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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


POR UM POUCO

“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”. PAULO, (Hebreus, 11:25).

Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à libertação dos companheiros cativos, criando imagem sublime para definir a posição do espírito encarnado na Terra.

“Por um pouco”, o administrador dirige os interesses do povo.

“Por um pouco”, o servidor obedece na subalternidade.

“Por um pouco”, o usurário retém o dinheiro.

“Por um pouco”, o infeliz padece privações.

Ah! Se o homem reparasse a brevidade dos dias de que dispõe na Terra! Se visse a exiguidade dos recursos com que pode contar no vaso de carne em que se  movimenta!...

Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi concedida no mundo.

Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente por um pouco de tempo.

Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de horas para complicar-se por muitos anos.

É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de quantos souberam glorificar a romagem apressada no caminho comum.

Moisés não se deteve a gozar, “por um pouco”, no clima faraônico, a fim de deixar-nos a legislação justiceira.

Jesus não se abalançou a disputar, nem mesmo “por um pouco”, em face da crueldade de quantos o perseguiam, de modo a ensinar-nos o segredo divino da Cruz com Ressurreição Eterna.

Paulo não se animou a descansar “por um pouco”, depois de encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de trabalho e fé viva.

Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí permaneces “por um pouco” de tempo. Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na extensão do bem, porque é na demonstração do “pouco” que caminharás para o “muito” de felicidade ou de sofrimento.

Livro: Fonte Viva, lição 42 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


Dez Maneiras de Amar a Nós Mesmos

1. Disciplinar os próprios impulsos.

2. Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.

3. Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.

4. Aceitar, sem revolta, a crítica e a reprovação.

5. Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas.

6. Evitar as conversações inúteis.

7. Receber no sofrimento o processo de nossa educação.

8. Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.

9. Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.

10. Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos, sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.

Livro: Paz e Renovação – Médium: Chico Xavier – Espírito: André Luiz.
Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


O Divórcio

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 22 - Não Separar o Que Deus Juntou

5. O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina. Se fosse contrario a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor.

Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?" Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.

Vai mais longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério. Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos homens daquela época. A lei mosaica, nesse caso, prescrevia a lapidação.

Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento. Era, de certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo.

Fonte da imagem: Internet Google.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Na Estrada de Emaús

Cleofas e um companheiro caminhavam por uma estrada que conduzia a uma aldeia chamada Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Faziam o trajeto a pé, como era costume naquela época entre as pessoas sem recursos.

Enquanto caminhavam, eles iam conversando. Sentiam-se amargurados. Jesus tinha sido crucificado e eles comentavam sobre os trágicos acontecimentos que tinham ocorrido e lamentavam a morte do Mestre que nunca mais poderia estar com eles.

Assim falavam, quando se aproximou um homem e começou a caminhar ao lado deles, mas eles estavam tão angustiados que não se preocuparam em olhar direito para ele e por isso não perceberam que era Jesus.

Então, o homem lhes disse:

— Sobre o que vocês estão conversando? E por que estão tristes?

Cleofas, tomando a palavra e até um pouco irritado pela intromissão do desconhecido, disse-lhe, surpreso:

- Pois quê! O senhor é tão estrangeiro em Jerusalém que não sabe o que se tem passado ali nestes últimos dias?

— O quê? — indaga o estranho.

E os dois seguidores do Mestre responderam:

— Sobre Jesus Nazareno, que foi profeta poderoso diante de Deus e de todo o povo, e de que modo os sacerdotes e nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, esperávamos que fosse ele o Messias e que resgatasse Israel. Entretanto, depois de tudo isto, este é o terceiro dia que estas coisas sucederam. Por outro lado, algumas mulheres, seguidoras do Mestre, foram até seu túmulo e não o encontraram, declarando que tinham visto anjos que afirmaram estar ele vivo.

Então, o homem lhes disse:

— Ó insensatos e lentos de coração, para crer em tudo o que os profetas disseram! Não era preciso que o Cristo sofresse todas as coisas e que entrasse assim na sua glória?

