São deliciosos e muito bonitos, como vocês podem ver, mas já vou avisando: dá um trabalhão danado.
domingo, 30 de novembro de 2008
Docinhos brasileiros
sábado, 29 de novembro de 2008
Os sonhos da nossa angolana de fibra
- Eu queria muito ter tempo para estudar, mas neste momento a prioridade é a educação dos meus filhos. Por isso arrumei este emprego, pra poder lhes pagar uma escola boa.
A mãe enche a cabeça dela para comprar uma casa. Acha que precisam se libertar do aluguel, que sobe a toda hora em Luanda. Chegou a ver um terreno no Benfica, mas Nina está insegura.
- É muito distante, vai ser difícil chegar na hora no trabalho. Depois, que escola boa meus filhos poderão freqüentar lá?
O pai das crianças não ajuda Nina com o sustento dos meninos. Ela sabe que tem direito a isso, mas não quer recorrer à Organização das Mulheres Angolanas, uma entidade partidária do MPLA que poderia ajudá-la a enquadrar o aldrabão. Nina é orgulhosa, prefere conquistar a pedir.
O irmão mais velho dela mora na Alemanha e já falou em levá-la para lá. Ela teria que deixar as crianças, porém, coisa que ela não aceita. Um tio, que já viveu na Europa, diz que a vida no velho continente está muito difícil. Melhor seria ir para o Canadá. Mas teria de levar as crianças, porque aí as pessoas teriam pena dela e lhe dariam emprego.
Eu explico que isso é tolice. Ela jamais conseguiria entrar legalmente no Canadá. Como imigrante ilegal, ficaria exposta a toda sorte de perigos, sem direito aos serviços de saúde e educação.
Nina não sabe o que fazer. Ela tenta enxergar um futuro, mas sente-se acuada. Nos últimos tempos nem dorme direito, preocupada com a responsabilidade que lhe pesa sobre os ombros. Sonha com tantas coisas boas para os filhos, mas tudo lhe parece inalcançável.
Numa novela, ela encontraria um princípe encantado e rico, que acabaria com todos os problemas dela. Mas como isto é vida real, a novela da nossa heroína angolana termina pesada, cheia de pontos de interrogação que lhe pesam no estômago.
Só posso lhe desejar sucesso e dizer uma coisa, Nina: seus filhos têm sorte de tê-la como mãe.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
A emancipação da nossa angolana de fibra
- Ela ficou diabética, engordou muito, não podia mais trabalhar. Estava já separada do meu pai e eu assumi essa responsabilidade de cuidar dela também.
Nina foi bater no Miramar, bairro nobre onde ficam as embaixadas em Luanda, a procura de um emprego como doméstica na casa do embaixador americano. Os seguranças avisaram que ali era impossível. Mas mostraram outra casa onde, naquele exato momento, dois brancos faziam uma visita. Provavelmente alugariam a vivenda.
Ela foi lá bater lá e conversou com a senhora estrangeira que mal falava português. Estavam a alugar a casa para estabelecer uma embaixada. Mas ainda demoraria algum tempo até que tudo fosse resolvido e eles realmente precisassem de uma empregada. A senhora quis guardar um contato, mas Nina não tinha telemóvel na época.
- Ficou combinado que o policial que trabalha na embaixada americana ia mandar me avisar. Ele sabia a rua onde eu estava morando. Mas como o aviso estava demorando muito e eu precisava sustentar meus filhos, comecei a vender pedras.
Nina fez contatos nas diversas obras que começavam a surgir em Luanda com o fim da guerra civil. Ficou amiga dos pedreiros e eles a chamavam quando precisavam de cascalho. Ela alugava um caminhão, ia até Viana buscar pedras e as entregava nas obras, cobrando por isso.
- Estava a dar algum dinheiro, o suficiente para o aluguel e o sustento das crianças. Foi quando o policial apareceu lá em casa, dizendo que aquela senhora estava mandando me chamar.
Nina voltou ao Miramar e conseguiu o emprego no mesmo dia. Trabalharia como doméstica para a embaixada das 9h às 13h, ganhando USD 250 por mês.
Amanhã, no último capítulo: Nina não se acomoda com o emprego novo e parte em busca melhores dias.
