Tradição versus dinheiro

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"Preferes conquistar a Taça de Portugal ou a Taça da Liga?"

Se colocarmos esta questão a um qualquer adepto, julgo que a resposta será, sem pestanejar, a Taça de Portugal. No entanto, se colocarmos esta questão a quem gere o Benfica, provavelmente a resposta será a Taça da Liga. Para uns pesará a imagem de um dia bem passado no Jamor, entre garrafões de vinho, cerveja, sardinhas e febras. Para outros pesará a imagem de dinheiro a entrar em caixa.

Para mim, a Taça da Liga representa apenas uma fonte extra de receitas e não sei se algum dia olharei para ela com o respeito que certamente a competição merece. Para já, encaro-a como um upgrade do Torneio Guadiana, embora queira que o Benfica vença todas as edições, como é evidente. No entanto, não posso deixar de estranhar que estejamos nesta final pela quarta vez consecutiva enquanto a Taça de Portugal é constantemente menosprezada. Há sete anos que não marcamos presença no Jamor. É muito tempo. Na próxima época gostava que a Taça de Portugal fosse encarada com a mesma seriedade com que se joga na Champions e no campeonato. Diz-se que a Taça de Portugal é a festa do povo. E o povo é Benfica.

Tenho muito medo que a Benfica Tv passe a transmitir os jogos do Benfica


Soube que o Diego iria marcar presença hoje na Benfica Tv. Percebi depois, horrorizado, que o programa em questão era o "Canela até ao pescoço". Ainda assim, dispus-me a tentar visionar a coisa. Começa o programa e a barba ridícula do Quimbé (como se pode ver na imagem acima) vaza-me uma vista sem aviso prévio. Prossigo apenas com um olho, estóico. O rol de imbecilidades não parece ter fim e nada de Diego. Apetece-me mandar-lhe uma mensagem a insultá-lo por me ter induzido em erro. Tiro o som e vou espreitando. Por fim, lá aparece o Diego. Volto a colocar som, esperançado. Fala-se dos Feromona e o Diego tenta explicar o significado do nome. Quimbé não parece convencido e alvitra: Isso é o mesmo que "sexo para todos".

Desculpa, Diego. Não aguentei mais.

Vertigem é para os fracos

terça-feira, 10 de abril de 2012

Já que em relação às arbitragens não temos qualquer capacidade de impor respeito e ainda por cima apoiámos, apoiamos e, muito provavelmente, apoiaremos ad nauseam Fernando Gomes e Vítor Pereira (e aqui alguns dirão: "apoiamos porque se não o fizermos é muito pior". Pior do que isto? Por favor...) devemos concentrar-nos naquilo que podemos controlar.

Recuemos à jornada 17, em final de Janeiro, onde fizemos um jogo muito fraquinho em Santa Maria da Feira, mas lá acabámos por garantir os três pontos. Seguiu-se o Nacional, que foi trucidado na Luz. A seguir veio a sempre difícil deslocação a Guimarães, onde Jesus decidiu dar azo à sua loucura e jogar com Matic perdido no meio-campo enquanto forçava um Rodrigo ainda com a entrada de Bruno Alves bem fresca na memória a 90 minutos pavorosos, algo que resultou numa derrota. Nova deslocação, desta vez a Coimbra, num daqueles jogos irritantes em que a bola simplesmente não quer entrar mas que Jesus emperra ainda mais retirando Aimar do campo com 20 minutos ainda para jogar; as ideias do Benfica nesse jogo acabaram aí. Chegou por fim o duelo que poderia resolver as contas do título e, depois de o Benfica ter conseguido dar a volta ao marcador, Jesus retira Aimar e coloca Rodrigo, destruindo o meio-campo e entregando o controlo do jogo ao foculporto. Seguiu-se viagem a Paços de Ferreira e mais um jogo fraco, onde o Paços só não acabou com o jogo por manifesta falta de competência dos seus avançados; mais três pontos conquistados com sorte. De seguida, recepção ao Beira-Mar, que se traduziu num calmo passeio durante 90 minutos. Depois, rumo a Olhão, num jogo em que Aimar é expulso aos 62 minutos mas que até então o Benfica nada tinha feito para vencer; a única oportunidade clara de golo surgiu nos descontos, por intermédio de Saviola. Depois, novo jogo importantíssimo, desta vez contra o Braga, que dispôs de vários contra-ataques para abrir o marcador e deixou a nu as fragilidades do Benfica no centro do terreno. Ontem foi o zbordin, que conseguiu o que o Braga tentou.

