O cinema influencia a arquitectura, ou estarei a sonhar? O novo edifício da Academia das Ciências da Califórnia, desenhado por Renzo Piano, tem uma área tal e qual o que aparece creio que no Minority Report.
(Ora vejam lá também, na sequência de 10 fotos que o NYTimes disponibiliza, se a foto 6 não vos faz lembrar alguma coisa.)Isto (re)começa bem!
Sei que o CCF é de Faro, que é do Sul, mas sei que também é associação de utilidade pública, e essa não tem limites geográficos. Por isso, recordo a quem ande pelo Norte que começa hoje um ciclo de filmes de e à volta de Manoel de Oliveira (M.O.), no Museu de Serralves. Acompanha a exposição, que lá abriu em Julho, dedicada ao realizador que completa este ano... hum... é melhor não dizer, que até me envergonho. Chovam as exclamações, redigam que já chega de Oliveira (bem, contei apenas cinco posts sobre ele desde que abrimos), sim, tudo isso: mas se puderem, aproveitem para ver algumas das películas. Aqui no Sul já houve oportunidade de ver a filmografia quase-quase-quase completa de M.O., agora pode bem ser a vez de outros a verem. Além do mais, o pessoal do Sul está servidíssimo, com a programação do CCF para as próximas semanas.
(Já agora, relembro que faz amanhã 77 anos que estreou o primeiro filme de M.O., Douro, Faina Fluvial, no Congresso Internacional de Críticos de Cinema em Lisboa. A imagem que encima este post é dessa obra.)
(a ver se é desta que voltamos... ao blog)
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PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DE FARO
Setembro/Outubro
Cinatrium, 21h30
CICLO O AMOR É UM LUGAR ESTRANHO
17 set
O SEGREDO DE UM CUSCUZ, abdel kechiche, frança, 2007, 151’, m/ 12 anos
É um dos mais extraordinários filmes que vamos poder ver todo este ano, por tudo aquilo que é sem nunca realmente o ser: não é um panfleto social, não é um melodrama lamecha, não é uma comédia truculenta, mas a história do sr. Beji, um operário desempregado que decide arriscar tudo na concretização do seu sonho secreto de abrir um restaurante, é tudo isso ao mesmo tempo.
Jorge Mourinha, Público
24 set
LARS E O VERDADEIRO AMOR, craig gillespie, eua, 2007, 106’, m/ 12 anos
Para os menos avisados, Lars e o Verdadeiro Amor seria um filme a carburar na vertente kinky, com uma figura triste e desequilibrada a satisfazer os seus desejos sexuais numa boneca de sexo, com enorme potencial para cair no ridículo. Porém, a película não é rigorosamente nada disso. Trata-se mesmo de uma verdadeira história de amor, a de um rapaz adorável e tímido de quem toda a gente gosta, que canaliza todas as suas afeições num objecto inanimado (uma boneca insuflável). E é a sensibilidade, o equilíbrio, a profundidade, a não convencionalidade e a forma como consegue manipular vários temas complexos de forma aparentemente simples, gerindo com mestria a evolução de todas as várias reacções ao invulgar casal, que dá ao filme toda a sua riqueza. Lars e o Verdadeiro Amor é uma das maiores estreias nas salas nacionais em 2008.
1 out
JUNO, jason reitman, eua, 2007, 92’, m/ 12 anos
Ela tem um telefone em forma de hamburger, um cachimbo que não deita fumo, uma gravidez indesejada e diz frases que nem os tradutores conseguiram decifrar. Juno é a comédia que podia ser drama mas decidiu trocar as voltas aos que, olhando para o cartaz, o tomaram como um teen movie. De facto, as comédias politicamente incorrectas, que olham para uma situação complicada de um prisma menos usado são uma boa alternativa aos formatos já saturados. Juno é o exemplo máximo de como trazer quilos de originalidade a uma história que já vimos contada mil vezes. Ganhou o Óscar de Melhor Argumento Original.