Semana de TV na Casa de Luanda - IV
Estamos comemorando
Obrigado a todos os leitores que nos prestigiaram na votação e que continuam a nos prestigiar aqui todos os dias.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
A rebeldia bate à porta da nossa angolana de fibra
No Kalemba apanhou uma gripe e foi ao posto de saúde se tratar. Lá o médico recomendou algumas injeções e foi assim que conheceu seu marido.
- O Dioli estudava para enfermeiro e fazia a prática lá. O conheci quando preparava as picas que eu tinha de apanhar. Todos os dias eu voltava e era ela quem me injetava. Fomos ficando amigos e começamos a namorar.
A gravidez foi uma questão de tempo e ela mesma admite que viu, na barriga, uma fuga para a situação na casa dos tios.
- Quando apanhei meu primeiro filho, fui morar na casa dos pais do Dioli, na Samba. Eles me queriam muito bem, me tratavam como uma filha e davam amor ao neto. O problema era o Dioli, que não ligava muito pra gente. Ele continuava a viver na Kalemba e eu na casa dos pais dele.
Dioli vivia distante, mas ainda assim Nina engravidou do segundo filho, antes que se separassem de vez.
- O problema é que ele quer curtir, desbundar, arrumar mulheres. Não ajuda em nada com o sustento das crianças, está sempre a aldrabar, dizer que vai ajudar, mas que nada. Eu é que seguro tudo sozinha.
Dioli hoje é taxista. Ele e Nina não se dão bem. Os filhos raramente vêem os pais.
Amanhã: com o fim do casamento, Nina tem de deixar a casa dos sogros.
O Elinga é Fixe
Pois há uma alternativa excelente para quem gosta de ouvir jazz, beat & house, soul, e afro music, além de dançar, evitar trânsito, encontrar pessoas interessantes e ver a noite passar na companhia de gente interessante. Trata-se do Elinga Teatro, um prédio histórico na Baixa, por trás do BPC, que deve ser demolido em breve (há, inclusive, uma lei determinando isso, mas a decisão vai sendo adiada, adiada...quem viu o mercado Kinaxaxi cair sabe como é triste tal cena)
Enquanto não vem abaixo, um grupo de amigos, cuja alcunha é Movimento X (não, eu não faço parte do grupo), faz do edifício uma peça de resistência cultural interessantíssima, especialmente nos finais de semana, e por lá exibem artes plásticas, encenam peças de teatro e, como ninguém é de ferro, põem um som ótimo nas pick-ups. Um artista plástico também pinta o corpo dos frequentadores mais afoitinhos, ali, ao vivo.
A entrada é franca, há muito espaço para estacionar o carro e visitar o prédio, por si só, já vale a pena o passeio. Compram-se fichas antecipadas no balcão e pode-se consumir a cervejinha (Kz 400, muito caro!) na varanda, como quem não quer nada, olhando as estrelas do céu de África… Na imagem abaixo, você pode ver o que está “em cabeça de cartaz” (outra expressão que eu adoro) no Elinga Teatro até domingo.
Semana de TV na Casa de Luanda - III
Para quem está chegando agora, vale lembrar: estes filmes foram feitos por mim no Quênia para a TV Estado.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A infância triste da nossa angolana de fibra
Na casa do tio, ela aprendeu a frequentar a igreja das Testemunhas de Jeová. Na igreja, aprendeu a ler e a escrever, mas nunca foi matriculada pelo tio numa escola. "Ele foi muito bom para mim em muitas coisas, mas em outras...", lembra. "Ele me fazia como uma empregada, tomava conta aos filhos dele. Meus primos estavam na escola, mas eu não podia estudar. Tinha de cuidar da casa. É uma vontade muito grande que eu tenho, até hoje, a de ir para uma escola, aprender as coisas."
Outra queixa de Nina do tempo em que vivia na casa dos tios é a falta de carinho. "Não é a mesma coisa que ser criada pelos nossos pais", diz. "Eu cresci assim, sem amor, sem carinho. Foi muito triste isso."
Nina só conheceu a mãe em 1997, quando tinha 17 anos de idade.
Amanhã, como ela deixou a casa dos tios para recomeçar a sua vida. Não perca, às 20h.