Olhando para todos estes jogos, recordamos facilmente vários erros de arbitragem. Penso que isto é claro e que não admite grande discussão. Mas penso também que se consegue perceber que a equipa do Benfica vive permanentemente no limiar do risco, principalmente pela forma como o meio-campo está construído, e que o treinador, apesar de não o admitir publicamente, desvaloriza claramente os opositores. Julgo que é evidente que Jesus joga muito com o facto de no campeonato português escassearem os bons finalizadores. As equipas são, regra geral, bem organizadas do ponto de vista defensivo, sabem sair em contra-ataques rápidos mas pecam imenso na altura de rematar à baliza; o campeonato português é assim. Ora isto aliado à ideia de o Benfica marcar dois ou três golos em cada jogo é o espelho da táctica do Benfica: uma vertigem louca pelo ataque que descura em demasia a defesa. Basta reparar que em todos os jogos do campeonato, exceptuando a primeira jornada em Barcelos, só o foculporto conseguiu marcar mais do que um golo ao Benfica. O problema é que nesta recta final começam a faltar as pernas e as ideias e o Benfica não marcou golos em Guimarães, Coimbra, Olhão e Alvalade. Só aqui foram 10 pontos ao ar. Talvez com outro tipo de abordagem táctica e rotação do plantel os jogadores não chegassem a esta parte decisiva do campeonato todos rotos, algo que evidencia ainda mais o tal limiar de risco em que o Benfica joga. Em cada jogo, a equipa parece querer atravessar um precipício em cima de uma corda, ainda por cima a correr, quando se calhar convinha efectuar um reconhecimento do terreno em busca de um ponto de travessia mais acessível. Chegar ao outro lado em cima de uma simples corda tem um efeito espectacular, é verdade; demonstra audácia e uma total ausência de medo. Por outro lado, procurar outro caminho demora mais tempo e seguramente não é tão viril, mas se calhar não se acaba com os miolos esborrachados lá em baixo tanta vez.

Depois de Albert, Vítor


O famoso Albert II tem um sucessor à altura: Vítor Pereira é o treinador campeão da época 2011/12.

Já vi o foculporto ganhar campeonatos de todas as maneiras e feitios, mas nunca tinha visto tal com um treinador que fosse passeando a sua incompetência ao longo de toda uma época. O campeonato está praticamente no fim e o homem ainda está nitidamente a tentar perceber como funciona isto de treinar um grupo de rapaziada durante a semana e escolher onze e distribuí-los no campo ao fim-de-semana. Um símio não faria pior. Claro que temos que contar com a ajuda do outro Vítor Pereira (este de burro tem pouco), mas mesmo assim o feito continua a ser merecedor de amplo destaque e assombro.

Vítor Pereira é assim o primeiro símio a sagrar-se campeão enquanto treinador. Alguém lhe arranje uma alcunha, por favor. "Mestre da táctica" é que não, que essa já tem dono.


P.S. Sá Pinto também partilha o prémio, a julgar pela quantidade anormal de carros que hoje buzinavam alegremente pela rua, com coloridos cachecóis nas janelas. Quer dizer, não eram muito coloridos. Tinham só verde e branco.

É favor colocar a música da Champions no balneário antes destes jogos

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Se é para perder, que seja sempre como vimos na quarta-feira passada, em Londres: com luta, com ambição, com suor e, caso seja necessário, até mesmo sangue. Mesmo contra a arbitragem, mesmo com um jogador a menos. Mas que haja Benfica no campo, porra! Que o jogo acabe e se sinta que todos os jogadores deram tudo, julgo que é aquilo que qualquer adepto espera da sua equipa.

Hoje não houve nada disso. Se alguns só se esforçam na Champions, não estão aqui a fazer nada.

Dérbi de ressaca

Não devia ser permitido marcarem um dérbi para uma 2ª feira depois da Páscoa. O benfiquista anda por esse Portugal a fora a visitar familiares, a comer e beber em conformidade, passa 3 dias a tentar alhear-se da situação difícil onde o país se encontra (muitos dos benfiquistas também) e quando chega ao emprego na 2ª feira (os que o têm), ainda meio enebriado (ou do Quinta de Pancas ou do Carrascão do Redondo) e com resquícios do sabor do Borrego ou Cabrito ou Porco ou Lampreia, abre as páginas da internet (os que a têm) e pumba... É dérbi!

É que não dá nem para ressacar como deve ser, nem para preparar o jogo como deve ser! Não dava para ter mudado a Páscoa?

Já não se vai a tempo de mandar umas bocas aos amigos sobre o Djaló, de levar umas bocas dos amigos sobre o Djaló... Nada.

Portanto amigos, duplo café forte, cuidado com as máquinas de corte de papel ou ceifeiras debulhadoras que manuseiam até às 5 da tarde, mantenham-se finos e alertas e quando possível, directos ao tasco onde vão ver a bola enfrascar minis até ao início da contenda.

Não se esqueçam de levar um lagarto convosco, que ver um dérbi no Alvalidl sem um amigo lagarto é como celebrar as nossas vitórias num estádio da luz vazio - é giro, mas perde-se a essência da coisa.

"Ah, mas ele até levou amarelo!"

quinta-feira, 5 de abril de 2012


Quem é este moço?

