Já vi vários textos sobre relacionamentos a distância, e agora decidi falar um pouco sobre a minha experiência.
Eu já comentei aqui que meu noivo mora em outro país. Para se ter uma idéia, a viagem mais rápida do Brasil para a cidade dele dura 14 horas de voo, dividida em duas etapas de 7 horas. Quando a passagem para ir até lá está 1600 reais eu pulo de alegria de tão barato que está. (Porque é raro ser menos do que 2500).
Quando vejo comentários do tipo "para ver meu namorado eu preciso viajar sete horas de carro, é muito difícil", ou então "moro no Rio e ele em São Paulo, a ponte aérea é complicada" eu juro que tenho vontade de rir. Essas pessoas não sabem o que é dificuldade. Não sabem o que é economizar cada centavo, deixando de sair, de ir a restaurantes, de comprar roupas novas, para conseguir uma passagem. E quando você viaja todo mundo acha que você é "muito chique" porque está indo para o exterior, desconsiderando completamente os sacrifícios que você fez para conseguir a viagem, se esquecendo de que é sua única chance de ver seu namorado uma vez a cada cinco ou seis meses.
Quem reclama de só conseguir encontrar o namorado duas vezes por mês não sabe a dificuldade que é passar três, quatro, cinco meses conversando só por skype - muitas vezes de madrugada por conta do fuso-horário.
Entendo que cada caso é um caso, e não quero dizer que quem tem que enfrentar uma ponte aérea nacional todo o mês não tenha seus momentos difíceis. O que eu digo a essas pessoas é: o que eu não daria para estar no seu lugar!
Não crie problemas onde não há
A reclamação mais comum de quem namora a distância é: "fico com muito ciúmes, porque durante a maior parte do dia não sei onde ele/ela está, o que está fazendo e com quem". Às pessoas que tem esse tipo de pensamento eu digo: termine. Você não está em uma relação saudável, não está fazendo bem ao outro e ele provavelmente não está fazendo bem a você. Se eu fosse do tipo que suspeita do namorado, já teria enlouquecido. Uma relação à distância só funciona quando nenhum dos dois sequer cogita a possibilidade de ser traído pelo outro. E é assim que a minha funciona.
Nós temos muitas dificuldades, sim. Todos os dias. Mas nossas dificuldades se concentram mais na falta que sentimos um do outro e no desejo de estarmos sempre juntos do que no ciúmes.
Nós temos muitas dificuldades, sim. Todos os dias. Mas nossas dificuldades se concentram mais na falta que sentimos um do outro e no desejo de estarmos sempre juntos do que no ciúmes.
Tenha sempre um plano com um calendário definido
Eu defendo que nenhum relacionamento amoroso se sustenta sem um plano em conjunto claro e definido, conforme já mencionei nesse post aqui. E para relacionamentos à distância, o plano dobra em importância. É preciso ter muito claro quanto tempo o casal permanecerá longe e o que fará com que o período à distância se encerre. No meu caso, quando meu noivo se mudou, eu demorei seis meses para decidir que queria ir morar com ele, e nós decidimos que nos casaríamos dentro de um ano. Se um plano desse tipo não puder ser feito rapidamente, pelo menos planejem quando irão se encontrar novamente. Ter sempre uma passagem comprada, sempre um reencontro agendado, é o que faz o relacionamento caminhar. O que atrapalha é ficar meses na expectativa de "se ver quando der", mas não fazer a ocasião acontecer.
Tenha a certeza do que quer e confie
Para um relacionamento à distância dar certo, é preciso muita certeza de ambas as partes, e acima de tudo, muita confiança. E a confiança do casal quando longe não pode ser diferente da confiança quando perto. Se você é do tipo que só confia no namorado quando está do lado, porque assim "pode vigiar", saiba que um relacionamento à distância não é para você. Aliás, talvez nem mesmo o relacionamento na mesma cidade esteja indo muito bem, já que você provavelmente está devendo umas visitas ao psicólogo...
Enfim, namorar a distância é estar sempre de malas prontas. É encontrar o equilíbrio entre viver bem sem o outro ao lado, e não deixar com que a presença dele se torne completamente dispensável. É se lembrar sempre do outro, sem deixar que a saudade a consuma e a transforme em alguém deprimida, incapaz de ser feliz sozinha. É um grande desafio, e garanto que não é para qualquer um.