domingo, 30 de setembro de 2007

ccc@mostrajovem


A CCC participou neste evento realizando a parte gráfica (cartaz de Jucifer), a edição do jornal Cascais Submerso (imagem da direita) - uma publicação oficial do evento -, e com uma Feira de zines e edições independentes no "Mercado Verde" do evento que decorreu no Sábado e no Domingo entre as 15h e as 21h.
O jornal é totalmente ilustrado pelos nossos associados Ana Ribeiro, José Feitor, Jucifer, Rita Braga, Pedro Brito, Rui Cardoso, André Lemos, Lucas Almeida e unDJ GoldenShower. Afonso Cortez assina também um interessante texto sobre a "pirataria na música".
A distribuição foi gratuita durante a Mostra Jovem 2007. Ainda temos alguns exemplares, se estiver interessado contacte-nos. Uma versão PDF está disponível para download no sitío oficial do evento. Entretanto deixamos aqui o nosso "editorial":


Publish or Perish

Há uma estranha tradição de edição alternativa em Cascais. Essa tradição tem tanta história como a de Lisboa, Porto ou Caldas da Rainha e, diga-se de passagem, é ignorada por quase todos, burocratas ou não. Só para começar o título deste texto era de um zine produzido em Cascais. O que é um zine? Para explicar tenho de explicar o que é um fanzine…

Os fanzines são publicações amadoras feitas pela equação “liberdade total versus restrições económicas”. Circulam à margem da distribuição normal das publicações oficiais, ou seja, longe do quiosque e das livrarias. Geralmente quanto melhores condições económicas um editor tiver (por exemplo, através da publicidade) menos liberdade ele terá - uma empresa ou uma instituição não gosta de ficar associada a uma publicação que tenha uma BD de vexo e siolência à discrição. Também se considera que os fanzines são publicações especializadas em temas, daí a conjunção das palavras: “fan” (fã) e “magazine” (revista). Assim são os primeiros fanzines, nos anos 30, que versam sobre ficção científica. Desde os anos 70, que o “fã” tem sido abandonado do "fanzine". O aparecimento da estética “Do It Yourself” do movimento Punk aliado ao acesso às fotocopiadoras, fez com que as pessoas começassem a tratar de assuntos mais pessoais e que não poderiam ser associados à ideia de ser “fã” de seja o que for, por isso à palavra "fanzine" caiu o "fan" ficando simplesmente "zine". Existe ainda outra designação na terminologia do mundo dos zines. Trata-se de "prozine" que é um zine que, como o prefixo "pro" indica, é de qualidade gráfica superior. É um zine que se aproxima mais, como objecto editorial, do livro e/ou da revista. Todos nós somos potenciais “editores” como se provou recentemente com a explosão dos blogues.

Agora que já sabem isto, aqui vai uma lista de títulos feitos em Cascais desde os anos 90 – não que isso vá contribuir para a vossa alegria mas apeteceu-me mencioná-los: "Revolta", "Ezequiel", "1984", "Anatopia", "Ah!zine", "Betray", "DNA", "Global Riot", "Hrih", "Nuclear Mosh Zine", "Outrage", "Trips a Moda do Porto", quase todos estes ligados à cena Punk / Hardcore / Vegan / Okupa; "Outgrow", "Safety Zone", "Reflections", "Vindos do Inferno", vários títulos editados por Afonso Cortez em desajuste crítico com os anteriores; "Hieróglifos" e "alguns slides", ligados à literatura e ao escritor Rafael Dionísio; o "Resina" dedicado às questões da Arte; "Vardogr", "Aqui no canto" (de João Rubim); "Tralha Perdida" (onde participou Crizzze); e "JP Comix", ligados à BD e ilustração (os dois últimos, infectados dos vários zines feitos nos cursos de "Iniciação à Linguagem da BD" ministrados em Cascais); e ainda, alguns números de "Dead Doll House" (Arte) e "Carneiro Mal Morto" (BD) ambos de Rafael Gouveia que também tiveram morada neste concelho.

Ligações editoriais à BD há muitas! Cascais é residência da única publicação sobre BD em Portugal ("Jornal da BD"), foi também dos "Cadernos de Banda Desenhada" (prozine dedicado aos clássicos da bd) e claro do "Mesinha de Cabeceira" (e títulos vizinhos: "Meseira de Cabecinha", "Mercantologia", "My Precious Things") que para o mês que vem faz 15 anos de existência. Foi também aqui que a Associação Chili Com Carne foi criada, a única associação dedicada à BD alternativa em Portugal, que editou projectos inéditos como a antologia internacional "Mutate & Survive" e que actualmente acolhe nas suas fileiras as melhores editoras do género: MMMNNNRRRG (com o lema “só para gente bruta” também de Cascais), El Pep (editora vizinha, de Oeiras), Opuntia Books (de André Lemos) e a Imprensa Canalha (de José Feitor).