Semana de TV na Casa de Luanda - II
Esta reportagem foi feita na véspera da eleição nos Estados Unidos, na porta da casa de Sarah Obama, a avó emprestada de Barack Obama. Sarah, claro, estava recolhida, mas a porta da casa estava fervendo de gente.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Uma angolana de fibra
Estranhou porque na embaixada onde trabalha, duas casas depois da nossa, o embaixador nunca conseguiu comprar um caminhão de 10 mil litros por menos de USD 300. Esperta como só, ela anotou o telefone do motorista. Quando a embaixada precisou de água, Nina deu o número ao embaixador. O diplomata ficou admirado com a esperteza da empregada doméstica.
Nina é assim. Inteligente, honesta, batalhadora e cheia de iniciativas. Se tivesse tido oportunidades, teria ido longe. Mas a vida, a guerra, a separação ainda muito jovem da família lhe sabotaram o futuro. Nina nunca frequentou uma escola regular e hoje trabalha em dois empregos como doméstica para sustentar os dois filhos e a mãe, diabética, de 72 anos.
Nos próximos dias, sempre às 20h, vocês conhecerão em capítulos a história de vida da Nina, uma angolana de fibra.
Oito Actos
Trata-se de um documentário sobre gente comum que, no seu dia-a-dia, ajuda a Angola a atingir os Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela Organização das Nações Unidas.
Podemos dizer que esse é o primeiro documentário que realizamos. Se ele fosse exibido num cinema, diríamos que se trata de um curta; como está a ser exibido na web, seus 10m41s de duração o transformam praticamente num longa.
Esperamos que gostem.
Só para esclarecer...
1. A Casa surgiu entre os finalistas do The BOBs por indicação espontânea (obrigado leitor, não sabemos quem você é, mas se quiser se identificar ficaremos muito gratos). Nós não a inscrevemos no prêmio, mas claro que ficamos orgulhosos em saber que havíamos sido escolhidos, entre 8.500 indicados, para concorrer entre os 11 finalistas em duas categorias.
2. Apesar da nosso júbilo, jamais usaríamos qualquer mecanismo para aumentar artificialmente nossa votação. Pelo simples fato de que nunca tivemos expectativas de vencer o concurso. À parte o post de outubro anunciando a indicação, jamais fizemos campanha da nossa participação no prêmio. E os nossos leitores não passam seus dias votando centenas de vezes repetidas (como confessaram os torcedores do outro blog nos comentários que por lá deixaram, os mesmos que aqui vieram fazer insinuações contra a honestidade da Casa).
3. Ficamos muito gratos ao The BOBs por nos trazer novos leitores, vários dos quais passaram a nos acompanhar diariamente. A atenção de vocês é melhor do que qualquer selinho na barra lateral quando se trata de atestar qualidade.
4. Finalmente, este espaço não tem fins lucrativos. Não vende anúncios, rifas ou correntes de fortuna ou felicidade. Ele pretende ser apenas um espaço aberto às manifestações de gente comum, com bons textos e boas histórias para contar, sem a pretensão de ditar regras ou ensinar nada a ninguém. Exatamente como um dia foram todos os blogs.
Obrigado a todos os que nos acompanham. Os amigos que fizemos aqui (alguns, inclusive, extrapolaram a blogoesfera, como a querida Migas) são o melhor prêmio que a Casa de Luanda poderia nos proporcionar.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Semana de TV na Casa de Luanda
Os três filmes que serão apresentados foram feitos no Quênia, na primeira semana de novembro, quando Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos. A idéia era mostrar como a família africana do novo chefe do mundo estava acompanhando a eleição.
Estas vídeo-reportagens foram realizadas por mim, originalmente para a TV Estado, do site Estadão.com.br, no Brasil. Alguns dos nossos leitores já devem tê-los visto por lá.
Este que segue foi o primeiro filme que fiz, no dia 2 de novembro, assim que cheguei a Kisumu.
Fazendo história no Congo
A riqueza do relato me fez lembrar os melhores momentos de Ryszard Kapuściński em "A Guerra do Futebol" e "Another Day of Life".
Não é apenas uma excelente cobertura jornalística do conflito no Congo. O que A. está fazendo por lá é história.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Sobre nacionalismos e bandeiras
Em Luanda tem os “Brazucas”, os “Tugas”, os “Vikings”, os “Chinas”... Acho isso tudo saudável, desde que não terminemos por nos fechar em clubinhos nacionalistas.
Eu, pessoalmente, sempre preferi as torres de Babel. A mistureba de nações sempre resulta em conversas mais interessantes, em jantares mais saborosos, em mentes mais abertas e tolerantes. Me encantava a idéia do Esperanto (a língua universal), pena que nunca vingou.
A diversidade cultural é a maior riqueza da humanidade. E se há algum sentido nessa história de países, bandeiras e fronteiras, deve ser para preservá-la. Fico toda orgulhosa ao falar do nosso carnaval, ao mostrar fotos do meu Rio de Janeiro, ao comer uma boa moqueca e ao ouvir Tom Jobim. Mas baixo a bandeira verde-e-amarela para qualquer duelo nacionalista.
Até porque, num país com tantos problemas como Angola, acho que temos outras bandeiras mais importantes para levantar do que as dos nossos países. Por isso, quando vim pra cá deixei em casa minha bandeira brasileira e trouxe na mala a da educação, da saúde, da igualdade, do desenvolvimento, da paz... São bandeiras universais. E diante delas, qualquer discussão sobre nacionalismo perde importância.
Ou você pediria o passaporte da criança da foto acima?
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
A Felicidade
Um minúsculo ponto atrai meu olhar. Um vestidinho de pano branco, comprido até o chão, com uma malhinha azul de mangas compridas, braços abertos, a dançar sozinho no meio do gramado verde. Deve ter uns cinco ou seis anos, não mais.
Penso em parar, descer para fotografar-te naquele momento de felicidade pura, sem aditivos nem conservantes. Mas eu sei, ao apontar a lente na tua direção, espantarei a espontaneidade do momento. Muitas foram as vezes em que isso aconteceu já, nesta minha obsessão por retratar o futuro de África.
Então desisto de parar, de te fotografar. Pelo menos desta vez, deixo-te só com a tua felicidade que ficará gravada na minha memória como um pontinho branco e azul a girar no meio da imensidão verde.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Os donos do Futuro
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
A misteriosas casas do deserto
Ao longo da estrada, a cada vinte e poucos quilômetros, aproximadamente, cruzávamos com uma dessas casas sem telhados, só as paredes antigas a resistir aos ventos de areia do deserto.
Continuam lá, a resistir às dunas que já tomaram até a entrada do cemitério de Tombua.
Moçamedes era o antigo do nome do Namibe, no tempo colonial
No caminho, cruzamos com essa árvore saída diretamente do filme "História Sem Fim"para o deserto do Namibe
domingo, 16 de novembro de 2008
Vingança também pode ser boa
Encontrei na rua o filho de 21 anos de uma conhecida minha:
- Então, Luís, grande expectativa em ganhar um irmão?
- Sim, estamos todos felizes!
- Será que virá menino ou menina?
- Eu e meu pai preferimos menina.
- Mas você já tem duas irmãs mais novas!?
- Mas meu pai não tem filha mulher.
- Não estou entendendo mais nada, Luís!
- É simples: Meus pais brigavam muito, e em duas separações minha mãe teve minhas irmãs de outros pais. Mas, era só para se vingar dele...
No final, estão todos da família muito felizes. Agora, digam-me se na nossa mentalidade habituada a guardar ressentimentos as coisas seriam tão simples assim? Temos muito a aprender nesta terra...
sábado, 15 de novembro de 2008
Um pulinho no Namibe
A estrada é uma delícia, com poucos caminhões e vistas lindíssimas. Tanto no trecho verde do altiplano, quanto na zona árida do famoso deserto.
Chegando ao Namibe, fomos dar direto na orla, de onde se vê um porto movimentado. Como nos avisaram, este não é o melhor lugar para fazer praia.
Paramos para almoçar, curtindo a brisa fresca no rosto em um dos bons restaurantes instalados de frente para o mar.
A cidade é pacata, bem cuidada, mas as melhores praias, como nos ensinaram, ficam fora dali. Pega-se a estrada para o sul, em direção ao Tombwa, ou para o norte. Só que aí é preciso encarar trilhas pelo meio do deserto e, desta vez, infelizmente, Dorotéia não nos fazia companhia.
