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ENTREVISTA:
Ademir Pascale: Para iniciarmos a entrevista, gostaria de saber quais foram as suas principais influências e como foi o início de Ronaldo Luiz Souza para o meio literário?
Ronaldo Luiz Souza: Meu maior tesouro na infância era um velho baú cheio de revistinhas em quadrinhos e livros infantis. A paixão pela escrita nasceu daí, deste outro mundo que se descortinava com todas as historinhas que eu relia à exaustão, e por isto, vivia fazendo novas amizades com outros colecionadores de quadrinhos para trocar ou emprestar revistinhas. Daí para a literatura, anos mais tarde, foi um pulo. Li muitos autores estrangeiros de várias nacionalidades. Um deles que muito me marcou foi J.M. Simmel, alemão, que muito escrevia sobre os dramas humanos na sociedade alemã após a segunda Guerra Mundial. Mas lia tudo o que caía em minhas mãos. Até bula de remédio e manuais de instrução, rsrsrs. Mas li autores de todos os estilos. Alguns clássicos e outros populares. De Emile Bronté, com o seu O Morro dos Ventos Uivantes, à Richard Bach. Também Júlio Verne, Asimov, Clarke, Lobato, Sheldom, Robim Cook, Huxley, Oscar Wilde, Olavo Bilac, Machado, etc. Não conseguiria listar tudo que já li e nem a quantidade porque sempre estive lendo alguma coisa durante todos os anos de minha vida. Mas é certo que, numa época onde não havia computadores, internet, jogos eletrônicos e comunidades virtuais, e ainda era estudante, o tempo livre era muito maior e eu o aproveitava em minhas viagens literárias. Entre a adolescência e a juventude, escrevi poemas, letras de música, uma peça de teatro e uma história de fantasia. Mas nada disso foi publicado. Somente muito mais tarde, é que decidi ser um escritor profissional. E a cada dia desde então, venho construindo minha carreira literária que começou de forma mais concreta a partir de minhas participações em antologias, coletâneas de contos reunidos de vários escritores, publicadas por editoras.
Ademir Pascale: Poderia comentar sobre as suas participações em antologias?
Ronaldo Luiz Souza: Elas começaram com o conto A Árvore dos Malditos, publicado em Réquiem para o Natal, antologia da Andross Editora, em 1998. Este conto fora especialmente desenvolvido para a temática do livro, que era a de histórias sobrenaturais, de suspense e terror com temática natalina. De lá para cá foram muitos outros contos de variados temas e gêneros publicados por outras editoras: All Print, Tarja, Andross, Multifoco, Scortecci, CJBE e Giz. Já são quase duas dezenas de contos publicados. Três destes contos e outros contos não publicados em livros, e também textos e poemas, estão liberados para leitura no meu blog (
cantodetextosepalavras.blogspot.com).
Ademir Pascale: Conheci Ronaldo Luiz Souza escrevendo contos do gênero horror e ficção científica, mas parece que o seu primeiro romance, intitulado Raízes e Asas – A busca pela sabedoria do caminho, abrange um outro gênero. Poderia dizer qual foi a ideia inicial para a construção da obra, sinopse e onde os leitores poderão adquiri-la?
Ronaldo Luiz Souza: O livro Raízes e Asas foi escrito durante quase três anos, muito antes das minhas participações em antologias se iniciarem. Vim lapidando o texto o máximo possível desde então, buscando uma editora que se comprometesse efetivamente com a divulgação da obra. Sempre fui fascinado pelos gêneros de ficção e fantasia. Raízes e Asas é uma fábula moderna, capaz de nos emocionar e levar a refletir sobre nossas ações individuais e coletivas. A idéia surgiu muito tempo atrás, anos antes de iniciar sua escrita, com visões de cenas, fortes sentimentos e pensamentos constantes que se entrelaçavam buscando unificar e dar sentido à história. Desde a primeira leitura crítica do livro por profissionais da área, passando por revisores e leitores Beta, até o editor, o feedback do livro foi sempre muito maior que o esperado. Creio que isto se deve ao fato do livro ter sido escrito com o coração, a fim de emocionar e encantar pessoas de todas as idades. Raízes e Asas é uma fascinante história que transcende a simples questão ambiental. É uma fábula que nos traz de volta aquilo que nos define como “humanos”: a sensibilidade, a reflexão, o amor, e a solidariedade. O leitor com certeza vai se emocionar com a história de Branno, um pássaro migratório, e seu encontro com um solitário pinheirinho em um vale que, embora deserto quando de seu nascimento, fora antes uma imensa floresta devastada pela mão do homem. Vidas e destinos do nosso planeta se entrelaçam e expõe as ações humanas e suas consequências. Na minha opinião o livro fala direto ao nosso eu interior. E o concebi desta forma, para ser uma leitura simples, mas podendo ser objeto de várias releituras, pois o livro contém em si várias camadas de reflexões. Os leitores poderão adquirir o livro na data do lançamento na Bienal de Minas, no site da Editora Usina de Livros, no meu blog (autografado) e em breve, também na Livraria Cultura e na Saraiva. Quem quiser saber mais informações sobre o livro, basta acessar o blog de Raízes e Asas (
livroraizeseasas.blogspot.com).
