O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO
Cap. 13 – Que a Mão
Esquerda Não Saiba o Que Faz a Direita
Um
Espírito Protetor - Paris, 1860
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– Meus irmãos, amai os órfãos! Se soubésseis quanto é triste estar só e
abandonado, sobretudo quando criança! Deus permite que existam órfãos, para nos
animar a lhes servirmos de pais. Que divina caridade, a de ajudar uma pobre
criaturinha abandonada, livrá-la da fome e do frio, orientar sua alma, para que
ela não se perca no vicio!
Quem
estende a mão a uma criança abandonada é agradável a Deus, porque demonstra
compreender e praticar a sua lei. Lembrai-vos também de que, freqüentemente, a
criança que agora socorreis vos foi cara numa encarnação anterior, e se o
pudésseis recordar, o que fazeis já não seria caridade, mas o cumprimento de um
dever.
Assim,
portanto, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa
caridade. Não a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima
a mão que a recebe, pois os vossos óbolos são freqüentemente muito amargos!
Quantas vezes eles seriam recusados, se a doença e a privação não os esperassem
no casebre! Daí com ternura, juntando ao benefício material o mais precioso de
todos: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo.
Evitai
esse ar protetoral, que revolve a lâmina no coração que sangra, e pensai que,
ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os vossos.
Guia
Protetor - Sens, 1862
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– Que pensar das pessoas que, sofrendo ingratidão por benefícios prestados, não
querem mais fazer o bem, com medo de encontrar ingratos?
Essas
pessoas têm mais egoísmo do que caridade, porque fazer o bem somente para
receber provas de reconhecimento, é deixar de lado o desinteresse, e o único
bem agradável a Deus é o desinteressado. São ainda orgulhosas, porque se
comprazem na humildade do beneficiado, que deve rojar-se aos seus pés para
agradecer-lhes. Aquele que busca na Terra a recompensa do bem que faz, não a
receberá no céu, mas Deus a reservará para o que assim não procede.
É
necessário ajudar sempre aos fracos, mesmo sabendo-se de antemão que os
beneficiados não agradecerão. Sabeis que, se aquele a quem ajudais esquecer o
benefício, Deus o considerará mais do que se fosseis recompensados pela sua
gratidão. Deus permite que às vezes sejais pagos com a ingratidão, para provar
a vossa perseverança em fazer o bem.
Como
sabeis, aliás, se esse benefício, momentaneamente esquecido, não produzirá mais
tarde os seus frutos? Ficai certos, pelo contrário de que é uma semente que
germinará com o tempo. Infelizmente, não vedes nunca além do presente,
trabalhais para vós, e não tendo em vista os semelhantes.
A
benemerência acaba por abrandar os corações mais endurecidos; pode ficar
esquecida aqui na Terra, mas quando o Espírito se livrar do corpo, ele se
lembrará, e essa lembrança será o seu próprio castigo.
Então,
ele lamentará a sua ingratidão, desejará reparar a sua falta, pagar a sua
dívida noutra existência, aceitando mesmo, freqüentemente, uma vida de
devotamento ao seu benfeitor. É assim que, sem o suspeitares, tereis
contribuído para o seu progresso moral, e reconhecereis então toda a verdade
desta máxima: um benefício jamais se perde. Mas tereis também trabalhado para
vós, pois tereis o mérito de haver feito o bem com desinteresse, sem vos deixar
abater pelas decepções.
Ah!,
meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que, na vida presente, vos ligam às
existências anteriores! Se pudésseis abarcar a multiplicidade das relações que
aproximam os seres uns dos outros, para o seu mútuo progresso, admiraríeis
muito melhor a sabedoria e a bondade do Criador, que vos permite reviver para
chegardes a ele!
SÂO
LUIS - Paris, 1860
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– A beneficência é bem compreendida, quando se limita ao círculo de pessoas da
mesma opinião, da mesma crença ou do mesmo partido?
Não,
pois é sobretudo o espírito de seita e de partido que deve ser abolido, porque
todos os homens são irmãos. O verdadeiro cristão vê irmãos em todos os seus
semelhantes, e para socorrer o necessitado, não procura saber a sua crença, a
sua opinião, seja qual for. Seguiria ele o preceito de Jesus Cristo, que manda
amar até mesmo os inimigos, se repelisse um infeliz, por ter crença diferente
da sua? Que o socorra, pois, sem lhe interpretar a consciência, mesmo porque,
se for um inimigo da religião, será esse o meio de fazer que ele a ame.
Repelindo-o, só faria que a odiasse.
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