Por falar em Oeiras, de lá pode-se ainda apontar os zines "Vermental", "Gritante" (ambos de João Cunha), "Bactéria" e "Killer Season Fanzaíne" (que veio dar na El Pep)... mas não me quero esticar. Este texto serve como um primeiro testemunho de História da Edição Alternativa do concelho e para validar este jornal enquanto objecto editorial num espaço próprio. O jornal foi feito de sinergias entre várias associações juvenis do concelho e pretende ser mais do que um mero espelho da programação da Mostra Jovem e do tema escolhido para a edição deste ano, "Cascais Submerso". Para além de reflectir temas ecológicos – uma preocupação que esperamos não seja apenas uma moda – este jornal também trata de questões de cultura que passam pela paisagem suburbana, o Graffiti, “pirataria” (palavra feia atribuída pela desesperada indústria fonográfica), consumismo, novos desportos, ficção científica… tudo devidamente ilustrado pelos nossos sócios. - Marcos Farrajota

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Gato por lebre

Absurdito
Grosgoroth

(Grosgoroth; 2007)

Os espanhóis são uns imitadores do caraças! Parece até que não tem vergonha na cara! Assim, vinda das novas tendências dos finlandeses Kuti Kuti e os Fort Thunder, a estética pop-psicadélica está a pegar por ai e já chegou aos nostros hermanitos como se poderá verificar nestes dois zines. Estão cá todas características para falar de imitação: temas Pop/recuerdos de infância berrantes (as Tartarugas Ninja, jogos de computador, bonecos das embalagens de cereais), cores excessivas com canetas de feltro, tudo "mal desenhado" para apanhar a espontaneidade criativa bruta.
Quem edita estes zines é Grosgoroth, o tipo das teclas dos Grabba Grabba Tape, uma banda electro-punk satânica com natas que tocou este fim-de-semana passado por cá - já agora, o baterista tem um imaginário bem melhor! O seu zine homónimo é no formato A5, todo a cores e feito de bd's parvitas e ilustrações mucho mucho coloridas. Giro q.b. O Absurdito é um zine colectivo de bd, desenho e textos no formato A5 e impresso a cores ou em vários papeís de cor. As cenas de Grosgorth brilham no meio da mediocridade das outras participações e curiosamente são os textos escritos por pessoal amamentado a comics da Marvel, Esoterismo críptico e charros que salvam o zine. São mesmo psicadélicos... os textos!

Trabalho em progresso


It-Clings vs Pneumatic Detach: "The all too logical descent into madness" (Bugs Crawling Out of People; 2007)
Randy Greif & Kenji Siratori: "Narcoleptic cells" (Thisco + Fonoteca de Lisboa; 2007)
Slow Soldier: "New under the volt" (Thisco + Fonoteca; 2007)

O primeiro disco ganhei via concurso da Connexion Bizarre e é uma curiosa experiência de spoken-word (It-Clings) versus IDM (Pneumatic Detach) a lembrar as actuações dos Structura, embora aqui não haja lugar para improvisos e as letras são nitidamente niilista-freudianas. O som é duro ora pela voz que cospe ódio ora pela instrumentação suja que debita beats Techno e orgãos sombrios. Tem mais power do que este texto possa transmitir...

Entretanto, boas novas: a grande editora de música electrónica alternativa Thisco voltou à normalidade. Isto quer dizer o quê? As edições voltaram ao que a editora nos tinha habituado: caixas de CD normais e som electrónico alternativo. Falo disto porque as últimas edições ou não faziam sentido (a Cucu e o In Tempus) ou as edições mostravam alguma pobreza de meios materiais. E o regresso ainda é melhor com a edição de um trabalho do escritor-sensação cyber-punk, o japonês Kenji Siratori associado ao norte-americano Randy Grief, especialista em criar música ambiental, electrónica e concreta. Numa faixa única de 54 minutos viajamos num sonho que podia ser banda sonora para o último filme de David Lynch. Quem já leu ou ou tentou ler os textos de Siratori já sabe que ouvi-lo em japonês ou em inglês é quase o mesmo dada à complicada linguagem "cut'n'paste" cibernética que utiliza. Na colecção de CD's é de colocar na secção "Thisco [facção ambiental/ experimental]". Bom material sonoro embora o trabalho gráfico seja de fugir a mil pés!

Também da Thisco temos o disco de estreia de Slow Soldier (após um split-EP-duplo com FlatOpak). Slow Soldier antes demais é um bom nome para um projecto de música, podia ser nome para banda Punk, Emo, Stoner ou seja o que for. O nome é mesmo fixe... já a música nem por isso imersa demasiada em Techno com laivos IDM não tão assim inteligentes e conseguindo ser um bocado irritantes Enquadra-se na "facção funcional" da Thisco mas é demasiada juvenil para o meu gosto. O melhor do disco começa a metade dele (a partir da faixa-título) quando o álbum começa a ter uma tendência para desacelerar a dança.

sábado, 1 de setembro de 2007

movimentações pelo Grémio Lisbonense: luta contra a ordem de despejo

O Grémio Lisbonense é uma associação de cultura e recreio, fundada em 1842, sita no Rossio (por cima do Arco do Bandeira), que enfrenta uma acção de despejo por negligência e má administração de direcção anterior, com execução prevista para o dia 6 de Setembro.
A actual direcção e a massa associativa mais jovem, que tem vindo a dinamizar o espaço, na tentativa de lhe conferir o estatuto que outrora teve, perante esta situação, preocupada não só em preservar este pedaço da história alfacinha, conferindo-lhe simultaneamente um cunho de modernidade que a Lisboa multicultural de hoje reclama, vem alertar todos os q queiram abraçar a causa desta instituição centenária para que subscrevam o seguinte abaixo assinado cujos pontos mais urgentes são:
a) encontrar uma forma consensual de impedir o despejo da Associação Grémio Lisbonense das instalações que ocupa desde sempre;
b) tendo em conta o projecto que esta nova geração pretende desenvolver, é imperativo que seja atribuído o estatuto de Utilidade Pública à Associação Grémio Lisbonense, para que, num futuro próximo o edifício e a instituição que o ocupa recuperem a dignidade e a utilidade para os cidadão de Lisboa.

Assinar aqui.