Ademir Pascale: Na sua opinião, como está o mercado editorial para os jovens escritores?
Ronaldo Luiz Souza: Na minha opinião o mercado editorial brasileiro, que sempre fora fechado em si mesmo, publicando apenas bestsellers consagrados no exterior, tem se aberto aos poucos, ainda que muito vagarosamente, para descobrir que também temos muitos bons escritores com potencial e talento. Não vou citar tantos deles aqui. Mas fico imensamente feliz ao ver um escritor nacional como o André Vianco ter conseguido notoriedade e sucesso, já tendo publicado diversos títulos. E ainda que seja muito criticado, também fico feliz e admiro o sucesso conseguido pelo Paulo Coelho. Afinal, quando foi que um escritor brasileiro teve mais sucesso em suas publicações do que ele? Em Minas, meu Estado Natal, há atualmente um grande prêmio anual que entre outras categorias, incentiva os jovens escritores. Até 25 anos o jovem escritor pode inscrever o esboço de sua obra (inédita) e concorrer a uma bolsa prêmio de R$ 42.000,00! É uma iniciativa que, pelo que eu saiba, é inédita no país e merecedora de todos os elogios dos profissionais da área. Então vejo que, ainda que lentamente, o mercado vem se abrindo. Mas é preciso que o jovem autor arregace as mangas e trabalhe muito em busca de seu sonho e não desanime com os obstáculos.
Ademir Pascale: No seu ponto de vista, por que o índice de vendas de livros do gênero fantasia e suas vertentes cresceu tanto no Brasil?
Ronaldo Luiz Souza: Acho que isto não é somente no Brasil. E um certo crédito deve ser concedido ao cinema. Após muitas adaptações bem sucedidas dos quadrinhos e de livros para as telas, o gênero fantasia cresceu fantasticamente e ficou muito em evidência. Os jovens leitores são os mais ávidos por este tipo de leitura. Aqui no Brasil sempre houve um público ávido por histórias de fantasia e ficção científica que infelizmente não tinham como se satisfazer. Poucos títulos eram traduzidos e publicados pelas editoras. E os poucos escritores brasileiros do gênero não tinham como publicar seus livros. Diante da mudança do mercado e os meios mais acessíveis de mídia como a internet, o paradigma mudou. E o mercado editorial está mais sensível ao gênero, embora pudesse ser estar mais acessível.
Ademir Pascale: Existem projetos em pauta?
Ronaldo Luiz Souza: Sim, muitos. Mas entre uma boa idéia e o livro como produto final, há uma grande distância. Porque idéias não faltam a um autor criativo. Entretanto, o difícil mesmo é trabalhar estas idéias e transformá-las, em certo espaço de tempo, num original bem acabado. Mas o trabalho não é nada, se comparada à absoluta falta de tempo que assola a todos nós, escritores ou não. Este é o mal do século, rsrsrs. Então, para escrever, devemos ter absoluta disciplina e persistência. E contar com uma pitada de sorte, depois do livro pronto, de encontrar a editora certa para aquele tipo de Original.
Ademir Pascale: Como os leitores poderão saber mais sobre você e suas obras?
Ronaldo Luiz Souza: Acessando o meu blog principal (
cantodetextosepalavras.blogspot.com) ou seguindo um dos meus perfis nas várias comunidades em que participo e que também estão listadas lá no meu blog.
Perguntas Rápidas:
Um livro: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Um(a) autor(a): Machado de Assis
Um ator ou atriz: Alessandra Negrini
Um filme: Fim de Caso (The end of the Affair)
Um dia especial: O dia do lançamento de Raízes e Asas, 14.05.10
Um desejo: Ser um escritor mundialmente reconhecido
Ademir Pascale: Foi um prazer conversar contigo. Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.
Ronaldo Luiz Souza: O prazer foi todo meu, Ademir. Também desejo-lhe sucesso. E muita felicidade para todos os leitores desta entrevista.