Sem casa para nos hospedar e sem Dorotéia para nos guiar até as praias – que dizem ser pequenos pedaços do paraíso na terra -, nos contentamos com o deserto na janela.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
A serpente no morro
Construída no tempo da colônia, a estrada foi reparada recentemente e está ótima. Para vislumbrar sua beleza, entre no desvio onde há uma placa indicando “estaleiro”. Lá, você vai encontrar um restaurante honesto e o mirante para a Serra da Leba.
Carta aberta aos irmãos portugueses
A decisão, tomada com a concordância do autor, baseia-se numa das premissas fundamentais desta Casa: jamais ofender a quem quer que seja. Embora a intenção do autor nunca tenha sido essa, ficou claro nos comentários dos leitores que muitos sentiram-se atingidos. E se isso acontece, então não há razão para que esse texto continue em nossas páginas.
Esta Casa é um espaço de diálogos, debate de idéias, exposição de problemas até, mas sempre com a intenção de construir, jamais o de ofender qualquer pessoa ou nacionalidade. Muito menos os nossos irmãos de Portugal e Angola, povos aos quais tanto devemos, nós brasileiros, da nossa formação cultural.
Aos que se sentiram ofendidos, pedimos que aceitem nosso sincero pedido de desculpas.
Encontro com Mumuílas
A área urbana é pouco mais do que uma cidade pendurada numa estrada, embora já existam por ali algumas casas novas, vistosas, sedes de direções municipais. Mas aí esticamos até Havailo, uma comunidade rural cerca de oito quilômetros a frente. E foi lá que as encontrei, as mulheres da tribo dos Mumuílas.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Muitos cinemas, nenhum filme
Fotógrafo e documentarista, o sogro de Júnior mantém um complexo cultural na capital da Huíla, onde funcionam um bar, uma pista de autorama e um sala de cinema para 82 pessoas.
A sala de cinema, infelizmente, está fechada. Falta público. “Chegamos e enviar 200 convites chamando as pessoas para assistirem filmes de graça”, lembra Júnior. “Voltaram 27. Por isso fechamos a sala. O povo aqui não tem o hábito do cinema.”
A cidade já teve lugar na cena cultural. Funcionavam aqui o Cine Odeon e o Cine-Teatro Arco-Íris, essa jóia da arquitetura dos anos 50, que está na foto abaixo.
E o cinema do sogro de Júnior? Terá futuro? “Estamos estudando a construção de um hotel no lugar”, admite o brasileiro. “Mas ainda não tem nada certo.”
A fenda da Tundavala
E tudo o que conseguimos ver, além do grupo de jovens que fazia um retiro religioso no local, foi um paredão de nuvens.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Braços abertos sobre o Lubango
Ele não freqüenta a praça central, onde estão o Governo Provincial, a sede do Partido e o Banco Nacional, todos assistidos pelo busto de Agostinho Neto.
Também nunca entrou no Shopping Millennium, templo construído há pouco tempo, onde os frequentadores expiam os pecados rendendo tributo ao consumo.
Prefere a tranquilidade da igrejinha de Palanca, ali perto da sua morada mesmo.
Nunca se hospedou no Grande Hotel da Huíla, embora ainda se lembre de quando ele começou a ser construído, em 1938. As fundações levaram dez anos para ficar prontas, só então começaram a subir as paredes dos salões, a piscina. Mas os primeiros hóspedes só puderam inaugurar os 78 quartos muito depois, nos anos 50.
O ar europeu dos salões do Huíla Café, que o homenageiam com uma foto, também jamais experimentou.
Gosta muito de estar ali, no alto, a assistir tudo. Se fosse se queixar de algo, seria apenas do vento e das noites frias de inverno. Não pode sequer cruzar os braços para se aquecer. Afinal, de braços fechados, ele deixaria de ser o Cristo-Rei de Lubango.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Luanda fica no Quênia
Essas duas fotos são de uma cidade chamada Luanda, só que no extremo Oeste do Quênia, quase na fronteira com Uganda.
Como uma sina, Luanda estava no meu caminho todos os dias, entre Kisumu (a cidade onde eu estava hospedado) e Kogelo (a vila onde mora a avó emprestada do presidente eleito dos Estados Unidos).
Por isso o meu longo silêncio nesta Casa, ao longo desta semana. Eu até gostaria de contar algumas histórias dessa aventura, mas como a Casa é de Luanda, eu preciso pedir autorização aos demais moradores - e também aos leitores - para fugir do tema.
Vocês me autorizam?