command (NORAD), simulou um avião de passageiros estrangeiro a colidir com um edifício nos Estados Unidos como parte de um exercício de treino, afirmou um porta voz do NORAD:
















E, segundo o Guardian, foi sugerido um exercício em que um avião comercial pirateado iria embater no Pentágono:

The Guardian – 15 de Abril de 2004
Cinco meses antes dos ataque do 11 de Setembro, planeadores militares dos Estados Unidos sugeriram um jogo de guerra para treinar uma reposta a um ataque terrorista que utilizaria um avião comercial a embater no Pentágono, mas altas patentes rejeitaram o exercício por ser “demasiado irrealista”: