Sabe quando você finalmente resolve sair com uma pessoa?
Fica-se horas enfurnada em um quarto, abrindo portas de armários entre peças de roupas, entre dúvidas e frios na barriga, cenas imaginadas e relembradas. E, quando as roupas parecem chegar ao fim, seu armário se mostra sem fundo e lhe apresenta mais opções, mais dúvidas. O peito aperta porque você tem certeza que não vai dar tempo. Ainda falta o cabelo. E os sapatos. Você fica e persevera, experimentando, fazendo comparações, querendo fazer tudo certo. Tudo certo. Até que as peças se combinam. Repentinamente, como em toda cabeça de mulher. Tudo certo, decidido. A roupa que você imaginava, que você acredita certa.
Sabe quando você sai na rua depois disso tudo?
Você se sente bem, maravilhosa, segura de que daquela forma não existe a possibilidade de algo dar errado. Está tudo certo.
E aí um pombo caga na sua cabeça.
Sabe quando um pombo caga na sua cabeça?
Você fica um instante parada na rua sem ousar olhar para cima, sem se mover, achando que de onde veio aquilo pode vir mais. Você treme de tristeza e raiva. Talvez você chore um pouco. Ou muito. Sua segurança escorrendo pela roupa cuidadosamente escolhida, a roupa em que nada poderia dar errado. Um pombo cagaria na roupa na roupa do Batman?
Então, você pensa, ainda tremendo de tristeza e raiva, com aquela certeza quase palpável, que perdeu o seu encontro. Na sua cabeça existem apenas duas opções: você pode cancelar o seu encontro, voltar pra casa, chorar de raiva e tristeza e trocar de roupa. Você nunca mais andará pelo Largo do Machado. Você não vai mais encontrar aquela pessoa.
Ou, você pode entrar no primeiro banheiro que encontrar e tentar consertar o acontecido. Mas você nunca vai ter certeza se tudo ficou no lugar certo como estava antes, ficará sempre procurando uma mancha ou um indício de que o pombo cagou na sua cabeça. Seria válido enfrentar o desconforto de saber que um pombo cagou na sua cabeça, estragou a sua roupa certa e você não tem a certeza se está apresentável ou não para a pessoa? Seria válido sair do banheiro mesmo com vários pombos lá fora que poderiam arruinar o resto do seu dia?
É fato que nenhuma das duas opções lhe agrada, nem o extremismo de não arriscar, nem o conformismo de sofrer um incômodo calada. Você continua parada no meio do caminho olhando pros lados, sem saber o que fazer, dando passos sem direção. O pombo voa embora. Talvez você ainda esteja chorando.
Agora eu te faço uma pergunta: e se Dona Cleide que “trás” a pessoa amada em 3 dias tivesse dito a você que o pombo cagaria na sua cabeça, você sairia de casa mesmo assim?
Fica-se horas enfurnada em um quarto, abrindo portas de armários entre peças de roupas, entre dúvidas e frios na barriga, cenas imaginadas e relembradas. E, quando as roupas parecem chegar ao fim, seu armário se mostra sem fundo e lhe apresenta mais opções, mais dúvidas. O peito aperta porque você tem certeza que não vai dar tempo. Ainda falta o cabelo. E os sapatos. Você fica e persevera, experimentando, fazendo comparações, querendo fazer tudo certo. Tudo certo. Até que as peças se combinam. Repentinamente, como em toda cabeça de mulher. Tudo certo, decidido. A roupa que você imaginava, que você acredita certa.
Sabe quando você sai na rua depois disso tudo?
Você se sente bem, maravilhosa, segura de que daquela forma não existe a possibilidade de algo dar errado. Está tudo certo.
E aí um pombo caga na sua cabeça.
Sabe quando um pombo caga na sua cabeça?
Você fica um instante parada na rua sem ousar olhar para cima, sem se mover, achando que de onde veio aquilo pode vir mais. Você treme de tristeza e raiva. Talvez você chore um pouco. Ou muito. Sua segurança escorrendo pela roupa cuidadosamente escolhida, a roupa em que nada poderia dar errado. Um pombo cagaria na roupa na roupa do Batman?
Então, você pensa, ainda tremendo de tristeza e raiva, com aquela certeza quase palpável, que perdeu o seu encontro. Na sua cabeça existem apenas duas opções: você pode cancelar o seu encontro, voltar pra casa, chorar de raiva e tristeza e trocar de roupa. Você nunca mais andará pelo Largo do Machado. Você não vai mais encontrar aquela pessoa.
Ou, você pode entrar no primeiro banheiro que encontrar e tentar consertar o acontecido. Mas você nunca vai ter certeza se tudo ficou no lugar certo como estava antes, ficará sempre procurando uma mancha ou um indício de que o pombo cagou na sua cabeça. Seria válido enfrentar o desconforto de saber que um pombo cagou na sua cabeça, estragou a sua roupa certa e você não tem a certeza se está apresentável ou não para a pessoa? Seria válido sair do banheiro mesmo com vários pombos lá fora que poderiam arruinar o resto do seu dia?
É fato que nenhuma das duas opções lhe agrada, nem o extremismo de não arriscar, nem o conformismo de sofrer um incômodo calada. Você continua parada no meio do caminho olhando pros lados, sem saber o que fazer, dando passos sem direção. O pombo voa embora. Talvez você ainda esteja chorando.
Agora eu te faço uma pergunta: e se Dona Cleide que “trás” a pessoa amada em 3 dias tivesse dito a você que o pombo cagaria na sua cabeça, você sairia de casa mesmo assim?