Ines Gens Mendes
8 out
LUZ SILENCIOSA, carlos reygadas, méxico / frança / holanda / alemanha, 2007, 136’, m/ 12 anos
Rodado de uma forma sublime, na comunidade menonita mexicana perto de Chihuahua, este conto revela-se inesperadamente empolgante. Desde a primeira cena, pelo olhar que se estende lânguido sobre o nascer do dia por cima da planície mexicana, torna-se claro que não este é um filme com pressa de chegar ao final. A história, sobre um amor proibido numa comunidade religiosa rural, transformou este autor numa das vozes mais distintas no mundo do cinema contemporâneo. Projectado para um êxito arrebatador em Cannes, onde venceu o Prémio do Júri, Luz Silenciosa foi considerado o filme mexicano mais seguro feito até hoje. Apesar da mestria técnica que revela, o cineasta consegue presentear-nos com um filme que, mais do que um exercício frio e calculado de excelência sonora e visual, é um trabalho terno, tocante e profundo que convida à contemplação e à discussão. Esta é por isso uma obra indispensável para todos os que gostam do cinema, enquanto forma de arte.
15 out
AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO, miguel gomes, portugal, 150’, m/ 12 anos
No coração do Portugal profundo,serrano, no meio de bailaricos nasce um filme, entre o documentário e a ficção, onde uma equipa de filmagem procura actores, e ao mesmo tempo transforma-se num elemento activo da acção. Amor e música, em sintonia com histórias de vidas mais ou menos estigmatizadas pela interioridade. Aquele Querido Mês de Agosto”, o único filme português presente em Cannes, incluído na Quinzena dos Realizadores, é um objecto cinematográfico aliciante.
22 out
OS AMORES DE ASTREA E CELADON, eric rohmer, frança / itália / espanha, 2007, 109’
Veterano do cinema francês mais sólido e experimental, o realizador Eric Rohmer, que já vai a passos largos para os 90 anos, voltou a testar modelos e conceitos estruturais, mas recorrendo acima de tudo à simplicidade e ao pendor ingénuo dos sentimentos. «Os Amores de Astrea e de Celadon», que foi nomeado para o Leão de Ouro do Festival de Veneza do ano passado, seria o filme perfeito se em meados de 1600 já houvesse cinema. Não havia, mas havia poesia séria, cantigas e danças feitas de ternura e uma veia extrema para amar. É esse lado puro que domina desde a primeira cena esta adaptação simpática de uma obra de Honoré Urfé, assente numa história de amor que não vai ser nada fácil de concretizar...
28 out (3ª f)
BALAOU, gonçalo tocha, portugal, 2007, 77’, COM A PRESENÇA DO REALIZADOR
Sete meses depois da morte da mãe, um homem regressa à terra da sua família, em São Miguel, nos Açores. Entre os mais recentes membros da família encontra-se com a tia-avó, de 91 anos, que espera… a morte. À noite a família reúne-se e conversa sobre Deus e sobre a morte. Durante o dia ele nada no mar daquela ilha vulcânica. Um dia encontra Florence e Beru, um casal francês, que está a cruzar o Oceano Atlântico num barco chamado Balaou. Dividido em três momentos e oito lições, Balaou é uma viagem através da inevitável efemeridade das coisas… Um dos mais brilhantes e premiados documentários portugueses dos últimos anos.
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PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DE FARO
Setembro/Outubro
Cinatrium, 21h30
CICLO O AMOR É UM LUGAR ESTRANHO
17 set
O SEGREDO DE UM CUSCUZ, abdel kechiche, frança, 2007, 151’, m/ 12 anos
É um dos mais extraordinários filmes que vamos poder ver todo este ano, por tudo aquilo que é sem nunca realmente o ser: não é um panfleto social, não é um melodrama lamecha, não é uma comédia truculenta, mas a história do sr. Beji, um operário desempregado que decide arriscar tudo na concretização do seu sonho secreto de abrir um restaurante, é tudo isso ao mesmo tempo.
Jorge Mourinha, Público
24 set
LARS E O VERDADEIRO AMOR, craig gillespie, eua, 2007, 106’, m/ 12 anos
Para os menos avisados, Lars e o Verdadeiro Amor seria um filme a carburar na vertente kinky, com uma figura triste e desequilibrada a satisfazer os seus desejos sexuais numa boneca de sexo, com enorme potencial para cair no ridículo. Porém, a película não é rigorosamente nada disso. Trata-se mesmo de uma verdadeira história de amor, a de um rapaz adorável e tímido de quem toda a gente gosta, que canaliza todas as suas afeições num objecto inanimado (uma boneca insuflável). E é a sensibilidade, o equilíbrio, a profundidade, a não convencionalidade e a forma como consegue manipular vários temas complexos de forma aparentemente simples, gerindo com mestria a evolução de todas as várias reacções ao invulgar casal, que dá ao filme toda a sua riqueza. Lars e o Verdadeiro Amor é uma das maiores estreias nas salas nacionais em 2008.