Dum ponto de vista puramente objectivo podemos dizer que é o Obi Mikel. Mas numa perspectiva mais lata ele não é apenas o Obi Mikel. É também o Fernando, o Custódio, o Fernando Alexandre, o Filipe Anunciação, o Pape Sow, o Adrien e todo este tipo de jogadores que passam um jogo inteiro a dar porrada de meia-noite em jogadores do Benfica mas que só vêem cartão amarelo nos últimos 10 minutos. Que é para depois as estatísticas mostrarem que, dadas as 12 faltas cometidas, o jogador foi punido disciplinarmente como mandam as regras.

Também eu fui fantochado ontem

À semelhança da equipa brava que lutou ontem, mas que se sentiu manietada pelas contingências extra jogo, também eu me senti fantochado ontem...
Senti claramente que uma entidade superior tinha tirado o dia para gozar comigo…

Fez assim:

Vou-te lixar a defesa toda, obrigar-te a jogar com Emerson a central, ponho um árbitro caseiro que só dá amarelos para um lado e não vê faltas sobre o Gaitan, faço os teus jogadores pensar que estão no meio campo a fazer cargas de ombro mas afinal estão na área, expulso-te um gajo aos 40 minutos, faço o Djaló entrar e levo-te a ficar descrente e desiludido… mas quando tu menos esperares…

Dou à tua equipa uma injecção de moral, capacidade de sofrimento e superação jamais vista esta época, saco 2 ou 3 golos feitos ao Chelsea (o do Ramires foi obra divina, foi para gozar connosco, só podia) para teres a esperança, deixo a tua equipa marcar um golo a 5 minutos do fim, deixo o Djaló ter 3 oportunidades !?!? de golo e o Nelson mais 2 e quando tu pensas que efectivamente será possível, naquela réstia de tempo que falta, a tua equipa pode limpar o Chelsea…toma lá que levam um golo de outro mundo de um tripeiro!

Espero que tenhas gostado do serão, deve ter dito o gajo.

Não foi mau, disse eu, mas podias ter sido épico... Fica para 2ª feira, ok?

UEFA 2-1 Benfica

- Javi García foi um verdadeiro patrão, na falta do mesmo. Pena o lance do penálti, em que para mim abalroa o adversário sem necessidade.

- Maxi imprudente naquela entrada, quando já tinha um amarelo. Com aquilo que o árbitro andava a fazer em campo, não podia ter sido tão descuidado.

- apesar de algumas falhas de posicionamento compreensíveis, Emerson fez um dos melhores jogos desde que está no Benfica. Continuo a achar que não tem qualidade para jogar no Benfica mas o homem é de um profissionalismo imaculado e deve ter uma resistência mental fora do normal. O que ele fez hoje não é para todos.

- Capdevila é um jogador com inteligência, posicionamento e capacidade de passe acima da média. Tem que ser titular.

- Matic foi para mim a surpresa da noite. Que jogaço impressionante!

- Bruno César está num grande momento de forma outra vez. Saiu esgotado do tanto que trabalhou.

- Gaitán bem a procurar rasgar a defesa mas falhou nos passes de morte. Só começaram a ser assinaladas as faltas que sofria depois do 1-0.

- Aimar a conduzir bem a equipa. Rematou várias vezes de longe, mas já se sabe que isso não é um dos seus pontos fortes. Um jogador deste calibre não pode estar sempre a levar cartões por protestos, já no campeonato é a mesma coisa.

- faltou o golito do costume a Cardozo. De resto, bem nas tabelinhas à entrada da área.

- excelentes entradas de Nelson, Djaló e Rodrigo. Espevitaram de tal forma os acontecimentos que foi quase a morte do Chelsea. Pena aquele lance em que o Nelson remata de trivela quando deveria ter passado a bola ao Djaló, que estava sozinho.

- gloriosos adeptos do Benfica. Só os deixei momentaneamente de ouvir nos golos do Chelsea. E isto diz tudo, quer dos adeptos do Chelsea quer dos nossos.

- o árbitro, o tal que nos ia pondo fora da Liga Europa em Marselha há dois anos... Que dizer? Daria para um testamento, talvez. A dualidade de critérios técnicos e disciplinares não pode ser vista como uma coincidência por ninguém com dois dedos de testa. Vamos ser claros: a UEFA leva isto sem grandes alaridos durante a fase de grupos e na eliminatória seguinte. A partir daí os sorteios são estranhos e eles escolhem quem segue em frente. Sendo que os biliões de asiáticos não se sentiriam lá muito atraídos por ver um jogo do Benfica, a nossa continuidade na competição é nociva para o negócio. A populaça quer ver os dois melhores jogadores do mundo face a face. As marcas que os patrocinam também. As televisões idem. É isto a Champions.

É um orgulho tão grande que nem tenho palavras

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Foi tanto, tanto, tanto Benfica hoje no jogo... Até me vieram as lágrimas aos olhos no apito final. Para mim o Benfica passou às meias-finais da Champions e depois perdeu dignamente contra o Barcelona. A história relatará algo diferente, claro, mas quero que isso se foda.

Viva o Benfica!

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