E, começando por Moisés e depois por todos os profetas, ele lhes explicava o que tinham dito dele as Escrituras.

Quando estavam perto da aldeia para onde iam, ele deu mostras de que ia mais longe.

Os dois amigos, porém, o convenceram a parar, dizendo:

— Fique conosco. Já é tarde e o dia está terminando. É perigoso andar por estas estradas à noite.

O desconhecido, achando que tinham razão, decidiu-se a ficar com eles.

Sentaram-se para cear. Estando com Cleofas e seu companheiro à mesa, ele tomou o pão, abençoou e, tendo-o partido, lhes deu.

Nesse momento, sentados diante dele, à luz de uma tocha, puderam vê-lo melhor. Seus olhos se abriram e eles o reconheceram.

— É Jesus! — disseram a um só tempo.

Seus corações batiam descompassados, e uma grande alegria inundava lhes o íntimo. Mal podiam acreditar em tamanha felicidade!

Todavia, foi um momento só. Logo em seguida, o Mestre desapareceu diante deles.

— Como não o reconhecemos? — disse um ao outro.

— Contudo, a verdade é que sentimos o coração se nos aquecer enquanto ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras.

Estavam eufóricos. Levantaram-se no mesmo instante e voltaram para Jerusalém.

Precisavam contar a todos o que lhes tinha acontecido em caminho e como eles reconheceram Jesus no partir do pão.

Um grande bem-estar os dominava. Sentiam-se agora confiantes e seguros como jamais estiveram. O Mestre estava vivo! Ele não morrera na cruz. Retornara para lhes dar a derradeira lição da imortalidade da alma, confirmar tudo o que lhes tinha ensinado, mostrando aos seus discípulos que a morte não existe.

(Adaptação do cap. 24:13 a 35 do Evangelho de Lucas.)

Por: Célia Xavier Camargo - Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 16 de fevereiro de 2013


PALAVRA E VIDA


Não desprimores, nem firas,

O coração que te escuta,

Às vezes, em febre e luta,

Na provação em que jaz;

Pelo recurso da voz

Que instrui, conforta e elucida,

Deus te deu, na luz da vida,

O Dom de fazer a paz.

 

Se contratempos te afligem

Entre as lembranças que deixas,

Evita sombras e queixas,

Não menosprezes ninguém;

A ofensa que nos procura,

Mesmo de modo impreciso,

Dissolve-se, de improviso,

Na fonte viva do bem.

 


Se a caridade te guia

Vencendo espinhos e males,

Não te revoltes, nem fales,

Agravando a treva e a dor;

Toda palavra de auxílio,

No bem espontâneo e puro,

É tijolo do futuro

Erguendo o Reino do Amor.

 

 

Quando falas e onde falas,

Traças caminhos e normas

Pelas imagens que formas

Nas palavras tais quais são;

Como dizes no que diga,

Constróis jardins e moradas,

Emendas pontes e escadas

De queda ou de elevação.

 

 

À frente de quem te humilha,

Não devolvas pedra e lama,

Cala, serve, ampara e ama

Na expressão que se traduz;

Eis que o Céu se manifesta

Na bondade que irradia...

Contempla o sol cada dia:

É bênção falando em luz.

Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Maria Dolores.
Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


DISCERNIR E CORRIGIR

“... com o critério com que julgardes sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. – Jesus (MATEUS, 7:2)

Viste o companheiro em necessidade e comentaste-lhe a posição...

Possuía ele recursos expressivos e, talvez por imprevidência, caiu em penúria dolorosa...

Usufrui conhecimentos superiores e feriu-te a sensibilidade por arrojar-se em terríveis despenhadeiros do coração que, às vezes, os últimos dos menos instruídos conseguem facilmente evitar...

Detinha oportunidades de melhoria, com as quais milhares de criaturas sonham debalde e procedeu impensadamente, qual se não retivesse as vantagens que lhe brilham nas mãos...

Desfruta ambiente distinto, capaz de guindá-lo às alturas e prefere desconhecer as circunstâncias  que o favorecem, mergulhando-se na sombra das atitudes negativas...