1 out
JUNO, jason reitman, eua, 2007, 92’, m/ 12 anos
Ela tem um telefone em forma de hamburger, um cachimbo que não deita fumo, uma gravidez indesejada e diz frases que nem os tradutores conseguiram decifrar. Juno é a comédia que podia ser drama mas decidiu trocar as voltas aos que, olhando para o cartaz, o tomaram como um teen movie. De facto, as comédias politicamente incorrectas, que olham para uma situação complicada de um prisma menos usado são uma boa alternativa aos formatos já saturados. Juno é o exemplo máximo de como trazer quilos de originalidade a uma história que já vimos contada mil vezes. Ganhou o Óscar de Melhor Argumento Original.
Ines Gens Mendes
8 out
LUZ SILENCIOSA, carlos reygadas, méxico / frança / holanda / alemanha, 2007, 136’, m/ 12 anos
Rodado de uma forma sublime, na comunidade menonita mexicana perto de Chihuahua, este conto revela-se inesperadamente empolgante. Desde a primeira cena, pelo olhar que se estende lânguido sobre o nascer do dia por cima da planície mexicana, torna-se claro que não este é um filme com pressa de chegar ao final. A história, sobre um amor proibido numa comunidade religiosa rural, transformou este autor numa das vozes mais distintas no mundo do cinema contemporâneo. Projectado para um êxito arrebatador em Cannes, onde venceu o Prémio do Júri, Luz Silenciosa foi considerado o filme mexicano mais seguro feito até hoje. Apesar da mestria técnica que revela, o cineasta consegue presentear-nos com um filme que, mais do que um exercício frio e calculado de excelência sonora e visual, é um trabalho terno, tocante e profundo que convida à contemplação e à discussão. Esta é por isso uma obra indispensável para todos os que gostam do cinema, enquanto forma de arte.
15 out
AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO, miguel gomes, portugal, 150’, m/ 12 anos
No coração do Portugal profundo,serrano, no meio de bailaricos nasce um filme, entre o documentário e a ficção, onde uma equipa de filmagem procura actores, e ao mesmo tempo transforma-se num elemento activo da acção. Amor e música, em sintonia com histórias de vidas mais ou menos estigmatizadas pela interioridade. Aquele Querido Mês de Agosto”, o único filme português presente em Cannes, incluído na Quinzena dos Realizadores, é um objecto cinematográfico aliciante.
22 out
OS AMORES DE ASTREA E CELADON, eric rohmer, frança / itália / espanha, 2007, 109’
Veterano do cinema francês mais sólido e experimental, o realizador Eric Rohmer, que já vai a passos largos para os 90 anos, voltou a testar modelos e conceitos estruturais, mas recorrendo acima de tudo à simplicidade e ao pendor ingénuo dos sentimentos. «Os Amores de Astrea e de Celadon», que foi nomeado para o Leão de Ouro do Festival de Veneza do ano passado, seria o filme perfeito se em meados de 1600 já houvesse cinema. Não havia, mas havia poesia séria, cantigas e danças feitas de ternura e uma veia extrema para amar. É esse lado puro que domina desde a primeira cena esta adaptação simpática de uma obra de Honoré Urfé, assente numa história de amor que não vai ser nada fácil de concretizar...
28 out (3ª f)
BALAOU, gonçalo tocha, portugal, 2007, 77’, COM A PRESENÇA DO REALIZADOR
Sete meses depois da morte da mãe, um homem regressa à terra da sua família, em São Miguel, nos Açores. Entre os mais recentes membros da família encontra-se com a tia-avó, de 91 anos, que espera… a morte. À noite a família reúne-se e conversa sobre Deus e sobre a morte. Durante o dia ele nada no mar daquela ilha vulcânica. Um dia encontra Florence e Beru, um casal francês, que está a cruzar o Oceano Atlântico num barco chamado Balaou. Dividido em três momentos e oito lições, Balaou é uma viagem através da inevitável efemeridade das coisas… Um dos mais brilhantes e premiados documentários portugueses dos últimos anos.
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