(Stonehenge, do inglês arcaico "stan", pedra, e "hencg", eixo,
monumento megalítico da Idade do Bronze)
foto capturada na net
(churrasqueira de fundo-de-quintal,
ao redor da qual uma prosa se consolida e desfaz
em ritual eterno de um baco já cansado)
foto produzida há anos-luz por um tcheus inspirado
hilorojo é o pseudônimo de uma artista que conheci vendendo suas pequenas criações inscritas em cartões de metrô em buenos aires. de toda a multiplicidade de objetos na fera de la antiguedad, aquela menina pequenina, com sua gravuras de tinta guache me atraiu, me reconheci nela, apesar de sentir que ela estava já numa forma de vivência e expressão
iluminada - talvez eu ainda percorra algumas galaxias para alcançar seus traços silenciosos e cheios de expressividade, verdades que me custam centenas de letras pra traduzir. escolhi um.
ela moveu um pouco os lábios, quase pensei que iria sorrir, mas a linha apenas esboçou uma meia lua minguante. abaixou os olhos e confessou: es un autorretrato. es por eso que elegí, respondi. fiquei ali um pouco com ela, sabia que jamais a teria ao meu lado de novo nessa nossa travessia, queria trazê-la comigo e desde sua vinda para essas bandas de cá, ela compõe minha estante de livro, misturada com um pouco de mim. ela abaixo de fantasmas que a rodeiam, como me sinto com os meus. sua obra é linda. visite-a, clique aqui
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pra fotografar a menina-que-habita-minha-estante, fui até a minha fotográfica e acabei por descobrir algumas imagens feitas por tcheus, ali esquecidas. remete a uns pés de encontros, despedidas, nostalgias.
coincidência também porque geo passou por aqui, descortinando horizontes. compartilhamos a exposição de ronaldo fraga, no palácio das artes, sobre o são francisco, clique aqui.
"só navega em suas verdadeiras águas
quem tiver no sonho
um barco de plenitudes
e na proa o céu do imaginário"
bethânia declamando as águas, inscrições diversas que me levaram de novo em pão de açucar, penedo... memória, saudade, quase dor.
no mais, dias de água. o metrô agora tem, dia-sim dia-não, meu corpo dentro. corto meia cidade, desço na estação central e o chafariz está ligado, água nascida do chão molha água despencada do céu. o que é meta-linguagem? a praça sete, sábado à noite, quase-deserta. o antigo prédio, vigésimo primeiro andar, me encara do alto, eu o saúdo com um aceno de cabeça, ele me acusa abandono, envergonho-me de tê-lo esquecido e sigo a afonso pena, debaixo da sombrinha que guarda a chuva de mim. vermelho, só uso guarda-chuvas vermelhos - stendhal, promessa pra deuses líquidos. e botas marrons: meus pés restam secos enquanto minhas mãos úmidas brincam com gotas que escorrem do tafetá de nylon. mês de aniversário. 33 em 22. idade de cristo [espero viver mais um pouco] mas e se eu for feita pra não? leio um livro presenteado. se um viajante numa noite de inverno, de calvino. invejinha de (não) escrever (bem) assim. não resisti: compulsividade - entrei num sebo e comprei dois volumes de simone de beauvoir. mas tudo bem, já li (quase) tudo de literatura que ainda resta na minha minúscula biblioteca. estou em ciclo de leituras. como livros mais vezes ao dia do que pães e grãos. o cheiro de livro velho exala um aroma que reconheço, moradia das menores partículas que soma(tiza)m um antes. sigur rós frui no frio de um quase verão sudeste. o ano já se cansa de existir...
(fotos do são francisco feitas por mim, em viagem com c.)
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