Mantinha valiosas possibilidades de elevação espiritual, no levantamento de apostolados sublimes, e emaranhou-se em tramas obsessivas que lhe exaurem as forças...

Tudo isso, realmente, podes observar e referir.

Entra, porém, na esfera do próprio entendimento e capacita-te de que te não é possível a imediata penetração no campo das causas.

Ignoramos qual teria sido o nosso comportamento na trilha do companheiro em dificuldade, com a soma dos problemas que lhe pesam no espírito.

Não te permitas, assim, pensar ou agir, diante dele, sem que a fraternidade te comande as definições.

Ainda mesmo no esclarecimento absoluto que, em casos numerosos, reclama austeridade sobre nós mesmos, é possível propiciar o remédio da fraqueza a doentes da alma pelo veículo da compaixão, como se administra piedosamente a cirurgia aos acidentados.

Se conseguimos discernir o bem do mal, é que já conhecemos o mal e o bem, e se o Senhor nos permite identificar as necessidades alheias, é porque, de um modo ou de outro, já podemos auxiliar.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 179 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


AMANDO SEMPRE

Como é bom recordar nossa mocidade quando tínhamos a mania de amar a tudo e a todos.

Com o passar dos anos vamos perdendo o entusiasmo porque achamos que amando alguém ou algo devemos ter retribuição.

E não é bem assim.

A carência afetiva grita alto em nossos corações e achamos que todo mundo deve nos amar, querer bem, enfim sermos apreciados.

Às vezes percebemos que alguma pessoa nos quer muito bem, quando não esperávamos que isso acontecesse.

Bem... Não é lá muito correto querendo ser sempre amado.

Nunca pensamos que nosso dever maior perante Deus é amar.

Amar nossa família, os que participam conosco de alguma atividade e depois amar a todos que nos rodeiam sem que com isso fiquemos desobrigados de que esse amor venha de volta.

Acertamos em cheio quando olhamos alguém com carinho e com amor. A pessoa sente o sentimento que emana de nós. E isso a faz feliz.

Quando sentimos indiferença dos que nos cercam isso machuca.

Então vamos começar a retribuir ou somente enviar vibrações de amor.

Realmente para algumas pessoas é difícil ser carinhoso, cortês, ou amigável, mas por detrás daquela mascara impassível, às vezes, vibra um coração que tem muito amor para dar.

O mais difícil é treinar o amor incondicional. Isto é: amar apesar de...., sem ver os seus defeitos, sem esperar a troca.

É assim que Jesus nos amou.

Na cruz, cercado por uma malta de agressores ele não nos julgou, simplesmente pediu ao Pai que os perdoassem porque não sabiam o que estavam fazendo.

Muitos vão dizer: Meu Deus, Jesus era JESUS.

Sei que não chegamos ainda nem na unha de seu pé em matéria de evolução, mas vamos começar a treinar, pois temos a certeza que vai ser a tarefa que vamos abraçar que Ele vai mais gostar.

Autor desconhecido. Fonte do texto e imagem: Internet Google.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Indissolubilidade do Casamento

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 22 - Não Separar o Que Deus Juntou

1. Também os fariseus vieram ter com ele para o tentarem e lhe disseram: Será permitido a um homem despedir sua mulher, por qualquer motivo?

Ele respondeu: Não lestes que aquele que criou o homem desde o princípio os criou macho e fêmea e disse: Por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher e não farão os dois senão uma só carne?

Assim, já não serão duas, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus juntou.

Mas, por que então, retrucaram eles, ordenava Moisés que o marido desse à sua mulher um escrito de separação e a despedisse?

Jesus respondeu: Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres; mas, no começo, não foi assim. Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério. (S. MATEUS, cap. XIX, vv. 3 a 9.)

2. Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança. As leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência.

No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas, as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças. Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim é, por exemplo, que, em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último casamento basta.

3. Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração?

De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais. Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.

Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, frequentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor. Ao dizer Deus: "Não sereis senão uma só carne", e quando Jesus disse: "Não separeis o que Deus uniu", essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.

4. Será então supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza? Não, decerto.

A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso, é útil, necessária, mas variável. Deve ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente se opõe a que ela seja um corolário da lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam dos prejuízos e não da lei civil. Esses prejuízos, se bem ainda vivazes, já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos; desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais.

Um dia perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares.

Fonte da imagem: Internet Google.

 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Patrimônio Inútil

Conta Esopo (século VI a.C.), que um homem extremamente zeloso de seus haveres, decidido a resguardar-se de qualquer prejuízo, tomou radical providência:

Vendeu todos os seus haveres e comprou vários quilos de ouro que fundiu numa única barra.

Em seguida, enterrou-a em mata cerrada.

À noite, solitário e esquivo, contemplava, em êxtase, seu tesouro.

Algo de tio Patinhas, o milionário sovina das histórias em quadrinhos, que se deleita mergulhando num tanque cheio de moedas.

Um dia foi seguido por amigo do alheio.

Quando se afastou, após a adoração rotineira, o gatuno desenterrou o ouro e escafedeu-se.

O avarento quase enlouqueceu tamanho o seu desespero.

Um vizinho, ao saber do fato, ponderou:

– Não sei por que está tão transtornado! Afinal, se no lugar do ouro estivesse uma pedra seria a mesma coisa. Aquela riqueza não tinha nenhuma serventia para você…

Difícil encontrar na atualidade pessoas dispostas a enterrar seus haveres.

Raras os têm sobrando.

Além disso, seria correr risco inútil.

As instituições financeiras guardam com segurança nosso dinheiro. Até produzem rendimentos, sem surpresas desagradáveis, salvo quando têm o mau gosto de quebrar, por incompetência ou corrupção.

Não obstante, muita gente costuma enterrar um bem muito mais precioso, uma riqueza inestimável – a existência.

Se nos dermos ao trabalho de analisar a jornada terrestre, com suas abençoadas possibilidades de edificação, perceberemos como é valiosa.

Traz-nos inúmeros benefícios:

* O esquecimento do passado ajuda-nos a superar paixões e fixações que precipitaram nossos fracassos.

* A convivência com desafetos transmutados em familiares favorece retificações e reconciliações indispensáveis.

* O contato com companheiros do pretérito, nas experiências do lar e na atividade social, estreita os laços de afetividade.

* A armadura de carne inibe as percepções espirituais, minimizando a influência de adversários desencarnados.

* As necessidades do corpo induzem à bênção do trabalho.

* O esforço pela subsistência desenvolve a inteligência.

* As limitações físicas refreiam os impulsos inferiores.

* As enfermidades depuram a alma.

* As lutas fortalecem a vontade.

* A morte impõe oportuno balanço existencial, sinalizando onde estamos, na jornada evolutiva.

No entanto, à semelhança do unha-de-fome de Esopo, muita gente troca o tesouro das oportunidades de edificação por uma barra luzente de efêmeras realizações, cuidando apenas de seus interesses, de seus negócios, de suas ambições…

Quando tudo corre bem, há os que se deslumbram com essa “riqueza”, como aquele lavrador da passagem evangélica:

Construiu grandes celeiros, guardou neles toda a sua produção e proclamou para si mesmo (Lucas, 12:18-20):

– Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te…

Mas Deus lhe disse:

– Insensato, esta noite pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?

Exatamente assim acontece com aquele que se apega às ilusões humanas, buscando realizações de brilho efêmero.

Um dia vem o indefectível ladrão – a morte –, e lhe rouba o corpo.

Indigente na vida espiritual, desespera-se.

Chora, inconformado.

Recusa-se a aceitar a nova situação.

Esopo lhe diria:

– Por que o lamento? Houvesse você estagiado nas entranhas de uma pedra e o resultado seria quase o mesmo. A experiência humana pouco lhe serviu!

Livro: Luzes no Caminho - Richard Simonetti.